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Andreea Cutieru
Sou uma arquiteta residente em Bucareste com um grande interesse na complexidade programática da arquitetura contemporânea, e sou apaixonada por arquitetura que aumenta o capital social e a qualidade de vida. Vejo o espaço arquitetônico como um potencial catalisador para a interação social e me inspiro na possibilidade de possibilitar conexões humanas por meio do design.
Por séculos, a produção habitacional tem se amparado em um conjunto bastante limitado de configurações espaciais, uma conduta que finalmente parece não mais responder às correntes necessidades dos usuários. Somado a isso, a escassez generalizada de moradias acessíveis, o aumento de pessoas que vivem sozinhas e o envelhecimento da população têm nos forçado a reavaliar nossos principais modelos de habitação, a fim de propor soluções de moradia que possam melhor reponder a realidade humana das cidades. Com isso em mente, a seguir exploramos alguns dos modelos contemporâneos de habitação coletiva que buscam reinterpretar o conceito de moradia para melhor os amoldar aos estilos de vida atuais.
A primeira etapa do projeto 1,000 Trees do Heatherick Studio em Xangai foi recentemente inaugurada, mostrando uma volumetria em forma de montanha. O projeto destaca os pilares estruturais, cada um sustentando uma enorme porção de terra, similar a uma floreira com vegetação. Equilibrando as exigências por um empreendimento denso mas com escala humana, o Heatherick Studio abordou o projeto como "uma extensão visual" do parque adjacente, propondo uma nova topografia definida por sua vegetação integrada.
O recente encerramento da Bienal de Arquitetura de Veneza deixou muitos arquitetos e arquitetas refletindo sobre os possíveis caminhos e desdobramentos da arquitetura para os próximos anos, e mais do que isso, sobre o que é que está para acontecer no ano que vem. Acontece que a pandemia representou uma importante ruptura no calendário dos principais eventos de arquitetura do planeta, pois a maioria dos eventos de 2020 e até mesmo alguns de 2021 tiveram de ser adiados por razões já bastante óbvias. Ainda assim—e como em todo processo de retomada—, a expectativa é que no próximo ano teremos um calendário recheado de muitas novidades. Pensando nisso, listamos à seguir alguns dos principais eventos de arquitetura que estão planejados para acontecer ao longo do próximo ano.
O escritório holandês MVRDV divulgou seus planos de renovação de um complexo de edifícios ao sul de Munique, Alemanha. Mantendo seis dos nove blocos existentes, o projeto expande o programa atual e cria um novo marco para o bairro ao implementar uma praça no centro do empreendimento.
À medida que as obras de reconstrução e restauração na Catedral de Notre Dame avançam, os especialistas em patrimônio responsáveis pela obra estão tendo que tomar importantes decisões no que se refere à aparência de alguns elementos que precisam ser substituídos. A Secretária de Arquitetura e Patrimônio Histórico da França aprovou recentemente o projeto de restauro do interior da catedral, o qual engloba o completo redesenho e reorganização do mobiliário, assim como a inclusão de obras de arte contemporânea e projeções de luz. A proposta foi encomendada e defendida pela diocese de Paris, que acredita na capacidade desta nova versão do projeto em promover um melhor engajamento com os usuários e visitantes. Por outro lado, muitas pessoas criticaram a decisão da Secretaria, argumentando que as intervenções contemporâneas não dialogam com a estrutura gótica da catedral.
O MVRDV acaba de apresentar novas imagens de um projeto de intervenção temporária em Roterdã, uma estrutura que permitirá aos moradores e visitantes acessarem uma série de coberturas de edifícios históricos no centro da cidade. Procurando explorar todo o potencial destes espaços—tantas vezes ociosos e subutilizados—, expandindo assim o domínio público e a acessibilidade na cidade. Desenvolvido no contexto do festival Rotterdam Rooftop Days, a edição deste ano contará com uma ponte suspensa que permitirá aos moradores e turistas da cidade de Roterdã transitarem entre a cobertura do edifício The Bijenkorf e o topo do World Trade Center, a qual ficará aberta ao público entre os dias 26 de maio e 24 de junho de 2022, durante o Mês da Arquitetura de Roterdã.
Por definição, a arquitetura e o urbanismo costumam operam em um território repleto de incertezas. Isso significa dizer que a prática da arquitetura não busca apenas respostas para os problemas conhecidos no presente, mas principalmente soluções para os desafios imprevisíveis do futuro. Como resultado, arquitetos e arquitetas confronta-se constantemente com a ambiguidade do ofício: procurando respostas para questões bastante concretas, ao mesmo tempo que buscam abrir espaço para que novos cenários alternativos e imprevisíveis possam surgir. A incerteza é uma condição inerente não apenas ao campo da arquitetura, mas sobretudo, à sociedade contemporânea. O constante e progressivo processo de transformação nos âmbitos sociais, econômicos e até ambientais em nossa sociedade hoje, nos levam a refletir sobre a importância da incerteza no pensar e fazer arquitetura no tempo presente. Pensando nisso, apresentaremos a seguir uma série de abordagens em arquitetura que nos convidam a refletir sobre tudo aquilo que é incerto, e como a imprevisibilidade pode ser útil ao projetar espaços e cidades para o futuro.
A Prefeitura de Veneza anunciou a substituição do vidro usado no piso da Ponte della Costituzione, projetada por Santiago Calatrava, por pedra – a superfície transparente é muito lisa para um equipamento público e já causou diversos acidentes. A decisão foi tomada após várias tentativas de evitar escorregamentos usando resina e adesivos antiderrapantes e, até mesmo, barreiras físicas que impediam o tráfego. Inaugurada em 2008, a ponte foi tema de polêmica e protestos desde cedo, com os custos de construção e o prazo extrapolando as estimativas iniciais.
Henning Larsen revelou sua proposta para um Centro Internacional de Conferências em Pujiang, China, que ajudaria a definir um local vibrante com sustentabilidade como sua marca registrada. Apresentando uma estrutura circular com um parque urbano em seu núcleo, o projeto é articulado em torno de dez estratégias de desenho para atingir a neutralidade de carbono e atender a altos padrões de bem-estar. A proposta é um dos projetos vencedores de um concurso internacional cuja lista inclui Zaha Hadid Architect, GMP Architects, MVRDV e Swooding Architects.
Valentino Gareri Atelier foi selecionado para projetar o projeto-piloto de um modelo de comunidade de economia circular, que visa redefinir a expansão urbana através da sustentabilidade e um programa diversificado. Compreendendo oito vilarejos residenciais com espaços de coworking e entretenimento, a Vila Espiral será criada utilizando métodos emergentes de impressão 3D e promoverá a circularidade através de um centro de desperdício de recursos, um sistema agrícola regenerativo diversificado, um sistema de gestão sustentável da água e da energia renovável.
A Arup acaba de revelar as últimas images do projeto vencedor do concurso para uma torre de emissão líquida zero de 230 m de altura em Hong Kong. Alinhada com o objetivo da cidade em se tornar neutra em emissões de carbono até 2050, a Torre Taikoo Green Ribbon combina alta tecnologia e sustentabilidade para criar um novo ecossistema urbano além de uma nova tipologia de edifício de escritórios. Caracterizada por uma fachada altamente tecnológica composta por painéis fotovoltáicos translúcidos curvos, jardins verticais e incorporando ainda outras inúmeras fontes de energia renováveis, a Taikoo Green Ribbon é um edifício em altura de altíssimo desempenho—projetada para neutralizar todo o carbono emitido durante a fase de projeto e construção em menos de dez anos de operação.
OMA / Shohei Shigematsu, junto com os artistas Charlotte Taylor e Nicholas Préaud, criaram uma série de NFTs inspirados em uma escultura subaquática feita para o projeto ReefLine. Encomendado por Aorist para seu mercado de NFT voltado para o meio ambiente, o vídeo NFT Coral Arena desdobra uma narrativa virtual do monumento, simulando a evolução da futura obra de arte física de um objeto abstrato para ser o suporte de um ecossistema subaquático. Os NFTs foram revelados durante a Miami Art Week e os lucros de sua venda serão doados para a conclusão do projeto ReefLine.
Em espaços para crianças, "temos a oportunidade de criar um projeto que em muitos aspectos é uma arquitetura não-formulada. As crianças reagem aos ambientes de forma completamente espontânea. É quase uma arquitetura aprimorada", diz Dorte Mandrup. A implicação descrita é que o projeto pode contribuir para formar um pensamento crítico, incentivando a autonomia, a responsabilidade e ajudando a formar futuros cidadãos. Em sua maior parte, o sistema educacional e sua expressão espacial não mudaram significativamente nos últimos cem anos. No entanto, com o acesso à informação se tornando onipresente, o foco está lentamente se deslocando do acúmulo de informação para o desenvolvimento do pensamento crítico, e novos métodos de ensino abrem uma nova área de experimentação arquitetônica. A seguir exploramos o impacto do espaço no aprendizado, especificamente no ensino primário e secundário, discutindo como a arquitetura poderia auxiliar o processo educacional, tornando-se uma ferramenta de ensino.
O Snøhetta acaba de ser anunciado como o grande vencedor do concurso de arquitetura para a revitalização da Praça Eliel e Asema em Helsinque, um espaço cívico de importância histórica próximo à estação ferroviária central da capital finlandesa. Desenvolvido em parceria com os escritórios locais Davidsson Tarkela Oy e WSP, a projeto apresentado pela equipe encabeçada pelo Snøhetta visa contribuir com as metas ambientais estabelecidas pela cidade para os próximos anos, reconectando importantes elementos do tecido urbano histórico de Helsinque à estação ferroviária, proporcionando uma maior permeabilidade e acessibilidade à região central da cidade além de promover novos usos e atividades ao ar livre.
O escritório Heatherwick Studio divulgou sua proposta de intervenção para o centro da cidade de Nottingham, Reino Unido. Um desenho que cria um novo centro arborizado e remodela o antigo centro comercial, localizado no coração da cidade, sem deixar de aproveitar seu potencial turístico. Propondo uma nova e ampla área verde que oferece aos habitantes a possibilidade de se conectar com a natureza, o projeto não só traz novos espaços de convívio, comércio e edifícios de uso misto ou residenciais, como também prevê ligações viárias do centro com outras regiões da cidade. Esse projeto representa uma redefinição de centro de cidades e a forma como se organizam.
O prêmio RIBA House of the Year, que destaca a melhor residência unifamiliar projetada por arquitetos no Reino Unido, foi concedido este ano à House on the Hill, projetada por Alison Brooks Architects. Localizada em Gloucestershire, a casa consiste em uma extensão contemporânea de uma casa de fazenda do século XVIII que funciona como residência e como acervo de arte. Construída ao longo de mais de dez anos, o projeto cria uma rica experiência espacial ao estabelecer uma forte conexão entre a casa e a paisagem. O júri elogiou a casa pelo “amálgama de arquitetura, paisagem, habitação e arte” que consegue criar um ambiente leve e tranquilo.
As novas gerações de arquitetos estão tendo que enfrentar inúmeros desafios, não apenas aqueles relacionados à sociedade contemporânea mas principalmente dentro do seu próprio campo profissional. Neste contexto, jovens arquitetos e escritórios emergentes de arquitetura estão redefinindo os limites da sua profissão a medida que buscam soluções para as principais questões do mundo hoje, como a sustentabilidade do ambiente construído, a acessibilidade das infra-estrutura e do espaço urbano e a equidade nas cidades. Isso significa dizer que o campo de atuação dos profissionais da arquitetura está passando por um intenso e acelerado processo de transformação, fazendo com que o papel do arquiteto na sociedade contemporânea pareça cada dia mais ambíguo. A seguir, enumeramos os muitos desafios enfrentados por estes jovens profissionais em seus escritórios, assim como de que forma eles estão percebendo estas mudanças em seu campo de atuação e o impacto destas no ambiente construído de nossas cidades.
A crise climática tem ocupado uma posição cada dia mais proeminente no discurso da arquitetura contemporânea, com os profissionais da construção civil lentamente reconhecendo a sua parcela de responsabilidade em relação às questões ambientais. No entanto, ainda há um longo caminho pela frente no que se refere a uma mudança sistemática no campo da arquitetura. Neste sentido, constituindo a principal frente de ação, jovens escritórios, organizações e iniciativas emergentes estão dando forma a uma nova prática de arquitetura que lentamente está começando a provocar uma mudança de paradigma na industria da construção civil. Abordando questões ambientais em vários níveis, desde políticas urbanas e estratégias de projeto até novos materiais e processos de construção, a seguir apresentamos alguns dos principais escritórios emergentes que estão reformulando o significado de sustentabilidade na arquitetura.