Por décadas, a história da arquitetura brasileira coroou figuras masculinas como seus grandes representantes, porém, nos últimos anos, podemos observar o crescente número de trabalhos que se dispuseram a identificar as figuras femininas neste campo. “Onde estão as mulheres na história da arquitetura no Brasil?” foi, e ainda é, uma das questões que mais ouvimos como profissionais de história da arquitetura e do urbanismo. Muitas vezes a reposta se volta para os nomes de Lina Bo Bardi e Carmen Portinho, referências fundamentais, mas, ainda assim, podemos nos perguntar quais outras tantas personagens construíram suas trajetórias nesta área?
O curso de pós-graduação da Escola da Cidade – Geografia, Cidade e Arquitetura recebeu Gabriela Carrillo para uma série de aulas. Em março de 2022, o Coletivo Feminista Carmem Portinho entrevistou a arquiteta, que nesse primeiro semestre de 2022 foi curadora, junto a Loreta Castro Reguera, do módulo México.
Gabriela é formada e acadêmica da Faculdade de Arquitetura da UNAM, onde lidera o Seminário de Investigações e Titulação Estúdio RX, é membro do Sistema de Criadores de Arte do FONCA e membro da Academia de Arquitetura desde 2020, também levou o prêmio Architect of the Year 2017 pela The Architectural Review e pela Architectural Digest México em 2020. Leia a entrevista a seguir.
O Dia da Mulher Arquiteta e Urbanista foi estabelecido em 2020 pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil para reafirmar o compromisso com a promoção da igualdade de gênero em todas as suas instâncias e na relação com a sociedade. Conforme levantamento do próprio CAU/BR em seu Anuário 2019, mulheres representam 63% dos arquitetos e urbanistas, uma proporção que deve aumentar no futuro próximo. Considerando apenas os profissionais com até 30 anos, são 75% de mulheres contra 25% de homens.
https://www.archdaily.com.br/br/986273/dia-da-mulher-arquiteta-e-urbanista-conhecendo-as-pioneiras-no-brasilArchDaily Team
Cortesia de UN-Habitat and Global Utmaning/ Edited by ArchDaily
O ambiente construído destinado a todos, na verdade ainda não chega a ser imaginado por todos. No ano passado, no Dia Internacional da Mulher, afirmamos que “a batalha pela equidade está longe de acabar”. Este ano, o ArchDaily está virando a mesa e buscando orientação de nosso público, além do conteúdo normal que publicamos, destacando mulheres arquitetas e tópicos relacionados a gênero. Valorizamos muito as opiniões de nossos leitores e agora, mais do que nunca, estamos buscando sua opinião, para alcançar âmbitos mais amplos e lançar luz sobre figuras femininas desconhecidas no cenário internacional.
Na sua opinião, quais são as arquitetas que faltam na nossa plataforma? Ajude-nos a destacar as mulheres envolvidas no ambiente construído e nomear as principais personagens femininas de todo o mundo, para que possamos ajustar as narrativas, apresentar seus trabalhos e compartilhar conhecimentos e ferramentas para um mundo mais inclusivo. Essas mulheres podem pertencer a qualquer época da história: de jovens forças em ascensão a indivíduos ou empresas estabelecidas, a figuras que fizeram parte da história da arquitetura. Elas também podem ter diversas formações profissionais, desde arquitetas, urbanistas, designers, até construtoras e tomadoras de decisão; todos os perfis envolvidos na formação do ambiente que nos cerca são elegíveis.
Pouco menos de dois anos após o início de uma pandemia global, a inclusão na profissão de arquiteto infelizmente ainda é um tema limitado. Uma pesquisa de 2020 do Architects' Journal do Reino Unido revelou uma quantidade preocupante de obstáculos para arquitetos negros naquele país. Nos Estados Unidos, por sua vez, profissionais negros renomados, como Mabel O. Wilson, do Studio &, questionaram a natureza eurocêntrica de uma grande quantidade de estudos arquitetônicos.
O MAXXI Museum está celebrando a presença das mulheres na arquitetura em uma nova exposição que mostra o papel transformador das arquitetas na evolução da profissão ao longo do último século. Com curadoria de Pippo Ciorra, Elena Motisi, Elena Tinacci, e com exposição desenhada por Matilde Cassani, "Good News. Women in Architecture" une em quatro seções temáticas a história das mulheres na arquitetura através do trabalho de profissionais contemporâneas e as vozes de jovens coletivos, contando as histórias de mais de oitenta arquitetas.
Os incríveis desenhos de arquitetura de Marion Mahony, primeira arquiteta registrada em Illinois (Estados Unidos), figuraram em muitos projetos de Frank Lloyd Wright – que nunca lhe deu crédito por eles. Sophia Hayden, primeira mulher a se formar arquiteta pelo MIT, venceu o concurso para projetar o Edifício da Mulher, recebendo, no mínimo, três vezes menos do que se pagava a seus colegas homens. Mayumi Watanabe fez parte do primeiro grupo de professores na UnB. Carmen Portinho, uma das responsáveis por trazer ao Brasil o conceito de habitação popular, lutou pelo direito das mulheres ao voto. Ruth Glass foi quem cunhou o termo "gentrificação". Rosa Kliass tem mais de 300 projetos construídos. Zaha Hadid foi a primeira mulher a receber o prêmio Pritzker (2004) e a medalha de ouro do RIBA (2016).
https://www.archdaily.com.br/br/973342/superarquitetas-jogo-de-cartas-traz-a-historia-de-34-mulheresEquipe ArchDaily Brasil
No dia 19 de novembro celebra-se o Dia Mundial do Empreendedorismo Feminino, assim, propomos uma reflexão sobre os desafios de se empreender sendo mulher.
Em 2019 o Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade divulgou seu relatório mais recente de Empreendedorismo no Brasil, a partir da Global Entrepreneurship Monitor (GEM), um programa de pesquisa com abrangência mundial que avalia o nível de atividades empreendedoras de cada país. Neste relatório, que antecede a pandemia de Covid-19, 88,4% das pessoas entrevistadas afirmam que uma das motivações para se iniciar um novo negócio é ‘para ganhar a vida porque os empregos são escassos'. No Brasil, o microempreendimento, principalmente, ganhou espaço como alternativa de trabalho, tanto pela alta nas taxas de desemprego, quanto também pela flexibilização das leis trabalhistas e do aumento das ‘terceirizações’.
Num mundo fisicamente cada vez mais conectado, mas socialmente incrivelmente desigual e fragmentado, qual deveria ser a contribuição de arquitetas e arquitetos na busca por cidades e comunidades mais igualitárias, desenvolvidas e humanas? Segundo os autores desse livro, objeto de nossa conversa neste episódio, a nossa atuação deve assumir, necessariamente, a sua dimensão política.
O CAU/RJ prorrogou as inscrições do edital da Premiação CAU+Mulheres. Agora, as arquitetas e urbanistas podem inscrever seus projetos até o dia 26 de novembro.
FIRST 500 é uma iniciativa global que documenta as realizações de arquitetas negras e agora a organização lançou um novo site. Servindo como um arquivo digital, o site tem como objetivo aumentar a conscientização sobre as mulheres negras arquitetas e suas realizações, fornecer recursos para estudantes, profissionais e aspirantes a arquitetas e construir uma comunidade para mulheres negras no campo arquitetônico.
Segundo os dados do Global Media Report, em 2014, 330 milhões de famílias estavam financeiramente ameaçadas pelos custos de habitação e esse número poderia aumentar para 440 milhões até 2025. Esses dados não apenas se confirmaram, como o aumento do número de famílias ameaçadas pode ser muito maior, com a crise desencadeada pela COVID-19.
Se antes a população brasileira em situação de vulnerabilidade social e econômica já enfrentava um grave problema habitacional, atualmente essa situação se agravou. De acordo com o levantamento nacional, feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), em março de 2020, quando a pandemia estava apenas começando, já eram mais de 221.000 pessoas em situação de rua.
Um projeto de arquitetura nasce de nuances, da empatia para com os usuários e de uma compreensão profunda de seu contexto específico. Melhores soluções são aquelas que atendem tanto às necessidades e os anseios dos clientes quanto questões de contexto e identidade. Neste sentido, o projeto interseccional pode ser entendido como uma abordagem que leva em conta diversos fatores —de identidade, gênero, raça, sexualidade, classe e muitos mais — e como estes interagem entre si. Considerando isso, quanto melhor compreendermos as questões de relativas ao contexto específico e ao usuários para os quais projetamos nossos espaços, melhor serão nossos edifícios e, consequentemente, as cidades que estaremos construído para o futuro.
Buck Creek House in Big Sur by Anne Fougeron. Image Courtesy of Anne Fougeron
“Equidade” é um termo tão amplo quanto fugaz, e isso também se extende para o campo da arquitetura. Embora muitos arquitetos e arquitetas reafirmem constantemente seu desejo por uma maior equidade em nossa disciplina, motivações não são suficientes para alcançar resultados na prática. Além disso, há uma série de problemas históricos que contribuem e muito para que esses anseios ainda pareçam muito distantes de serem alcançados.
La casa de Jajja. Uganda, 2020. Image Cortesía de Huevo de Pato
Este artigo é uma colaboração doColectivo RE e foi publicado originalmente em 02 de agosto de 2020, na segunda edição de Huevo de Pato, uma publicação que tem por objetivo compartilhar reflexões e experiências como estratégia para a democratização do saber e do fazer.
A fotografia de arquitetura se desenvolveu em sua própria expressão artística e pode, às vezes, ser tão importante quanto a própria obra construída. Experienciamos a arquitetura não apenas física e espacialmente, mas também por meio das fotografias. Uma boa reportagem ou série de fotos pode trazer ao espectador a atmosfera do lugar, ainda que esteja distante da obra. A fotografia também é uma forma de documentar o processo do projeto, o uso de materiais, iluminação e elementos arquitetônicos e, como resultado, narrar a história por trás de uma obra.
Para comemorar o Dia Mundial da Fotografia, reunimos uma lista de 25 fotógrafos de arquitetura de todo o mundo que merecem ser conhecidos – e seguidos no Instagram. Esses fotógrafos emergentes foram selecionados por sua capacidade de registrar a arquitetura por meio de um olhar sensível e singular.
O Prêmio Europeu de Intervenção no Patrimônio Arquitetônico (AHI), organizado pelo Colégio de Arquitetos da Catalunha (COAC) e pela Associação de Arquitetos para a Defesa da Intervenção no Patrimônio Arquitetônico (AADIPA), acaba de anunciar os vencedores da sua última edição, em ocasião da Bienal Internacional de Intervenção no Patrimônio Arquitetônico de 2021.
O projeto “Appropriating the grid”, de Irene Roca, nasce das ruínas contemporâneas de nossos processos de construção atuais. A exploração dos resíduos gerados e das complexidades jurídicas da sua eliminação despertou na arquiteta um sentido de urgência e criatividade, resultando numa recolha que molda e reformula os resíduos da construção em objetos versáteis de design de interiores.
https://www.archdaily.com.br/br/964002/os-materiais-estao-sendo-produzidos-de-acordo-com-uma-demanda-ficticia-uma-conversa-com-irene-rocaDaniela Porto