Autoridades do Qatar começaram a desmontar o Estádio 974 após sediar sete partidas durante a Copa do Mundo da FIFA, com seis jogos da fase de grupos e uma partida eliminatória das oitavas de final. Este foi o único estádio construído para a Copa do Mundo sem ar-condicionado, por isso, só recebia partidas noturnas. De acordo com a BBC, os trabalhadores da construção se mudaram para o local no dia 9 de dezembro para “tirar o estádio do modo de torneio”. A estrutura foi projetada para ser o primeiro estádio compatível com a FIFA que pode ser totalmente desmontado e reaproveitado após o término da competição. Embora o Qatar tenha chamado isso de “exemplo de sustentabilidade”, especialistas alertam que a sustentabilidade real depende de vários fatores, incluindo quando e onde o estádio será reutilizado.
O Estádio 974 foi construído inteiramente a partir de contêineres e elementos modulares de aço. Localizado perto do Aeroporto Internacional de Hamad, com vista para a Costa do Golfo, o estádio tem capacidade para 44.089 pessoas e foi projetado por Fenwick Iribarren Architects. O nome do local, 974, refere-se tanto ao número de contêineres utilizados na estrutura quanto ao código de discagem internacional do Catar. Após a desmontagem, o local será transformado em um empreendimento à beira-mar atraente para a comunidade local e para o setor empresarial.
Atualmente, parece não haver uma decisão definitiva sobre a futura localização do Estádio 974, conforme relatado pela BBC. O Carbon Market Watch observa que “embora os organizadores da Copa do Mundo de 2022 tenham destacado a natureza desmontável do estádio temporário, não conseguimos identificar nenhum plano específico mostrando para onde o estádio será movido, se for o caso”. Alguns relatos mostram que o estádio pode ser enviado para o Uruguai, que deve fazer parte de uma candidatura conjunta com Argentina, Chile e Paraguai para a Copa do Mundo de 2030.
A construção do Estádio 974 teve um impacto total de gases de efeito estufa (GEE) 60% superior ao das estruturas permanentes, principalmente, devido ao uso de materiais mais duráveis que possibilitam a desmontagem e remontagem. Isso significa que para o estádio ter uma pegada de GEE menor do que uma estrutura permanente, depende muito de quantas vezes e de quanto o estádio é transportado e remontado. Carbon Market Watch aponta que, se o estádio for movido apenas uma vez e para um destino distante (> 7.000 km de transporte), a construção de duas estruturas separadas teria uma pegada de carbono menor.
De acordo com o The Guardian, a maioria dos estádios foi projetada para diminuir de tamanho após seu breve uso, pois sua capacidade será reduzida pela metade com a remoção do nível superior. O relatório do Carbon Market Watch menciona que podem haver mais de 200.000 assentos removidos dos estádios permanentes: 20.000 assentos em cada um dos estádios AL Janoub, Al Thumama, Al Rayyan e Education City, mais 28.000 do estádio Al Bayt e 80.000 de Lusail, embora os planos para esta estrutura ainda sejam incertos. Os organizadores disseram que vão doar os assentos para países em desenvolvimento, de acordo com a BBC.
O Estádio de Lusail, com capacidade para 80.000 lugares, pode ser convertido para abrigar uma mistura de instalações cívicas, incluindo “unidades habitacionais acessíveis, lojas, pontos de venda de alimentos, postos de saúde e até uma escola”, segundo a explicação oficial. O nível superior seria reaproveitado em terraços ao ar livre para novas casas, e um campo de futebol comunitário seria potencialmente construído dentro das instalações. Os planos vagos, no entanto, provocaram algum ceticismo.