A cidade sempre foi um palco de transformações. Mudam-se os direcionamentos, os fluxos, as formas como as pessoas se apropriam dos espaços, alteram-se os desejos, surgem novas demandas, novos lugares. Tal abundância, ao mesmo tempo em que permite um caráter inovador e mutável à cidade, tende também a exigir da arquitetura uma flexibilidade programática e estrutural. No último ano, especialmente, pudemos acompanhar – em vertiginosa velocidade – grandes mudanças nas cidades e nos seus espaços. A pandemia trouxe consigo novos paradigmas, desestruturando repentinamente ordens há muito estabelecidas. As casas viraram escritórios, os escritórios viraram desertos, hotéis deram lugares a leitos médicos e estádios se transformaram em hospitais. A arquitetura, em meio a tudo isso, teve de mostrar sua flexibilidade abrigando usos que antes eram inimagináveis. Uma adaptabilidade que parece ser cada vez mais a chave para a criação de espaços coerentes com o modo (e a velocidade) como vivemos.
Hospitais: O mais recente de arquitetura e notícia
Adaptabilidade vital: hospitais de campanha no contexto da pandemia
Hospitais e centros de tratamento: dez projetos para a saúde na América Latina
No dia 2 de julho, foi comemorado no Brasil o Dia do Hospital. A data celebra a fundação do Hospital da Santa Casa de Misericórdia de Santos, no estado de São Paulo, em 1945, considerado um dos maiores do país, e atualmente é uma forma de homenagear os profissionais que trabalham na área da saúde – dos médicos e enfermeiros aos assistentes sociais, técnicos e funcionários administrativos.
Evidentemente, no contexto atual a data ganha ainda outra camada de significado, e se torna também uma oportunidade para celebrar o imensurável esforço dos profissionais desta área que lutam diariamente para garantir a sobrevivência de centenas de milhares de pessoas infectadas pelo coronavírus. Para comemorar a data indo além das fronteiras nacionais, reunimos aqui dez projetos de hospitais latino-americanos.
IPH e IABsp disponibilizam para download o livro "Planejamento de Hospitais" com ensinamentos de Rino Levi
Rino Levi entendia que o projeto de hospitais deveria prescindir de modelos preestabelecidos e que as formas deveriam resultar da organização adequada de três diretrizes: programa funcional, circulações e flexibilidade física. Esses ensinamentos foram transmitidos durante o curso Planejamento de Hospitais, realizado em abril de 1953 pelo IAB-SP e organizado por Levi, Jarbas Karman e Amador Cintra do Prado.
SPBR Arquitetos prestes a inaugurar Hospital de Urgências de São Bernardo do Campo
Quando se é internado no hospital, entra-se numa experiência de angústia e incertezas. No momento em que sobreviver é o único objetivo, atributos estéticos parecem irrelevantes e a análise da ambiência do espaço hospitalar pode parecer um capricho inoportuno.
Entretanto, estar numa Unidade de Terapia Intensiva pode ser ainda mais aflitivo se o paciente não tem uma janela que indique se é dia ou noite. Ou quando, no momento da triagem do primeiro diagnóstico, a pessoa passa por corredores estreitos e uma sequência de saletas fechadas para os primeiros contatos com plantonistas e enfermeiros: um verdadeiro labirinto.
A pandemia, os hospitais e a cidade
A pandemia do COVID-19 caracteriza-se pela abrangência territorial de seu contágio. Não se trata de uma epidemia restrita a um local específico. O contágio ocorre por meio de uma rápida proliferação que se aproveita do mundo urbanizado em que vivemos. O vírus espalha-se pelas aglomerações nos espaços públicos e nos equipamentos privados de serviços, pelos terminais e estações de transporte, pelos assentamentos precários sem saneamento e, em última instância, pelo intenso fluxo nacional e internacional de pessoas e mercadorias que ocorre na rede de cidades que caracteriza o mundo urbano. A rede de aeroportos foi a grande entrada do vírus pelo mundo. Mas, a rede de trabalhadores informais que percorre as ruas da cidade entregando mercadorias em meio à pandemia e que não deixa o comércio parar parece ser uma das faces mais frágeis desse risco. Mas, se a vida urbana facilitou o contágio, alguns padrões de urbanização também podem ajudar a combatê-lo.
Hospitais temporários de Wuhan são fechados com a redução dos riscos de coronavírus na China
Embora o risco de transmissão do COVID-19 esteja aumentando em todo o mundo, a situação estável em Wuhan - cidade chinesa onde se originou a epidemia - permitiu que as autoridades interrompessem as operações nos hospitais temporários recém-construídos para combater o surto de Coronavírus.
China está construindo hospital em apenas seis dias para pacientes de coronavírus
As autoridades da cidade de Wuhan decidiram construir um hospital com mil leitos em apenas seis dias para combater o recente surto de coronavírus. O projeto se baseia no Hospital Xiaotangshan em Pequim, construído em apenas uma semana em 2003. Com os hospitais de Wuhan sobrecarregados, pacientes infectados com o vírus começaram a ser recusados.
Hospitais e centros de saúde: 50 exemplos acompanhados de suas plantas
A planta arquitetônica é uma interessante forma de representação e aproximação ao programa funcional dos hospitais e centros de saúde, onde a complexidade do sistema implica a necessidade de estudos específicos de distribuição e organização espacial para uma correta atenção sanitária.
Entre nossos projetos publicados encontramos numerosos exemplos que trazem diferentes respostas e tipos evidenciando desde as plantas mais abertas, que são orientadas a partir dos benefícios da luz solar, até as mais compactas, que priorizam as particulares circulações internas e os acessos.
A seguir, selecionamos uma série de 50 exemplos que podem nos ajudar a compreender como diferentes arquitetos enfrentaram esse desafio.
CAZA anuncia o primeiro hospital com centro de traumas para Filipinas
O escritório e think tank CAZA (Carlos Arnaiz Architects) anunciou seus planos para o Ospital Pacifica de Juan e Juana Angara, um protótipo de hospital híbrido e centro de trauma localizado em Baler, Filipinas. Como o primeiro hospital geral combinado e Centro de Traumas no país, o projeto irá melhorar drasticamente o apoio médico nesta área remota.
Com uma capacidade diária de 75 pessoas, o espaço de 120 metros quadrados contará com uma variedade de serviços médicos, incluindo maternidades, imagens, salas de operação, uma capela e um café.
"O Hospital também oferecerá aos pacientes uma presença terapêutica da natureza, já que a paisagem exuberante exterior de Baler permeia a instalação através de uma série de copas ondulantes que criam uma figura arquitetônica em um campo verde aberto" - descreveu os arquitetos em um comunicado de imprensa.
“Lullaby Factory”: Intervenção musical em hospital infantil em Londres
Texto por Constanza Martínez Gaete via Plataforma Urbana. Tradução Archdaily Brasil.
Há dois anos, o Hospital Great Ormond Street em Londres possuía um grande quintal em seu fundo. Então, como parte da reforma, um segundo edifício foi construído a poucos metros da primeira propriedade, resultando em um espaço sem uso entre as edificações. Para aproveitar esta nova área, a empresa Studio Weave criou uma instalação artística e musical que foi posicionada neste pequeno pátio, que pode ser desfrutada pelos pacientes em seus quartos.
“Lullaby Factory” é uma rede de caldeiras, chaminés, megafones e grandes tubulações que juntos criam uma paisagem metálica para todos aqueles que passam pelo primeiro hospital infantil da Inglaterra. Para adequar-se a seus jovens pacientes, as estruturas converteram-se em instrumentos musicais e reproduzem canções de ninar.
Mais imagens e informações a seguir.