No Novo México, os canais de irrigação que estão em operação contínua há três séculos abastecem e nutrem as terras úmidas do sudoeste americano. Esses canais são conhecidos como Acequias – sistemas de água gerenciados comunitariamente construídos com base na tradição democrática. Os membros da comunidade são proprietários dos direitos sobre a água, que elegem uma equipe de três pessoas para supervisionar os canais. No Cairo e em Barcelona, a Praça Tahrir e a Plaza de Catalunya atuaram como locais importantes para expressar insatisfação política. Os protestos na Praça Tahrir em 2011, por exemplo, resultaram na queda de um governo de quase 30 anos.
Planejamento Urbano: O mais recente de arquitetura e notícia
Design de código aberto na escala da arquitetura e da cidade
Como tornar uma cidade amigável para os idosos?
A população mundial está envelhecendo e uma das grandes questões que se abrem com essa nova composição etária, com mais idosos que crianças pequenas, é se os municípios estão adequados para que esses cidadãos possam usar os espaços urbanos com segurança e acessibilidade e sentirem-se incluídos na vida social e cívica de suas comunidades.
Relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) estima que o número de indivíduos com 65 anos ou mais deve duplicar até 2050, passando de 727 milhões (dado de 2020) para cerca de 1,5 bilhão — representando 16% do número total de pessoas no planeta.
Densidade urbana: a amiga improvável do meio ambiente
As cidades têm um papel fundamental na busca por soluções e políticas para reduzir os problemas que resultam nas atuais mudanças climáticas globais. As áreas urbanas são, hoje, responsáveis por mais de 70% das emissões de dióxido de carbono (CO₂) — uma das principais causas do efeito estufa e de suas consequências para o meio ambiente e para a vida de todos.
O percentual é significativo, uma vez que os municípios ocupam apenas de 0,4 a 0,9% da superfície terrestre, como aponta a pesquisa “Efeitos da mudança da população ou densidade nas emissões urbanas de dióxido de carbono”, publicada pela Nature Communications — canal especializado em estudos no campo das ciências naturais.
NIMBY e YIMBY: duas visões da cidade
Em seu livro mais recente, Survival of the City, o economista Edward Glaeser faz um diagnóstico dos conflitos de interesses que permeiam o debate urbano. Segundo ele, há uma oposição essencial entre os insiders — moradores tradicionais, interessados na manutenção do status quo e na valorização de seus imóveis — e os outsiders — novos moradores, interessados em moradia acessível e novas alternativas de trabalho, consumo e espaço urbano.
Arquitetura e assistência: reformulando a pesquisa sobre assentamentos informais
A quase sete quilômetros do verde do Parque Uhuru, no centro de Nairóbi, fica o assentamento informal de Kibera. É uma área cujo caráter urbano é composto por telhados de ferro ondulados, paredes de taipa e uma complicada rede de postes de energia. Kibera, neste momento, é um lugar bem conhecido. Muito já foi escrito e pesquisado sobre essa “cidade dentro de uma cidade”, desde suas questões de infraestrutura até sua navegação na pandemia do COVID-19.
“Valora nuestro barrio”: 21 projetos de melhorias urbanas em Lima no Peru
A fim de aplacar as consequências do crescimento urbano informal nas regiões de Lima e Callao, a Conselho de Arquitetos do Peru Lima (CAP RL) apresentou em 19 de abril o programa "Valora Nuestro Barrio" (Valoriza Nosso Bairro). Através de 21 projetos selecionados, o programa busca melhorar a qualidade de vida dos habitantes, reconhecendo e tornando visíveis as boas práticas de melhoria urbana nos bairros propostos.
A cidade ideal na concepção de cinco escolas de urbanismo
Os municípios, assim como as pessoas, são dinâmicos e vão se transformando para acompanhar e se adaptar às mudanças sociais, econômicas e ambientais de seu tempo. Da mesma forma, a visão sobre como a cidade ideal deveria ser planejada foi sendo influenciada pela realidade e pelo pensamento vigente de cada época.
O que o futuro e a crise climática reservam para as cidades costeiras?
As cidades litorâneas sempre foram um ponto de atração para moradores, turistas e empresas. Além das características estéticas, a proximidade com o mar tornou estas cidades um foco de transporte marítimo com a construção de portos, bem como polos de atividades recreativas e aquícolas. No entanto, nas últimas décadas, essas regiões têm sido ameaçadas pelo aumento dos níveis de água, inundações e ciclones recorrentes, juntamente com outros desastres naturais que puseram em perigo suas comunidades, colocando sua população, ecossistema e ambiente construído em risco.
O espraiamento urbano é uma tragédia dos comuns
Em condições normais, a maioria das pessoas gosta de viver em lugares com fácil acesso à sua vida cotidiana. É bom poder levar seus filhos a pé para o jardim de infância e é mais fácil manter uma vida social quando muitos de seus amigos moram na mesma rua que você. Quando você fica sem sabão, você é grato por poder reabastecer na mercearia no andar de baixo, ao invés de ter que dirigir 20 minutos até o supermercado.
Um novo guia abrangente sobre a arquitetura da África Subsaariana
Este artigo foi publicado originalmente no Common Edge.
Comparados ao Ocidente e Oriente, a consciência e o conhecimento da arquitetura da África subsaariana - África ao sul do deserto do Saara - são escassos. Um novo livro pretende mitigar esse descuido, e é uma conquista significativa. Architectural Guide Sub-Saharan Africa (editora DOM, 2021), organizado por Philipp Meuser, Adil Dalbai e Livingstone Mukasa, levou mais de seis anos para ser elaborado. O guia de sete volumes apresenta a arquitetura nos 49 estados-nação subsaarianos do continente, inclui contribuições de cerca de 340 autores, 5.000 fotos, mais de 850 edifícios e 49 artigos expressamente dedicados a teorizar a arquitetura africana em seus aspectos sociais, econômicos, históricos e contexto cultural. Entrevistei dois dos editores — Adil Dalbai, pesquisador e arquiteto praticante especializado na África subsaariana, e Livingstone Mukasa, um arquiteto nativo de Uganda interessado nas interseções entre a história da arquitetura e a antropologia cultural — sobre os desafios de criar o guia, algumas de suas revelações sobre a arquitetura da África e seu impacto potencial.
Taxa de permeabilidade: respeitando a legislação e protegendo o meio ambiente
Como uma das primeiras etapas na elaboração de um projeto arquitetônico, o estudo da legislação vigente no terreno é de suma importância para o êxito da proposta. Por meio de cálculos e restrições, as leis de zoneamento apresentam limites a serem considerados no projeto que, consequentemente, instigam os arquitetos a pensarem em soluções inteligentes, lidando de maneira prática e criativa com tais limitações.
Esses parâmetros são ditados pelo poder público e têm como objetivo frear, manter ou acelerar o crescimento urbano de determinada porção da cidade. São normas que estabelecem diretrizes para a ocupação do solo delimitando a porcentagem de área construída, recuos, afastamentos, permeabilidade do terreno, entre outros.
Remoção das vias expressas: restaurando o tecido urbano e abrindo novas oportunidades de desenvolvimento
Nas últimas duas décadas, as ramificações sociais e econômicas das vias urbanas foram destacadas à medida que uma grande parte dessa infraestrutura de meados do século chega ao fim de sua vida útil, suscitando conversas sobre seu papel no planejamento urbano contemporâneo. A remoção das vias expressas implica na substituição da infra-estrutura de transporte por novos desenvolvimentos urbanos, amenidades verdes e redes viárias alternativas para promover um ambiente urbano mais saudável e um crescimento inteligente. Em alguns casos, a ideia de remoção é recebida com preocupação sobre o potencial aumento do tráfego e a gentrificação das áreas adjacentes à via, mas a pandemia exacerbou ainda mais a necessidade de espaços públicos de qualidade e colocou em questão, mais uma vez, a hegemonia do carro. A seguir, destacam-se vários projetos de remoção de vias expressas, discutindo como essas intervenções restauram o tecido urbano, reordenam comunidades e recuperam espaços urbanos para os habitantes da cidade.
A história dos edifícios tortos de Santos
Na década de 1970 edifícios da Orla de Santos, em São Paulo, começaram a entortar, causando curiosidade nos moradores e visitantes da cidade. Esse fenômeno pode ser visto como resultado de um processo de urbanização rápida e desregulada, que se manifesta em uma questão técnica da construção dos edifícios.
Santos, uma das maiores cidades do litoral paulista, com uma população estimada de mais de 430 mil habitantes (IBGE 2020), localizada na região metropolitana da Baixada Santista e próxima à cidade de São Paulo, foi uma das primeiras vilas a serem desenvolvidas após a colonização portuguesa do século XVI. Antes disso, porém, seu território era intensamente tomado pelo bioma da Mata Atlântica e ocupado por povos indígenas, como os Guarani Mbya e Tupi-Guarani.
O que é uma cidade-esponja e como ela funciona?
A crise climática tem acentuado as mudanças de quantidade de chuvas, provocando secas ou tempestades com grande volume de água, que resultam em enxurradas que podem causar um grande dano à infraestrutura urbana. Para combater isso, a cidade-esponja é uma solução que conta com uma infraestrutura verde para operar a infiltração, absorção, armazenamento e, até mesmo, purificação dessas águas superficiais.
Nascida do deserto: uma "cidade de 15 minutos" no oeste dos EUA
"Cidades de 15 minutos" são uma tendência em planejamento urbano e têm sido discutidas no meio acadêmico há muitos anos. Hoje, é possível ver esse modelo de urbanismo sendo implementado aos poucos em algumas cidades europeias. Diferentemente desses casos, a primeira "cidade de 15 minutos" desenvolvida e construída do zero está sendo projetada em Utah. Apelidada de “The Point”, a nova cidade de 24 hectares ficará localizada nos arredores de Salt Lake City, em uma área onde havia uma antiga prisão estadual. Esse empreendimento irá criará empregos, moradias, espaços públicos, serviços e transportes, atendendo quase 15.000 pessoas. É uma tentativa que visa explorar como conceitos inovadores de planejamento urbano podem melhorar a saúde pública e o bem-estar das pessoas.
Florianópolis: um pedacinho de terra perdido no mar (de irregularidades)
Se usasse suas composições para tratar do urbanismo de Florianópolis, Zininho — autor do hino da capital dos catarinenses — certamente chegaria à mesma conclusão: jamais algum poeta teve tanto para cantar.
E não é para menos: a irregularidade urbana em Florianópolis é tamanha que dados confiáveis sobre o tema só vieram à tona muito recentemente. O próprio Diretor de Urbanismo estimou as ocupações irregulares em 40% a 45% do total.Somente com a proposta de revisão do Plano Diretor, do final de dezembro de 2021, descobrimos que a irregularidade varia de 5,21% na parte continental para 81,84% no distrito do Rio Vermelho. Seis dos treze distritos têm mais de 40% da sua mancha urbana em núcleos informais, e apenas quatro não ultrapassam os 20%.
A periferia da cidade: subúrbios e habitação de baixo custo
No urbanismo, os subúrbios podem ser um tópico controverso. Isso em parte porque o termo possui definições nebulosas e em constante mudança. Em sua forma mais simples, os subúrbios são comunidades residenciais a uma distância que se afasta um pouco do coração das áreas metropolitanas. O contexto americano vê os subúrbios com alguma hostilidade, com práticas racistas como o "redlining", um legado sombrio para determinados locais do país. Num sentido mais superficial, os subúrbios americanos têm sido frequentemente criticados por sua uniformidade visual — retratados como moradias sem alma, ausentes de um senso de comunidade.