A madeira na construção contemporânea é comumente associada ao aconchego, simplicidade e, de certa maneira, nobreza. Afinal, é um material que exige manutenção mais frequente que o concreto, por exemplo. Ao mesmo tempo, anuncia-se como uma possível alternativa construtiva dentro do pensamento de design regenerativo, precisamente por fazer parte de um ciclo orgânico natural ao planeta. Representantes arquitetônicos do uso da madeira não faltam, mas a madeira carbonizada (ou yakisugi) tem ganhado atenção e protagonismo dentre as opções de acabamento.
Helena Tourinho
O que a madeira carbonizada tem a dizer? O simbolismo do yakisugi
Formas (e emoções) puras: conhecendo a obra de spaceworkers
A fruição de um espaço depende de fatores múltiplos: área, iluminação, vista, temperatura, novidade. Em outras palavras, a emoção que se manifesta em uma pessoa dentro de um espaço é resultado de vários dos elementos próprios da arquitetura (intencionais ou não). Da parte do arquiteto, além do cliente ou da proposta, existe uma intenção formal, ou seja, estética, que seja digna do lado artístico da disciplina. O equilíbrio entre essas premissas são a base do pensamento arquitetônico em geral, mas o compromisso com ele é o que norteia a produção do spaceworkers, fundado por Carla Duarte, diretora financeira, Henrique Marques e Rui Dinis, diretores de criação do escritório.
Devemos considerar a madeira em projetos de habitações de interesse social?
A habitação é uma das principais premissas da arquitetura. Para muitos, o abrigo é um de seus denominadores principais. Dentro das cidades, é pauta premente e complexa. De todo modo, as iniciativas de habitação com interesse social tentam dar conta de abrigar uma parcela considerável da população, para garantir que usufruam dessa premissa-primeira da arquitetura: uma casa.
O detalhe da tradição: conhecendo a obra de Carlos Castanheira
A história da arquitetura está repleta de manifestações e linguagens diversas, que respondem diretamente ao contexto em que se inserem. Dentro da História existem muitas histórias, o que significa dizer que existem muitas tradições. A ideia de uma tradição universal é desmontada numa olhadela rápida em qualquer livro de história da arquitetura.
É claro que os movimentos vigentes apresentam preceitos comuns, mas isso está longe de significar uniformidade formal. Contudo, ao se encarar a multiplicidade histórica e, por conseguinte, de tradições, é possível afirmar que determinadas regiões possuem determinadas arquiteturas. Portugal é definitivamente um país com uma tradição arquitetônica, e Carlos Castanheira é um de seus representantes.
Como as cores influenciam as narrativas e espaços do cinema
É sabido que as cores evocam sentimentos específicos, portanto são utilizadas para transmitir ou causar um ou outro efeito na superfície em que é aplicada, ou no observador que a contempla. Na arquitetura, a cor desempenha um papel fundamental na definição da forma. Materiais em seu estado natural já possuem uma coloração própria, que é percebida de uma certa maneira. No entanto, quando tingidos de alguma forma, a percepção do observador é alterada, levando a associações de sensações diferentes em relação ao mesmo objeto. Essa transformação na sensação devido à cor ocorre em qualquer meio visual, dos tridimensionais (como arquitetura), aos bidimensionais imóveis e móveis: gravuras, fotografias, pinturas e filmes.
Diferentes modos de aplicar a cor ao mobiliário
A cor desempenha um papel significativo no mundo. Em parte por causa da significação atrelada a cada matiz, o uso das cores na arquitetura – especialmente em interiores – altera a ambiência de cada projeto. Em estabelecimentos comerciais, a cor tem influência considerável no destaque de determinada marca, e em residências, pode tanto refletir a personalidade do morador quanto complementar a linguagem adotada no projeto. Essa exploração pode se dar diretamente no objeto tectônico (arquitetura) – através das superfícies que constituem o edifício –, ou pode se tirar partido de elementos móveis, mais facilmente alteráveis.
Uma arquitetura feita de vistas: conhecendo a obra da TETRO Arquitetura
A arquitetura, em geral, é entendida como construção positiva, isto é: tectônica, volume, objeto no mundo. E ela é. Contudo, se alteramos a perspectiva do observador – da vista aérea e longínqua para a interna, de quem ocupa aquele volume –, a noção de objeto no mundo se converte em “mundo” para o ocupante. Além disso, também pode se converter em moldura: o que recorta ou direciona o olhar. De fato, a vista é um quesito de valorização arquitetônica, pois destaca um determinado ângulo do que está fora, e convida o ocupante à contemplação. Os projetos da TETRO Arquitetura evidenciam essa alternância entre forma e recorte.
Pigmentos naturais na arquitetura: fontes, aplicações e por que usar
Frente às urgências climáticas do planeta, campos diversos estão pressionados a reformular seus funcionamentos e atuações, e a arquitetura não está de fora. Afinal, o ambiente construído e a indústria da construção civil são responsáveis por uma porcentagem considerável da emissão de gás carbono na atmosfera. Repensar e reestruturar a cadeia construtiva – do projeto à execução – é a ordem do dia para os profissionais envolvidos com construção.
Repensar o processo projetual para sustentabilidade em arquitetura
Questões ambientais se colocam como o grande tema para a arquitetura há alguns anos. A iminente escassez de recursos naturais e a conscientização acerca dos danos ambientais da indústria construtiva têm forçado o campo profissional a posicionar-se e desenvolver soluções que mitiguem o impacto da área de atuação no planeta. O desenvolvimento de novas tecnologias que possibilitam materiais mais sustentáveis é fundamental, mas esse incentivo pode (e deve) partir do ponto inicial da prática arquitetônica: o projeto.
De moradia a comércio e vice-versa: a reabilitação de casas e casarões antigos
Ao longo da história da cidade, as edificações passam por mudanças de uso e de programa. Não teria como ser diferente, já que cada época possui suas questões e necessidades específicas. O tipo de moradia, a densidade demográfica em determinadas regiões e os novos comércios e serviços alteram a configuração da cidade, sem que as construções acompanhem as mudanças na mesma velocidade. Sendo assim, a requalificação – ou reabilitação – das construções não só fazem sentido, como também são necessárias.
Uma pequena história da quitinete
A habitação sempre foi uma grande questão dentro das metrópoles. Tanto para acomodar a população da cidade como o impacto que a habitação pode ter em outras questões urbanas, como o deslocamento necessário para cumprir com a rotina individual – a distância entre residência e trabalho ou escola, por exemplo.
O adensamento citadino costuma ser uma premissa bem-aceita em geral dentro do campo do urbanismo, e na realidade contemporânea, a equação adensamento-habitação se resolve com metragens mais compactas em edifícios em altura. Os apartamentos resultantes podem ser reduzidos quase ao mínimo de funções, o que no Brasil se chama comumente quitinete. Como toda tipologia, essa mini-residência possui seus prós e contras, e pode ser vista como exemplo de praticidade ou representante de precarização habitacional.
A eterna arquitetura efêmera do Shikinen Sengu: o templo japonês reconstruído a cada 20 anos
Parte da concepção de arquitetura – como se entende desde a modernidade – passa necessariamente pela permanência. A construção tectônica pretende-se durável, e muitas são as reflexões articuladas a partir dessa durabilidade. O que significa, então, associar a arquitetura com a efemeridade? E quando a própria ideia de permanência está atrelada ao transitório? A cerimônia do Shikinen Sengu, no Japão, pode ajudar a responder a essas perguntas.
A pequena grande arquitetura: conhecendo a obra de Jirau
Quando se fala de arquitetura, inevitavelmente, fala-se em escala. Tanto para a representação gráfica e bidimensional, quanto para a área construída, tamanho do terreno, extensão da cidade. Normalmente, a arquitetura pretende-se uma disciplina grandiosa, construções robustas, metragens quadradas amplas. Mas amplo é o campo de atuação, que engloba as escalas “menores”: a habitação essencial, o terreno restrito, a pequena cidade.
A história das termas romanas
Dentro da chamada arquitetura canônica, um dos primeiros tratados a se conhecer é aquele de Vitrúvio. Para além de discorrer sobre a formação intelectual e cultural, interesses e sensibilidade do arquiteto, ou sobre a tríade “sagrada” da arquitetura – venustas, firmitas e utilitas (beleza, solidez e funcionalidade) –, o tratado descreve um método projetual, uma espécie de manual para a construção romana à época. Sabidamente complexa e sofisticada, a arquitetura romana apresentava uma variedade de edifícios com funções diversas. Entre eles, as termas, que não escaparam às prescrições vitruvianas.
O que considerar ao escolher os materiais para o telhado?
Arquitetura pode ser definida de diversas maneiras, das mais técnicas às mais poéticas, valendo-se de inúmeros aspectos diferentes dentro de seu contexto: espaço, programa, tectônica e gesto. Este último faz referência ao traço, ao desenho, ao projeto. Talvez o croqui rápido que se anuncia à mente ao falar em gesto é aquele do abrigo: um corte ou elevação, com escala humana, de vedações verticais e cobertura.
"Miragem Moderna": instalação de Paul Clemence dilui a arquitetura da Pampulha
Uma miragem pode referir-se a um fenômeno óptico causado pela refração da luz em determinadas superfícies – em geral, a propagação da luz dá o efeito de liquefazer a superfície –, ou pode ter o sentido de ilusão, algo que aparenta ser algo que não é. Paul Clemence se aproveita dessa dualidade em seu ensaio fotográfico Miragem Moderna, no qual retrata a Casa do Baile (atual Centro de Referência de Arquitetura, Urbanismo e Design), o Museu de Arte e a Igreja da Pampulha através de seus reflexos no espelho d’água do conjunto moderno projetado por Oscar Niemeyer em Belo Horizonte (MG).
O que é arquitetura eclética?
Existem estilos arquitetônicos mal-quistos no decorrer histórico. Em geral, o apogeu de um movimento significa o ocaso de outro. Com o passar do tempo, pode ser que a situação se inverta, como no caso do pós-modernismo, que divide opiniões desde seu surgimento, mas que experimentou um revival nas primeiras décadas dos anos 2000 (ou talvez não). O distanciamento temporal contribui para a revisão da relevância de certos estilos, e avaliação de suas qualidades – ou problemas.