A bioconstrução consiste no processo construtivo através de materiais e técnicas de baixo impacto ambiental, além da adequação da arquitetura às condições locais e tratamento de resíduos durante a ocupação do edifício. Portanto, construir com base nesses princípios não significa necessariamente utilizar materiais ditos sustentáveis, que frequentemente precisam ser transportados por longas distâncias ou passar por algum processo de pré-fabricação antes de serem empregados, mas utilizar materiais, técnicas e mão-de-obra locais, tendo como base estratégias vernaculares que levam em consideração estes fatores.
Há alguns anos, a fabricação digital começava a despontar como uma das grandes novidades no cenário da arquitetura, prometendo transformar para sempre a nossa disciplina e a forma como construímos nossos edifícios. Embora esta revolução arquitetônica de facto ainda não tenha se materializado de forma definitiva, infinitas novas possibilidades parecem surgir a cada ano que passa, principalmente como resultado do trabalho árduo de pesquisadores e profissionais dedicados ao desenvolvimento de novas tecnologias voltadas à prática da arquitetura e construção. Portanto, neste exato momento, parece oportuno dedicarmos um pouco do nosso tempo para mapear esse avanços, apresentando aos nossos leitores uma perspectiva mais abrangente sobre como a tecnologia está transformando efetivamente a prática da arquitetura dia após dia. Este artigo procura cobrir algumas das principais abordagens que já estão começando a gerar resultados bastante concretos, transformando os processos de projeto e construção e contribuindo definitivamente para a redefinição do potencial da arquitetura, recontextualizando da nossa disciplina na era da informação.
A arquitetura pode ser uma ferramenta de transformação social, e a crença nesta afirmação é o que motiva o trabalho de muitas ONGs dedicadas à construção de moradias em comunidades carentes, promovendo a qualidade de vida e o desenvolvimento econômico além de proporcionar uma maior resiliência destas pessoas e comunidades. Essas organizações costumam operar em duas grandes fretes: assistência em situações emergenciais e estratégias de desenvolvimento sócio-econômico – sendo que muitas delas procuram atuar em ambas frentes. Neste artigo procuramos elencar algumas das principais fundações que têm se dedicado à arquitetura de emergência ao longo dos últimos anos, destacando seu papel em recentes crises humanitárias assim como de que maneira podemos colaborar para fortalecer estas rede de assistência humanitária em tempos de crise.
No sentido mais fundamental, podemos dizer que a arquitetura nasce – em sua forma mais elementar – da inerente busca humana por abrigo. A cabana como abrigo construído pelo homem, em sua forma mais primitiva, já existia há muito tempo quando Marc-Antonie Laugier à descreveu em 1755. Laugier teorizou uma alegoria de um homem na natureza e sua necessidade de abrigo, um requisito básico para proteger-se do sol e da chuva. Os troncos de madeira, verticalmente dispostos no terreno, aludem ao papel desempenhado pelas colunas, enquanto os elementos horizontais colocados sobre elas nos fazem pensar na função de uma viga, os galhos, por sua vez, cumprem a função de cobertura inclinada de uma típica “cabana” moderna. Embora o homem tenha vagado pela superfície da Terra por milhares e milhares de anos, por que apenas em meados do século XVIII fomos capazes de teorizar a respeito da gênese da mais elementar das criações humanas?
Após séculos de colonização portuguesa e recente conquista da independência, Moçambique passa por um período com novos desafios, como o combate à pobreza e ao déficit de infraestrutura frente à expansão urbana descontrolada. No âmbito da arquitetura, é possível notar o reflexo desses desafios nas diretrizes de projetos moçambicanos, como na previsão da necessidade de expansão do edifício no futuro, na adoção de medidas para controle climático de forma passiva e na utilização de técnicas construtivas vernaculares adaptadas ao contexto local (como forma de minimizar o consumo energético nas diferentes fases de construção do edifício e os custos provenientes delas).
Até o recente surto da pandemia de COVID-19, a crise climática talvez fosse o problema fundamental que os projetos da nossa era do Antropoceno enfrentavam. A ameaça das mudanças climáticas nos forçou, como arquitetos, a reavaliar como realizamos projetos em todas as escalas. Acabamentos internos ecologicamente corretos, arranha-céus com energia zero e estratégias para impedir que o aumento do nível do mar empurre os residentes das cidades costeiras para o interior são apenas algumas das soluções inovadoras que surgiram da crescente urgência de mitigar os efeitos do clima sobre o nosso mundo.
Uma das formas de separar ambientes é por meio do uso de divisórias leves, que podem ser fixas ou móveis. Além de estabelecerem determinados limites entre os cômodos, estas divisórias possuem menores espessuras quando comparadas às tradicionais paredes de alvenaria e até mesmo de drywall, o que permite um melhor aproveitamento do espaço e maior flexibilidade nas suas configurações.
Muitos de nós já vivemos, ou estamos vivendo atualmente, em algum tipo de moradia comunitária compartilhada. Seja por uma necessidade, durante a faculdade e os primeiros anos depois de formado, ou por uma escolha, em uma comunidade de amigos ou aposentados, compartilhar o espaço da vida cotidiana está se tornando cada dia mais comum, a ponto de se transformar em um mercado muito explorado e porque não, lucrativo. As empresas especializadas em co-living, incluindo a WeLive, a Common, e a Ollie, têm explorado as vantagens da chamada economia compartilhada, oferecendo soluções de moradia acessíveis, e promovendo a diversidade sociais em determinados contextos. Enquanto continuamos a lutar contra o avanço da disseminação da pandemia da COVID-19, procurando nos adaptar as novas regras de distanciamento social, as pessoas que vivem em casas e apartamentos compartilhados passaram a explorar diferentes possibilidades impulsionadas por este estilo de vida, descobrindo novas formas de viver em comunidade, ao mesmo tempo que, procuram minimizar os riscos de contágio. De fato, o que se percebe é que estas comunidades podem estar ainda melhor preparadas para lidar com uma pandemia ao mesmo tempo que proporcionam uma sensação de normalidade, algo tão distante daquelas pessoas que, antes mesmo do início da pandemia, já viviam em uma espécie de isolamento domiciliar.
Arquitetos da era moderna são personagens que ainda hoje despertam as mais diversas fantasias através de seus projetos e (controversas) histórias de vida. Tomemos como exemplo a paixão que Le Corbusier nutria pela arquiteta Eileen Gray e a sua relação com o projeto da Casa E.1027, a qual ela havia projetado para seu amante, Jean Badovici, então amigo pessoal de Corbu. Sabe-se que o famoso arquiteto franco-suíço, procurando desesperadamente chamar a atenção de Gray, decidiu entrar na casa sem sem convidado, e começou a pintar grandes murais coloridos em uma das paredes brancas da sala. Além disso, sabemos que Corbusier foi um dos piores críticos da obra de Gray, desdenhando publicamente das suas qualidades como projetista, ao mesmo tempo que, contraditoriamente, à elogiava em em suas cartas de amor nunca respondidas. Algo parecido aconteceu na vida de Adolf Loos. Depois de um encontro casual em Paris com a estrela em acensão de apenas 19 anos, Josephine Baker, ele decidiu simplesmente projetar uma casa para ela. Obviamente, o projeto nunca saiu do papel.
O fascínio destes dois personagens por mulheres alheias são um resumo da história de um das mais famigeradas publicações periódicas do mundo, a revista Playboy. Entretanto, para além do seu conteúdo explicito, desde seus primórdios os editores da revista se esforçaram para promover um estilo de vida pontuado pelo design moderno, celebrando algumas das mais importantes figuras (masculinas) no mundo do design americano. Em um esforço para promover a revista como uma publicação moderna e de vanguarda, os editores entrevistavam com frequência alguns dos mitos da arquitetura americana, como Mies van der Rohe, Buckminster Fuller e Eero Saarinen, aproximando tais figuras de um público, que apesar de devoto a harmonia das formas, era totalmente iletrado em arquitetura.
Como forma de promover maiores distâncias entre as pessoas e incentivar formas alternativas de transporte tanto para profissionais de atividades essenciais que continuam trabalhando no período da pandemia do novo coronavírus, como para os cidadãos que podem sair para se exercitar, cidades ao redor do mundo estão revisando políticas de transporte e revertendo vias destinadas a veículos motorizados para o uso de ciclistas e pedestres.
O uso da inteligência artificial (AI) se embasa na ideia de otimizar, dinamizar e ampliar o alcance das mais diversas operações. Seus sistemas são programados para identificar padrões e, com isso, tornarem-se aptos à realizar previsões e ações com velocidade e acurácia. A eficiência dos modelos depende da quantidade e qualidade dos dados, que podem ser obtidos por aplicativos, câmeras, sensores etc. No âmbito urbano, a tecnologia baseada no uso da inteligência artificial tem sido vista como forma de aperfeiçoar o gerenciamento destes territórios, sobretudo daqueles mais densos e de maior extensão.
Os pisos de taco de madeira, ou simplesmente pisos de taco, são feitos a partir do conjunto de peças retangulares de madeira maciça, que podem ser instaladas seguindo padrões gráficos em diagonal, espinha de peixe, xadrez, entre outros. Os diferentes desenhos, somados aos variados padrões de textura e cores das peças, abrem caminho para inumeráveis arranjos compositivos a partir da aplicação e repetição de unidades de mesma dimensão.
Conhecida por ser um material versátil, resistente, barato e longevo, a pedra vem sendo há muito tempo utilizada em sistemas construtivos tradicionais de diversas partes do mundo. Sua praticidade, neutralidade e disponibilidade em determinadas regiões são fatores diretamente relacionados a tais características e que, combinados ao seu apelo estético, influenciam no uso deste material em projetos arquitetônicos contemporâneos.
Considerados marcos paisagísticos por suas imponentes dimensões, os gasômetros surgiram no contexto da Revolução Industrial e estiveram presentes em muitas cidades ao redor do mundo, acompanhando seu processo de urbanização. Com as mudanças na geração e distribuição de gás na segunda metade do século XX e surgimento de novas tecnologias, os gasômetros foram gradualmente desativados. Embora muitos tenham sido condenados à demolição nos últimos anos, muitos também ainda permanecem no tecido urbano e são testemunhas de um passado industrial. Seu potencial para intervenções arquitetônicas, artísticas e paisagísticas nos leva a questionar quais seriam as possibilidades para seu futuro.
Em períodos de pandemias, como a que enfrentamos agora com o COVID-19, a quarentena é uma medida fundamental para conter os riscos à população e não sobrecarregar o sistema de saúde. Nestes momentos de reclusão, são comuns a revisão de hábitos e os questionamentos sobre o modelo de vida que levamos. Como arquitetos, um dos desafios da profissão é projetar locais que satisfaçam as necessidades básicas comuns a todos, mas também as especificidades de cada indivíduo, de forma que as residências deem conta de abarcar o necessário para a vida cotidiana durante tempo indeterminado.