Em 2023, testemunhamos grandes conflitos, crises políticas e desastres ambientais catastróficos em todo o mundo. Também observamos a diminuição na gravidade da pandemia de COVID-19, o contínuo aumento de modelos de IA generativa, bem como a ascensão da Índia como o país mais populoso do mundo, ultrapassando a China. 2023 também provocou discussões em todo o mundo no âmbito arquitetônico. A 18ª Exposição Internacional de Arquitetura - La Biennale di Venezia desafiou seu público a pensar de maneira diferente e mais empática, adotando uma perspectiva mais ampla sobre a arquitetura e deslocando seu foco para a disciplina em vez de apenas para a profissão. Essa mudança também abriu espaço para vozes e discussões frequentemente negligenciadas em exposições globais. A Trienal de Arquitetura de Sharjah 2023 celebrou o sul global, onde lugares prosperam em meio à escassez. Os principais temas do ano giraram em torno da descarbonização do ambiente construído, recursos e produção, materiais e know-how tradicionais, cultura de consumo, bem como decolonização, narrativas locais e identidades.
O ArchDaily acompanhou de perto todas essas histórias, examinando-as de forma consistente por meio de uma perspectiva urbana e arquitetônica para abordar questões globais. Alinhada com nosso compromisso de "empoderar todos os envolvidos na formação da arquitetura para aprimorar a qualidade de vida", a seleção dos Melhores Artigos do ArchDaily em 2023 destaca um amplo espectro de tópicos atuais.
Dizem que não importa o que acontece, mas como você vê. Também dizem que a literatura não reproduz a realidade, mas sim cria outra. Tudo começa com uma ideia. Só uma ideia. Imagem e imaginação andam juntas, isso significa que elas constituem o mecanismo para percepção, pensamento, linguagem e memória do homem. E em essência, arquitetura nada mais é do que organizar ideias. A pergunta é: como organizar as ideias? Ou ainda, como você vê as coisas? Existe mesmo percepção sem contexto social e cultural? A resposta curta é não. A resposta longa envolve antropologia interpretativa, um pouco de teoria e muita, muita crítica.
Em sua mais recente mostra fotográfica, Paul Clemence explorou a essência arquitetônica dos museus suíços no Le Salon Suisse, durante a Semana de Arte de Miami. Explorando a arquitetura da região e a importância dos museus na paisagem urbana atual, o fotógrafo apresenta uma exposição completa intitulada "Formas, Ritmo, Abstração: Museus Suíços". A série inclui registros de Genebra, Lausanne, Basel, Zurique e St. Gallen.
Inaugurada em 21 de setembro de 2023, a Bienal de Arquitetura de Chicago é um evento por toda a cidade que continuará em exibição até o final do ano. Intitulado “This is a Rehearsal” [Isto é um Ensaio], o evento é configurado como uma carta de amor a Chicago, ativando um diálogo contínuo em torno da cidade. Meses após o início da Bienal, os eventos ainda estão em andamento, com visitas abertas, performances teatrais e conferências virtuais acontecendo durante toda esta semana.
No cenário em constante evolução do século XXI, as cidades despontam como modelos de inovação em relação aos objetivos de desenvolvimento sustentável. Criativamente, enfrentam desafios urbanos urgentes, como densidade populacional, transporte, habitação e resiliência. Possuem o potencial de liderar uma agenda climática abrangente, atuando como laboratórios para iniciativas sustentáveis, inovações inter-setoriais e estratégias orientadas para a comunidade. As cidades agem como catalisadoras de revoluções, implementando soluções impactantes que podem ser aplicadas globalmente.
O projeto Wild Mile é uma iniciativa ambiciosa da organização sem fins lucrativos Urban Rivers, que visa recuperar um trecho de 1,5 km do rio Chicago, nos Estados Unidos. O projeto envolve a criação de um oásis urbano vibrante e sustentável com calçadões e jardins flutuantes.
Desde a inauguração de sua primeira seção em julho de 2023, o Wild Mile já atraiu mais de 30.000 visitantes, incluindo moradores locais, programas educacionais e eventos especiais. Os líderes da Urban Rivers expressam seu orgulho das conquistas do projeto, destacando a transformação de um trecho do rio antes negligenciado em um espaço público próspero tanto para a vida selvagem quanto para as pessoas.
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Em abril de 2019, um incêndio devastador consumiu parte da Catedral de Notre Dame, em Paris, causando danos severos ao seu teto de madeira e levando ao colapso da torre central do século XIX, originalmente projetada por Viollet-le-Duc. Na sequência da tragédia, o presidente da França, Emmanuel Macron, prometeu que o monumento seria restaurado em apenas 5 anos, um prazo ambicioso. À medida que a restauração das estruturas do telhado se aproxima da conclusão, em fevereiro de 2023 foi montada a estrutura de andaimes para a reconstrução da torre. Sua conclusão está prevista para o fim deste mês.
Ao nos aproximarmos do final de 2023, analisamos a evolução do campo da arquitetura, mas também antecipamos os projetos mais aguardados de 2024. Enquanto Paris se prepara para sediar os Jogos Olímpicos de Verão de 2024, diversos projetos e atualizações de infraestrutura foram planejados para apoiar o evento. Outro marco para Paris será a reabertura da Catedral de Notre-Dame. As obras de reconstrução do monumento do século XII danificado pelo fogo se aproximam da conclusão.
A seleção de projetos abrange diversas escalas e programas, desde obras de restauração e expansão, como o plano da OMA para o Museo Egizio em Turim, ou o Grand Residential Building de David Chipperfield na Bélgica, até arquitetura desenvolvida em colaboração com povos indígenas, como o Čoarvemátta da Snøhetta no Norte da Noruega, instalações culturais na Ásia e na Europa, e edifícios ambientalmente conscientes, como o Hotel da Studio Gang nos Estados Unidos.
Desde março de 2018, quando um tremor de magnitude 2,5 na escala Richter assustou os moradores de Maceió, a população da capital do estado alagoano passou a tomar conhecimento e, aos poucos, a lidar com as consequências de uma tragédia que logo viria à tona. Após o surgimento de uma série de rachaduras e crateras em diferentes bairros da cidade, feitas as análises geológicas devidas, foi constatada a principal causa do afundamento do solo: a atividade de extração de salgema, minério utilizado na fabricação de soda cáustica e PVC, empreendida em Maceió há mais de 40 anos pela empresa petroquímica Braskem.
Com novos tremores em novembro de 2023 e o risco iminente de desabamento das minas, o caso de Maceió voltou a ser noticiado pelas mídias brasileiras e seu desenrolar lança luzes sobre uma série de complexidades urbanas que estão implicadas na tragédia. Desde os danos físicos à infraestrutura da cidade, passando pelas remoções e deslocamentos populacionais, a inflação e a especulação imobiliária, o desenrolar dos acontecimentos provocados pelo desastre revela cenas dolorosas, no que já vem sendo tratado como uma das piores tragédias urbanas do mundo. Imersa na crise, a população da cidade sofre diante dos danos incalculáveis: "A rachadura não foi só nos imóveis, foi em nós, na alma".
À medida que 2023 chega ao fim, o futuro de nossas cidades está repleto de ideias visionárias, resultados de um ano de concursos de projeto que resultaram em propostas instigantes para o futuro. Desde a requalificação de tesouros históricos até o projeto de novos edifícios, essas competições globais impulsionaram a inovação na indústria da arquitetura. Com efeito, a cada novo concurso, os limites de nossa profissão são desafiados e novas ideias para o futuro são esboçadas.
Este último ano tem sido uma vitrine de inovação arquitetônica, com concursos ultrapassando os limites da indústria tradicional. Os projetos vencedores apresentam uma profunda incorporação do patrimônio cultural, aspirações comunitárias e preservação ambiental. Na verdade, as três categorias de competições em que escritórios estabelecidos participaram foram marcos culturais, torres de uso misto e masterplans. Em cada categoria, o projeto vencedor reimagina o que esses conceitos representam em 2023 e além, projetando não apenas novos edifícios, mas novas formas de viver.
A crise global da habitação gera uma gama diversificada de desafios, abrangendo desde a situação de pessoas sem teto até a realidade de milhões que enfrentam condições habitacionais precárias, sobrelotação e aluguéis excessivamente altos. Enfrentá-la envolve vontade política, a união de Estado e iniciativa privada, mas principalmente soluções inovadoras que priorizem a acessibilidade, a sustentabilidade e mecanismos governamentais que propiciem isso. Uma coisa é certa: precisamos construir massivamente no futuro para melhorar essa situação. A implementação de métodos de construção eficientes, como pré-fabricação e construção modular, pode acelerar a criação de unidades habitacionais acessíveis, reduzindo custos e prazos de construção e a adoção de práticas de construção ecológicas, como a utilização de materiais reciclados e a concepção de estruturas energeticamente eficientes, não só contribuindo para a sustentabilidade, mas minimizando as despesas operacionais a longo prazo para os residentes.
A interação entre arquitetura e bem-estar humano é um campo que desperta cada vez mais interesse no mundo contemporâneo. A importância da arquitetura no cotidiano das pessoas vai muito além de sua função estética ou prática, influenciando diretamente na experiência e no bem-estar dos indivíduos que interagem com os espaços construídos. Este elo fundamental entre o espaço arquitetônico e o bem-estar humano tem sido cada vez mais explorado por pesquisadores e profissionais da área, que buscam compreender e otimizar os impactos dos ambientes construídos na saúde e na qualidade de vida das pessoas.
A Fundação para o Desenvolvimento da Arte e Cultura do Uzbequistão, em parceria com Wael Al Awar, apresentou "Tashkent: Apropriando-se do Modernismo" na Trienal de Arquitetura de Sharjah. A exposição destaca três notáveis exemplos de arquitetura moderna em Tashkent, no Uzbequistão. Idealizada por Wael Al Awar, fundador e diretor da waiwai, a mostra apresenta os três estudos de caso e sua significativa evolução ao longo do tempo.
Locais bonitos com vistas incríveis ao longo das orlas de grandes cidades são frequentemente negligenciados devido aos vestígios industriais de uma economia passada baseada no transporte marítimo e manufatura. A transição desses setores econômicos e o potencial desses locais têm levado à adaptação desses espaços para uso público. Enquanto algumas cidades optaram por demolir e começar completamente do zero, a transformação do Brooklyn Bridge Park na orla marítima da cidade de Nova York incluiu a preservação de parte de seu caráter industrial. No livro "Brooklyn Bridge Park", os arquitetos do escritório Michael Van Valkenburgh Associates discutem seu processo projetual que incorporou a materialidade e as estruturas existentes dos píeres para contar a história do lugar.
Parte da revisão e atualização da teoria arquitetônica recusa os binarismos vigentes tanto no senso comum quanto na esfera de ensino e transmissão de arquitetura. A oposição entre centro-periferia, a cidade “formal” e “informal”, o projeto como técnica e a construção como improviso são dualidades recorrentes na arquitetura, e possuem uma longa história de disputas. Apesar da hegemonia do norte-global em relação ao que deve ser a boa arquitetura, ou como se deve projetar, a realidade sempre se mostrou mais complexa, diversa e multidimensional.
O Lago Tonle Sap é uma parte do sistema hídrico interno do Camboja que está conectado às florestas alagadas que purificam a água e protegem as comunidades de tempestades, um benefício importante, uma vez que as alterações climáticas tornam as condições meteorológicas extremas mais frequentes. Todo ano, de junho a novembro, o delta do Mekong invade o lago Tonle Sap, criando variações de até 10 metros na profundidade da água. Isso resulta no alagamento de edifícios em terra durante a estação chuvosa, que são então reformados e ocupados novamente após a recuada da água.
As ondas de calor, cada vez mais frequentes e intensas devido às mudanças climáticas, representam um desafio crítico para o desenho dos espaços urbanos. As altas temperaturas exacerbam problemas de saúde pública, aumentam o consumo de energia e diminuem a qualidade de vida nas cidades. Para mitigar esses efeitos, é essencial que os espaços urbanos adotem estratégias para promover a resiliência e não apenas reproduzam formatos que não levam em conta o estresse térmico à qual muitos estão sendo submetidos.
Há tempos entende-se os benefícios dos espaços verdes urbanos, do contato com a natureza, com a água, com a terra, das vantagens relacionadas a saúde e ao bem-estar da população que convive com parques nos arredores de suas casas. Uma questão ainda mais reforçada depois do pânico instaurado durante o período da pandemia de Covid-19. No entanto, o momento atual traz à tona novamente o impacto dos modelos urbanos na vida contemporânea que lida agora com temperaturas extremas nunca antes vistas.
Há e sempre existiram mulheres arquitetas, planejadoras e políticas urbanas inspiradoras, mas em todo o mundo, as profissões de ambiente construído – e em particular seus escalões superiores – permanecem fortemente dominadas por homens, mais do que outras esferas, como educação ou saúde.
Hoje, 64% dos arquitetos formados no Brasil são mulheres. Na Engenharia, houve um aumento de 42% no número de mulheres registradas no CREA desde 2016. Mas, onde estão esses reflexos na sociedade brasileira? No mundo o processo é mais lento. Temos apenas 40% de mulheres arquitetas e pouquíssimas nos papéis de líderes.
As escadarias desempenham um papel importante nos trânsitos e deslocamentos dentro das cidades, podendo moldar a forma como as comunidades interagem e se movem em seus ambientes urbanos. Muitas vezes despercebidas em meio à paisagem, elas são testemunhas importantes da história, conectores fundamentais, e mais do que simples elementos arquitetônicos, elas são espaços onde o ritmo da vida urbana se desenrola. Entre os prédios, morros, ladeiras e ruas movimentadas, as escadarias se revelam como palcos de deslocamentos, de encontros e desencontros, onde o tecido da cidade se entrelaça às histórias contadas a cada degrau.
Diante da previsão de chuvas fortes nas regiões onde moram, 64% dos brasileiros sentem medo. Para 76% das pessoas, as cidades não estão preparadas para enfrentar chuvas fortes, tempestades ou alagamentos. Os dados fazem parte de uma pesquisa inédita realizada pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, em cooperação com a UNESCO no Brasil e o apoio da Associação Nacional de Municípios e Meio Ambiente (ANAMMA ) e da Aliança Bioconexão Urbana. O resultado completo do estudo será apresentado no dia 2 de dezembro durante a 28a Conferência de Mudanças Climáticas da ONU, a COP 28, que acontece em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
Comunidades locais vão além de simples conjuntos de edificações e infraestrutura. Elas carregam consigo um caráter arquitetônico distinto, refletindo sua história, cultura e valores. Nossa revisão anual aprofunda-se nas narrativas mais marcantes que exploram a identidade arquitetônica de diversas comunidades locais.
Essas histórias abordam uma variedade de temas, desde territórios geográficos singulares, assentamentos culturais, marcos icônicos até colaboração comunitária e planejamento urbano socioecológico. Através dessas narrativas, desvendamos as fascinantes histórias por trás das construções e espaços públicos que dão forma a cidades e vilarejos específicos.
Quando se trata de arquitetura contemporânea portuguesa, frequentemente a primeira associação se faz pelo caminho da tradição. A relevância histórica do programa, a importância das tipologias para os nativos, os modos de construir. As correspondências não são infundadas, mas tampouco são restritivas, e o pequeno país tem um grande nome que prova isso: Álvaro Siza Vieira.
Siza é o maior representante da arquitetura de Portugal, e motivos não faltam. Não apenas por ser o primeiro arquiteto português a receber um Pritzker (1992), ou pela premiação do Leão de Ouro na Bienal de Veneza (2012), ou pela extensa e prolífica carreira, mas sobretudo pela atitude ao mesmo tempo particular e universal em relação à arquitetura. A atuação em território nacional e internacional explicita uma característica que muito possivelmente é de sua índole: a de ser muitos em um único, à maneira de seu conterrâneo Fernando Pessoa.
Com a promessa de dias cada vez mais quentes, o ar condicionado se torna ainda mais requisitado pelas pessoas. Compreendemos que este se tornou um equipamento quase que inevitável na contemporaneidade. Além de buscar por opções que sejam mais energeticamente eficientes, que seria o mínimo diante da atual crise climática que vivenciamos, como arquitetos e designers também devemos questionar como podemos integrar o dispositivo aos cômodos de uma maneira que não chame tanta atenção e mantenha a sua principal função: resfriar o ambiente. Assim, reunimos algumas dicas sobre como esconder o ar condicionado e manter uma composição harmoniosa no espaço.
Quando o assunto é mudanças climáticas, as manchetes às vezes parecem contraditórias. Em um dia, lemos sobre incêndios florestais catastróficos causando estragos pelo mundo; no dia seguinte, temos um artigo otimista sobre o rápido avanço da energia solar e eólica. Juntas, essas narrativas podem dificultar a compreensão do panorama geral da ação climática. Os países estão de fato implementando soluções efetivas se as emissões de gases do efeito estufa (GEE) continuam aumentando? Em que áreas o mundo tem progredido o suficiente para superar a crise climática e quais são as lacunas? Que medidas específicas são necessárias para entrarmos no rumo certo?
https://www.archdaily.com.br/br/1010199/o-que-o-mundo-ainda-pode-fazer-para-manter-o-aquecimento-global-abaixo-de-15-degrees-cWRI Brasil