Fundadora e diretora do African Futures Institute (AFI) com sede em Accra, Gana, Lesley Lokko é uma arquiteta, educadora e romancista ganesa-escocesa. Com uma carreira que abrange Joanesburgo, Londres, Accra e Edimburgo, ela ocupou vários cargos como professora e é amplamente reconhecida em seu campo. A professora Lokko foi nomeada curadora da 18ª Exposição Internacional de Arquitetura, La Biennale di Venezia, em dezembro de 2021, depois de ter atuado como membro do júri do Golden Lions Awards da edição anterior da Bienal de Veneza. Em sua primeira entrevista ao ArchDaily, após ser nomeada curadora da Bienal de Arquitetura de 2023, Lesley Lokko compartilha ideias sobre os preparativos, o tema e esta 18ª edição.
Espera-se que as cidades africanas tenham um aumento significativo da população nos próximos 30 anos. De acordo com as projeções das Nações Unidas, essas cidades receberão mais 900 milhões de habitantes até 2050. Essa mudança demográfica criará oportunidades e desafios que remodelarão a natureza e a estrutura dessas cidades. Esses desafios incluem a necessidade de crescimento econômico, aumento da demanda por habitação e infraestrutura e o desenvolvimento de sistemas de transporte complementares. Até agora, a maioria das cidades africanas respondeu a esse rápido crescimento populacional com padrões de crescimento horizontal que expandem as periferias da cidade, aumentam a fragmentação social e, por fim, levam a uma maior dependência do carro.
A luz é um elemento arquitetônico integral e emotivo. O acesso à luz é tanto aproveitado como limitado na arquitetura. Enquanto habitações tropicais caras celebram vistas ensolaradas com vidraças expansivas, uma ampla gama de galerias de arte rejeita a luz em sua forma natural, eliminando-a em conformidade com os requisitos sensíveis de suas exposições. A luz em um sentido arquitetônico e urbano também é altamente simbólica, evidente nas muitas metrópoles do nosso mundo, mas onde esse simbolismo assume uma dimensão interessante é no arquipélago de Zanzibar.
A Bienal de Arquitetura de Veneza 2023 anunciou nesta terça-feira, 21 de fevereiro, que a edição deste ano incluirá 63 pavilhões nacionais. A exposição internacional, com curadoria de Lesley Lokko, contará com 89 participantes, mais da metade dos quais são da África ou da diáspora africana.
Entre os escritórios convidados estão Adjaye Associates, atelier masōmī, Kéré Architecture, MASS Design Group, Sumayya Vally e Moad Musbahi, Theaster Gates Studio, Andrés Jaque / Office for Political Innovation, Liam Young e Neri&Hu Design and Research Office, para citar apenas alguns.
No último novembro, a conferência anual do clima em Sharm el-Sheikh, a COP 27, terminou com um acordo provisório firmado para estabelecer um fundo climático de “perdas e danos” para a África e outros países em desenvolvimento. Para os africanos, isso foi motivo de uma comemoração contida, já que por gerações o continente construiu sua agenda de mudança climática quase exclusivamente em torno da busca pela justiça climática, visando responsabilizar as nações industrializadas pela maior parte das emissões globais de carbono.
Tudo isso se desenrolou ao mesmo tempo em que a maioria dos países africanos lida com os desafios mais básicos: saneamento urbano ineficiente; má gestão de águas pluviais; escassez de água, saneamento e instalações de higiene; desmatamento e degradação ambiental.
https://www.archdaily.com.br/br/996449/e-hora-da-africa-criar-sua-propria-agenda-para-as-mudancas-climaticasMathias Agbo, Jr.
Ora escultural e expressivo, ora monolítico e monótono, o estilo arquitetônico brutalista é igualmente diverso e polêmico. Desde suas origens como subproduto do movimento modernista na década de 1950 até hoje, os edifícios brutalistas continuam sendo um ponto de discussão popular no debate arquitetônico. Uma possível explicação para isso é que estes edifícios brutalistas geralmente são muito fotogênicos; suas texturas e sombras dramáticas criam imagens apelativas.
Há alguns meses, o mundo se reuniu em Sharm El Sheik, no Egito, para a cúpula anual sobre mudanças climáticas: a COP27. Como o resto da África, a Nigéria é representada por seu séquito de burocratas, defensores do clima e outros grupos interessados. Desde a última reunião na Escócia (COP26), a Nigéria assinou a Lei de Mudanças Climáticas, estabelecendo uma meta de atingir zero emissões líquidas de gases de efeito estufa entre 2050 e 2070.
Nesse tempo, o país desenvolveu um ambicioso plano de energia que veria a transição dos combustíveis fósseis para as energias renováveis, utilizando a sua vasta reserva de gás natural. O país está na vanguarda da Iniciativa dos Mercados Africanos de Carbono e planeja arrecadar pelo menos US$ 500 milhões com o comércio de créditos de carbono para compensar o carbono emitido.
https://www.archdaily.com.br/br/995058/a-ambiciosa-agenda-climatica-da-nigeria-e-sua-fixacao-com-a-pegada-de-carbonoMathias Agbo, Jr.
Conhecido como a casa do estado, o palácio presidencial ou uma variedade de outros termos - o edifício que abriga a sede do governo de um país geralmente é bastante impressionante em termos arquitetônicos. Frequentemente opulenta, grandiosa e às vezes imponente, a casa do governo destina-se a funcionar como um marco visual distinto de uma nação - uma extensão da identidade de um país. No continente africano, região que viu uma parte significativa ser colonizada por nações europeias, essa identidade de estado, no sentido arquitetônico, é complexa.
Uma característica marcante da arquitetura da Costa Suaíli — além de seus edifícios de pedra coral — é, sem dúvida, a porta ornamentada tão comumente encontrada nesta área costeira. Ricamente decoradas, e muitas vezes repletas de significado, estas portas, além de servirem à função mais utilitária de uma entrada, também eram indicadores de status e riqueza. Da Costa Suaíli até a Península Arábica, as portas são indicativos de sua localização, representativas do comércio e da migração.
2022 foi o ano dos geradores de imagem IA. Recentemente, esses sistemas de aprendizado de máquina foram ajustados e refinados até encontrar sua atual popularidade com o usuário comum da Internet. Esses geradores de imagens (DALL-E e Midjourney indiscutivelmente os mais populares) geram imagens a partir de texto, por exemplo, permitindo que as pessoas criem interpretações conceituais das arquiteturas do futuro, presente e passado. Mas, como somos parte de um cenário digital repleto de preconceitos humanos, navegar nesses geradores de imagens requer uma reflexão cuidadosa.
URB revelou planos para desenvolver a cidade mais sustentável da África, um empreendimento que pode acolher 150.000 habitantes. Conhecida como The Parks, a cidade planeja produzir 100% de sua energia, água e alimentos no local por meio de biodomos, geradores ar-água movidos a energia solar e produção de biogás. O projeto de 1.700 hectares contará com centros residenciais, médicos, ecoturísticos e educacionais a fim de se tornar um contribuinte significativo para a crescente economia verde e tecnológica na África do Sul.
Da Bienal de Arquitetura de Tbilisi à Trienal de Arquitetura de Sharjah, as exposições de arquitetura estão cada vez mais presentes nos calendários culturais do mundo contemporâneo. As novas edições aproveitam o caminho trilhado por mostras do passado — e essas exposições históricas moldaram o discurso arquitetônico que temos hoje. Porém, como nasceram de uma estrutura ocidental, há pouca representatividade africana na história dos palcos arquitetônicos das bienais e trienais, reduzindo uma variedade de culturas a apenas uma, com estilos arquitetônicos distintos reunidos de maneira incoerente.
Atualmente, mais de 50% da população mundial vive em áreas urbanas e, em 2050, essa população urbana quase dobrará de tamanho com 7 em cada 10 pessoas no mundo vivendo em cidades. À medida que as cidades continuaram a crescer e se expandir ao longo da história, um novo vocabulário também surgiu, muitas vezes para comunicar melhor a escala da vida urbana em um contexto relativamente contemporâneo. Um exemplo é o termo megalópole – normalmente definido como uma rede de grandes cidades que se interconectaram com áreas metropolitanas vizinhas por infraestrutura ou transporte. Na realidade, é uma região percebida de forma urbana abrangente, dentro da qual existe um fluxo constante de comércio e migração.
Na virada do século XIX, uma editora britânica lançaria um livro escrito por um urbanista inglês – um livro com um título otimista. O título deste livro era To-morrow: A Peaceful Path to Real Reform, mais tarde reimpresso como Garden Cities of To-morrow. O urbanista inglês em questão era Ebenezer Howard – e este livro lançaria as bases para o que mais tarde ficaria conhecido como o Movimento Cidade Jardim. Esse movimento continuaria produzindo subúrbios verdes enaltecidos por seus objetivos nobres, mas também produziria comunidades satélites que atenderiam apenas alguns privilegiados.
O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (UNDP) está trabalhando com o governo nigeriano para desenvolver o Rebuilding Ngarannam, um programa de estabilização no nordeste da Nigéria que oferece uma nova vila a uma comunidade desabrigada pelo grupo radicai islâmico Boko Haram. O novo plano urbano e infraestrutura foram projetados pela arquiteta nigeriana Tosin Oshninowo, que consultou a comunidade para criar um assentamento que reflita e dialogue com sua cultura. A primeira fase, que inclui habitação e serviços essenciais, como educação e saúde, deve ser concluída no verão de 2022.
Quais os principais desafios urbanos das cidades africanas? Quais suas semelhanças com a realidade brasileira? Qual o papel da ONU-Habitat na resolução desses problemas?
Para responder a essas e outras perguntas, e compartilhar suas experiências com o urbanismo africano, o podcast do Caos Planejado recebe Jeiza Barbosa, Oficial Nacional da ONU-Habitat para Cabo Verde, e Evandro Holz, assessor técnico internacional da ONU-Habitat.
A dupla de arquitetos brasileiros Mário Rubem Costa Santana e Rafael Lamary Silva Santos foi premiada com menção especial no concurso para uma casa de acolhimento infantil no Senegal, promovido pela organização Kaira Looro. A competição buscava propostas para um "espaço destinado à prevenção da desnutrição infantil" na África Subsaariana.
https://www.archdaily.com.br/br/985412/arquitetos-brasileiros-sao-premiados-em-concurso-para-casa-de-acolhimento-infantil-no-senegalArchDaily Team