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Camilla Ghisleni
Camilla Ghisleni é Arquiteta e Urbanista, formada pela Universidade Federal de Santa Catarina e Mestre em Urbanismo, Cultura e História da Cidade pela mesma universidade. É sócia-fundadora do escritório Bloco B Arquitetura e colabora com o ArchDaily Brasil desde 2014.
A síndrome de burnout, também conhecida como síndrome do esgotamento profissional, tem estado cada vez mais presente entre os profissionais de hoje. Como resultado do acúmulo intenso de estresse e tensão emocional, sua origem está diretamente relacionada ao cotidiano laboral de cada indivíduo, e não somente aos quesitos logísticos e organizacionais das empresas, mas também é motivada pelo ambiente físico de trabalho.
Passamos em média 1/3 do nosso dia nos espaços de trabalho, portanto, não é à toa que eles assumem um importante papel na nossa saúde mental. Passada a onda dos home offices que vivemos no decorrer de 2020, temos assistido, hoje em dia, o crescente retorno aos espaços colaborativos de trabalho. Eles têm voltado à pauta como uma alternativa híbrida que permite um distanciamento do âmbito doméstico, consolidando a separação entre as funções, algo mais do que necessário após um ano de isolamento.
Como o próprio prefixo indica, o pós-modernismo marca um desvio no curso da história, confirmando a disposição dos críticos em conceituar esse novo momento com base na negação do movimento anterior. O pós-modernismo surgiu na década de 1960 como uma antítese do movimento moderno. Ocupando-se de questionar a formalidade, a austeridade e a falta de variedade da arquitetura moderna, particularmente do estilo internacional de Le Corbusier e Mies van der Rohe, o pós-modernismo defende uma arquitetura repleta de signos e símbolos que, por sua vez, comunicam valores culturais. Diante da padronização, no pós-modernismo há uma exaltação das diferenças, combatendo a dita monotonia e fomentando a valorização dos diferentes contextos sociais nos quais estavam inseridas as obras.
Há muito tempo os elementos em vidro saíram das suas aplicações mais usuais – janelas, espelhos, box de banheiro – e assumiram outros papéis dentro da composição dos ambientes. Muito presente no formato de divisórias, quando a intenção é ampliar os espaços, o vidro também é utilizado como elemento que representa leveza e sofisticação funcionando como uma barreira física que também permite a entrada de luminosidade natural.
Dentro das suas possibilidades, diferentes níveis de transparência podem ser aplicados de acordo com a funcionalidade de cada espaço. O vidro transparente no formato duplo, por exemplo, melhora a acústica do ambiente e, por isso, é recorrentemente aplicado em salas comerciais, já que, possibilita a separação física e acústica, mas ainda permite a relação visual entre os diferentes postos de trabalho.
No clássico filme de Jacques Tati, Mon Oncle (1958), a casa, como materialização cenográfica da “máquina de morar”, é a protagonista. Seus aparatos tecnológicos, por vezes indomáveis, são os que ditam as regras. A proprietária da casa, Madame Arpel, é uma tecnocentrista típica, maravilhada com toda a tecnologia que a cerca acreditando que ela seja a solução para todos seus problemas diários. No lado oposto de Arpel está seu irmão, Mr. Hulot, que chega para uma visita e se desentende com toda essa inovação. Ao longo da sua estadia, conhecemos uma casa que se mostra muito complexa e ao mesmo tempo não permite o controle do usuário.
Como condição intrínseca à essência do homem, buscamos constantemente o contato com a natureza, independente das qualidades físicas ou geográficas nas quais nos encontramos. Cada vez mais afastados da natureza dita selvagem, articulamos meios e estratégias para que ela ainda se mantenha presente em nosso cotidiano, mesmo que seja por ínfimos instantes.
Nesse sentido, existem inúmeras maneiras pelas quais se faz possível domesticar a natureza, gesto que acompanha a história da humanidade, sempre desafiando limites técnicos e causando fascínio. Os jardins internos verticais são um exemplo disso.
Eventos naturais extremos estão se tornando cada vez mais frequentes em todas as partes do mundo. Esse colapso vem sendo alertado em inúmeras pesquisas as quais indicam que inundações, tempestades e aumento do nível do mar podem afetar mais de 800 milhões de pessoas no mundo, custando às cidades US$ 1 trilhão por ano até a metade do século. Essa situação parece indicar que o único caminho para a sobrevivência urbana é trabalhar urgentemente com as vulnerabilidades das cidades para proteger seus cidadãos.
Quadras urbanas podem ser definidas como o espaço delimitado pelo cruzamento de três ou mais vias, subdivisível em lotes para a construção de edifícios. Para além da definição técnica, no decorrer dos séculos, este elemento morfológico foi sendo moldado em conformidade com o pensamento urbano e as expectativas vigentes podendo configurar um único volume ou vários que variam em altura e profundidade; volumes isolados em meio a natureza ou labirintos de difícil acesso. Independente da composição, a quadra simboliza o elemento mínimo da escala do bairro e assume o importante papel na mediação entre o público e o privado dentro das cidades.
Pavilhão Barcelona. @ Flickr Renato Saboya. Used under Creative Commons
A alusão da síntese entre arte e arquitetura, embora remonte à origem da disciplina, alcança, nas vanguardas artísticas do início do século XX, significado e função social diferentes, constituindo uma das características mais marcantes do Movimento Moderno. Uma integração presente nas obras de grandes nomes do movimento como Mies van der Rohe, Le Cobusier, Oscar Niemeyer, para citar alguns.
"Me senti como Nino Rotta e Oscar Niemeyer como Felini, eu fazendo uma música importante naquela obra." Athos Bulcão, renomado artista plástico, usa essa comparação entre o compositor italiano e o diretor de cinema para fazer alusão à relação entre seu trabalho nos azulejos e o projeto arquitetônico. Tal fusão entre arte e arquitetura marcou um importante período na história do Brasil utilizando a mescla entre as duas disciplinas para lançar luz à assuntos como fortalecimento da identidade nacional, massificação da arte e estratégias arquitetônicas relacionadas ao clima tropical.
Nas cabanas primitivas, há milhares de anos, o homem utilizava peles de animais e galhos de árvores para construir o que seria seu abrigo, os mesmos materiais utilizados para proteger o seu corpo das intempéries. Das vestimentas para as casas, estes elementos têxteis acompanham a história da humanidade evoluindo conforme a tecnologia, conquistando um espaço na produção arquitetônica que vai além da criação de estruturas com membranas de poliéster/PVC e lonas, podendo ser visto em outras aplicações como painéis nas fachadas, divisórias internas, coberturas vazadas, etc.
Hoje você abrirá as portas de sua casa para receber os colegas em uma reunião de trabalho. A mesa está preparada à beira da piscina de borda infinita, sob a sombra de uma imensa estrutura metálica curva, que remete aos projetos mais audaciosos de Zaha Hadid, exceto pela ausência completa de pilares. Pairando no ar, essa cobertura completa o cenário idílico do rochedo onde está inserida a mansão. A casa foi adquirida recentemente através do NFT e é acessada digitalmente via código criptografado. Pois é, essa é a sua casa virtual. A física é um pequeno apartamento de 40m2 no centro de uma das metrópoles mais movimentadas e poluídas do sul global.
O termo ergonomia foi utilizado pela primeira vez no ano de 1857, pelo polonês Wojciech Jarstembowsky, e tem como origem a junção das palavras gregas ergon (trabalho) e nomos (lei ou regra). Apesar de estar inicialmente relacionado ao conforto físico do trabalhador, hoje em dia, o termo pode ser aplicado nas mais diversas atividades, desde esportivas até as relacionadas ao lazer, como um conjunto de regras e procedimentos que foca no bem-estar – físico e mental – durante a realização de determinada tarefa.
“Fique em casa”. Esse é o slogan que tem regido nossa vida no último ano, uma palavra de ordem que nos fez ressignificar a casa como refúgio, como abrigo, como proteção. Nessa nova condição instaurada, muito se tem discutido sobre o importante papel da arquitetura e do design de interiores para a promoção do bem-estar físico e mental dos seus ocupantes.
Voltamos nossos olhos e nossos esforços para inúmeras estratégias espaciais – das mais elaboradas às mais simples – que nos prometiam devolver a vocação de refúgio aos nossos lares. Em meio a essa busca, e apesar de estarmos vivendo na era mais tecnológica de todos os tempos, curiosamente, voltamos nossa atenção ao mais elementar, como um retorno às origens.
Projetar espaços abaixo do nível do solo é sempre um grande desafio, principalmente nos quesitos de iluminação e ventilação. Entretanto, soluções criativas possibilitam espaços subterrâneos acolhedores e arejados como o uso de painéis perfurados para entrada de luz na Casa K ou, até mesmo, a implementação estratégica de um espelho d’água com fundo de vidro no térreo permitindo que a iluminação natural atinja o subsolo da Casa Jardim do Sol.
Sagamihara, Japão. Drone photo by Rob Antill (@digitalanthill) and Ben Steensls (@randomoperator)
Vivemos em um emaranhado de fluxos – de capital, de informação, de tecnologia, de imagens, de estruturas, um constante ímpeto pelo movimento que domina todas as esferas da nossa vivência. As grandes infraestruturas viárias aqui apresentadas são frutos desse poderoso desejo de movimento que, por muitos anos foi também sinônimo desenvolvimento, como o retratado em Fausto, célebre personagem goethiano, na sua defesa pela eterna caminhada rumo ao (falso) sentido de progresso.
Destes emaranhados de concreto e aço, com múltiplos níveis em diferentes direções, um caos geometricamente organizado emerge rasgando as tramas urbanas na busca incessante por priorizar os fluxos com menor impedimento e maior capacidade possível.
O Dia Internacional da Mulher é celebrado em todo o mundo desde sua oficialização pela ONU na década de 70. Em linhas gerais, esta é uma data que simboliza a luta histórica de nós mulheres para termos nossas condições equiparadas as dos homens.
No embalo das comemorações deste dia, como mulher e arquiteta, decidi trazer aqui um panorama sobre trajeto profissional das mulheres na arquitetura – principalmente, no nosso país -, denunciando a discrepância que ainda existe no meio como forma de fortalecer a luta que o dia internacional da mulher simboliza. É um alerta, um desabafo e também um pedido de cooperação para que cada um reconheça o seu lugar e, sobretudo, reconheça o nosso lugar, como mulheres, na criação do cenário arquitetônico do nosso país.
A palavra patrimônio vem do latim “patrimonium”, na junção das palavras pater (pai) e monium (sufixo que indica condição, estado, ação). Por meio dessa etimologia, entende-se a relação do termo com a ideia de herança, daquilo que era transmitido de geração para geração.
De uma concepção individual e privativa, com o passar do tempo, – mais precisamente no período entre guerras –, o conceito de patrimônio adquiriu uma abordagem abrangente, passando a ser aplicado em diferentes áreas.
Se pararmos para pensar, a maioria dos alimentos que vemos em nosso prato possui uma história marcada por um longo trajeto que somos incapazes de descrever. Robyn Shotwell Metcalfe, em seu livro Food Routes: Growing Bananas in Iceland and Other Tales from the Logistics of Eating (2019), cita como exemplo a improvável rota dos peixes que são pescados na Nova Inglaterra, exportados para o Japão, e depois enviados de volta como sushi, revelando uma grande e complexa rede invisível aos olhos de quem compra a bandeja de comida japonesa no mercadinho da esquina.