Há pouco mais de 50 anos, em 1970 mais especificamente, um roboticista japonês chamado Masahiro Mori cunhava um importante conceito ou hipótese no campo da estética, robótica e computação gráfica: Uncanny Valley—traduzido para o português como Vale da Estranheza. Naquela época, as renderizações arquitetônicas, ou melhor, colagens e fotomontagens, ainda eram feitas com o emprego de métodos analógicos. Uma década depois, o surgimento dos primeiros computadores pessoais e a popularização dos programas CAD impulsionaram uma ampla adoção de métodos digitais para a elaboração de imagens ilustrativas de projetos de arquitetura. Quase quarenta anos depois, as renderizações arquitetônicas evoluíram a tal ponto que é quase impossível distinguir um render de uma fotografia. Resultado direto do desenvolvimento de novas tecnologias, da utilização de softwares cada vez mais sofisticados e computadores cada dia mais rápidos e eficientes, os limites entre representação e realidade parecem se desmanchar no ar. A sutileza desta suspicaz semelhança, e o desconforto que ela provoca, é a nossa porta de entrada para o misterioso Vale da Estranheza de Mori.
Pós-Digital: O mais recente de arquitetura e notícia
A estranheza das renderizações arquitetônicas “imperfeitamente perfeitas”
Representações "pós digitais": a fetichização do retrô
Este artigo foi originalmente publicado pela Metropolis Magazine como "Can’t Be Bothered: The Chic Indifference of Post-Digital Drawing."
No universo da arquitetura, o termo “pós-digital” pode ser usado com diferentes significados. Alguns o utilizam para referir-se a um estilo de renderização que se tornou popular entre estudantes, e cada vez mais, também entre os escritórios de arquitetura. Outros emprestam o seu significado para definir objetos arquitetônicos construídos, assim como tudo aquilo que tange a onipresença da esfera “digital” em nossa vida contemporânea.
Os 9 temas de arquitetura que você deve conhecer em 2018
O ano de 2017 já passou, mas deixou-nos uma série de aprendizados e novos conhecimentos que nos permitirá enfrentar com melhores ferramentas o desafiante 2018. Que surpresas este ano nos trará?
Em um espécie de jogo de previsões, pedimos a nossos editores do ArchDaily em espanhol, que projetem, com base em suas reflexões de 2017, quais serão os temas em que ouviremos falar entre arquitetos durante no ano de 2018, que acaba de começar.
Humanize suas representações "pós-digitais" com estas escalas da antiguidade
Apesar da insistência de alguns, os discos de vinil não ressurgiram devido à sua suposta qualidade de som superior. Em vez disso, o vinil continua sendo apreciado por sua peculiaridade e ambiguidade. De modo semelhante, recentemente a colagem retornou como uma estratégia de representação, provocando um debate sobre uma suposta "representação pós-digital".
Estas representações fantásticas possibilitam os arquitetos a criarem narrativas claras para complementar seu trabalho. Em resposta a esta crescente popularidade, vários sites surgiram para reforçar a tendência. Um exemplo é a plataforma ARTCUTOUT, que disponibiliza uma coleção de imagens em formato .png tiradas de obras de arte de domínio público. O site poderia ser visto como uma versão "pós-digital" do famoso SKALGUBBAR, que há anos vem fornecendo escalas humanas para povoar renderizações de todos os cantos do mundo.