A intersecção entre inteligência artificial (IA) e planeamento urbano representa um grande potencial para a criação de cidades mais inteligentes, eficientes e sustentáveis. Trata-se da incorporação de tecnologias inovadoras que podem direcionar a tomada de decisões, otimizar a alocação de recursos, antecipar tendências, envolver os cidadãos, entre muitas outras. Nesse contexto em que se entende a IA como uma ferramenta para o desenvolvimento de diferentes aspectos urbanos, tem surgido uma proliferação de aplicativos, softwares e demais sistemas tecnológicos desenhados para auxiliar no planejamento urbano. Da morfologia ao envolvimento da comunidade, a seguir selecionamos alguns estudos e tecnologias que estão sendo aplicados ao redor do mundo.
museum of a rainforest. Image Courtesy of Ralph Appelbaum Associates
Este artigo é o sexto de uma série que sobre a Arquitetura do Metaverso. O ArchDaily, em colaboração com John Marx, fundador e Diretor Artístico Chefe da Form4 Architecture, traz artigos mensais que buscam definir o Metaverso, transmitir o potencial desse novo reino, bem como compreender suas limitações.
A Inteligência Artificial está na fase inicial da criação de mudanças fundamentais na maneira como projetamos e construímos edifícios e cidades. Algumas dessas mudanças serão abruptas e disruptivas para as práticas normativas. Outras levarão mais tempo para sentir o efeito dessa nova tecnologia, mas a mudança será abrangente. Quando combinada com o Metaverso, a IA também oferecerá vastas oportunidades para a profissão se expandir e crescer. Os tipos de espaços e ambientes que projetamos no Metaverso serão, em alguns aspectos, muito diferentes do que projetamos atualmente no mundo físico sozinho. A IA evolui a cada dia, e somos compelidos a aprender enquanto inovamos. A IA provou ser uma ferramenta poderosa para ajudar designers e nos desafia a alterar nosso processo de design. A combinação de IA com design narrativo é um desses desafios.
A contemporary building immersed in a built environment. This building is made of (material). An isometric view with realistic textures. Image via DALL.E 2
À medida que a inteligência artificial (IA) se torna mais acessível, testemunhamos exemplos que ilustram suas diversas aplicações. Destacam-se entre eles as ferramentas generativas, que se destacam em sua capacidade de "criar" imagens por meio de estímulos, ou prompts, muitas das quais se distinguem por sua composição e vivacidade. Esses sistemas de IA são redes neurais com bilhões de parâmetros, treinadas para criar imagens a partir de linguagem natural, usando um conjunto de dados de pares texto-imagem. Assim, embora a pergunta inicial feita por Turing na década de 1950, "As máquinas podem pensar?", ainda persista hoje, a geração de imagens e texto está fundamentada em informações existentes, limitando suas capacidades.
O que surpreendeu muitos é a proximidade cada vez mais aparente de superar o teste de Turing e a crescente semelhança, em termos de visualizações, com o que um arquiteto com habilidades nessa área pode alcançar. Enquanto o debate persiste na comunidade arquitetônica sobre se a IA pode processar conceitos arquitetônicos, este artigo explora como ela interpreta materiais para desenvolver essas representações visuais. Com isso em mente, um único estímulo foi desenvolvido para este experimento (com a materialidade como variável) para aprofundar nos resultados obtidos.
https://www.archdaily.com.br/br/1011417/a-inteligencia-artificial-correlaciona-a-materialidade-com-a-arquitetura-contemporanea-um-experimento-com-seis-materiais-de-construcaoEnrique Tovar
Em 2022, uma audiência mais ampla teve acesso a ferramentas de inteligência artificial inesperadamente poderosas, como Stable Diffusion, Midjourney e DALL-E 2 para geração de texto para imagem, além do chatbot da OpenGPT.
Um ano depois, analistas, organizações e governos afirmaram que essas tecnologias representarão riscos profundos para a sociedade e a humanidade, desde a perda de empregos causada pela automação até a perturbação dos processos democráticos e a automatização de armas.
Image created under the prompt: A minimalist, white building with high, curved solid walls, curtain walls, and robust concrete columns in a Nordic environment. Image via LookX AI
Hoje em dia, o trabalho do arquiteto está intimamente ligado à tecnologia e aos avanços que surgem nesse campo. Nesse sentido, diversos aspectos da inteligência artificial têm sido amplamente discutidos. A realidade é que, ao invés de mergulhar em uma competição de habilidades entre Arquitetos e IA, —com nuances que poderiam evocar alguns aspectos da ideologia dos ludistas ingleses do século XIX, os avanços nesse campo podem ser vistos como ferramentas para otimizar processos e abrir novas perspectivas dentro da profissão.
Nesse contexto, a arquitetura muitas vezes abrange várias etapas, desde as fases iniciais em que os dados moldam decisivamente os ambientes construídos até as etapas posteriores em que as ferramentas de design generativo para espaços desempenham um papel fundamental na configuração espacial. Nesse processo, a visualização desempenha o papel crucial de compreender graficamente a expressão do que está sendo projetado. Assim, iterar na visualização e avaliar cada um dos resultados é vital não apenas para expressar ideias, mas também para usar essas visualizações para interpretar elementos estéticos.
https://www.archdaily.com.br/br/1010822/estimulando-a-criatividade-o-papel-da-ia-nas-ferramentas-de-visualizacao-e-projeto-para-arquitetosEnrique Tovar
Recentemente, o Centro de Ciências de Singapura começou a ser construído, cujo propósito é impulsionar a educação nas áreas de STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática) em toda Singapura. Localizado junto à estação de metrô Chinese Garden, o edifício, projetado pelo escritório de arquitetura Zaha Hadid Architects, tem como meta se tornar um marco no distrito do Lago Jurong. A previsão é que o novo centro, com uma área de 55.000 m², seja inaugurado no final de 2027, coincidindo com seu 50º aniversário.
Marina Gardens, Singapore. Image by Nick Fewings Unsplash
Por muito tempo, a sustentabilidade foi vista como sinônimo de tecnologia no meio arquitetônico. A eficiência era diretamente relacionada a aparatos tecnológicos inovadores que cobriam as edificações de parafernálias. Hoje em dia, entretanto, o conceito de sustentabilidade abrange cada vez mais diferentes estratégias que estão relacionadas também ao reconhecimento de técnicas vernaculares e materiais locais como primordiais para a criação de edificações sustentáveis e neutras em carbono.
No entanto, independente da técnica ou dos materiais utilizados, o denominador comum é a busca pela diminuição da pegada de carbono de nossas arquiteturas, uma situação que exige mudanças na forma como os edifícios são concebidos, construídos e operados. Ou seja, retornar ao vernacular ou utilizar o aplicativo de última geração são estratégias que, apesar de muito diferentes, desejam chegar a este mesmo lugar e, por isso, são igualmente válidas.
A Inteligência Artificial assumirá o trabalho dos arquitetos? Segundo Thomas Lane, na edição de maio de 2023 da revista Building, a IA pode automatizar 37% do trabalho de arquitetos e engenheiros. Isto, no entanto, provavelmente significará que poderemos automatizar tarefas mais mundanas e concentrar-nos mais em tarefas estratégicas e criativas.
Tal como o Revit e os softwares 3Ds não ultrapassaram o trabalho dos arquitetos, mas apenas mudaram a forma como se trabalha, o mesmo provavelmente se aplica às ferramentas de IA. Novas tarefas – relacionadas com a gestão da IA, por exemplo – também surgirão.
Image created using AI under the prompt: A futuristic architectural landscape exemplifying data-driven architecture. Image via DALL.E 2
Arquitetura é uma disciplina multifacetada influenciada por diversas fontes de dados e informações, que desempenham um papel fundamental para moldar a produção arquitetônica. No passado, instrumentos horológicos como o relógio de sol eram usados para obter dados, como o tempo, e obter conhecimento sobre a incidência solar em diferentes épocas do ano e locais geográficos. Isso possibilitou determinar a orientação ideal dos edifícios, resultando em benefícios como melhor aproveitamento da luz solar e maior conforto térmico.
Embora fatores culturais, sociais e até religiosos possam influenciar o projeto arquitetônico, fatores quantitativos são especialmente relevantes ao tomar decisões nas fases iniciais do processo criativo, durante a construção e ao longo do ciclo de vida de um edifício. Portanto, é importante coletar e processar informações relevantes, como localização, incidência solar, capacidade de ocupação, interações dos ocupantes, desempenho energético e emissões de carbono, entre outros aspectos.
https://www.archdaily.com.br/br/1006649/arquitetura-orientada-a-dados-explorando-4-ferramentasEnrique Tovar
Rayon, uma inovadora ferramenta de projeto online que tem como objetivo criar uma nova abordagem colaborativa para o desenvolvimento de "prédios mundanos" na cidade, foi selecionada como uma das melhores Novas Práticas do ArchDaily 2023. Fundado em 2021 por Bastien Dolla e Stanislas Chaillou, o software de projeto colaborativo reúne profissionais das indústrias de arquitetura, engenharia e construção. A empresa acredita que existe uma "cultura do ordinário" na arquitetura. Essa cultura representa um ecossistema de edifícios que podem parecer comuns ou não são marcos impressionantes na cidade. No entanto, esses edifícios e seus profissionais da construção constituem 90% do tecido urbano e contribuem para a cultura do design que coletivamente dá identidade à cidade. Os fundadores acreditam que as gerações anteriores de software negligenciaram essa cultura e propõem o Rayon como uma nova ferramenta para preencher essa lacuna, aprimorando a colaboração e a ergonomia do usuário.
GREEN BUILDING DAY é um evento que irá reunir profissionais criativos e detalhistas que valorizam a boa arquitetura, com o objetivo de expandir os horizontes da arquitetura sustentável, aprimorando habilidades e explorando o verdadeiro potencial do design arquitetônico inovador e sustentável.
No dia 25 de Novembro de 2023, pela primeira vez na cidade de São Paulo, este evento visa desenvolver projetos inovadores e sustentáveis, implementar estratégias de design assistido por inteligência artificial, criar parcerias multidisciplinares, entre outras experiências inéditas.
Na sua programação vai contar com palestras de grandes patrocinadores como a Roca e NVIDIA, entre outros que ainda estão por vir.
Durante o mês de julho exploramos o Processo Projetual como tema mensal. Instigados por práticas que cruzam camadas distintas e (ainda) incomuns em suas criações, conversamos com o arquiteto Guto Requena. Ao projetar, seu estúdio experimenta com distintas tecnologias digitais a partir de um olhar sustentável e atento às pautas sociais para atingir o objetivo de proporcionar experiências inovadoras e afetivas. Hoje, o arquiteto acumula diversos prêmios nacionais e internacionais, entre eles o ArchDaily Building of the Year e o Prix Versailles da Unesco.
Na entrevista, Requena nos conta sobre sua trajetória, coloca a diversidade de sua equipe como um dos principais pontos de inovação do seu escritório, traça importantes questões sobre como fomentar e criar com novos materiais na arquitetura e muito mais.
O tópico da Inteligência Artificial (IA) tornou-se onipresente em diversos noticiários, abrangendo tanto o entretenimento como o trabalho. Esse fenômeno também se estende ao campo da arquitetura e do urbanismo. O surgimento do Chat GPT evidenciou o potencial transformador dessa tecnologia, sobretudo sobre a linguagem, gerando preocupações sobre o possível impacto na forma como trabalhamos atualmente.
Este artigo é o quinto de uma série focada na Arquitetura do Metaverso. O ArchDaily colabora com John Marx, arquiteto, fundador e diretor artístico-chefe da Form4 Architecture, para trazer artigos mensais que buscam explorar o Metaverso, transmitir o potencial desse novo domínio e entender suas limitações.
Os escritores de ficção científica nos inspiram com visões audaciosas e provocativas do futuro. Huxley, Orwell, Assimov e Bradbury são nomes que facilmente vêm à mente. Eles imaginaram grandes avanços tecnológicos e muitas vezes previram mudanças na estrutura social que foram resultado da necessidade humana de abrir a Caixa de Pandora. Grande parte do charme e fascínio da ficção científica está na audácia de algumas dessas previsões. Elas parecem desafiar as leis da natureza e da ciência. Então, mais rápido do que se poderia imaginar, o espectro da inventividade humana faz com que se tornem realidade.
Lo-tech Augmented Reality. Image Courtesy of James Corbett
Os softwares de realidade aumentada (RA) têm marcado presença entre as ferramentas profissionais de projeto há algum tempo. Mas o recente lançamento dos óculos Vision Pro da Apple mostra que o setor de dispositivos vestíveis de realidade mista está ganhando espaço também nos mercados de consumo, à medida que uma das maiores marcas mundiais de design e tecnologia entra nesse ramo.
Uma das principais razões para a imensa expectativa em torno da incursão da Apple no hardware de RA/RV é a decisão de posicioná-lo como "computação espacial". Ao utilizar a complexidade da realidade aumentada para aprimorar um setor familiar ao consumidor - a computação pessoal - a marca sediada em Cupertino simplificou toda a experiência, ampliando sua compreensão e apelo.
Na arquitetura, o desenho é uma expressão técnica e artística que envolve a criação de representações visuais usando vários instrumentos analógicos. Embora o desenho permaneça relevante e atual na prática arquitetônica, esforços têm sido feitos para realizar tarefas e estudos arquitetônicos de maneira mais eficiente. A prancheta foi um desenvolvimento significativo nesse sentido, possibilitando traços precisos usando menos instrumentos. No entanto, o surgimento de ferramentas computacionais, como o desenho assistido por computador (CAD), revolucionou o fluxo de trabalho, aproveitando as vantagens oferecidas pelos computadores. Os arquitetos agora podem desempenhar um papel mais direto e criativo no processo de design, reduzindo sua dependência de desenhos demorados e tarefas repetitivas. Além disso, as melhorias no fluxo de trabalho têm incentivado uma colaboração mais efetiva entre os diferentes envolvidos no processo arquitetônico.
https://www.archdaily.com.br/br/1003161/design-generativo-de-espacos-explorando-8-ferramentas-transformadoras-em-arquiteturaEnrique Tovar
A realidade virtual junto ao metaverso está desempenhando um papel cada vez maior em auxiliar tanto pessoas com demência quanto seus cuidadores e familiares a lidarem com os sintomas decorrentes dessa condição neurodegenerativa.
Existem atualmente 50 milhões de pessoas vivendo com demência em todo o mundo. Espera-se que esse número dobre nos próximos 10 anos e mais do que triplique até 2050. Dessa forma, o custo global da demência deve chegar a US$ 2 trilhões até 2030 .
Proposal Comparison, Autodesk Forma. Image Courtesy of Autodesk
A profissão de arquiteto enfrenta cada vez mais as pressões de uma era em rápida mudança marcada pela urbanização, crescimento populacional e mudanças climáticas. Para navegar efetivamente nas complexidades que envolvem projetos arquitetônicos e urbanos, tem havido uma aceleração na adoção e integração de tecnologias orientadas por dados, como a Inteligência Artificial (IA) e o aprendizado de máquina. No entanto, surgiram preocupações válidas sobre a possível perda de controle criativo do designer, com medo de que seu papel possa ser reduzido a um mero "ajustador de parâmetros". Isso é uma possibilidade genuína ou apenas um reflexo de resistência à mudança?
Em uma conversa com Carl Christensen, Vice-Presidente de Produto da Autodesk, exploramos o impacto da IA sobre o papel tradicional do arquiteto e as oportunidades que surgem com esses avanços tecnológicos. À medida que os paradigmas mudam, os arquitetos e designers com visão de futuro podem se sentir especialmente capacitados para expandir sua influência e moldar um novo futuro para a disciplina.