O artista britânico Banksy tem, sem dúvida, uma abordagem enigmática e inovadora. Trabalhando no anonimato, recorre a várias estratégias para evitar ser reconhecido. Assim, sempre que é convidado para algum evento, surpreende a todos como a maneira como aparece e participa - foi assim que acabou sendo reconhecido como a "Personalidade do Ano" pelo Prêmio Webby.
Já faz bastante tempo que a arte deixou as galerias e os museus para fazer parte do cotidiano dos cidadãos. É assim em diversas cidades do mundo que apresentam verdadeiros museus ao ar livre, onde as ruas e os edifícios renovam a paisagem com enormes murais.
Seja como forma de aproximar a arte dos cidadãos, de converter as cidades em novas galerias, de tornar as cidades lugares mais inspiradores ou, também, de validar a arte urbana frente as autoridades, são várias as iniciativas que estão sendo levadas adiante para consolidar estas mostras de arte em todo o mundo através de festivais que proporcionam o contato mais estreito entre os cidadãos e as expressões artísticas.
A seguir, mostramos quatro festivais de arte urbana que estão sendo realizados em Aalborg, Boras, Helsinque e Malmö.
As intervenções realizadas em parques urbanos, como por exemplo, a instalação de cadeiras no Parque Bryant de Nova Iorque, ou as obras de arte que são frequentemente instaladas em espaços públicos, fazem com que as cidades sejam lugares mais agradáveis, dinâmicos e atrativos para viver.
Nesse sentido, a organização estadunidense Project for Public Spaces (PPS), acredita que “mais do que nunca, as obras de arte pública são estimulantes e convidam a um diálogo ativo ao invés da observação passiva, fomentando, assim, a interação social que pode inclusive conduzir a um sentido de coesão social entre os próprios espectadores”.
Tomando essa definição, o especialista em Geografia Humana da Universidade de Auckland, Thejas Jagannath, identificou cinco ações desse tipo que acontecem em cidades estadunidenses e que permitem que os cidadãos mudem sua percepção de um lugar, podendo identificar-se com este, considerando-o divertido e dinâmico.
Não são imagens “photoshopadas” nem alteradas de alguma forma, ao contrário, as palavras estão realmente pintadas nas casas, escadarias, muros e passagens.
Trata-se de duas intervenções urbanas do coletivo artístico Boa Mistura realizadas na Espanha e na Sérvia onde, dependendo do ponto de observação, deparamo-nos com um efeito ótico que rearranja as imagens compondo palavras perfeitamente legíveis a partir de traços irreconhecíveis.
Veja, a seguir, algumas imagens de cada uma das intervenções.
O estêncil é uma intervenção de arte urbana que leva muito pouco tempo para ser realizada. Esta consiste em pintar sobre um muro uma silhueta feita sobre uma matriz. Apesar de suas origens remontarem a Roma antiga, foi durante os anos 60 que alcançou maior visibilidade, particularmente nos Estados Unidos.
Na década de 80, este tipo de arte urbana começou a aparecer nas ruas parisienses graças a Blek le Rat, o “pai do estêncil”. Hoje, um dos principais expoentes desta arte é o britânico Banksy.
Com sua identidade oculta e sendo muitas vezes procurado pela polícia - que muitas vezes apaga suas obras -, Banksy tem realizado trabalhos em Nova Iorque e Londres. Seguindo este estilo, nos últimos anos surgiu Bambi, que já é considerada por alguns como a “versão feminina de Banksy”.
O artista português Alexandre Farto, mais conhecido como Vhils, cria sua arte de forma impactante. Em um de seus projetos, “Scratching the Surface”, o artista nos expõe a dicotomia existente entre a construção e destruição "cravando" sua obra em paredes que fazem face ao espaço público.
Confira uma breve biografia enviada pelo artista e mais sobre o seu trabalho, a seguir.
A Bienal de Vancouver é um evento que, duas vezes por ano, presenteia os habitantes com novas obras de arte para que sejam desfrutadas nos locais em que passam diariamente.
Esse ano os organizadores escolheram intervir na ilha Grandville, onde viram a possibilidade de converter seis enormes silos de 23 metros de altura em obras de arte, como parte de um Museu a Céu Aberto.
Os encarregados de pintar as estruturas foram “Os Gêmeos” brasileiros. Os murais foram inaugurados no início de setembro, mas estão dando o que falar há algum tempo. Isso porque a intervenção de 7.200 m² será permanente e alterou o aspecto das estruturas que seguiram funcionando, mas com uma imagem que tem apoio dos cidadãos.
Nos últimos anos, vimos como certos bairros tem sido transformados através de grafites e intervenções feitas por artistas urbanos, que vêm encontrando cada vez mais lugares onde podem transmitir suas mensagens. Essas intervenção, por vezes, fazem com que os cidadãos se identifiquem com seu entorno, o considerem mais acolhedor e, inclusive, mais bonito.
Essas mostras de arte transformam em galerias lugares que comumente não estamos acostumados a enxergar. Um exemplo disso é o último trabalho do artista português Artur Bordalo, conhecido como Aka Bordalo II, que desde o início desse ano se dedicou a intervir os trilhos dos trens de Portugal com a série de grafites “Tracks”.
Se observarmos com atenção enquanto caminhamos pelas nossas cidades podemos ver muitos detalhes criados por artistas urbanos que são verdadeiros presentes para as pessoas e para os espaços públicos.
Um exemplo disso são os murais que ganham cada vez mais espaço e admiração entre os cidadãos, que podem se surpreender ao caminhar por locais familiares das cidades e encontrar intervenções das mais variadas. Outro exemplo que nos últimos anos tem sido comum são as intervenções nas portas de diversas casas e edifícios.
Veja a seguir 25 portas de diferentes lugares do mundo que sofreram intervenções artísticas e passaram a despertar curiosidade e interesse em que caminha todos os dias por elas.
O Departamento de Transporte (DOT) de Nova Iorque conta com o DOT ART, um programa de arte através do qual o departamento se associa com artistas e organizações dedicadas à arte urbana, oferecendo-lhes oportunidade de transformar as ruas, praças, pontes e calçadas da cidade por meio de instalações esculturas, pinturas de muros e estêncis.
Assim, a cidade confere cada vez mais valor às mostras de arte e oferece mais espaços para que os próprios cidadãos intervenham nos lugares, tornando-se muito mais atraentes e representativos.
A seguir, mostramos 7 projetos realizados através desse programa que vão desde muros e viadutos pintados até esculturas feitas a partir de bicicletas, que promovem a conscientização da necessidade de um transporte limpo.
Saint Etienne é uma cidade industrial francesa que está passando por um período de regeneração através da arte. Neste contexto, um dos artistas que é, em parte, responsável por isso é OAKOAK
Este artista, natural da cidade, buscou alterar o aspecto deteriorado das ruas, transformando suas rachaduras – algo que muitos vêm como reflexo do descaso – em cenas inusitadas com personagens e situações diversas, tornando os espaços urbanos mais atraentes.
Há algumas semanas mostramos os locais da cidade que se tornaram famosos por terem sido fotografados para as capas de álbuns musicais famosos.
Mantendo a ideia da sobreposição de imagens nas ruas, apresentamos agora o trabalho “Presente Histórico”, realizado pelo artista visual e fotógrafo Sungseok Ahn.
Em seu trabalho, o artista nos mostra não somente como eram e como estão no presente momento as construções históricas de sua cidade natal, Seul (Coreia do Sul), mas também busca questionar as mudanças que foram geradas na relação espaço-tempo. Como o projeto pode ser facilmente reproduzido, também nos dá dicas para realiza-lo em outras cidades.
A descrição do projeto e uma série de fotografias a seguir.
O Basuramaé um coletivo que realiza projetos de arte e design para transformação social através de estrategias lúdicas e participativas. Os protagonistas de seus projetos são os resíduos e os processos relacionados com sua produção na sociedade de consumo. Na Virada Cultural 2014, de São Paulo, o coletivo fez uma intervenção denominada Equipamento Extraordinário.
Uma das últimas intervenções do coletivo Boa Mistura foi realizada no Mercado de la Cebada, um dos locais mais emblemáticos do bairro de La Latina, em Madri.
O prédio onde funciona o mercado tem uma história que começou há 144 anos, quando foi inaugurado o mercado de alimentos que o converteu em um dos lugares mais representativos para seus vizinhos. O telhado é composto por seis cúpulas de ferro que o diferem das construções adjacentes, no entanto, nos últimos anos, as cúpulas já refletiam a passagem do tempo, tornando-se opacas e em mal estado de conservação.
Por esta razão, o grupo escolheu este lugar para o seu trabalho "Llena la vida de COLOR” que é feito a partir do que já é uma marca deste grupo: devolver a alegria aos lugares através da cor.
Veja as imagens e saiba como foi realizada a intervenção, a seguir.
Fonópticos é uma intervenção urbana realizada no início desde ano como parte do FAV Festival de las Artes 2014 em Valparaíso,Chile. A intervenção realizada por Cecilia Nercasseau é composta por dois artefatos cônicos: o Fonóptico 1, que se localiza em Cerro Concepción, na ria Beethoven, e o Fonóptico 2, em Cerro Alegre, no caminho Dimalow junto ao elevador Reina Victoria.
Os edifícios que cercam o parque Madison Square apresentam reservatórios de água em suas coberturas que, por dominar a paisagem urbana e serem quase que exclusivos de Nova Iorque, representam – para o artista chileno Iván Navarro - um dos ícones da maior cidade norte americana. Por isso, Navarro construiu três destes reservatórios em sua instalação artística “This land is your land”, que ressalta a importância do direito à água e convida a pensar sobre as barreiras culturais enfrentadas pelos imigrantes em uma nova cidade.
“O lar não é só o lugar em que vivemos, é também onde nos sentimos tranquilos e seguros, é um lugar que nos pertence.” É assim que a artista chilena Antonieta Landa, membro do Laboratorio Escénico Visual (LEV), apresenta a instalação HOME, que acaba de realizar em Xangai (China).
A paisagem de Xangai muda bastante durante o dia e a noite. Durante o dia, por exemplo, caracteriza-se por ser bastante cinza devido à poluição e aos grandes edifícios que escondem o céu. Por outro lado, a noite de Xangai se destaca por suas luzes coloridas.
As ruas, estações de metrô e alguns parques em Paris estão vendo sua paisagem se transformar em uma sala de exposições com a "OMG, Who Stole my Ads?" (Meu Deus, quem roubou meus anúncios?), uma intervenção do artista francês Etienne Lavie. Sua proposta é colocar pinturas clássicas francesas nas placas e outdoors de publicidade para não apenas reconquistar um lugar onde os cidadãos podem apreciar a arte, mas para permitir mais opções de apropriações dos espaços públicos.