Autor de mais de 30 livros e arauto das cidades para as pessoas, o arquiteto dinamarquês Jan Gehl e sua equipe de cerca de 50 profissionais já trabalharam para livrar dos carros os centros de cidades tão diversas como Moscou, Melbourne, Xangai e Nova Iorque.
El País: O mais recente de arquitetura e notícia
“A cidade é feita mais de homens do que de construções”: entrevista com Paulo Mendes da Rocha
Tendo recentemente completado 90 anos, Paulo Mendes da Rocha continua ativo no ofício da arquitetura e suas ideias seguem aguçadas.
Em entrevista ao El País, conduzida pelo jornalista Tom C. Avedaño, o arquiteto revisita algumas de suas obras, reflete sobre o objetivo da arquitetura e fala sobre "o dia em que tudo fez sentido."
Bjarke Ingels: "Gentrificação não é só negativa, também é o motor para a redefinição do urbano”
Em entrevista ao El País, Bjarke Ingles debate com a jornalista especializada em arquitetura Anatxu Zabalbeascoa sobre algumas das motivações de seu trabalho e o fatores que fizeram dele uma das figuras mais proeminentes da arquitetura mundial.
Entre questões formais que dão nome aos seus edifícios - "floco de neve", "labirinto" - e a competitividade no universo da arquitetura - sua proposta substituiu a de Norman Foster para o World Trade Center 2 em Nova Iorque - Zabalbeascoa indaga Ingels de modo um tanto mais agudo que se poderia esperar, chegando a perguntar se "a arquitetura pode se transformar em piada".
Como evitar o colapso de edifícios durante terremotos
Terremotos são fenômenos naturais que não podem ser evitados - tampouco previstos. Para aqueles que vivem em regiões de atividade sísmica, um dos maiores medos em caso de terremoto é o colapso das edificações - uma das principais causas de fatalidade em situações desse tipo.
Pouco se fala disso no Brasil, afinal, estamos localizados no meio da placa tectônica Sul-Americana e em quase nada sofremos com abalos sísmicos, entretanto, com a internacionalização cada vez maior da arquitetura, é necessário ter em mente esta preocupação ao projetar ou renovar edifícios.
Kenneth Frampton: “A primeira casa modernista foi construída no Brasil"
Aos 50 anos, o arquiteto britânico Kenneth Frampton lançou um livro fundamental que amarrava o conjunto de sua disciplina. O curioso de sua História crítica da arquitetura moderna, que continua a ser publicada, com traduções para 11 idiomas (foi lançado no Brasil em 1997, com reedição em 2015, pela editora Martins Fontes), é que a solidez de sua análise foi sendo construída ao longo de várias reedições revisadas.
Em matéria do jornal espanhol El País, Frampton apresenta uma visão atualizada sobre sua obra, menos eurocêntrica, dedicando atenção à arquitetura da América Latina, África e Ásia. “Deixamos de lado uma grande parte do mundo. Que você não conheça não quer dizer que não exista. [...] É necessária a convicção de que você viu coisas que merecem ser contadas. E a humildade para deixar claro que o que você conta não é nunca a história. É a sua história.”
Favela rica, favela pobre: as desigualdades nas baixas rendas de São Paulo
As favelas de São Paulo apresentam situações bastante diversas. Enquanto algumas delas possuem indicadores de acesso a água encanada, esgoto e coleta de lixo praticamente universalizadas, em outras a situação é similar a de Melgaço, no Pará, que possui o pior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil. Os dados fazem parte de um estudo obtido pelo jornal El País feito durante o ano passado pelo Centro de Estudos da Metrópole, ligado à Universidade de São Paulo (USP), em parceria com a Prefeitura de São Paulo, para orientar as políticas de habitação da cidade.
"Pudemos perceber que o processo de favelização continua acontecendo. Continua havendo um crescimento da população favelada e dos domicílios em favela em um ritmo superior ao da população geral do município. Mas, apesar de ser maior, esse crescimento é baixo. Não há um processo intenso de favelização", comentou Eduardo Marques, professor de ciências políticas da USP.
Alvar Aalto: Em busca de uma arquitetura local moderna
Alvar Aalto é frequentemente lembrado como um dos maiores nomes da arquitetura moderna, tendo, talvez como nenhum outro, mesclado com sucesso elementos de sua própria cultura e território - Finlândia - com referências de diversas partes do mundo. Dedicado tanto à arquitetura como ao design de móveis e utensílios, Aalto escapou da frieza, da arestas e da ordem cartesiana impostas pela modernidade e inclinou sua produção a um caminho que considerava as formas naturais dos lagos, troncos de árvores e a "perfeita imperfeição do natural": sua obra buscava o real.
Rem Koolhaas: "O conforto é superestimado"
Por ocasião da seleção do OMA entre os finalistas da próxima ampliação do Museo del Prado em Madri, o holandês Rem Koolhaas conversou com Anatxu Zabalbeascoa em uma entrevista publicada recentemente pelo El País Semanal.
Em relação aos tópicos que rondam sua figura, o Priztker de 2000 e diretor da XIV Bienal de Veneza busca se desmistificar, todavia, insiste em uma palavra: mudança. "A grande maioria de nossos projetos obedece aos mesmos critérios que meus textos: concentram-se mais naquilo que muda que naquilo que permanece", afirma na entrevista.
Parque Cidade Jardim e a favela Panorama: uma metáfora da São Paulo moderna
São Paulo, assim como a maior parte das grandes cidades brasileiras e de boa parte do mundo em desenvolvimento, apresenta algumas fraturas sócio-espaciais difíceis de ignorar. Não são raras as situações em que, numa caminhada de poucas dezenas de metros, mudamos dramaticamente de contexto, como que da água para o vinho ou do céu ao inferno. Essa ruptura é explorada no artigo "A favela do Parque Cidade Jardim: uma metáfora da São Paulo moderna", escrito por André de Oliverira e publicado em janeiro do jornal El País, onde o autor narra uma espécie de "movimento migratório" diário dos funcionários do Parque Cidade Jardim - um dos complexos mais elitistas e herméticos da cidade - em seu horário de almoço, que vão encontrar na favela Panorama um lugar para comer por um preço que caiba no vale-refeição.
Zaha Hadid: "Niemeyer tinha um talento inato para a sensualidade"
Primeira mulher a receber o Prêmio Pritzker de Arquitetura (em 2004) e frequentadora assídua dos primeiros lugares em concurso internacionais de projeto, a arquiteta iraquiana Zaha Hadid conta ao jornal El País que teve a sorte de, quando criança, ter viajado na companhia de seus pais e ter conhecido, assim, algumas das obras de arquitetura e engenharia mais impressionantes da humanidade.
Maravilhada com a Mesquita de Córdoba, Hadid conta que o contraste entre a escuridão e a igreja central de mármore lhe marcou a memória, fazendo desta obra uma de suas construções favoritas ainda hoje, após o reconhecimento de seu trabalho entre arquitetos e o público em geral.
"No fundo o que está em jogo é a estupidez do automóvel” - Paulo Mendes da Rocha fala ao El País
Aforístico e direto como de costume, Paulo Mendes da Rocha fala, em entrevista o jornal El País, sobre movimentos urbanos em São Paulo, habitação popular, Plano Diretor Estratégico e revitalização do centro. Publicada recentemente pelo jornal, nessa entrevista o vencedor do Prêmio Pritzker de 2006 deixa mais uma vez clara sua visão sobre a cidade em afirmações ácidas que atacam o conservadorismo da elite e evidenciam a importância de ir às ruas.
Sobre educação, o arquiteto comenta a antiga estratégia pública de deslocar os centros universitários do centro para regiões afastadas da cidade, ressaltando a necessidade que isso gerou dos estudantes se deslocarem de automóvel, deixando de frequentar as ruas. “O estudante que vai comer na cantina da escola é uma espécie de idiota diante do estudante que vai ao botequim da esquina e encontra o jornalista, o operário...”
“Em São Paulo há meia cidade no subsolo, formada só por garagens” / Entrevista do El País com Raquel Rolnik
Publicamos a seguir uma entrevista realizada por Talita Bedinelli, do jornal El País, com Raquel Rolnik, onde a arquiteta fala do novo Plano Diretor de São Paulo. A entrevista foi originalmente publicada no dia 3 de julho na página do El País. A seguir compartilhamos o texto retirado do Blog da Raquel Rolnik.
O novo Plano Diretor, aprovado pela Câmara na última segunda-feira, fará São Paulo passar por um grande período de transição que deve culminar na construção de uma cidade com prédios menos isolados e com uma maior interação entre os espaços públicos e privados. A opinião é da arquiteta Raquel Rolnik, uma das principais urbanistas do país, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (USP) e ex-relatora da ONU para o Direito à Moradia Adequada.
Para ela, uma reforma urbana é extremamente necessária no país, que tem cidades “excludentes, feitas para poucos e voltadas apenas para o mercado”.
Leia a entrevista a seguir.