Embora haja registros de latrinas desde 3.100 a.C., a primeira privada foi criada em 1596 pelo inglês John Harington. Ele fez duas unidades: uma para ele e outra para a rainha Elizabeth 1ª.
A ideia não pegou à época e só em 1775 o escocês Alexander Cumming patenteou a privada moderna, já visando o escoamento num sistema de esgoto. Em 1885, outro inglês, Thomas Twyford criou a primeira privada em porcelana que substituiu as peças de madeira, descritas anteriormente.
As ondas de calor, cada vez mais frequentes e intensas devido às mudanças climáticas, representam um desafio crítico para o desenho dos espaços urbanos. As altas temperaturas exacerbam problemas de saúde pública, aumentam o consumo de energia e diminuem a qualidade de vida nas cidades. Para mitigar esses efeitos, é essencial que os espaços urbanos adotem estratégias para promover a resiliência e não apenas reproduzam formatos que não levam em conta o estresse térmico à qual muitos estão sendo submetidos.
Há tempos entende-se os benefícios dos espaços verdes urbanos, do contato com a natureza, com a água, com a terra, das vantagens relacionadas a saúde e ao bem-estar da população que convive com parques nos arredores de suas casas. Uma questão ainda mais reforçada depois do pânico instaurado durante o período da pandemia de Covid-19. No entanto, o momento atual traz à tona novamente o impacto dos modelos urbanos na vida contemporânea que lida agora com temperaturas extremas nunca antes vistas.
A água é essencial para todas as formas de vida na Terra, desempenhando um papel crucial na manutenção dos processos biológicos, na sobrevivência dos ecossistemas e no apoio ao bem-estar dos seres humanos. Além disso, a água – em muitas culturas – é associada à rituais e cerimônias assumindo as mais variadas simbologias.
Após as intensas enchentes que afetaram o Paquistão em 2022, a arquiteta Yasmeen Lari, da Heritage Foundation of Pakistan, comprometeu-se a auxiliar na construção de um milhão de casas resilientes no país. Em 2022, 33 milhões de pessoas foram deslocadas, e estima-se que 500.000 residências tenham sido destruídas ou gravemente danificadas. Em setembro de 2022, a ONG de Lari lançou um programa para iniciar a reconstrução e auxiliar as comunidades a se protegerem contra futuros desastres. O programa baseia-se na experiência de Lari em trabalhar com as comunidades e utilizar materiais de construção vernaculares e locais para criar estruturas resilientes e sustentáveis. De acordo com a Heritage Foundation of Pakistan, um terço da meta já foi alcançado.
Fertile Futures é o título da representação de Portugal na 18ª Exposição Internacional de Arquitetura - La Biennale di Venezia 2023. Com curadoria de Andreia Garcia e dos curadores adjuntos Ana Neiva e Diogo Aguiar. O projeto tem como objetivo abordar questões de recursos hídricos em sete hidrogeografias portuguesas e incentivar a reflexão sobre a construção de um futuro sustentável, equitativo e fértil. Para isso, convidou sete equipes de projeto — Corpo Atelier, Dulcineia Santos Studio, Guida Marques, Ilhéu Atelier, Pedrêz, Ponto Atelier e Space Transcribers — para reimaginar possibilidades distintas para esses territórios.
Num esforço para ampliar o acesso ao conteúdo exposto em Veneza, apresentamos aqui os textos e imagens da exposição portuguesa, bem como algumas fotografias do espaço expositivo. O ArchDaily agradece à equipe de curadoria e comunicação de Fertile Futures que generosamente cedeu o material para esta publicação.
https://www.archdaily.com.br/br/1005846/fertile-futures-a-participacao-de-portugal-na-bienal-de-arquitetura-de-veneza-2023Andreia Garcia, Ana Neiva e Diogo Aguiar
As calhas, como o próprio nome diz, são elementos de canalização instalados ao longo dos beirais de telhados e varandas e possuem a função de coletar a água da chuva que escorre na superfície da cobertura e direcioná-la aos devidos condutores. Independentemente do seu material, que pode ser alumínio, PVC, concreto, aço galvanizado, entre outros, seu dimensionamento é fundamental pois, dependendo do clima onde o projeto está inserido, os prejuízos causados por sua aplicação incorreta podem ser consideráveis.
Os dados do uso global da água não são encorajadores e o mercado da construção tem uma grande participação no seu consumo. Está na hora de pensar em formas de reduzir esse impacto. A necessidade de projetar edifícios a partir dessa perspectiva nos proporciona uma oportunidade única para explorar alternativas inovadoras e sustentáveis que minimizem ou até mesmo eliminem completamente o uso de água na construção.
O projeto Fertile Futures, participação portuguesa na Bienal de Arquitetura de Veneza 2023, organizou em julho o Seminário Internacional de Verão no município de Fundão, promovendo abordagens alternativas à arquitetura e destacando o futuro promissor do próprio projeto. O seminário teve como objetivo promover a conscientização temática, experiências colaborativas e um campo expandido de ação entre os participantes.
A arquitetura sempre teve uma relação complementar - às vezes codependente - com a água. A Domus Romana, as Termas de Diocleciano e Caracalla em Roma e a Villa Adriana em Tivoli são alguns exemplos históricos de como a água influenciou o desenho da arquitetura. Em um contexto mais moderno, Frank Lloyd Wright projetou um retiro residencial onde a água é protagonista, redefinindo a relação entre o homem, a arquitetura e a natureza. Hoje em dia, à medida que os arquitetos mudam o foco para uma prática mais contextual, sustentável e orientada para o usuário, o uso da água na arquitetura tornou-se imprescindível para resfriar espaços interiores, tornando-se um ar-condicionado natural quando combinada com plantas, transmitindo a sensação de tranquilidade e servindo como um elemento decorativo orgânico.
A escassez de água é uma das situações mais degradantes que alguém pode enfrentar. E, no entanto, na Índia, um país que abriga 18% da população mundial, mas possui apenas 4% dos seus recursos hídricos, essa é uma luta recorrente, com um número significativo de famílias indianas tendo que lidar com a escassez de água diariamente.
Lá, o ciclo da água oscila entre extremos. Monções severas e períodos de enchentes se transformam em secas implacáveis, tornando cada vez mais difícil controlar e preservar os recursos hídricos. Embora a maioria das ações em larga escala se concentre nas consequências para os setores agrícola e de produção, o resultado também é percebido no nível individual das residências. Assim, ações cumulativas em pequena escala oferecem um caminho possível para os cidadãos mitigarem o problema.
Um ambiente árido remete a regiões específicas caracterizadas por uma severa falta de água disponível e condições climáticas extremamente secas. Por definição, as regiões áridas são as que recebem menos de 25 centímetros de chuva por ano. Na imensa vastidão dos ambientes áridos, onde climas extremos trazem grandes desafios, o papel da água na arquitetura assume uma nova dimensão.
Por séculos, arquitetos e designers inventaram técnicas, tecnologias e novas estruturas para lidar com paisagens desérticas áridas e a necessidade de água. Além disso, é preciso criatividade para aproveitar, coletar e resfriar a água em ambientes áridos.
A falta de água potável e saneamento adequado é uma problemática que ainda afeta milhões de pessoas em todo o mundo e, mesmo no século XXI, uma grande parcela da população ainda carece de pleno acesso a tais recursos básicos. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) apontam que cerca de 3 em cada 10 pessoas, o equivalente a 2,1 bilhões de pessoas em todo o mundo, não possuem acesso à água potável em casa, e cerca de 60% da população global, não tem acesso a sistemas de saneamento adequados e geridos de forma segura, mesmo os que residem em áreas urbanizadas.
A água e a arquitetura estão intimamente relacionadas no projeto de residências, desde o aspecto funcional até o estético. A melhor opção é levar isso em conta desde o início do processo de projeto, pois a implementação de tecnologias e sistemas adequados definirá o consumo desse recurso. Hoje em dia, é nossa responsabilidade como profissionais pensar em como podemos reduzir o consumo e reciclar a água em nossas próprias casas. Há várias maneiras de atender a essas necessidades, incluindo a instalação de dispositivos de baixo fluxo em torneiras e chuveiros, vasos sanitários com descarga de vazão baixa e alta, e sistemas de irrigação eficientes para o paisagismo. Além disso, sistemas de coleta e reutilização de água da chuva podem ser implementados para irrigação e limpeza.
Ano após ano, organizações, autoridades governamentais e outras entidades em todo o mundo enfrentam o desafio de implementar regulamentações e medidas para lidar com a escassez de água: até o ano de 2017, segundo a Organização Mundial da Saúde, cerca de 3 em cada 10 pessoas não tinham acesso a água potável em casa, enquanto 6 em cada 10 também não tinham acesso a saneamento básico.
Nadar no Tietê. Embora muita gente tenha feito isso até os anos 1930 — quando o rio já estava poluído, mas muito menos que agora, e havia competições de natação e remo até no trecho dentro da capital paulista —, ninguém acredita que isso será possível nos próximos anos. Limpar o rio, porém, é uma ambição factível; desde que se entenda que há várias gradações dentro da categoria “limpo”.
https://www.archdaily.com.br/br/1003270/limpar-o-rio-tiete-e-possivel-ou-uma-utopiaDavid A. Cohen
Integrar a água no paisagismo de modos ímpares e sustentáveis tornou-se uma abordagem cada vez mais relevante nos projetos contemporâneos. A utilização adequada desse recurso natural agrega valor estético aos espaços verdes e também pode promover respostas ecologicamente positivas para a obra. Em busca de diferentes perspectivas e soluções inovadoras, apresentamos projetos que apresentam diferentes abordagens que integram a água e a paisagem.
À medida que cresce a conscientização sobre escassez, estresse hídrico e a sustentabilidade ambiental no mundo, o conceito de pegada de água se torna cada vez mais relevante. Diferentemente do seu primo mais popular “pegada de carbono”, que se concentra nas emissões de gases de efeito estufa, a pegada hídrica fornece uma visão holística da água usada durante todo o ciclo de vida de um produto, processo ou atividade. Mensura a quantidade de água consumida (direta e indiretamente) e poluída, levando em consideração diferentes tipos de recursos hídricos, além de servir como uma ferramenta valiosa para empresas, formuladores de políticas e indivíduos para entender e abordar seus impactos relacionados à água. Inclusive, há calculadoras online que mensuram as nossas pegadas individuais através de perguntas simples sobre nossas casas, eletrodomésticos e mesmo hábitos alimentares.