O papel da arquitetura em um centro de acolhimento para crianças ultrapassa a simples construção de um espaço físico; trata-se de conceber refúgios que promovam cura, proteção e oportunidades de desenvolvimento. Em meio a vulnerabilidade de seus pequenos usuários, o ambiente arquitetônico torna-se um elemento crucial para sua recuperação emocional. Cada detalhe do espaço – desde a iluminação natural até a disposição dos ambientes – contribui para criar uma atmosfera de segurança e acolhimento, favorecendo não apenas o bem-estar físico, mas também o fortalecimento psicológico e social das crianças.
África: O mais recente de arquitetura e notícia
Intervenções arquitetônicas no deserto: natureza, intervenção mínima e luxo recluso
Situados nas paisagens desérticas mais remotas do Oriente Médio e além, esses acampamentos oferecem uma oportunidade única de conexão com o ambiente através da experiência solitária em cenários amplos e expansivos.
Ao evitar intervenções estruturais que possam modificar as paisagens históricas, os projetos destacam habilidades, materiais e técnicas arquitetônicas tradicionais e locais, ao mesmo tempo em que oferecem interiores de luxo.
Adis Abeba: o que precisa mudar na capital da Etiópia
Com uma população estimada em mais de 3,7 milhões de pessoas, Adis Abeba, a capital da Etiópia, abriga cerca de um quarto da população urbana do país. A cidade gera mais de 29% do PIB urbano da Etiópia e 20% do emprego urbano nacional. Nas últimas duas décadas, Adis Abeba testemunhou rápidas mudanças socioeconômicas e uma drástica transformação física, impulsionadas por um governo orientado para o desenvolvimento e pelo setor privado.
Lesley Lokko recebe a RIBA Royal Gold Medal 2024
A arquiteta, acadêmica e curadora ganesa-escocesa Lesley Lokko foi prestigiada com a Royal Gold Medal de 2024 pelo Royal Institute of British Architects (RIBA), tornando-se a primeira mulher africana a receber o prêmio. Lokko não é uma arquiteta praticante, mas como professora, escritora e curadora, ela lutou para ampliar o acesso à profissão e dar voz a pessoas que foram negligenciadas por muito tempo. Como curadora da Bienal de Arquitetura de Veneza de 2023, ela mudou o foco para a África e sua diáspora, explorando os complexos temas da decolonização e da descarbonização. Por todas as suas contribuições para a profissão, Lesley Lokko receberá formalmente a medalha em maio de 2024, das mãos de Muyiwa Oki, o primeiro presidente negro do RIBA.
Como projetar para a informalidade?
A arquitetura informal é o modo dominante de urbanização em cidades de rápido crescimento e industrialização em todo o mundo. Em Délhi, cidade com a maior população da Índia, metade de seus moradores vive em assentamentos informais. Lagos, na Nigéria, com uma população de mais de 22 milhões, também tem 60% de seus moradores vivendo em assentamentos informais. Esse padrão também é observado no Cairo, Johannesburg, Kinshasa e outras cidades do sul global que enfrentam desafios semelhantes de desigualdade e escassez de moradias. À medida que sua população cresce e a urbanização avança, a exploração da arquitetura informal para atender à demanda por moradias acessíveis e serviços básicos só aumentará.
Principais pavilhões e instalações de 2023: interrogando a arquitetura do Sul Global
A arquitetura no Sul Global frequentemente incorpora uma rica herança cultural e artística, integrando cores, padrões intricados e elementos simbólicos. Ela também enfrenta desafios como recursos limitados, rápida urbanização e desigualdade social, buscando soluções inclusivas e comunitárias. Instalações e pavilhões servem como modelos radicais para questionar esses ideais arquitetônicos e buscar soluções inovadoras. Como parte da nossa retrospectiva de 2023, apresentamos algumas das principais instalações arquitetônicas do ano, abrangendo exposições como a Bienal de Arquitetura de Veneza, além de pavilhões permanentes que exploram materiais locais, reuso de resíduos e ressignificação de narrativas históricas.
Retrospectiva da 18ª Bienal de Arquitetura de Veneza, a primeira voltada para a África
A 18ª Exposição Internacional de Arquitetura da Bienal de Veneza encerrou em 26 de novembro. No total, mais de 285 mil pessoas visitaram a exposição, fazendo desta a segunda edição mais visitada da história. Com o nome de "O Laboratório do Futuro", esta bienal foi liderada pela curadora Lesley Lokko e foi a primeira a focar na África e sua diáspora, explorando a "cultura fluida e entrelaçada das pessoas de ascendência africana que agora atravessa o globo", relacionando temas como decolonização e descarbonização.
Esta edição atraiu uma ampla variedade de visitantes, sendo que 38% deles foram representados por estudantes e jovens. Os visitantes organizados em grupos representaram 23% do público em geral, sendo que a grande maioria dos grupos era de escolas e universidades. Os números indicam um evento centrado na transmissão de conhecimento e circulação de ideias.
Nigéria: os desafios de governar Lagos, a cidade que não para de crescer
De suas origens históricas como vila de pescadores e sede de uma fazenda de pimenta até a metrópole movimentada de hoje, Lagos, na Nigéria, evoluiu para se tornar uma complexa aglomeração de pessoas, assentamentos e interesses postos.
Como potência econômica da Nigéria e da África Ocidental, está previsto que Lagos se torne a cidade mais populosa da África nos próximos 50 anos, atingindo uma população de 100 milhões a partir dos 15 milhões de hoje. Se as ondas de migração recentes servirem de exemplo — daqueles que procuram oportunidades econômicas ou fogem da crise climática e dos conflitos em outras partes da Nigéria — as projeções podem estar subestimadas.
Tanzânia: o urbanismo agrário da África
No hipertecnológico século XXI, a América do Norte urbana é, em grande parte, uma economia de serviços. A cidade de Nova York, por exemplo, atualmente é dominada por uma combinação de serviços financeiros de alto nível, tecnologia e outras profissões especializadas, enquanto as profissões de baixa escolaridade se concentram no turismo, na entrega de alimentos e em outros empregos no setor de serviços. Empregos de chão de fábrica, onde existem, ocorrem por um legado de zoneamento exclusivamente industrial. Os usos da terra agrária, como a “agricultura urbana”, são quase inexistentes, um hobby esotérico dos gourmets.
Países africanos cobram taxa global sobre carbono
Os países africanos emitiram uma dura declaração conjunta em que cobram os principais países poluidores a ajudar as nações mais pobres a se desenvolver sem destruir ainda mais o clima e a natureza do planeta, como fizeram os países ricos. Os africanos defendem uma taxa global sobre o carbono como forma principal de viabilizar os investimentos sustentáveis nos países vulneráveis.
Lugares de protesto na África: espaços públicos para engajar e promover a democracia
O protesto é uma ferramenta poderosa para gerar mudanças e os espaços públicos sempre foram uma plataforma para o engajamento social nas sociedades. No dia 15 de setembro foi comemorado o Dia Internacional da Democracia e para celebrar a data examinamos a África, os protestos emergentes do último ano e como os cidadãos de vários países africanos contestam a justiça política, exigem melhores condições de vida aos governos e questionam a soberania de suas nações.
Com manifestações que vão desde grandes marchas organizadas até movimentos espontâneos menores, os habitantes desses países ocupam os espaços públicos de maneiras simbólicas e significativas para amplificar suas vozes. Esses espaços incluem praças públicas com significado cultural e histórico, edifícios políticos ou áreas de protesto improvisadas, como estradas e locais abertos. Por meio disso, as cidades africanas mostram como as pessoas tornam esses espaços seus e como o poder de sua confluência não pode ser ignorado ao revelar a essência democrática dos espaços públicos.
As inspirações por trás das cores da arquitetura tradicional africana
As culturas das sociedades africanas estão intrinsecamente ligadas à cor. Em tecidos, roupas, produtos, esculturas e na arquitetura, diversas sociedades exploram cores ricas e vibrantes, expressivas e alegres. Com diferentes tons, matizes, contrastes, motivos e ornamentos, as cores são abraçadas como uma linguagem não falada, uma paleta para contar histórias e um senso de identidade cultural. Embora o uso da cor nas sociedades africanas possa parecer decorativo ao olhar ocidental, ele é extremamente simbólico, e traz profundo sentido de história. Comunidades usam as cores por meio de ornamentos e motivos, expressando-se com padrões religiosos e culturais nas fachadas para contar histórias familiares e coletivas.
Representando a África na Bienal de Arquitetura de Veneza 2023: conceitos e abordagens recorrentes
A 18ª Exposição Internacional de Arquitetura, com curadoria da arquiteta, educadora e romancista ganensa-escocesa Lesley Lokko – que também é fundadora e diretora do African Futures Institute (AFI) em Accra, Gana – foi aberta ao público em 20 de maio e ficará em exibição até 26 de novembro. Intitulada O Laboratório do Futuro, a Bienal de Arquitetura de Veneza deste ano destaca pela primeira vez o continente africano como uma força líder na formação do mundo que está por vir, e a curadoria de Lokko leva os participantes a questionar as noções tradicionais sobre o que o futuro pode trazer e como será a arquitetura.
Colaboração entre culturas: uma ferramenta para imaginar o futuro da África
À medida que a Bienal de Arquitetura de Veneza apresenta sua 18ª edição intitulada O Laboratório do Futuro, ela se concentra na África como um lugar para testar e explorar possíveis soluções para o mundo. De acordo com a curadora Lesley Lokko, a Bienal explora conceitos arraigados como clima, direitos à terra, decolonização e cultura. Isso nos desafia a questionar como a história da África pode ser uma ferramenta radical para a imaginação e nos lembra da declaração de Stephen Covey: "Viva fora da sua imaginação, não apenas da sua história". O título da bienal é provavelmente a questão mais ambiciosa dos últimos anos e nos obriga a revisitar todas as fronteiras das sociedades históricas do continente, explorar a influência das fronteiras coloniais impostas sobre elas e examinar as identidades que surgiram disso. Devemos considerar como essas identidades podem ser instrumentos de criatividade e, mais importante, reconhecer que cada sociedade africana tem um ponto de vista específico. Esse ponto de vista anseia por colaboração intercultural como uma ferramenta poderosa para a imaginação.
A vila flutuante de Ganvie: um modelo de urbanismo socioecológico
Localizada na parte sul da República do Benin, perto da cidade portuária de Cotonou, Ganvie é a maior vila flutuante da África. Situada no meio do Lago Nokoué, é caracterizada por casas coloridas sobre palafitas de madeira construídas ao redor de ilhas artificiais do século XVII.
Essa arquitetura única nasceu da história da tribo Tofinu, que a construiu como um refúgio contra o comércio de escravos. Foi mantida ao longo do tempo pelos seus sistemas socioecológicos aquaculturais comunitários e hoje se tornou uma atração turística do país. A vila foi reconhecida como patrimônio cultural mundial pela UNESCO em 1996, atraindo até 10.000 visitantes anualmente. No entanto, esse fluxo de turistas impactou os moradores e as práticas socioecológicas que sustentam esse ambiente aquático. A aquacultura tornou-se cada vez mais desafiadora de manter, pois a vila luta para sustentar sua base econômica. Além disso, as práticas tradicionais de construção foram substituídas por modernas, e a vila enfrenta desafios ambientais contínuos. No entanto, o estilo de vida único dos moradores em torno da água ainda pode oferecer muitas lições para o design de futuras cidades flutuantes.