À medida que serviços de viagens sob demanda como o Uber continuam a ganhar popularidade e a chamar atenção por seus impactos nos congestionamentos e outros males urbanos, cidades de diversas partes do mundo, de Washington D.C. a São Paulo, estão indo em direção ao inevitável próximo passo: taxas específicas.
Isso não é surpresa. Pesquisas recentes mostram que esses serviços estão contribuindo para a queda no uso do transporte coletivo e para o aumento de veículos individuais nas vias. No entanto, novos impostos e taxas não devem apenas elevar a arrecadação. Podem fazer mais do que isso: tornar as cidades mais habitáveis e os transportes mais sustentáveis. Se os serviços sob de viagens sob demanda forem taxados, essa receita deve ser usada com atenção, de maneiras que propiciem a melhora da mobilidade urbana como um todo.
https://www.archdaily.com.br/br/901261/algumas-cidades-estao-taxando-aplicativos-de-transporte-isso-e-bomBen Welle, Guillermo Petzhold e Francisco Pasqual
A ameaça das mudanças climáticas é um fator que se soma aos múltiplos desafios de um mundo cada vez mais urbano. Além da necessidade das cidades se estabelecerem como organismos prósperos e sustentáveis, as alterações no clima ainda colocam em risco a saúde da população e a economia local e irão acarretar problemas difíceis até de imaginar. A ação climática encontra sua origem nas cidades, espaços que irão determinar o futuro do planeta.
O conceito de desenvolvimento de baixo carbono, ou low-carbon, remete à forma de planejar o desenvolvimento urbano com menores taxas de emissões de dióxido de carbono (CO2), o principal gás de efeito estufa (GEE). Ao se debruçar sobre 700 estudos, um time de pesquisadores da Universidade de Leeds, em parceria com a Coalition for Urban Transitions, concluiu que medidas de baixo carbono podem ajudar a alcançar diversas prioridades do desenvolvimento urbano, como criação de empregos, saúde pública, inclusão social e melhoria da acessibilidade.
Imagine quantos esforços precisam ser feitos para evitar a morte de 1,24 milhão de pessoas por ano. Esse é o número médio de fatalidades que ocorrem no trânsito no mundo todo. É urgente que as cidades passem a proteger melhor seus cidadãos para que, com a atual tendência de aumento da população urbana, esse número não cresça ainda mais. Mas e se oito ações fossem suficientes para pouparmos a ocorrência de centenas de mortes ou ferimentos graves?
A publicação “O Desenho de Cidades Seguras” enumerou “oito ações para melhorar a segurança viária” e nós buscamos boas práticas e pesquisas que traduzem algumas delas.
Em pouco mais três meses, Érica Oiticica e Sâmyla Souza, estudantes da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), elaboraram um projeto de Rua Completa que as garantiu um prêmio e a oportunidade de apresentar a ideia para pessoas do mundo inteiro durante uma conferência na Tanzânia. O concurso “As Cidades Somos Nós” inspirou a dupla a experimentar colocar as suas melhores ideias de urbanismo no papel para transformar uma rua de Belo Horizonte.
A cidade de Groningen, localizada ao norte da Holanda, é uma referência internacional em mobilidade urbana. Com pouco mais de 200 mil habitantes, Groningen é considerada como a Capital de Ciclismo daquele país – cerca de 61% de todas as viagens na cidade são realizadas através do uso de bicicletas.
Essa mudança de mentalidade remonta à década de 70, quando as cidades holandesas começaram a ser dominadas por carros e as realidades locais foram alteradas. A tendência era realizar reformas em vizinhanças antigas que pudessem dar espaço ao deslocamento de veículos para o centro.
https://www.archdaily.com.br/br/899669/groningen-referencia-holandesa-em-mobilidade-urbanaLucas Augusto
Em 2015, a comunidade global se comprometeu a reduzir pela metade as mortes e ferimentos gravesdecorrentes de acidentes de trânsito até 2020. Mas as ruas das cidades ainda não são seguras. Mais de 3.200 mortes nas vias ocorrem todos os dias, e este número deverá triplicar até 2030, à medida que aumenta o número de veículos nas ruas. Um adicional de 20 a 50 milhões de pessoas são feridas e deixadas com deficiências permanentes.
https://www.archdaily.com.br/br/899071/da-china-a-colombia-5-cidades-tornam-suas-ruas-mais-seguras-atraves-do-desenho-urbanoNikita Luke e Ben Welle
Vital para que o planejamento de qualquer cidade gere prosperidade e qualidade de vida à sua população, a participação social precisa estar inserida nas tomadas de decisão. Cada cidadão precisa ter seu espaço para contribuir com novas ideias, eleger prioridades e também acompanhar o andamento dos projetos de seu município. Para facilitar essa troca, o Consul, uma plataforma desenvolvida pela cidade de Madri, está sendo disponibilizada gratuitamente para qualquer cidade ao redor do mundo. No Brasil, uma oficina promovida pelo WRI Brasil apresentou a ferramenta a cidades brasileiras interessadas e que já trabalham na sua implantação.
Até 2050, mais de dois terços da população mundial viverá nas cidades – centros catalisadores de avanços econômicos, culturais e políticos, mas que consomem uma vasta quantidade de recursos e são responsáveis por 70% das emissões globais de gases do efeito estufa. Se queremos evitar mudanças catastróficas no clima e, ao mesmo tempo, garantir um futuro próspero e sustentável, precisamos agir rápido.
https://www.archdaily.com.br/br/896856/novas-ferramentas-digitais-ajudam-lideres-urbanos-a-transformar-ideias-em-acaoMark Watts e Ani Dasgupta
As projeções para o mundo urbano foram atualizadas. Em maio, a Organização das Nações Unidas divulgou uma nova edição do World Urbanization Prospects, relatório que lança um olhar aprofundado para os centros urbanos do planeta, com a seguinte conclusão: 68% da população mundial viverá em cidades até 2050. A estimativa é 2% maior em relação ao último estudo, publicado em 2014, da série sob responsabilidade do Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas (Desa).
Em seu livro “Dez formas de projetar uma cidade” (em tradução livre), o urbanista catalão Joan Busquets estabelece um decálogo daquilo que, em sua visão, seriam as maneiras de se intervir nas cidades de modo a torná-las lugares melhores para viver, mais dinâmicas e sustentáveis.
Paris é conhecida por sua rede de transporte público eficiente, conectando diferentes modos, como trem, metrô, ônibus e até bicicletas públicas, de maneira a facilitar a mobilidade urbana. A maioria da população utiliza o transporte público como principal forma de locomoção: quase 60% dos deslocamentos na cidade são realizados via trem, metrô e ônibus. No entanto, apesar da oferta diversa de meios de transporte, ainda persiste o problema do transporte individual, predominante nas ruas da capital francesa.
Há mudanças em uma cidade que vão além da superfície. São projetos transformadores, com o poder de gerar um impacto ainda mais profundo do que as modificações estéticas e/ou de infraestrutura. Iniciativas que influenciam positivamente a economia, o meio ambiente e a comunidade que os recebe – de maneiras inesperadas ou até sem precedentes.
Cidades são peças fundamentais para o funcionamento de muitos países. Com o alto crescimento populacional das últimas décadas, os centros urbanos precisaram enfrentar uma série de desafios, sendo um dos principais deles planejar a mobilidade. No Brasil, com a sanção da Política Nacional de Mobilidade Urbana (PNMU), em 2012, as cidades brasileiras receberam novas diretrizes para planejar e guiar suas ações políticas para estabelecer uma mobilidade mais sustentável. Para isso, a PNMU determina a elaboração de Planos de Mobilidade Urbana para cidades com mais de 20 mil habitantes como requisito para o repasse de recursos orçamentários federais. Essa imposição visa, como consequência final, transformar as cidades e o modo como o brasileiro se desloca diariamente.
Muitas famílias que trabalham por longas horas gastam mais do que podem pagar em habitação e transporte, ficando com poucos recursos disponíveis para outros bens essenciais, como alimentação e cuidados com a saúde. Isso é um problema sério. Consequência, em parte, de políticas públicas que favorecem opções caras de habitação e transporte em relação a alternativas mais acessíveis.
Há quase dois anos, a América do Sul foi atingida por uma crise na saúde pública que afetou centenas de milhares de mulheres. No Brasil, mais de 2.600 crianças nasceram com microcefalia – uma malformação que torna o crânio menor do que o normal – e outras complicações resultantes da infecção pelo vírus Zika. Os brasileiros se acostumaram com o nome pouco familiar da doença, que se rapidamente se espalhou pelo nordeste do país e cruzou as fronteiras com Colômbia e Venezuela. Porém, à medida que a doença se tornou uma preocupação internacional, ficou claro também que se tratava de um problema muito maior para alguns grupos do que para outros.
Podemos dizer que a forma urbana é a “cara” que cada cidade tem. A organização dos espaços públicos e construídos é o que determina a forma urbana de uma cidade. Assim, uma cidade poderá ser dispersa – com baixas densidades populacionais, onde predomina o uso do transporte individual, gerando a necessidade de longos deslocamentos –, ou compacta, com densidades equilibradas e diferentes centralidades. Para atingir o segundo modelo, é fundamental o bom gerenciamento do uso e ocupação do solo, articulado ao planejamento dos sistemas de transporte coletivo.
Livros nos fazem crescer, nos dizem coisas que nunca pensaríamos, nos mostram lugares que nunca conheceríamos, nos ensinam. Ao mesmo tempo, uma pessoa pode viver sua vida inteira em uma cidade sem realmente enxergá-la ou percebê-la. Para isso temos os livros. Neste post selecionamos 26 títulos de autores brasileiros e estrangeiros, obras com propósitos variados, mas com duas principais temáticas: cidades e mobilidade urbana. É possível descrever cada rua, prédio ou espaço público em livros, pensar em como é a vida em meio ao urbano, como nos movemos e como tudo é planejado (ou não planejado).
O prefeito de Londres, Sadiq Khan, lançou esse mês o esboço do novo plano para a cidade que, segundo ele, marca uma ruptura com os planos anteriores. E ele não está exagerando, já que entre as novas metas a serem perseguidas até 2029 estão a quase completa proibição de estacionamentos para carros e a construção de 650 mil novas habitações. Enquanto o plano ainda está em sua versão inicial, os esforços da capital inglesa para conter a poluição do ar fazem avançar o processo de pedestrianização de uma de suas principais avenidas centrais, a Oxford Street, e até a apostar em biocombustível derivado do café para mover os ônibus pela terra da Rainha.