A ideia de qualificar um espaço público ao melhorar ambientes que unam pessoas não deveria gerar desconfianças ou temores. Porém, experiências específicas de locais que viram o custo de vida aumentar muito após a sua requalificação vêm gerando contradições. Afinal, a nova vilã chamada gentrificação tem alguma relação com placemaking?
Gentrificação: O mais recente de arquitetura e notícia
Placemaking vs gentrificação: a diferença entre requalificar e elitizar um espaço público
Dicionário Iphan do Patrimônio Cultural: o que é "gentrificação"
O vocábulo “gentrificação” é um aportuguesamento do inglês gentrification, usado pela primeira vez, provavelmente, pela socióloga britânica Ruth Glass na obra London: aspects of change (1964), onde a autora descreveu e analisou determinadas mudanças na organização espacial da cidade de Londres. O termo ganhou popularidade após seu uso em trabalhos acadêmicos sobre a temática, acompanhando um fenômeno urbano presente em diversas temporalidades e espacialidades: o deslocamento, processual ou súbito, de residentes e usuários com condições de vida precárias de uma dada rua, mancha urbana ou bairro para outro local para dar lugar à apropriação de residentes e usuários com maior status econômico e cultural.
O perigo da “gentrificação verde”
As águas do canal Gowanus, na região do Brooklin, em Nova York, continuam não cheirando bem, embora o problema tenha sido muito pior. São resquícios de anos de poluição industrial e de esgoto não tratado.
O local, que nos séculos 19 e 20 era formado basicamente por fábricas, passou por uma revitalização nos últimos anos com investimento federal (veja aqui). Novas áreas verdes foram instaladas e comércios exclusivamente de serviços chegaram ao bairro. O preço dos imóveis residenciais também foi elevado, o que acabou por expulsar antigos moradores.
Buenos Aires vai cobrar de motoristas que quiserem transitar no centro da cidade
Poucas cidades do planeta tiveram a coragem de taxar a circulação de veículos – mesmo que os exemplos existentes tenham sido, até aqui, positivos. Coube a Buenos Aires o papel de lançar a primeira política desse tipo na América Latina. A partir de agora, a prefeitura cobrará pelo ganho de tempo dos que insistem em usar o carro no centro histórico (chamado Microcentro) da capital portenha e no bairro de Retiro entre 11h e 16h. A capital portenha soma-se à lista que tem como principais nomes Cingapura, Londres, Estocolmo e Milão.
Precisamos falar sobre Gentrificação e Ecossistemas de Inovação
Não é de hoje que eu falo sobre gentrificação. Porém, na última semana, duas reportagens em especial chamaram minha atenção para como o assunto está dando o que falar em dois lugares bem diferentes: na Califórnia e em Berlim.
O fato curioso é que ambos os casos podem ser resumidos basicamente pelo mesmo motivo: o risco de haver gentrificação nessas cidades se dá, em grande parte, em função do impacto dos ecossistemas de inovação na dinâmica imobiliária local.
Portanto, o objetivo deste post é refletir sobre como americanos e alemães estão enfrentando a questão, cada um à sua maneira. Além disso: que lições podemos tirar dessas experiências, visto que este pode vir a ser um problema de cidades brasileiras que vem se destacando no cenário nacional de empreendedorismo e inovação?
Barcelona aumentará a construção de habitação social para lutar contra a gentrificação
A cidade de Barcelona permanece firme em sua luta contra os processos especulativos e a gentrificação que atualmente estão aumentando a desigualdade de oportunidades que a população encontra para acessar uma moradia digna e economicamente viável.
Neste sentido, a Comissão de Ecologia, Urbanismo e Mobilidade da cidade de Barcelona aprovou inicialmente dois novos instrumentos urbanísticos para abordar o problema do acesso a moradia digna e proteger o equilíbrio social dos bairros, respondendo às demandas promovidas por entidades como a Federação das Associações de Moradores e Vizinhanças de Barcelona (FAVB), Plataforma de Atingidos pela Hipoteca (PAH), Observatório DESC, Assembleia de Bairros de Turismo Sustentável (ABTS) e Sindicato dos Inquilinos.
Estaria o plano da Índia de construir 100 cidades inteligentes fadado ao fracasso?
A Missão Cidade Inteligente do governo indiano, lançada em 2015, prevê o desenvolvimento de cem "cidades inteligentes" até 2020 para apresentar soluções para a rápida urbanização do país; trinta cidades foram adicionadas à lista oficial na semana passada, levando o número total atual de iniciativas planejadas para noventa. A missão de US$ 7,5 bilhões abrange o desenvolvimento geral de infraestrutura básica — abastecimento de água, eletricidade, mobilidade urbana, habitação a preços acessíveis, saneamento, saúde e segurança — ao mesmo tempo que incluem "soluções inteligentes" baseadas em tecnologia para impulsionar o crescimento econômico e melhorar a qualidade de vida dos cidadãos nas cidades.
Em um país imerso em corrupção, a missão foi elogiada pelo uso transparente e inovador de um nacional "Desafio Municipal" para dar financiamento às melhores propostas dos órgãos municipais locais. Seu manifesto utópico e implementação, no entanto, são motivos de grande preocupação entre os planejadores urbanos e tomadores de decisão hoje, que questionam se a própria ideia de cidade inteligente indiana é inerentemente falha.
Prefeitura de São Paulo avalia projeto para Minhocão com parque, "praia" e restaurantes
O emblemático projeto High Line em Nova Iorque, frequentemente citado como caso exemplar de iniciativa para recuperar uma infraestrutura urbana de grande porte e transforma-la em espaço público, está sendo mais uma vez usado como exemplo de projeto urbano, desta vez em São Paulo.
A Prefeitura da maior cidade do Brasil está estudando uma proposta de prevê a transformação do Elevado João Goulart - popularmente conhecido como Minhocão - em um parque (tal qual o High Line no bairro Chelsea, em Nova Iorque) servido por restaurantes e até mesmo uma "praia", isto é, um banco de areia e uma piscina pública.
Friday Fun: o esporte que se compete em sistemas de transporte urbano
Quando falamos em corridas de trânsito, logo pensamos em carros com motores barulhentos se arriscando clandestinamente pelas ruas vazias da cidade. Ou, ainda, corridas contra o tempo para não perder o ônibus, trem ou metrô. No entanto, existe uma modalidade peculiar de corridas de trânsito ou corridas de transporte de massa: uma em que as pessoas competem para percorrer todas as estações de uma rede de transporte no menor tempo possível. Depois, postam seus números online e outros tentam bater o recorde.
A modalidade é inusitada. E Adham Fisher, de Londres, um dos viciados nesses desafios, pretende percorrer a cidade usando 200 rotas diferentes de ônibus em 24h.
"Terramotourism": um documentário sobre o processo de gentrificação do centro de Lisboa
O coletivo Left Hand Rotation lançou recentemente o documentário "Terramotourism" sobre o processo de gentrificação e "turistificação" do centro de Lisboa. Segundo o grupo, o filme é "um retrato subjetivo de uma cidade e sua transformação durante os últimos 6 anos."
Quem vai poder morar em Lisboa? Da gentrificação e do turismo à subida no preço da habitação: causas, consequências e propostas
O Estado adoptará uma política tendente a estabelecer um sistema de renda compatível com o rendimento familiar e de acesso à habitação própria.
Ponto 3 do artigo 65º da Constituição Portuguesa
Um grupo informal de habitantes da cidade de Lisboa juntou-se à volta de uma preocupação comum: a percepção de uma abrupta alteração das dinâmicas da cidade e sobretudo da grande subida do preço da habitação. Começaram por conversar casualmente sobre o que os preocupava. Essas conversas tornaram-se mais regulares. As inquietações comuns tornaram-se mote para a organização de um debate à volta do tema.Das conversas e de alguma pesquisa foi escrito, a várias mãos, o texto abaixo.
O que é gentrificação e porque você deveria se preocupar com isso
Para entender gentrificação imagine um bairro histórico em decadência, ou que apesar de estar bem localizado, é reduto de populações de baixa renda, portanto, desvalorizado. Lugares que não oferecem nada muito atrativo para fazer… Enfim, lugares que você não recomendaria o passeio a um amigo.
Saiba mais, a seguir.
Ficção imobiliária 3: a gentrificação será televisionada
Nesta colaboração, o coletivo espanhol Left Hand Rotation apresenta o encerramento da trilogia Ficção Imobiliária, um relato cinematográfico sobre filmes de diversos estilos e diferentes épocas, mas todos relacionados com temas que tratam sobre moradia: especulação imobiliária, processos de gentrificação e consequências da globalização na cidade contemporânea.
A terceira e definitiva parte de Ficção Imobiliária começa sua aventura com uma viagem de carro. Veículos que deslizam sobre as cidades contemporâneas norte-americanas atravessando zonas rurais e industriais esquecidas. Desta forma, são apresentados em Detroit os vampiros protagonistas de Only Lovers Left Alive. Ambos personagens, representando o arquétipo hipster atual, sentem uma poderosa atração estética pelas ruínas de Detroit, cidade que sofreu um processo de abandono após o fechamento definitivo das fábricas Ford que ali se encontravam: "Um dia este lugar florescerá". E florescerá, seguramente, através de iniciativas reais como Write a House, que desde 2013 está criando residências gratuitas para atrair artistas e escritores para a cidade. Na mesma viagem, e muito próximo a Detroit, está o lugar onde sucede a trama Lost River e a urbanização onde Clint Eastwood rodou Gran Torino, que serve para colocar na tela a segregação social através dos problemas entre vizinhos locais e imigrantes.
“Parques sem Fronteiras”: o plano de Nova Iorque para criar parques mais acessíveis
À primeira vista, um parque sem cercas pode ser percebido como um espaço mais acolhedor e fácil de acessar. Além disso, por estar disponível 24 horas por dia, pode incorporar os trajetos dos cidadãos, melhorando, assim, a conectividade entre os bairros.
Tomando estas ideias como metas, o Departamento de Parques de Nova Iorque lançou o programa "Parque sem Fronteiras"; uma iniciativa que, como sugere seu nome, busca que estes espaços públicos sejam mais acessíveis para os habitantes, mais belos e frequentados por cada vez mais pessoas.
Ficção Imobiliária 2: especulação imobiliária e gentrificação no cinema
Nesta colaboração, o coletivo espanhol Left Hand Rotation apresenta o seguimento do vídeo Ficción Inmobiliaria, um relato cinematográfico sobre filmes de diversos estilos e diferentes épocas, mas todos relacionados a temas urbanos dos dias de hoje.
Desde o clássico Metrópolis (1927) até o comovente Up (2009), passando pela série hollywoodiana The Team- A, o coletivo espanhol detecta a especulação imobiliária, a gentrificação de bairros pobres, a resistência vicinal e a invasão hipster em suas tramas. Às vezes presentes como mero plano de fundo e em outras, como eixo gravitacional dos filmes.
Continue lendo a seguir.
Proposta visa transformar uma ilha abandonada em centro de estudos na Filadélfia
O "Better Philadelphial Challenge" é um evento internacional organizado desde 2006 pelo Centro de Arquitetura local, filiado ao AIA, que convida estudantes universitários a propor soluções de desenho urbano a serem implementadas na Filadélfia e, possivelmente, em outras cidades.
Este ano o projeto vencedor foi "Delaware Valley Foodworx”, uma proposta elaborada por uma equipe da Universidade de Cornell que pretende converter a pequena ilha Petty, que é atualmente usada como depósito de containers e tanques de petróleo, e, um "paraíso sustentável".
Conheça a proposta, a seguir.
Gentrificação: envergonhar-se não basta
Já falamos anteriormente sobre gentrificação, o "processo de expulsão de populações socialmente vulneráveis das regiões urbanas centrais", como coloca López Morales. Embora ocorra há décadas no hemisfério norte, a análise de seu impacto é relativamente nova na América Latina, assim como seus causadores e consequências variam em função de cada cidade.
Na América Latina o fenômeno tem sido estimulado por atores imobiliários e estatais, e em parte pela chegada de novos moradores que "descobrem" um bairro cool que, por sua vez, sempre esteve ali. Nesse sentido, na coluna Comment is free do jornal britânico The Guardian, a diretora sênior do PolicyLink Center for Infrastructure Equity, Kalima Rose, explicou recentemente que sentir-se culpado por gentrificar já não basta, e que a ideia de evitar ser parte da gentrificação simplesmente não morando em áreas gentrificadas "ignora a raiz política e estrutural do problema".
Saiba mais a seguir.
Vídeo: "Ficción Inmobiliaria" (ou 16 filmes marcados por conflitos urbanos)
Devido à complexidade e ao academicismo de seu conteúdo, poucas vezes os conflitos urbanos foram matéria prima para a trama de filmes hollywoodianos (que não sejam documentários). No entanto, o coletivo espanhol Left Hand Rotation criou em "Ficción Inmobiliaria" um relato cinematográfico sobre 16 filmes comerciais baseados em tramas urbanas aparentemente tão distintas quanto zumbis consumidores de espaço urbano (Cockneys vs Zombies), a resistência de adultos mais velhos diante da renovação urbana (Homebodies), a ameaça das rodovias em uma cidade de lápis e papel (Uma Cilada Para Roger Rabbit) ou a corrupção política e a especulação imobiliária na Itália dos anos 60 (As mão sobre a cidade).
Em 21 minutos, Ficción Inmobiliaria levanta16 leituras contemporâneas sobre esses conflitos urbanos, tão presentes porém tão travestidos nos dias de hoje. Segundo seus criadores, "nessa colagem de ficções, nas quais a cidade e seus habitantes são os protagonistas, se escode o registro dos conflitos urbanos associados ao modelo socioeconômico de uma época."
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