Mais de 1,2 bilhão de habitantes de cidades – uma de cada três pessoas que vivem em áreas urbanas – não têm acesso à moradia de forma acessível e segura. Esse déficit habitacional é um grande obstáculo para a economia e o meio ambiente. O impacto é severo na Ásia e na África, onde espera-se que 2,25 bilhões de pessoas se mudem para as áreas urbanas até 2050. Se tudo permanecer como está, as favelas crescerão em todos os países em desenvolvimento, ampliando a desigualdade e ameaçando o papel tradicional de motores do crescimento econômico exercido pelas cidades.
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Hora de confrontar o déficit habitacional nos centros urbanos
Cidades são mais vulneráveis às mudanças climáticas, mas têm o poder para combatê-las
Ainda que ocupem apenas 2% da superfície do planeta, ninguém questiona a importância das cidades. Elas concentram mais da metade da população mundial, produzem 80% do produto mundial bruto (PMB), são responsáveis por 78% do consumo mundial de energia e produzem 70% do total de emissões globais de gases de efeito estufa. Além disso, estão crescendo e, em pouco mais de 30 anos, devem abrigar 66% da população. Como contestar, então, que as áreas urbanas carregam a força do combate ao aquecimento global nas mãos?
Planos Diretores de A a Z
O portal TheCityFix Brasil, parceiro do ArchDaily, tem dado destaque à importância dos Planos Diretores na vida das pessoas e na dinâmica das cidades. Longe de ser um assunto corriqueiro em conversas diárias, esse instrumento tão valioso exerce uma influência permanente nos possíveis usos e desenvolvimento dos municípios. Para descrever toda a relevância e dimensão dos Planos Diretores, apresentamos alguns termos comumente utilizados nesse contexto.
Seis cidades e suas grandes ideias sustentáveis
As cidades concentram, atualmente, mais da metade da população mundial. Segundo dados da ONU, 54% da população vive em áreas urbanas, e esse número pode passar para 66% até 2050. A distribuição desse contingente, na maioria dos casos, ocorre de forma desigual, lotando as grandes cidades. Até 2014, 453 milhões de pessoas viviam nas 28 megacidades mundiais. Entre essas, 16 são asiáticas, quatro são latino-americanas, três são europeias, três são africanas e duas são norte-americanas. Fica claro, portanto, que as cidades possuem vital importância para as causas ambientais. Iniciativas criadas nos grandes centros urbanos podem ser replicadas mundialmente.
O jornal inglês The Guardian formou uma lista de sete cidades do mundo que colocaram em prática grandes iniciativas na busca pelo desenvolvimento urbano sustentável.
Como o planejamento urbano influencia nosso dia a dia
Os Planos Diretores (PDs) são instrumento básico da política de desenvolvimento de uma cidade. É a legislação que define as diretrizes para a gestão territorial e a expansão dos municípios. Ao longo das últimas décadas, as cidades brasileiras passaram por um rápido processo de urbanização, que não foi acompanhado por um bom processo de planejamento. Cidades que se desenvolvem à revelia de um bom planejamento tornam-se áreas urbanas dispersas, distantes e desconectadas.
Mas o que realmente está em jogo quando falamos em planejamento urbano e Planos Diretores? De que forma as diretrizes estabelecidas na legislação impactam o dia a dia nas cidades?
Barcelona planeja uma transformação verde para tratar problemas climáticos
Barcelona, a segunda maior cidade espanhola, já virou referência em muitos aspectos devido ao planejamento urbano voltado às altas densidades, às medidas de redesenho urbano e a ações pela qualidade de vida da população. Grande parte das iniciativas fazem parte dos esforços para combater a poluição do ar e seus consequentes problemas. Agora, ao observar a distribuição dos espaços verdes, Barcelona traçou um plano que deverá transformar a cidade.
Lições de Londres: os riscos e benefícios do crescimento urbano compacto
Islington é a área mais densa do Reino Unido – no entanto, ao vagar pelas ruas tranquilas do bairro no norte de Londres, é difícil imaginar quantas pessoas vivem ali. Belos terraços, praças elegantes e uma série de parques disfarçam o fato de que são quase 14 mil pessoas por quilômetro quadrado na região.
Medidas de eficiência para edificações podem ajudar o país a cumprir metas de sustentabilidade
Pensar em metas climáticas remete geralmente à busca por soluções no transporte das grandes cidades ou na queima de carvão nas indústrias, por exemplo. Mas resultados muito importantes no processo de combate ao aquecimento global podem vir de uma área ainda pouco explorada: a eficiência em edificações. A relevância deste setor se comprova em números. De acordo com dados do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP), as construções respondem por 30% das emissões globais de CO2 induzidas por seres humanos. Sendo a redução de gases de efeito estufa (GEE) a principal meta de tratados internacionais, como o Acordo de Paris, medidas que promovam a sustentabilidade em edificações podem ter um peso muito importante para o Brasil cumprir suas metas.
Cinco estratégias para prefeitos melhorarem a vida pública segundo Jan Gehl
A beleza e o lúdico da “vida pública” passam muitas vezes despercebidos em meio à rotina. Porém, o contato com os espaços públicos ocorre todos os dias desde os momentos mais usuais, como esperar o ônibus em um ponto, até os programas de final de semana, como passear no parque. A vida pública interfere diretamente no bem-estar das pessoas e deve ser tratada com seriedade por gestores urbanos. Pensando nisso, o incansável defensor das cidades para pessoas, Jan Gehl, lançou o Guia do Prefeito para a Vida Pública (“A Mayor’s Guide to Public Life”) , onde ele apresenta cinco estratégias sobre como promover a vida pública.
O que gera a densidade urbana e quais os efeitos do adensamento nas cidades
Estima-se que as aglomerações humanas em espaços fixos passaram a ser o modelo dominante (em relação às comunidades nômades) há cerca de 15 mil anos, com o domínio de atividades como a agricultura e a domesticação de animais para pecuária. Desde esses primeiros assentamentos, passando pelos burgos e chegando às áreas urbanas que conhecemos hoje, um traço em comum definiu o que entendemos por cidades: são, antes de tudo, aglomerações de pessoas.
A maioria das cidades brasileiras apresentam boas condições de mobilidade
Com mais de 70% da população mundial vivendo em cidades até 2050, a qualidade de vida e a saúde da população dependem das medidas tomadas hoje nos centros urbanos. Com o propósito de oferecer um instrumento para avaliação e formulação de políticas públicas no Brasil, o Observatório das Metrópoles desenvolveu o Índice de Bem-Estar Urbano dos Municípios Brasileiros (IBEU-Municipal). A ferramenta apresenta um levantamento inédito sobre as condições urbanas dos 5.570 municípios brasileiros, a partir da análise de dimensões como mobilidade, condições ambientais urbanas, condições habitacionais, atendimentos de serviços coletivos e infraestrutura.
Cada árvore importa: cidades passam a priorizar a arborização urbana
Além de contar pessoas, automóveis e quilômetros de infraestrutura, as cidades hoje começam a contar árvores. As florestas urbanas, se inseridas no planejamento dos municípios, significam mais uma ferramenta de combate às mudanças climáticas. Além disso, a artificialidade e a falta de conexão com a natureza que muitas cidades apresentam estão relacionadas diretamente a diversos problemas de saúde da população.
As árvores nas cidades sempre foram queridas pela população por embelezar os espaços públicos. No entanto, elas contribuem de maneira muito mais ampla, com impacto na sustentabilidade econômica, social e ambiental das cidades. Através de pesquisas imobiliárias, é possível perceber que as pessoas são atraídas por ruas ou bairros mais verdes, onde elas preferem viver e trabalhar. Além dos atributos visuais, um espaço arborizado pode diminuir o estresse ao criar ambientes mais calmos e propícios ao exercício físico e o transporte ativo.
Seis princípios para tornar as cidades mais seguras a partir do desenho urbano
É assustador o fato de que 1,25 milhão de pessoas morrem a cada ano em acidentes de trânsito. Diversos fatores contribuem para esse alto índice, porém a maneira como as cidades são construídas é a principal responsável por esse cenário. E se um guia prático pudesse ajudar as cidades a salvarem mais de 100 pessoas por dia? O Nossa Cidade deste mês tratará do tema Segurança Viária. Para começar, apresentamos as soluções propostas pela publicação O Desenho de Cidades Seguras.
Elaborado pelo WRI Ross Centro para Cidades Sustentáveis, o guia fornece aos gestores e projetistas um compilado de orientações e exemplos de intervenções no desenho viário que ajudam a reduzir os acidentes e as mortes no trânsito. O Brasil é, atualmente, o quarto país que mais mata no trânsito. Essas fatalidades custam cerca de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Outras economias emergentes como México, Indonésia, Turquia e China também têm grandes prejuízos econômicos com as mortes no trânsito. São também nos países de baixa e média renda em que 90% das fatalidades em acidentes ocorrem.
6 livros de ficção para refletir sobre as cidades
Se uma cidade não foi usada por um artista, nem mesmo os habitantes vivem lá de maneira imaginativa”, disse o escritor Alasdair Gray em seu primeiro e mais conhecido romance, Lanark: uma vida em quatro livros, cuja história se passa em uma Glasgow fantasiosa. A frase de Gray, citada neste artigo do Next City, convida à reflexão sobre as várias formas que a ficção encontra para elaborar o meio urbano ao longo do tempo.
Cenários urbanos utópicos e distópicos são representados tanto na literatura quanto em filmes, quadrinhos, séries de televisão e videogames. O serviço que essas construções imaginárias prestam, muitas vezes, é o de explicitar a inquietação e a insatisfação ao mesmo tempo que expõe aspirações e esperanças de novos espaços e arquiteturas: novas cidades.
Espaços Públicos: o que o planejamento urbano pode ganhar com a tecnologia
Ao longo das últimas décadas, o mundo viveu o crescimento da população urbana, que até 2050 deve chegar a dois terços da população mundial. Em paralelo, novos avanços tecnológicos facilitaram, otimizaram e/ou automatizaram uma série de atividades do nosso dia a dia. No entanto, mesmo com o número cada vez maior de pessoas vivendo nas cidades e a evolução da tecnologia, o planejamento urbano não se modernizou no mesmo ritmo, e ainda não somos capazes de construir espaços verdadeiramente propícios ao nosso bem-estar e felicidade.
A priorização do transporte motorizado, entre outros fatores, continua a gerar ambientes urbanos prejudiciais à saúde física e mental e sem a resiliência necessária para se adaptar ao futuro. Em uma de suas citações mais famosas, Jan Gehl comentou que “nós sabemos mais sobre o que são ambientes saudáveis para gorilas, tigres siberianos e ursos-pandas do que sabemos sobre um bom ambiente urbano para o homo sapiens”. Apesar de vivermos hoje na era do big data, a qualidade dos dados que possuímos sobre as cidades ainda é consideravelmente pobre. São dados que carecem de substancialidade e são, em sua maioria, desatualizados – e mesmo assim é a partir dessas informações que ainda formulamos as normas e políticas que orientam a construção de nossas cidades.
Ilusão de ótica, grafite e luzes: arte em faixas de pedestres contribui para a segurança viária
Uma artista indiana resolveu usar seu talento para tentar ajudar a reduzir as mortes no trânsito em seu país. Graças a um tráfico heterogêneo, que mistura diferentes tipos de veículos em alta velocidade, mais de 230 mil pessoas morreram em acidentes de trânsito na Índia, segundo relatório da Organização Mundial de Saúde de 2013. Aproximadamente metade das vítimas era de usuários vulneráveis das vias – motociclistas, pedestres e ciclistas.
Medidas radicais e urgentes precisam ser implementadas no país, mas uma simples ideia, de Saumya Pandya Thakkar, pode ser responsável por salvar vidas. A artista de 28 anos, com a ajuda de sua mãe, Shakuntala Panya, criou faixas de pedestres com técnicas de ilusão de ótica. O motorista tem a impressão de estar se aproximando de blocos de concreto, o que o leva a diminuir a velocidade.
Espaços Públicos: a transformação urbana com a participação da população
Nada se mantém intacto sem conservação e preservação. Com as áreas urbanas isso não é diferente. Num momento em que o mundo busca qualificar as cidades em prol do meio ambiente e da saúde da população, projetos de transformação urbana desempenham um papel importante. Diferentes formas de intervenções nas cidades podem alterar áreas construídas ou espaços públicos com o objetivo de tratar questões sociais ou até reativar a economia local.
Espaços Públicos: o valor econômico e o valor simbólico
As ruas dão a cara de uma cidade. É onde tudo acontece, é onde a comunidade convive. Junto a elas, os parques e praças transformam a vida urbana no que diz respeito ao bem-estar e a saúde da população. A qualidade desses espaços públicos os valorizam, promovendo uma série de consequências sociais e econômicas. As pessoas são atraídas por locais onde elas se sintam mais à vontade e que gerem um sentimento de pertencimento. Negócios e investimentos também são atraídos por locais bem estruturados, mantidos e administrados. Uma cidade que busca a qualidade de vida das pessoas e, ao mesmo tempo, a competitividade global precisa estar atenta às tendências da agenda urbana. A necessidade de criar comunidades vibrantes, saudáveis e que priorizam o transporte sustentável leva as cidades a se repensarem e a se redesenharem por um futuro onde o espaço público e do público sejam tratados como prioridades no planejamento urbano.