Há alguns meses mostramos aqui seis casos bem sucedidos de bibliotecas comunitárias que tem conseguido aproximar os livros das pessoas em espaços públicos através da reutilização, por exemplo, de um ônibus público ou de uma típica cabine telefônica de Londres.
Agora, mostramos oito novos casos que seguem esse princípio e que cumpriram seu objetivo, dando a opção das pessoas de ler enquanto estão na rua, num parque ou até mesmo num ponto de ônibus.
Um garoto andando de skate em um parapeito, um pai lendo uma história a sua filha na beira de uma janela e um homem saltando de uma janela a outra são algumas das ações possíveis em “Dalston House”. Esta intervenção urbana foi criada por Leandro Erlich, um artista plástico argentino que inclui ilusões de ótica e tridimensionalidade em suas exposições.
A instalação foi montada no bairro de Hackney para o Festival de Arquitetura de Londres 2013 e esteve aberta ao público até o dia 4 de agosto. Nela, Erlich usou um modelo de edifício vitoriano instalado na Rua Ashwin, que se caracterizava por este tipo de construção mas cujas edificações foram, em boa parte, destruídas durante a Segunda Guerra Mundial.
A seguir, veja como o artista elaborou esta intervenção.
Carregando centenas de mapas em branco, Betty Cooper caminhou por toda a ilha de Mahnattan, onde cruzou com policiais, moradores de rua, modelos e idosos que passaram a vida toda em Manhattan.
Ao abordar as pessoas nas ruas, Cooper pedia a cada um que “mapeasse sua Manhattan” e que lhe enviasse o mapa de volta. Rapidamente sua caixa de correio se encheu com cartografias de narrativas íntimas: amores antigos, lares perdidos, memórias de infância, momentos cômicos e confissões surpreendentes.
O artista inglês Pete Dungey elaborou uma forma muito sensível e eficaz de chamar a atenção das pessoas e autoridades para os freqüentes buracos nas ruas e calçadas. O projeto se chama Pothole Gardens (Jardins em Buracos) e consiste em cobrir as falhas com minúsculos jardins.
A iniciativa começou em Londres como um projeto para seu mestrado em Design, mas, ao mostrar os pequenos jardins em seu blog, a prática contagiou pessoas de todas as partes do mundo, que começaram a fazer suas próprias versões dos jardins e, em alguns casos, enviar as fotos para Dungley, que expõe seus favoritos em sua página.
Nova York é a cidade dos arranha-céus - edifícios enormes de concreto, sólidos e pesados. Porém, desta vez, não foi a magia dos edifícios, mas de uma nuvem que desceu do céu para divertir, imaginar e passar uma mensagem importante. A nuvem é feita de 53.780 garrafas de plástico reciclado - o mesmo número de garrafas descartadas em Nova York em apenas uma hora. Segundo seus criadores, Jason Klimoski e Lesley Chang do StudioKCA, o projeto, chamado "Head in the Clouds", é um sistema mecânico com um sentido poético.
JR é um artista francês que revela a identidade, antes anônima, dos lugares que fotografa. Desde março de 2011 desenvolve o projeto intitulado Inside Out, que consiste em retratar em lugares públicos os cidadãos e imprimir as fotografias em grandes dimensões. Em seguida, cada imagem em preto e branco é colocada, através de um “grupo de ação”, em muros, fachadas, telhados, escadarias ou mesmo trens, criando galerias de arte ao ar livre.
O objetivo do projeto é que o conjunto de fotografias representem as comunidades onde são feitas e as pessoas tenham a oportunidade de participar da execução.
Inside Out passou por mais de 108 países como Colômbia, Equador, Estados Unidos, Irã, Serra Leoa entre outros.
Algumas ruas de Barcelona, Florença, Londres, Milão, Paris e Roma, dentre outras cidades, sofreram algumas intervenções urbanas em seus sinais de trânsito nos últimos anos. O autor dessas intervenções, Clet Abraham, é um escultor e pintor francês que há cerca de vinte anos se mudou para a Itália para estudar arte, porém, se apaixonou pelo país, atraído por sua cultura e suas cidades. Desde quando instalou seu estúdio em Florença, persegue a ideia de intervir na sinalização de trânsito, para que os pedestres vejam suas obras.
Inicialmente suas obras de arte, em geral esculturas, se limitavam a galerias, por isso resolveu aumentar a abrangência de seu trabalho, incluindo os cidadãos comuns do cotidiano urbano. Além disso, queria que suas mensagens tivessem um aspecto mais cômico e de entretenimento, sem perturbar a legibilidade das sinalizações, para que as pessoas pudessem interpretá-las, experimentando um momento especial ao se deslocarem pela cidade.
O mobiliário urbano cumpre funções tão importantes nos espaços públicos das cidades que sua ausência é imediatamente percebida pelas pessoas. Na verdade, sua ausência pode transformar uma visita a um lugar em uma experiência incômoda, muitas vezes fazendo com que não tenhamos vontade de voltar.
Uma vez que as pessoas saem de suas casas, utilizam bancos, lixeiras e bicicletários – onde estes existem – e, à medida que escurece, se sentem mais seguras em ruas iluminadas. No entanto, em alguns países, já existe uma preocupação em implantar nos espaços públicos equipamentos que, além de satisfazer as necessidades dos habitantes, sejam também um elemento estético.
A seguir você pode ver dez propostas de mobiliário urbano.
A artista francesa Mademoiselle Maurice se dedica a criar instalações urbanas com figuras feitas de origami. Aos 28 anos, já percorreu algumas das ruas de Hong Kong, Lyon, Marselha, Paris e Vietnã, com formas geométricas de cores e tamanhos diferentes. Dependendo do lugar onde realiza a instalação, atribui uma mensagem de acordo com o contexto histórico da cidade.
O papel social da arte fica bastante claro quando ela agrega moradores de uma comunidade para, em conjunto, melhorarem o local onde vivem. Aconteceu na Cidade do Panamá, no bairro El Chorrillo, graças ao coletivo madrileno Boa Mistura.“Somos Luz”foi a mensagem gravada em 50 casas do bairro.
Desde 2001, o artista canadense Peter Gibson se dedica a produzir numerosas obras de arte, principalmente graffitis e stencils, nas ruas de Montreal, Canadá. No início as criou como um protesto pela construção de mais ciclovias, questionando a cultura do automóvel apesar dos efeitos nocivos que produz nas pessoas e no meio ambiente. Utilizando o pseudônimo “Roadsworth”, até hoje continua realizando distintas intervenções que ocupam as ruas, questionando através da arte urbana.
O artista resume sua crítica aos carros dizendo que: “os caminhos são tratados como linhas entre pontos A e B”. Neste sentido, aponta que as ruas são muito mais que a distância entre dois lugares, porque têm muito mais a oferecer, ver e experimentar, sendo muito melhor aproveitadas quando nos locomovemos a pé ou de bicicleta.
Há algum tempo atrás, em Nova York, algumas bibliotecas públicas foram instaladas em cabines telefônicas onde as pessoas podiam pegar livros com a condição de devolvê-los ao terminar de ler para que outras pessoas pudessem pegá-los emprestados. Este tipo de biblioteca se replicou como uma intervenção em outros países com o objetivo de promover o acesso gratuito à leitura.
Na última Bienal Internacional de Design, realizada em Saint-Etienne, na França, a exposição Livre Exchange mostrou uma instalação que segue esta tendência. Desenhada por Didier Muller, membro do coletivo francês House Work, o projeto consiste em pendurar nas árvores caixas transparentes que contêm livros em seu interior.
Mais informações e outros casos de bibliotecas públicas abaixo.
Há algumas semanas foi realizada em Nova York uma nova versão do festival Ideas City, iniciativa criada em 2011 pelo New Museum, que explora o futuro das cidades de todo o mundo, considerando as artes, a cultura e a energia verde como base para constituir um lugar com melhor qualidade de vida onde as pessoas possam se desenvolver.
O evento conta com conferências, exposições, seminários e um festival de rua do qual participam artistas, arquitetos, empresários, historiadores e organizações comunitárias, que neste ano focaram no debate sobre o potencial das cidades ainda não explorado, especialmente em espaços públicos.
Durante quatro dias foram apresentados projetos independentes que buscam utilizar os recursos artísticos e culturais que as cidades têm hoje à sua disposição, mas que são subutilizados ou desconhecidos por seus habitantes – e que lhes permitiriam um papel mais inovador e participativo no desenvolvimento dos centros urbanos.
Desde a Antiga Grécia, a busca pela ilusão de ótica na arquitetura tem sido uma constante. O jogo com os pontos de fuga, as proporções, paradoxos espaciais, as sobras, os cheios e vazios, alteram as escalas dos espaços para distrair o espectador. Provocando. Inquietando.
Desde as alterações do Partenon e os enganos gerados pela mente através de sua arquitetura, as ilusões óticas evoluíram até a atualidade para um modelo mais interativo. O espaço público está cheio de intervenções de diversos artistas que seduzem o pedestre para apreciar seu trabalho, rodeando, surpreendendo, utilizando-as como atrativo. As ilusões óticas são presas na disciplina de Desenho, como um método de criação artística que busca o diálogo constante entre a pessoa e o lugar.
Um exemplo disso são os Anamorfismos. Uma anamorfose é uma deformação reversível e uma imagem gerada óptica ou matematicamente. Joga com a perspectiva, produzindo imagens tridimensionais mas desenhadas em um plano, ou vice-versa, criando planos em um espaço tridimensional.
O famoso artista britânico Julian Beever é um exemplo do primeiro caso: Ocupando as ruas das cidades, desenha com giz imagens 3D na pavimentação. Hoje apresentamos outro amante da Arte Ótica: Felice Varini.
O coletivo Basurama se dedica desde 2001 à gestão e produção de manifestações culturais variadas. Seus projetos enfatizam a importância do espaço público como ponto de encontro e interação nas cidades, propiciando a transformação social mediante estratégias lúdicas e participativas junto da necessidade de prolongar a vida útil de certos materiais para que estes não terminem no lixo.
A última intervenção do coletivo foi nomeada “A Cidade É Para Brincar. Sou Criança De 0 a 99 Anos” e ocorreu na Virada Cultural 2013 de São Paulo, no final de maio de 2013. Saiba mais na continuação.
O Programa de Murais Artísticos da Filadélfia, Estados Unidos, teve início em 1984 como parte de uma campanha para erradicar as pichações da cidade. Desde então, mais de 3.000 murais foram cridos e cada um se transformou em um ponto distinto da paisagem urbana. Na Filadélfia, os murais se transformaram em uma oportunidade única para o desenvolvimento e a participação das comunidades, uma vez que fomentam as relações entre escolas, organizações populares, órgãos municipais e filantropos.
Assim como quando caminhamos, ao pedalar estamos em contato direto com a cidade, somos parte dela, nos relacionamos com seus outros habitantes, seja através de olhares, linguagem corporal ou mesmo conversas que acontecem no espaço público. Não há interfaces nem elementos que nos limitem; estar livre, sem barreiras metálicas, é enriquecedor.