Os elementos pré-moldados e pré-fabricados feitos em concreto (como lajes, pilares, vigas e paredes) fazem parte do processo construtivo conhecido como construção modular. Uma metodologia de construção civil definida por etapas, partindo da padronização das partes que configuram a edificação, com seus módulos produzidos em linha de montagem, transportados e montados para dar forma à arquitetura.
Nesse sentido, as estruturas pré-moldadas e pré-fabricadas em concreto estão cada vez mais presentes no âmbito da construção civil, sendo aplicadas em diferentes programas e escalas ao longo das últimas décadas. Entre suas inúmeras vantagens vale destacar a diminuição na geração de resíduos, reduzindo as perturbações no local com uma construção mais enxuta; rapidez na execução, visto que a produção das peças ocorre concomitantemente a outros trabalhos na obra; eficiência, no sentido de que é possível avaliar o desempenho das peças e identificar medidas que aumentam a capacidade estrutural e econômica; e, por fim, a melhoria nos quesitos de segurança, com um ambiente de trabalho que reduz os riscos de acidentes.
Entretanto, apesar de sua crescente popularização, as estruturas pré-moldadas e pré-fabricadas ainda são tratadas como sinônimos, o que desconsidera algumas diferenças básicas entre os dois processos construtivos.
O pré-moldado de concreto é produzido pela moldagem desse material em uma fôrma muitas vezes reutilizável. A peça é criada em um ambiente controlado, podendo ser fabricada até mesmo no próprio local da obra, em um espaço propriamente desenvolvido para isso onde estarão os moldes e todo o equipamento necessário para a produção dos componentes. A inspeção dos elementos se dá individualmente ou em lotes por profissionais da própria construtora e, no Brasil, eles devem ser produzidos conforme as normas ABNT NBR 14.931/2004 – Execução de Estruturas de Concreto – Procedimento – e ABNT NBR 12.655/2015 – Concreto de cimento Portland – Preparo, controle, recebimento e aceitação – Procedimento.
Já as estruturas de concreto pré-fabricadas possuem um alto rigor técnico e qualidade mais detalhada que avalia cada fase do processo de fabricação, além de passar por catalogações como registro de data, tipo de concreto e aço utilizados e assinatura dos responsáveis. Segundo a NBR 9.062/2017, recebem o nome de estruturas pré-fabricadas “os elementos produzidos em usina ou instalações analogamente adequadas aos recursos para produção e que disponham de pessoal, organização de laboratório e demais instalações permanentes para o controle de qualidade, devidamente inspecionada pela fiscalização do proprietário”.
Sendo assim, a principal diferença entre as estruturas pré-fabricadas e pré-moldadas se deve ao fato de que uma é produzida industrialmente e a outra pode ser produzida em locais específicos, sem tanta exigência de controle, como os testes em laboratórios. Essa diferença acaba por refletir na forma como os dois tipos de estrutura são aplicados, visto que, enquanto os pré-moldados estão presentes majoritariamente em edificações de pequena e média escala, como residências unifamiliares, os pré-fabricados são aplicados em estruturas de grande porte, como fábricas, indústrias e galpões. No entanto, devido ao alto controle de produção, o pré-fabricado tende a oferecer maiores garantias em relação à segurança, qualidade e durabilidade em comparação com o pré-moldado. De qualquer forma, sua aplicação dependerá do tipo de projeto e outras necessidades que deverão ser supridas em relação aos custos, tempo de obra e uso.
Para ilustrar, o escritório português SUMMARY projetou recentemente uma edificação para habitação social utilizando elementos estruturais pré-fabricados, já que as premissas da obra eram rapidez e economia. No que diz respeito às estruturas pré-moldadas, vale citar o clássico projeto residencial de Paulo Mendes da Rocha conhecido como Casa Gerassi. Uma obra que no final dos anos 80 representou a inovação na construção civil utilizando esse tipo de sistema que na época era estigmatizado por sua utilização em obras públicas e populares. Com os elementos pré-moldados de concreto montados a seco no canteiro, o arquiteto demonstrou que o uso racional dos materiais, além de constituir economia de tempo e custos, pode gerar soluções que unem praticidade e conforto em um mesmo ambiente.