Arquitetura é um negócio. Quer os arquitetos admitam abertamente ou não, administrar um escritório de arquitetura funciona como qualquer outra empresa. As empresas – e seus fundadores, líderes e partes interessadas – são influenciadas pelas forças da economia do mundo real. Você não pode fazer folha de pagamento com amor ao trabalho.
Em nosso sistema econômico atual, as empresas devem considerar a lucratividade para poder pagar a seus funcionários um salário digno, operar de forma sustentável e ética e continuar oferecendo seus serviços.
É fácil se sentir perdido e ansioso em um ambiente novo. Mesmo com a qualidade dos aplicativos de mapas via satélite, ainda nos estressamos quando nosso mapa mental do lugar onde estamos falha.
Enquanto os mapas digitais nos ajudam a encontrar a rota mais rápida pelas ruas, quando nossa necessidade de direção é mais urgente — como encontrar o departamento certo em um vasto campus hospitalar, o alívio de um banheiro em um aeroporto ou a plataforma certa 30 segundos antes do trem partir — mesmo com a tecnologia IPS inovadora, as interfaces digitais ainda ficam em segundo plano em relação às placas bem posicionadas ou outras soluções mais intuitivas.
Segundo pesquisas recentes, o mercado da moda movimenta anualmente cerca de 2,4 trilhões de dólares no mundo. Um número exorbitante que, infelizmente, compara-se aos dados do seu desperdício. Estima-se que, a cada segundo, o equivalente a um caminhão de lixo cheio de sobras de tecidos é queimado ou descartado em aterros sanitários. Levando em conta que tecidos como o poliéster, amplamente utilizado na confecção, demora em média 200 anos para se decompor, é fácil prever o futuro catastrófico dessa operação. Nesse sentido, notícias alarmantes constantemente vêm à tona como as imagens do imenso cemitério de roupas usadas no deserto do Atacama divulgadas alguns anos atrás ou o relato de que a famosa marca de luxo britânica Burberry incinerou roupas, acessórios e perfumes não vendidos no valor de 28,6 milhões de libras no ano passado para preservar a marca, alegando que a o gás carbônico emitido com a ação foi compensado, tornando a atitude “ambientalmente sustentável”.
Arquitetura - uma vez que saiu de suas origens cavernosas - começou inicialmente de forma nômade. Por muito tempo, a sombra das árvores e tendas móveis feitas de pele de animais foram utilizadas no lugar de moradias permanentes, atendendo a estilos de vida nômades e necessidades básicas de sobrevivência. Essas estruturas portáteis foram principalmente sustentadas por armações de madeira e foram usadas por diversas civilizações antigas, incluindo os beduínos na Península Arábica e as tribos nativas americanas na América do Norte. A chegada do tecido, cerca de 40.000 anos atrás, tornou as moradias ainda mais leves e fáceis de transportar, um benefício para as culturas nômades ao redor do mundo.
Embora as tendas tenham permanecido populares desde então, em contextos recreativos e como um elemento fundamental da forma arquitetônica, a arquitetura contemporânea redescobriu o princípio do drapeado de tecido e conduziu o seu desenvolvimento - não apenas para estruturas temporárias, mas também para edifícios e instalações permanentes. Materiais avançados e duráveis transformaram o tecido em uma alternativa de fachada e cobertura que tem despertado um setor altamente especializado dentro da indústria da construção e criado algumas das fachadas mais intrigantes ao redor do mundo.
A 18ª Exposição Internacional de Arquitetura da Bienal de Veneza, inaugurada em 20 de maio, está sendo uma verdadeira materialização do tema O laboratório do futuro, definido por Lesley Lokko. A curadora convidou "arquitetos e profissionais de um campo ampliado de disciplinas criativas a buscarem exemplos nas práticas contemporâneas que apresentem um caminho para que o público avance, imaginando eles mesmos o que o futuro pode trazer".
O Pavilhão do Chile, com a curadoria de Gonzalo Carrasco, Alejandro Beals e Loreto Lyon (Beals Lyon Arquitectos), explorou o tema Ecologias em Movimento. A exposição apresenta os desafios atuais acerca da reparação e restauração ecológica com o estudo dos processos de recuperação do solo com sementes endêmicas.
https://www.archdaily.com.br/br/1003257/ecologias-em-movimento-o-futuro-nao-sera-apenas-construido-sera-semeado-e-plantadoArchDaily Team
Por mais que eu seja crítico ao impacto dos shopping centers na vida urbana paulistana, ainda não consigo evitá-los completamente. Seja porque tenho pouco tempo, mas preciso passar no supermercado e também comprar um presente de aniversário; seja porque o filme que quero ver só está sendo exibido naquele horário e naquele shopping; seja porque meus filhos adoram o espaço de brincar no terraço do Shopping Pátio Higienópolis e, como preciso mesmo comprar um tênis novo, acabamos indo lá.
https://www.archdaily.com.br/br/1003394/quanta-gente-quanta-alegria-o-papel-dos-shopping-centers-na-vida-urbanaVitor Meira França
A sensibilidade na escolha de novos escritórios e a atenção à acessibilidade e sustentabilidade por si só colocam as últimas edições da CASACOR na rota dos eventos de arquitetura que deveriam ser acompanhados com atenção. No entanto, o tema deste ano “Corpo & Morada” dá um passo além, e indica como o evento tem se mantido atento aos temas emergentes e instigantes da profissão.
O espaço como adjacência de gênero e a dimensão espacial da sexualidade são temas recentes no campo da arquitetura. O caso do banheiro como dispositivo regulador de gênero, tem sido uma temática constantemente discutida, tanto dentro das pautas LGBTQIA+, de uma forma mais ampla, quanto nas intersecções da teoria queer na arquitetura.
A água, e suas conotações religiosas enquanto símbolo de purificação e vida, tem um significado enorme em muitas culturas. Mas em nenhum outro lugar esse respeito pela água é mais evidente do que na Índia, um país que reverencia seus rios como sagrados. Os corpos d'água servem como testemunho da veneração e uso da água em rituais religiosos, incorporando o patrimônio cultural como espaços públicos, locais de rituais e locais de cremação. Central para a vida diária na Índia, a água e a arquitetura aquática entrelaçam a espiritualidade e as tradições culturais, oferecendo um vislumbre das ricas tradições das comunidades.
Quando se fala de arquitetura, inevitavelmente, fala-se em escala. Tanto para a representação gráfica e bidimensional, quanto para a área construída, tamanho do terreno, extensão da cidade. Normalmente, a arquitetura pretende-se uma disciplina grandiosa, construções robustas, metragens quadradas amplas. Mas amplo é o campo de atuação, que engloba as escalas “menores”: a habitação essencial, o terreno restrito, a pequena cidade.
A instalação de portos marítimos comerciais em diversos locais ao redor do mundo, sobretudo no início do processo que hoje chamamos de globalização, foi um fator preponderante e estruturador para a fundação de inúmeras cidades. Assim, abordar a relação entre certas cidades e seus portos é também discutir sobre sua própria história, conformação e desenvolvimento ao longo do tempo, uma vez que essas áreas desempenharam um papel fundamental para o crescimento do comércio, da economia e, inevitavelmente, da própria vida urbana, fazendo dessas cidades centros vitais e estratégicos de intercâmbio cultural, comercial e social.
A água e a arquitetura estão intimamente relacionadas no projeto de residências, desde o aspecto funcional até o estético. A melhor opção é levar isso em conta desde o início do processo de projeto, pois a implementação de tecnologias e sistemas adequados definirá o consumo desse recurso. Hoje em dia, é nossa responsabilidade como profissionais pensar em como podemos reduzir o consumo e reciclar a água em nossas próprias casas. Há várias maneiras de atender a essas necessidades, incluindo a instalação de dispositivos de baixo fluxo em torneiras e chuveiros, vasos sanitários com descarga de vazão baixa e alta, e sistemas de irrigação eficientes para o paisagismo. Além disso, sistemas de coleta e reutilização de água da chuva podem ser implementados para irrigação e limpeza.
Ainda que os experimentos e observações de Isaac Newton tenham levado ao desenvolvimento da roda de cores durante o século 17, sua revolução na compreensão e aplicação das cores continua a influenciar a criação de projetos de arquitetura e design até hoje. Arranjando-as em um formato circular, Newton mapeou o espectro de cores, que é uma representação visual de como cada uma se relaciona com as outras. A roda de cores tornou-se uma ferramenta fundamental para artistas, arquitetos e designers entenderem as relações e, portanto, criarem paletas atraentes para os projetos. Além de apenas "observar" as combinações de cores, aplicar a teoria da cor com base nas relações geométricas na roda de cores ajuda os designers a determinar quais cores são adequadas juntas. Cores têm a capacidade de brincar com a percepção espacial, criar um senso de atmosfera e evocar respostas emocionais, tornando-se essencial para o design.
Ao explorar as múltiplas possibilidades da roda de cores, criamos um guia para melhorar o design arquitetônico por meio de três combinações de cores: monocromáticos, análogos e complementares.
Hoje, passamos mais de 90% do nosso tempo dentro de edifícios. Agora também sabemos que nosso cérebro e corpo são influenciados pelo contato com a arquitetura, e o interesse em entender o impacto do meio ambiente no bem-estar humano é crescente. Há diversos novos estudos sobre este tema lançados a cada ano, e os escritórios de arquitetura estão empregando cada vez mais os serviços de pesquisadores e consultores de design da experiência humana.
Quando se pensa em espaços públicos, a imagem de uma piscina raramente vem à mente. Espaços públicos são o centro da vida cívica, lugares onde a maioria das interações, atividades e comportamentos seguem normas sociais e culturais estritas para garantir a segurança e o conforto de todos os usuários. Em contraste, nadar e tomar banho representam algo mais íntimo e primordial, uma experiência sensorial distinta de qualquer outra. Além dos benefícios para a saúde, o ato de flutuar no espaço cria uma ruptura com a vida cotidiana e suas restrições.
Como espaços sociais, banhos públicos e piscinas oferecem uma experiência ainda mais incomum. Aqui, regras e normas de conduta usuais não se aplicam mais. A nudez social se torna a nova norma e, à medida que as pessoas se despem, elas também perdem seus marcos de status, transformando a piscina em um oásis igualitário. Ao longo da história, esses espaços muitas vezes desacreditados ofereceram uma experiência social intensificada, fomentando conexões e trazendo um novo elemento a ambientes urbanos densos. Como uma tipologia presente desde a antiguidade, banhos públicos e piscinas também foram um espaço disputado, como uma manifestação de tópicos difíceis, como a segregação de gênero e raça, gentrificação e vigilância em contraste com a liberdade que prometem.
A profissão de arquiteto enfrenta cada vez mais as pressões de uma era em rápida mudança marcada pela urbanização, crescimento populacional e mudanças climáticas. Para navegar efetivamente nas complexidades que envolvem projetos arquitetônicos e urbanos, tem havido uma aceleração na adoção e integração de tecnologias orientadas por dados, como a Inteligência Artificial (IA) e o aprendizado de máquina. No entanto, surgiram preocupações válidas sobre a possível perda de controle criativo do designer, com medo de que seu papel possa ser reduzido a um mero "ajustador de parâmetros". Isso é uma possibilidade genuína ou apenas um reflexo de resistência à mudança?
Em uma conversa com Carl Christensen, Vice-Presidente de Produto da Autodesk, exploramos o impacto da IA sobre o papel tradicional do arquiteto e as oportunidades que surgem com esses avanços tecnológicos. À medida que os paradigmas mudam, os arquitetos e designers com visão de futuro podem se sentir especialmente capacitados para expandir sua influência e moldar um novo futuro para a disciplina.
Cairo, a vibrante capital do Egito, é uma síntese única de arquitetura histórica e contemporânea. Uma das cidades mais populosas da África, essa aglomeração urbana movimentada possui uma longa e rica história e abriga quase 20 milhões de pessoas. Além das famosas Pirâmides de Gizé e da Esfinge, que atraem turistas há séculos, a cidade tem sido um caldeirão de culturas, histórias e arquiteturas.
A cidade do Cairo passou por várias eras, cada uma caracterizada por estilos arquitetônicos únicos. Após os antigos egípcios, o período islâmico viu o surgimento de prédios icônicos, como a Mesquita de Ibn Tulun e a Mesquita do Sultão Hassan. Esses foram seguidos pelo período mameluco, durante o qual foram construídas estruturas como a Mesquita Al Rifai e a Mesquita Madraça do Sultão Barquq, com belíssimos entalhes em pedra, minaretes imponentes e motivos decorativos complexos. A era otomana trouxe seus próprios marcos, incluindo a Mesquita de Muhammad Ali e a Cidadela de AlQalaa. No final do século XIX e no século XX, Cairo testemunhou uma influência colonial que resultou na construção de estruturas notáveis, como a Ópera do Cairo e a Torre do Cairo.
Ano após ano, organizações, autoridades governamentais e outras entidades em todo o mundo enfrentam o desafio de implementar regulamentações e medidas para lidar com a escassez de água: até o ano de 2017, segundo a Organização Mundial da Saúde, cerca de 3 em cada 10 pessoas não tinham acesso a água potável em casa, enquanto 6 em cada 10 também não tinham acesso a saneamento básico.
Nadar no Tietê. Embora muita gente tenha feito isso até os anos 1930 — quando o rio já estava poluído, mas muito menos que agora, e havia competições de natação e remo até no trecho dentro da capital paulista —, ninguém acredita que isso será possível nos próximos anos. Limpar o rio, porém, é uma ambição factível; desde que se entenda que há várias gradações dentro da categoria “limpo”.
https://www.archdaily.com.br/br/1003270/limpar-o-rio-tiete-e-possivel-ou-uma-utopiaDavid A. Cohen
Sayulita é uma pequena praia de Nayarit, um estado situado na região oeste do México. Trata-se de uma localidade de cerca de 3.390 habitantes que tem crescido significativamente na última década devido ao grande fluxo de turistas, principalmente dos Estados Unidos e Canadá, que são atraídos pelas paisagens e pelo mar agitado que faz de Sayulita um dos principais destinos para surfistas no México.
A Índia testemunhou um aumento na urbanização e no crescimento populacional nas últimas décadas. Como resultado do crescimento natural da população e da migração, as megacidades da Índia experimentaram um aumento contínuo de seus habitantes. Sendo o país mais populoso do mundo, a Índia está em uma encruzilhada crítica, enfrentando oportunidades e desafios na formação de seu ambiente construído. O boom populacional, no entanto, não é um problema recente. Ele já dura mais de um século. Como as cidades indianas têm lidado com o crescimento populacional e as complexidades que ele traz?
Terra é o título da participação do Brasil na Bienal de Arquitetura de Veneza 2023, uma exposição com curadoria de Gabriela de Matos e Paulo Tavares que ocupa os espaços do pavilhão brasileiro no Giardini. Dividida em duas galeiras, a mostra propõe questionar os cânones da arquitetura moderna ao mesmo tempo que busca em narrativas ancestrais invisibilizadas alternativas para um futuro de-colonizado e descarbonizado. Terra é o primeiro pavilhão brasileiro a ser reconhecido com o prêmio máximo da Bienal de Arquitetura de Veneza, o Leão de Ouro.
Num esforço para ampliar o acesso ao conteúdo exposto em Veneza, apresentamos aqui os textos e imagens da segunda galeria, chamada Lugares de origem, arqueologias do futuro. A primeira galeria, De-colonizando o cânone, pode ser revista aqui. O ArchDaily agradece à Fundação Bienal de São Paulo, que generosamente cedeu o material do pavilhão Terra para esta publicação.
https://www.archdaily.com.br/br/1002026/lugares-de-origem-arquelogias-do-futuro-pavilhao-terra-do-brasil-na-bienal-de-venezaGabriela de Matos e Paulo Tavares
Designado pela Organização das Nações Unidas (ONU), 17 de junho foi definido como Dia Mundial de Combate à Desertificação e à Seca, uma data que serve para sensibilizar as pessoas em relação a esses fenômenos, bem como promover ações de enfrentamento. Em linhas gerais, a desertificação refere-se ao processo de degradação da terra em regiões mais áridas, causado principalmente por atividades humanas e variações climáticas. Esse fenômeno leva à perda de cobertura vegetal, erosão do solo e redução da produtividade agrícola, entre outras consequências negativas. A seca, por outro lado, é um período prolongado de chuvas anormalmente baixas, resultando em escassez de água, que pode ter impactos severos nos ecossistemas, na agricultura e na subsistência humana.
A neuroarquitetura pode ser valiosa para ajudar pessoas com demência a manter sua autonomia. Criar ambientes estimulantes, de apoio e seguros os ajudará a permanecer engajados e independentes por mais tempo. É importante projetar uma casa prática e de suporte que promova a função cognitiva, o bem-estar emocional e a interação social.
Dado o rápido crescimento da população idosa mundialmente, estudos mostram que mais de um terço dos idosos vivem em suas casas, apesar do declínio de suas habilidades cognitivas e físicas. No entanto, nem todos podem ser considerados totalmente autônomos, pois precisam da ajuda de terceiros para realizar suas algumas de suas atividades diárias.