As cidades são ecologias complexas de sistemas naturais e infraestrutura urbana que se cruzam. Nesse sentido, a degradação ambiental chamou a atenção para a relação simbiótica entre sistemas artificiais e naturais. Uma nova economia está surgindo, onde a interdependência e a gestão ambiental são valorizadas. Projetar para uma economia circular requer a consideração dos habitats humanos não como vilas ou cidades, mas como biorregiões.
Em relação ao ambiente construído, o modelo de economia circular incentiva componentes reutilizáveis, fontes de energia regenerativas e edifícios duráveis. A arquitetura circular deve estar bem integrada ao seu entorno para dar e receber em conjunto com a natureza. Os arquitetos devem estudar a localização e o contexto de um canteiro de obras para determinar como a nova edificação pode contribuir para a ecologia existente. É necessário compreender a biorregião do local — uma área definida por características do ambiente natural e não por divisões feitas pelo homem.
O que é uma biorregião?
Se o mapa do mundo tivesse sido desenhado para delinear diversas ecologias e formas de relevo, ele destacaria o número colossal de biorregiões existentes na Terra. Uma biorregião é definida por suas características naturais únicas que ocorrem em determinadas áreas geográficas como clima, formas de relevo, bacias hidrográficas, solos, plantas, animais nativos e outras características. Elas também incluem atividades humanas que interagem de forma sustentável com os sistemas naturais.
A Terra é o lar de mais de 800 ecorregiões. Cada uma exige maneiras diferentes de se habitar de forma sustentável. As edificações circulares devem ser projetadas em harmonia com as funções cíclicas de sua biorregião - compartilhando energia e recursos e, eventualmente, finalizando seu ciclo de forma saudável. As áreas urbanas devem ser repensadas para que possam assumir uma posição responsável na biosfera terrestre.
Arquitetura biorregional
A arquitetura que interage e se integra com sua biorregião é capaz de compartilhar recursos e energia de forma circular. Em uma região. Os edifícios podem apresentar circularidade de várias maneiras. Estruturas compostas principalmente por materiais biodegradáveis ecologicamente sensíveis podem se decompor no solo no final de sua vida útil. Os biomateriais também são capazes de filtrar o ar da atmosfera e gerar energia para uso do edifício e de sua vizinhança. As fazendas urbanas são outra intervenção regionalmente receptiva que contribui para sua comunidade, fechando o ciclo de produção e consumo de recursos.
O biorregionalismo na arquitetura e no desenho urbano exige uma abordagem que compreenda profundamente as técnicas vernáculas além de suas fronteiras políticas. Em vez de replicar formas construídas tradicionais em todo o país, exemplos de biorregiões semelhantes podem ser prototipados para melhor atender às características geográficas da área.
Realocando cidades
Por gerações, arquitetos e urbanistas concentraram seus esforços em imaginar um modelo “verde” de cidade. Para planejar, projetar e construir comunidades humanas focadas na sustentabilidade biorregional, a preservação dos sistemas naturais em paralelo com as atividades humanas é imperativa. As cidades devem ser entrelaçadas com os sistemas naturais em todas as funções e atividades básicas da vida urbana.
Adaptar áreas urbanas por meio da integração de sistemas naturais e ao mesmo tempo promover envolvimento ativo da comunidade, pode aprofundar as conexões homem-ambiente. Os códigos de construção exigiriam respostas arquitetônicas que substituíssem os sistemas mecânicos por sistemas mais passivos. Políticas, planos e programas que incorporam design ecológico devem influenciar o ambiente físico e a forma da cidade.
Uma biorregião ancora os humanos dentro de sistemas vivos por meio de espaço e recursos compartilhados. Ela reconhece que os habitats humanos são mais do que arranha-céus e avenidas. São extensões de bacias hidrográficas, bacias de alimentação e sistemas alimentares. Os seres vivos são os que estabelecem relações entre a cidade e os sistemas naturais, e são partes integrantes de uma biorregião. Para reestruturar nossas cidades como centros ecologicamente responsivos, perspectivas multidisciplinares devem se unir para atender às necessidades holísticas da comunidade e da biorregião.
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