Em 1979, Rosalind Krauss publica o clássico artigo A escultura no campo ampliado na revista October, no qual identifica um certo esgarçamento das fronteiras no campo da escultura, “evidenciando como o significado de um termo cultural pode ser ampliado a ponto de incluir quase tudo” [1]. A crítica, particularmente destinada a uma produção artística produzida entre os anos 1960 e 1970, foi utilizada como base 26 anos depois, em 2005, para a publicação de O campo ampliado da arquitetura, de Anthony Vidler.
Arte: O mais recente de arquitetura e notícia
O que é o campo ampliado da arquitetura?
Como a pandemia mudou o modo de experienciar arte em espaços públicos?
O acesso à arte pública é um privilégio o qual, os nova-iorquinos mal param para pensar sobre. Espalhada pelos quatros cantos da cidade, a arte pública é parte integral do cityscape da cidade de Nova Iorque, ocupando parques, praças, becos e terraços abertos a centenas de metros acima do chão. Enquanto as instalações de arte pública mais famosas e celebradas encontram-se já enraizadas na textura urbana da cidade, como a Love de Robert Indiana na Sexta Avenida ou a Gay Liberation de George Segal junto ao Monumento Nacional de Stonewall, não podemos esquecer aquelas “obras de arte” que assumem um caráter mais efêmero. Independente disso, instalações de arte pública tem o poder de despertar as mais diversas reações, com um histórico de interpretações polarizadas que em determinados casos, acabaram até em processos judiciais e ações públicas.
A bizarra igreja brutalista que é mais arte do que arquitetura
Localizada em uma colina em Mauer, nos arredores de Viena, a Igreja de Wotruba foi o ponto alto da carreira do escultor Fritz Wotruba (o arquiteto do projeto, Fritz G. Mayr, é muitas vezes esquecido). Construída em meados da década de 1970, Mayr completou o projeto um ano após a morte de Wotruba, ampliando o modelo de argila do artista para criar uma escultura de concreto. Como pode ser visto nessas imagens por Denis Esakov, o resultado é um conjunto brutalista caótico que brinca com os limites entre arte e arquitetura.
Como o espaço transforma a arte: instalações site specific
Quando pensamos em galerias, museus e espaços expositivos em geral é comum que nos venha à mente a imagem de um lugar fechado, iluminado, com paredes brancas e piso neutro, provavelmente em madeira. A ideia de pensar espaços expositivos como espaços “puros”, seja para dar foco à obra de arte em si, seja para permitir que exista a rotatividade das exposições, talvez seja a maior diretriz na produção de espaços expositivos nas últimas décadas. No entanto, da mesma forma em que a arte transforma o espaço, o espaço também pode ser um agente transformador da arte. É com essa reflexão que emergem produções artísticas pensadas para um espaço específico, mais conhecidas como instalações site specific.
Voma, o primeiro museu de arte totalmente virtual do mundo
Em um ano profundamente marcado pelas relações virtuais, uma temporária supressão dos espaços públicos das cidades e uma profusão de mostras e exposições em meio digital, foi inaugurado o Virtual Online Museum of Art (Voma), primeiro museu de arte totalmente virtual do mundo. Localizado em um contexto tão intangível quanto toda a proposta – pode ser às margens de um lago ou uma enseada, não se sabe ao certo – o edifício virtual tem uma arquitetura peculiar, composta por volumes complexos não muito claros e uma materialidade simulada que faz lembrar concreto pigmentado.
"A transdisciplinaridade é essencial à arquitetura": entrevista com Vão
Formado por Anna Juni, Enk te Winkel e Gustavo Delonero, Vão é um escritório transdiciplinar de arquitetura fundado em 2013 com sede em São Paulo. Explorando temáticas e escalas tão diversas quanto instalações artísticas e arquiteturas residenciais, passando equipamentos culturais, estabelecimentos comerciais e escritórios, Vão trabalha num território entre campos, buscando diluir, ou tensionar, as fronteiras disciplinares com o intuito de enriquecer a reflexão e a prática arquitetônica.
Tivemos, recentemente, a oportunidades de conversar com os sócios sobre alguns dos temas que estruturam a abordagem do escritório e, também, aprofundar em alguns dos projetos mais conhecidos do grupo. Leia a entrevista a seguir.
Arquitetura no mar: pavilhões flutuantes e a beleza da impermanência
Frequentemente, a arquitetura é definida por sua capacidade de permanência. Embora os trabalhos mais celebrados de nossa disciplina sejam usualmente aqueles construídos para durar, há uma certa beleza e valor inerente à impermanência. Mais além do que apenas edifícios convencionais e considerando os impactos ambientais e sociais da construção civil, estruturas temporárias têm o potencial de transcender os limites da própria arquitetura, sendo considerados, muitas vezes, obras de arte.
Estúdio Mangava projeta instalação de tijolos que explora a subjetividade do futuro
“ONDE SE ENCONTRA?” é o título da instalação produzida pelo Estúdio Mangava para o feverestival 2020 (Festival Internacional de Teatro de Campinas) e ficou exposta na segunda semana de fevereiro, cerca de um mês antes do entrarmos em quarentena. O desafio proposto pela organização do festival ao Estúdio foi o de representar através de uma instalação interativa a temática da edição, que trouxe a proposta de reafirmar seu presente, revisitar o passado e projetar o futuro: o que queremos construir a partir daqui? O que desejamos reinventar? Qual projeto de mundo estamos buscando? Quais são os nossos futuros desejáveis?
Mural em Varsóvia feito com tinta especial purifica o ar como 720 árvores
Varsóvia, na Polônia, se tornou a segunda cidade a receber projetos públicos de arte que, além de deixarem a paisagem mais bonita, deixam o ar mais limpo. Pintado por artistas locais, o enorme mural usa pigmentos especiais, ativados pelo sol, que têm a capacidade de filtrar o ar.
O mural foi produzido com dióxido de titânio, que atrai poluentes e os transforma em nitratos inofensivos, graças a um processo químico ativado pelo sol. Com este processo a obra de arte é capaz de purificar o ar no seu entorno, uma ação que equivale ao que fariam 720 árvores.
Vozes Contra o Racismo: outras narrativas sobre o território paulista
Outros corpos, espaços e linguagens, que são invisibilizados ou simplesmente parecem não caber na atual cidade de São Paulo, estão sendo projetados em sua paisagem. "Vozes Contra o Racismo" é uma mostra e proposição que insere novos imaginários para a cidade que está em constante disputa de narrativas. Através do evento, até o dia 24 de agosto, a rua deixará de ser apenas um espaço de trânsito para abrigar também obras de arte, os edifícios se tornarão telas e monumentos serão apagados para servir de suporte a expressões artísticas que apresentam rumos que normalmente são invisibilizados pela história.
Interseções entre arte e arquitetura: uma entrevista com Gru.a Arquitetos
Com sete anos de atuação no mercado e sediados na cidade do Rio de Janeiro, o Gru.a Arquitetos contabiliza obras e intervenções em diferentes partes do mundo. São projetos arquitetônicos, urbanos e de instalações artísticas que, em conjunto, qualificam o trabalho do grupo de forma bastante distinta do tradicional.
Exposição digital conecta os pontos entre performance e arquitetura
Seis meses após o lançamento do livro Bodybuilding, durante a última edição da bienal, a organização PERFORMA lança a exposição homônima, que apresenta 35 estúdios de arquitetura, que colaboram com a performatividade.
A arquitetura é um ponto ou uma vírgula? As formas construídas são corpos herméticos ou catalisadores de ação? O curador da PERFORMA, Charles Aubin, e o arquiteto Carlos Mínguez Carrascor, publicaram o livro Bodybuilding: Architecture and Performance, durante a edição mais recente da bienal PERFORMA 19, em novembro, na cidade de Nova York. A falta de uma pesquisa abrangente e globalizada sobre o assunto, despertou o interesse da dupla em investigar a maneira como os arquitetos fazem uso das performances, retomando um simpósio, que eles co-organizaram no Performa 17 Hub, em 2017. O livro, que apresenta ensaios de Mabel O. Wilson e Bryony Roberts, Lluís Alexandre Casanovas Blanco e Victoria Bugge Øye, baseou as abordagens fundamentais, agora profundamente enraizadas da exposição on-line: o impacto do movimento na urbanização sistemática, a relação do corpo com os edifícios e monumentos, e o papel da arquitetura em ação, de forma física ou sociopolítica.
Guilherme Wisnik e Bruno Dunley falam sobre arte na periferia de São Paulo
Guilherme Wisnik conversa com Bruno Dunley, artista plástico, professor e um dos idealizadores e integrantes do projeto ali: arte livre itinerante, escola nômade de arte que estabelece trânsitos entre centros e periferias que atua no distrito de Cidade Tiradentes, extremo leste de São Paulo.
Famoso por embrulhar edifícios, Christo morre aos 84 anos
Christo Vladimirov Javacheff, mais conhecido como Christo, faleceu de causas naturais aos 84 anos de idade. O artista búlgaro, conhecido, entre outras obras, por embalar o Pont Neuf em Paris e o Reichstag em Berlim, desenvolveu ao longo dos anos, junto com sua falecida esposa Jeanne-Claude, intervenções arquitetônicas de larga escala em espaços urbanos e rurais.
Indivisível: quadrinho narra a história negra e oriental do bairro da Liberdade em São Paulo
Indivisível é o título da história em quadrinhos elaborada por Marília Marz como Trabalho de Conclusão na Escola da Cidade – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. O trabalho tem como objetivo identificar e analisar as possibilidades narrativas intrínsecas a elementos arquitetônicos e urbanísticos do bairro da Liberdade, em São Paulo, em dois períodos históricos distintos.