Quando se fala de arquitetura, inevitavelmente, fala-se em escala. Tanto para a representação gráfica e bidimensional, quanto para a área construída, tamanho do terreno, extensão da cidade. Normalmente, a arquitetura pretende-se uma disciplina grandiosa, construções robustas, metragens quadradas amplas. Mas amplo é o campo de atuação, que engloba as escalas “menores”: a habitação essencial, o terreno restrito, a pequena cidade.
Gênova, Itália. Criado por @dailyoverview. Fonte da imagem: @maxartechnologies
A instalação de portos marítimos comerciais em diversos locais ao redor do mundo, sobretudo no início do processo que hoje chamamos de globalização, foi um fator preponderante e estruturador para a fundação de inúmeras cidades. Assim, abordar a relação entre certas cidades e seus portos é também discutir sobre sua própria história, conformação e desenvolvimento ao longo do tempo, uma vez que essas áreas desempenharam um papel fundamental para o crescimento do comércio, da economia e, inevitavelmente, da própria vida urbana, fazendo dessas cidades centros vitais e estratégicos de intercâmbio cultural, comercial e social.
A água e a arquitetura estão intimamente relacionadas no projeto de residências, desde o aspecto funcional até o estético. A melhor opção é levar isso em conta desde o início do processo de projeto, pois a implementação de tecnologias e sistemas adequados definirá o consumo desse recurso. Hoje em dia, é nossa responsabilidade como profissionais pensar em como podemos reduzir o consumo e reciclar a água em nossas próprias casas. Há várias maneiras de atender a essas necessidades, incluindo a instalação de dispositivos de baixo fluxo em torneiras e chuveiros, vasos sanitários com descarga de vazão baixa e alta, e sistemas de irrigação eficientes para o paisagismo. Além disso, sistemas de coleta e reutilização de água da chuva podem ser implementados para irrigação e limpeza.
Ainda que os experimentos e observações de Isaac Newton tenham levado ao desenvolvimento da roda de cores durante o século 17, sua revolução na compreensão e aplicação das cores continua a influenciar a criação de projetos de arquitetura e design até hoje. Arranjando-as em um formato circular, Newton mapeou o espectro de cores, que é uma representação visual de como cada uma se relaciona com as outras. A roda de cores tornou-se uma ferramenta fundamental para artistas, arquitetos e designers entenderem as relações e, portanto, criarem paletas atraentes para os projetos. Além de apenas "observar" as combinações de cores, aplicar a teoria da cor com base nas relações geométricas na roda de cores ajuda os designers a determinar quais cores são adequadas juntas. Cores têm a capacidade de brincar com a percepção espacial, criar um senso de atmosfera e evocar respostas emocionais, tornando-se essencial para o design.
Ao explorar as múltiplas possibilidades da roda de cores, criamos um guia para melhorar o design arquitetônico por meio de três combinações de cores: monocromáticos, análogos e complementares.
Hoje, passamos mais de 90% do nosso tempo dentro de edifícios. Agora também sabemos que nosso cérebro e corpo são influenciados pelo contato com a arquitetura, e o interesse em entender o impacto do meio ambiente no bem-estar humano é crescente. Há diversos novos estudos sobre este tema lançados a cada ano, e os escritórios de arquitetura estão empregando cada vez mais os serviços de pesquisadores e consultores de design da experiência humana.
Quando se pensa em espaços públicos, a imagem de uma piscina raramente vem à mente. Espaços públicos são o centro da vida cívica, lugares onde a maioria das interações, atividades e comportamentos seguem normas sociais e culturais estritas para garantir a segurança e o conforto de todos os usuários. Em contraste, nadar e tomar banho representam algo mais íntimo e primordial, uma experiência sensorial distinta de qualquer outra. Além dos benefícios para a saúde, o ato de flutuar no espaço cria uma ruptura com a vida cotidiana e suas restrições.
Como espaços sociais, banhos públicos e piscinas oferecem uma experiência ainda mais incomum. Aqui, regras e normas de conduta usuais não se aplicam mais. A nudez social se torna a nova norma e, à medida que as pessoas se despem, elas também perdem seus marcos de status, transformando a piscina em um oásis igualitário. Ao longo da história, esses espaços muitas vezes desacreditados ofereceram uma experiência social intensificada, fomentando conexões e trazendo um novo elemento a ambientes urbanos densos. Como uma tipologia presente desde a antiguidade, banhos públicos e piscinas também foram um espaço disputado, como uma manifestação de tópicos difíceis, como a segregação de gênero e raça, gentrificação e vigilância em contraste com a liberdade que prometem.
Proposal Comparison, Autodesk Forma. Image Courtesy of Autodesk
A profissão de arquiteto enfrenta cada vez mais as pressões de uma era em rápida mudança marcada pela urbanização, crescimento populacional e mudanças climáticas. Para navegar efetivamente nas complexidades que envolvem projetos arquitetônicos e urbanos, tem havido uma aceleração na adoção e integração de tecnologias orientadas por dados, como a Inteligência Artificial (IA) e o aprendizado de máquina. No entanto, surgiram preocupações válidas sobre a possível perda de controle criativo do designer, com medo de que seu papel possa ser reduzido a um mero "ajustador de parâmetros". Isso é uma possibilidade genuína ou apenas um reflexo de resistência à mudança?
Em uma conversa com Carl Christensen, Vice-Presidente de Produto da Autodesk, exploramos o impacto da IA sobre o papel tradicional do arquiteto e as oportunidades que surgem com esses avanços tecnológicos. À medida que os paradigmas mudam, os arquitetos e designers com visão de futuro podem se sentir especialmente capacitados para expandir sua influência e moldar um novo futuro para a disciplina.
Cairo, a vibrante capital do Egito, é uma síntese única de arquitetura histórica e contemporânea. Uma das cidades mais populosas da África, essa aglomeração urbana movimentada possui uma longa e rica história e abriga quase 20 milhões de pessoas. Além das famosas Pirâmides de Gizé e da Esfinge, que atraem turistas há séculos, a cidade tem sido um caldeirão de culturas, histórias e arquiteturas.
A cidade do Cairo passou por várias eras, cada uma caracterizada por estilos arquitetônicos únicos. Após os antigos egípcios, o período islâmico viu o surgimento de prédios icônicos, como a Mesquita de Ibn Tulun e a Mesquita do Sultão Hassan. Esses foram seguidos pelo período mameluco, durante o qual foram construídas estruturas como a Mesquita Al Rifai e a Mesquita Madraça do Sultão Barquq, com belíssimos entalhes em pedra, minaretes imponentes e motivos decorativos complexos. A era otomana trouxe seus próprios marcos, incluindo a Mesquita de Muhammad Ali e a Cidadela de AlQalaa. No final do século XIX e no século XX, Cairo testemunhou uma influência colonial que resultou na construção de estruturas notáveis, como a Ópera do Cairo e a Torre do Cairo.
Ano após ano, organizações, autoridades governamentais e outras entidades em todo o mundo enfrentam o desafio de implementar regulamentações e medidas para lidar com a escassez de água: até o ano de 2017, segundo a Organização Mundial da Saúde, cerca de 3 em cada 10 pessoas não tinham acesso a água potável em casa, enquanto 6 em cada 10 também não tinham acesso a saneamento básico.
Rio Tietê, São Paulo. Foto de Ana Paula Hirama, via Flickr. Licença CC BY-SA 2.0
Nadar no Tietê. Embora muita gente tenha feito isso até os anos 1930 — quando o rio já estava poluído, mas muito menos que agora, e havia competições de natação e remo até no trecho dentro da capital paulista —, ninguém acredita que isso será possível nos próximos anos. Limpar o rio, porém, é uma ambição factível; desde que se entenda que há várias gradações dentro da categoria “limpo”.
https://www.archdaily.com.br/br/1003270/limpar-o-rio-tiete-e-possivel-ou-uma-utopiaDavid A. Cohen
Sayulita é uma pequena praia de Nayarit, um estado situado na região oeste do México. Trata-se de uma localidade de cerca de 3.390 habitantes que tem crescido significativamente na última década devido ao grande fluxo de turistas, principalmente dos Estados Unidos e Canadá, que são atraídos pelas paisagens e pelo mar agitado que faz de Sayulita um dos principais destinos para surfistas no México.
A Índia testemunhou um aumento na urbanização e no crescimento populacional nas últimas décadas. Como resultado do crescimento natural da população e da migração, as megacidades da Índia experimentaram um aumento contínuo de seus habitantes. Sendo o país mais populoso do mundo, a Índia está em uma encruzilhada crítica, enfrentando oportunidades e desafios na formação de seu ambiente construído. O boom populacional, no entanto, não é um problema recente. Ele já dura mais de um século. Como as cidades indianas têm lidado com o crescimento populacional e as complexidades que ele traz?
Terra é o título da participação do Brasil na Bienal de Arquitetura de Veneza 2023, uma exposição com curadoria de Gabriela de Matos e Paulo Tavares que ocupa os espaços do pavilhão brasileiro no Giardini. Dividida em duas galeiras, a mostra propõe questionar os cânones da arquitetura moderna ao mesmo tempo que busca em narrativas ancestrais invisibilizadas alternativas para um futuro de-colonizado e descarbonizado. Terra é o primeiro pavilhão brasileiro a ser reconhecido com o prêmio máximo da Bienal de Arquitetura de Veneza, o Leão de Ouro.
Num esforço para ampliar o acesso ao conteúdo exposto em Veneza, apresentamos aqui os textos e imagens da segunda galeria, chamada Lugares de origem, arqueologias do futuro. A primeira galeria, De-colonizando o cânone, pode ser revista aqui. O ArchDaily agradece à Fundação Bienal de São Paulo, que generosamente cedeu o material do pavilhão Terra para esta publicação.
https://www.archdaily.com.br/br/1002026/lugares-de-origem-arquelogias-do-futuro-pavilhao-terra-do-brasil-na-bienal-de-venezaGabriela de Matos e Paulo Tavares
Designado pela Organização das Nações Unidas (ONU), 17 de junho foi definido como Dia Mundial de Combate à Desertificação e à Seca, uma data que serve para sensibilizar as pessoas em relação a esses fenômenos, bem como promover ações de enfrentamento. Em linhas gerais, a desertificação refere-se ao processo de degradação da terra em regiões mais áridas, causado principalmente por atividades humanas e variações climáticas. Esse fenômeno leva à perda de cobertura vegetal, erosão do solo e redução da produtividade agrícola, entre outras consequências negativas. A seca, por outro lado, é um período prolongado de chuvas anormalmente baixas, resultando em escassez de água, que pode ter impactos severos nos ecossistemas, na agricultura e na subsistência humana.
A neuroarquitetura pode ser valiosa para ajudar pessoas com demência a manter sua autonomia. Criar ambientes estimulantes, de apoio e seguros os ajudará a permanecer engajados e independentes por mais tempo. É importante projetar uma casa prática e de suporte que promova a função cognitiva, o bem-estar emocional e a interação social.
Dado o rápido crescimento da população idosa mundialmente, estudos mostram que mais de um terço dos idosos vivem em suas casas, apesar do declínio de suas habilidades cognitivas e físicas. No entanto, nem todos podem ser considerados totalmente autônomos, pois precisam da ajuda de terceiros para realizar suas algumas de suas atividades diárias.
Em um mundo de texturas, cores e sabores extravagantes, quem diria que uma substância incolor, insípida e inodora é justamente a mais essencial para a existência humana. Antagônica por si só, a água carrega uma ambiguidade de valores e significados os quais lhe conferem um alto grau de complexidade sustentado pelo seu perfil versátil e dissolúvel que a singulariza em uma complexa simplicidade. Nesse sentido, a água, como fonte de vida, ao longo do tempo se tornou tanto um objeto de devoção quanto de estudo, fomentando um esforço contínuo focado em entender, transportar e controlar este elemento.
Integrar a água no paisagismo de modos ímpares e sustentáveis tornou-se uma abordagem cada vez mais relevante nos projetos contemporâneos. A utilização adequada desse recurso natural agrega valor estético aos espaços verdes e também pode promover respostas ecologicamente positivas para a obra. Em busca de diferentes perspectivas e soluções inovadoras, apresentamos projetos que apresentam diferentes abordagens que integram a água e a paisagem.
Para transmitir o poder e prestígio de seu império, os romanos construíram uma arquitetura duradoura como símbolo de seu reinado longevo. Os imperadores empregaram grandes obras públicas como afirmações de seu status e reputação. Por outro lado, a arquitetura japonesa há muito abraça ideias de mudança e renovação, evidente na reconstrução ritualística de santuários Xintoístas. Uma prática conhecida como shikinen sengu é observada em Ise Jingu, onde o santuário é propositadamente desmontado e reconstruído a cada vinte anos. Em todo o mundo, filosofias sobre permanência e impermanência permearam as tradições arquitetônicas. Em meio à crise climática, como esses princípios se aplicam ao design arquitetônico moderno?
No contexto contemporâneo e de cidades com uma grande densidade, os lares possuem novas configurações em áreas cada vez menores. A cozinha, que hoje não serve apenas para preparar refeições, mas também como um espaço de encontro, no qual recebemos visitas, é um dos lugares que mais se transformaram nas últimas décadas. Seja ao se integrar com outros ambientes de estar ou no desenho extremamente funcional de uma bancada única, busca-se cada vez mais inovar no projeto desta área fundamental para uma casa.
Dentro da chamada arquitetura canônica, um dos primeiros tratados a se conhecer é aquele de Vitrúvio. Para além de discorrer sobre a formação intelectual e cultural, interesses e sensibilidade do arquiteto, ou sobre a tríade “sagrada” da arquitetura – venustas, firmitas e utilitas (beleza, solidez e funcionalidade) –, o tratado descreve um método projetual, uma espécie de manual para a construção romana à época. Sabidamente complexa e sofisticada, a arquitetura romana apresentava uma variedade de edifícios com funções diversas. Entre eles, as termas, que não escaparam às prescrições vitruvianas.
À medida que cresce a conscientização sobre escassez, estresse hídrico e a sustentabilidade ambiental no mundo, o conceito de pegada de água se torna cada vez mais relevante. Diferentemente do seu primo mais popular “pegada de carbono”, que se concentra nas emissões de gases de efeito estufa, a pegada hídrica fornece uma visão holística da água usada durante todo o ciclo de vida de um produto, processo ou atividade. Mensura a quantidade de água consumida (direta e indiretamente) e poluída, levando em consideração diferentes tipos de recursos hídricos, além de servir como uma ferramenta valiosa para empresas, formuladores de políticas e indivíduos para entender e abordar seus impactos relacionados à água. Inclusive, há calculadoras online que mensuram as nossas pegadas individuais através de perguntas simples sobre nossas casas, eletrodomésticos e mesmo hábitos alimentares.
Seja em um estúdio compacto em Hong Kong ou em um restaurante estrelado, o projeto de uma cozinha deve receber atenção especial para que torne o ato de preparar alimentos agradável, com espaço adequado para todas as funções e sem movimentações inúteis. A teoria do “triângulo de ouro” ou “triângulo de trabalho da cozinha” já completou 100 anos desde sua criação, mas continua válida e auxilia na definição de layouts e na organização das funções. Basicamente, localiza-se em cada extremidade do triângulo os três elementos principais da cozinha: a pia, a geladeira e o fogão, com suas respectivas funções, de limpeza, armazenamento e cocção de alimentos. Ainda de acordo com seus princípios, cada perna do triângulo formado deve estar entre 1,20 e 2,70 metros, e o perímetro do mesmo não deve ser inferior a 3,96 metros ou mais de 8 metros.
Evidentemente, nem sempre é possível dispor das dimensões e proporções ideias para implementá-la, principalmente ao observarmos as dimensões cada vez mais enxutas dos ambientes contemporâneos. Mesmo em cozinhas apertadas há diversas possibilidades de tornar as operações cotidianas mais eficientes. Separamos, abaixo, alguns itens e produtos presentes no site Architonic que podem aumentar o espaço e a eficiência das cozinhas, ainda que sem adicionar um metro quadrado a mais a elas.
Bairro Jardim Paulistano. Foto de Alexandre Giesbrechtm, via Flickr. Licença CC BY-SA 2.0
Diante da crise climática, ruas arborizadas, que já eram algo desejável, tornaram-se um atributo imprescindível para a qualidade de vida em São Paulo. O adensamento populacional no centro expandido, rico em infraestrutura, por sua vez, parece ser o caminho mais eficiente para o crescimento da capital. Será, contudo, que os dois objetivos são conflitantes, que adensamento populacional está correlacionado a mais concreto e menos árvores?
Não importa qual seja o tipo da sua cozinha, uma coisa é fato: a necessidade de armários. Pensar um projeto que seja funcional e possa incorporar todos os equipamentos, alimentos e ingredientes, pode ser uma difícil tarefa dependendo da área disponível. Além disso, muitas vezes, em conjunto com as bancadas e outros revestimentos, os armários são os responsáveis por dar o tom desse espaço, revelando a importância de um bom desenho.