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PISEAGRAMA: O mais recente de arquitetura e notícia

Cidades e cosmofobia

O que é a cidade? E o contrário de mata. O contrário de natureza. A cidade é um território artificializado, humanizado. A cidade é um território arquitetado exclusivamente para os humanos. Os humanos excluíram todas as possibilidades de outras vidas na cidade. Qualquer outra vida que tenta existir na cidade é destruída. Se existe, é graças à força do orgânico, não porque os humanos queiram.

Fui criado numa casa de chão batido, onde andava descalço. As galinhas e os outros animais conviviam conosco dentro de casa. Quando uma galinha estercava na casa de chão batido, a parte úmida do esterco, das fezes da galinha, era absorvida pela terra. Tirávamos a parte sólida e jogávamos no quintal para servir de adubo. Para o povo da cidade, isso é um horror. Pisar as fezes da galinha? Impossível! Tem que ter uma cerâmica bem lisinha para poder enxergar qualquer outra vida, qualquer outro vivente que estiver ali, para poder desinfetar e matar qualquer microrganismo. Matar até o que não se vê. Para andar descalço, é preciso desinfetar o chão: a cerâmica foi criada porque os humanos não podem pisar a terra. Os calçados foram criados porque os humanos não podem pisar a terra. Porque a terra é o anseio original.

Mundos indígenas: interfaces entre arte, arquitetura e geografia

O que aconteceria se abdicássemos da epistemologia moderna que separa o “nós” dos “outros”? Como ficaria a história da arte sem essa separação restritiva? Muitos outros mundos, não desencantados, coexistem com o nosso. Outras cosmopolíticas podem nos permitir visões menos excludentes da vida e das relações, escavando futuros até agora insuspeitados.

Guilherme Wisnik conversa com Renata Marquez, professora da Escola de Arquitetura e Design da UFMG e coeditora da revista Piseagrama. Com doutorado em Geografia e pós-doutorado em Antropologia, pesquisa práticas curatoriais, teoria e crítica na interface entre arte, arquitetura, geografia e antropologia.

Piseagrama e Goma Oficina lançam zine “Arquitetura e Política”

O fanzine Arquitetura e Política, produzido dias antes do segundo turno das eleições presidenciais de 2018, é um manifesto pela urgência de se entender a produção do espaço em sua intrínseca relação com o poder. Prenunciando o destino que o resultado dessa eleição instaurou ao país, sugere uma forma de interpretação do cenário político brasileiro.

Parlamento Cidadão

Parlamento Cidadão - Image 7 of 4

O Campo de Cebada se tornou uma das principais referências em autogestão e construção coletiva de espaços públicos, em estreita relação com as acampadas espanholas de 2011. Neste artigo, o coletivo de arquitetura Zuloark reflete sobre os princípios que foram importantes para que o experimento funcionasse.

Desconstrução Civil

Desconstrução Civil - Image 1 of 4

A construção civil consome mais recursos que qualquer outro setor e o peso da Tecnosfera, estrato urbano e planetário de tudo que produzimos, alcança 30 trilhões de toneladas. Engenheiros, arquitetos e designers estão no cerne do Antropoceno.

Direito à moradia, acesso à própria casa

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Imagem Cortesia de PISEAGRAMA. Image
Direito à moradia, acesso à própria casa - Image 2 of 4

27 de setembro de 2010 

“Foi naquele lá, olha. Naquele. Tá vendo?”  Dona Ana apontava para o apartamento do 7º andar, onde, uma semana antes, havia ocorrido o incêndio.  Mais abaixo, no 4º andar, Anastasia, Aécio e Itamar sorriam amarelo num banner eleitoral.

Ninguém sabe como começou o fogo em um dos meio-apartamentos da torre de número 100, ocupado por um catador de papel. Mas o espetáculo que se seguiu aconteceu comme il faut.  Pânico, gritos, chamas, luzes, um helicóptero que sobrevoava o local, jornalistas que abordavam supostos feridos e devoravam relatos impossíveis, sirenes, fumaça, comoção, ação.

Tramas do Crack

Tramas do Crack - Image 4 of 4

Os noias, identificados por seus corpos abjetos, evocam e questionam limites corporais, sociais, espaciais, simbólicos e morais, impulsionando a criação de políticas que visam tanto a sua recuperação quanto a sua eliminação. Este artigo, organizado pela PISEAGRAMA a partir do extenso trabalho etnográfico realizado pela autora até 2012 e publicado em 2014 no livro Nas tramas do crack, oferece uma imersão na cracolândia de São Paulo, a mais conhecida do país, cujos conflitos replicaram o termo para as tantas que se multiplicam em diversas cidades.
Ali, o programa De Braços Abertos e a repressão pesada marcaram as gestões municipais e estaduais dos últimos anos, evidenciando o conflito político que surge nos extremos da gestão territorial do crack.

A Lógica do Condomínio

A Lógica do Condomínio - Image 3 of 4

Alô, alô, W/Brasil… Alô, alô, W/Brasil… / Jacarezinho! Avião! Jacarezinho! Avião! / Cuidado com o disco voador / Tira essa escada daí / Essa escada é pra ficar aqui fora / Eu vou chamar o síndico / Tim Maia! Tim Maia! Tim Maia! Tim Maia!

Ao entrar em um desses modernos condomínios, projetados com a mais tenra engenharia urbanística, temos o sentimento pacificador de que enfim encontramos alguma ordem e segurança. Rapidamente nos damos conta de que há ali uma forma de vida na qual a precariedade, o risco e a indeterminação teriam sido abolidos. O espaço é homogêneo, conforme certas regras de estilo. Dentro dele, os lugares são bem distribuídos, as posições estão confortavelmente ocupadas. A polícia parece realmente presente, apesar de particular. As ruas estão bem pavimentadas e sinalizadas, em que pese o leve excesso de mensagens indicando caminhos e condições de uso. As casas exibem seu indefectível jardim frontal, sem cercas. Tudo o mais é funcional, administrado e limpo. A imagem dessa ilha de serenidade captura as ilusões de um sonho brasileiro mediano de consumo. Uma região, isolada do resto, onde se poderia livremente exercer a convivência e o sentido de comunidade entre iguais. Um retorno para a natureza, uma vida com menos preocupação, plena de lazer na convivência entre semelhantes. Uma comunidade de destino que se apresenta em inúmeras variantes: verticais, horizontais, residenciais, comerciais, privadas e até mesmo públicas.

O Cortejo Errante

O Cortejo Errante - Image 6 of 4

Sempre senti certo descompasso entre o discurso das canções populares, textos de sociologia e antropologia, e a experiência concreta do Carnaval no Brasil. Entre a promessa de uma festividade rica e plural e a realidade de quem veio ao mundo já nos anos 1980, no florescer da cultura de massas, da violência generalizada, da urbanização desumanizadora, que levam ao abandono ou à comercialização dos rituais urbanos.

Atlas Ambulante

O ATLAS AMBULANTE é formado pela experiência da cidade de Belo Horizonte do ponto de vista de seis ambulantes: Antônio Lamas, vendedor de biju, Osmar Fernandes, amolador de facas, Robson de Souza, vendedor de pirulitos, Jefferson Batista, vendedor de algodão doce e Agnaldo e Marlene Figueiredo, empalhadores e restauradores de cadeiras.

O ATLAS AMBULANTE funde a estratégia do retrato com a cartografia. O retrato, sem perder as suas inerentes atribuições de identidade, é posto a operar como um atlas, instância cuja função é o entendimento espacial. Mas nele o ambulante não é uma abstração ou idealização nem é o sujeito anônimo

Escavar o Futuro

Livro-catálogo da exposição ESCAVAR O FUTURO, que discute as fronteiras compartilhadas entre arte, política e prática espacial.

Mundo: começar do zero

Mundo: começar do zero - Image 4 of 4

Do urbanismo a golpes de martelo do barão Haussmann em Paris, passando por Le Corbusier e pelos grandes eventos esportivos, à hiperurbanização na China: como a obsolescência programada se transfere das mercadorias para o território.

Guia Morador Belo Horizonte

GUIA MORADOR reúne narrativas da cidade cotidiana que revelam pequenas histórias, práticas e modos de vida para muito além do que nos contam os guias turísticos.

Feito por moradores a partir de uma metodologia deamostragem aberta para o acaso, este guia nos conduz por Belo Horizonte a partir de águas que afloram espontaneamente (BICAS), de fluxos de objetos e dejetos movidos a tração animal (CARROCEIROS), da experiência e memória dos cinemas de rua (CINEMA), do hip hop no viaduto onde os poetas modernos ensaiavam travessuras (DUELO), das vítimas do progresso que não descansam em paz (FANTASMAS), da bola que rola na

Calçadas Mutantes

Calçadas Mutantes - Image 5 of 4

Quem já esteve em São Paulo reconhece os padrões gráficos que cobrem grande parte das calçadas da cidade. Projetadas por Mirthes dos Santos Pinto em 1966, as calçadas paulistanas não deixam de ser um contraponto aos marcantes desenhos em pedra portuguesa dos calçadões do Rio de Janeiro. O então prefeito de São Paulo, Faria Lima, lançou um concurso para o desenho do novo calçamento da cidade. Mirthes, que era desenhista da Secretaria de Obras da Prefeitura, se inscreveu e acabou ganhando.

Lançamento da revista PISEAGRAMA 10 em São Paulo

Convidamos para o lançamento em São Paulo da 10ª edição da revista Piseagrama, publicação sobre espaços públicos e bens comuns: existentes, urgentes e imaginários.

Sob o tema geral "Recursos", a edição traz reflexões sobre direitos fundamentais da natureza, extrativismo inconsequente de recursos naturais, transporte transcontinental de fragmentos de paisagens terrestres, renda universal cidadã, moedas sociais, dívida pública, águas urbanas e o silencioso e gradual fim da escuridão em nossas noites.

Contaremos com o a presença do professor Gilson Schwartz (USP), de Denis Burgierman (Nexo), das editoras e editores da Piseagrama e outrxs.

Conheça a PISEAGRAMA, uma revista brasileira sobre espaços públicos

PISEAGRAMA é a única revista sobre espaços públicos do Brasil. Desde a sua fundação em 2010, foram publicadas dez edições da revista, dedicadas aos temas Acesso, Progresso, Recreio, Vizinhança, Descarte, Cultivo, Passeio, Extinção, Autogestão e Recursos. A revista PISEAGRAMA é uma publicação independente e sem fins lucrativos. Por isso, precisa da sua assinatura para continuar existindo. Saiba mais, a seguir.

PISEAGRAMA lança campanha de financiamento colaborativo

PISEAGRAMA é uma revista sobre espaços públicos: existentes, urgentes e imaginários. Semestral, a revista articula e reúne as artes, a política e a vida cotidiana, publicando boas histórias, ensaios críticos, jornalismo literário, proposições e práticas espaciais, para discutir nossas cidades, a maneira como vivemos e nos relacionamos.

arqDEBATES: Lançamento da revista PISEAGRAMA / Recife - PE

O grupo arqDEBATES foi criado com o desejo de colocar na agenda cotidiana da cidade discussões relacionadas à arquitetura e ao urbanismo. Para viabilizar tal ideia são organizados eventos mensais como palestras, exibições de filmes ou visitas guiadas, sempre seguidas de um debate com o público presente.