Este artigo é parte da nossa nova série "Material em Foco", onde os arquitetos compartilham conosco o processo de criação através da escolha de materiais que definem parte importante da construção de seus projetos.
O projeto da Casa da Enseada foi desenvolvido pelo escritório porto alegrense Arquitetura Nacional em 2015 e conta com 317 m2 utilizando uma interessante composição volumétrica e de materialidade tradicional.Nós conversamos com a arquiteta Paula Otto, uma das sócias do escritório para saber mais sobre as escolhas dos materiais utilizados no projeto e sobre a influência que desempenhou estas escolhas no conceito de projeto. Leia a seguir a entrevista:
Foi evidente o predomínio da matriz corbusiana na fase inicial da arquitetura moderna em Porto Alegre, do final dos anos quarenta ao final dos anos cinquenta; um quadro creditável em grande parte ao êxito da Escola Carioca e sua consequente posição referencial assumida. Entretanto, é perceptível que a arquitetura local do período também se norteou por casos exemplares de outras latitudes e recebeu contribuições palpáveis menores como a uruguaia. O aporte do país vizinho foi um fato concreto, porém de dimensão menor que a apregoada há alguns anos, quando suposições eram instituídas como verdades pela repetição, na ausência de uma necessária historiografia. E é de se lamentar que esse subsídio qualificado tenha sido mais restrito do que se supunha anteriormente, limitando-se à formação de Demétrio Ribeiro e à colaboração de bons professores de Montevidéu [1] ao ensino local, além das duas obras importantes que o arquiteto Fresnedo Siri legou à cidade: o Hipódromo do Cristal e o Edifício Esplanada; e da contribuição posterior das cascas de cerâmica armada de Eladio Dieste, iniciada na CEASA (1970) e desenvolvida através da fábrica Memphis (1976), de um conjunto de residências e algumas edificações para fins comerciais.
O exame dos microfilmes e cópias existentes no Arquivo Público Municipal de Porto Alegre oferece um panorama confiável da estratificação formal da cidade através das décadas. As imagens de projetos do começo do século XX mostram um art-nouveau rústico local, chalés decorados com lambrequins e ecletismos de gosto alemão, italiano ou afrancesado. Os anos trinta apresentam uma incidência extensa do que se convencionou como art-déco; arquitetura de apelo fácil sem a intelectualização das vanguardas modernas da mesma época. Ainda nos anos trinta surgem os primeiros exemplares dentro do chamado “estilo californiano”[1], que passou a disputar a supremacia dos anos quarenta com o que poderia se qualificar como déco ou “protomoderno”, tornando-se rarefeito no começo dos cinquenta. E às vésperas dos anos cinquenta detectam-se os primeiros projetos modernos identificados com as vanguardas europeias, com visível débito com a Escola Carioca e sua origem corbusiana.
Idealizado com o intuito de evidenciar e discutir a produção arquitetônica contemporânea, o Instituto Tomie Ohtake e a AkzoNobel apresentam anualmente o Prêmio de Arquitetura Instituto Tomie Ohtake Akzonobel.
Reconhecer inventivas realizações no campo da arquitetura brasileira, buscando contemplar os mais distintos programas e contextos, além de refletir sobre rumos da prática profissional, são parâmetros determinantes a esse prêmio que vêm delineando de maneira expressiva alguns dos rumos da produção atual.