6 cidades de importância política construídas do zero

Sob a ameaça do fim da hegemonia de 1046 anos do Cairo como capital do Egito, mês passado o governo do Egito anunciou suas intenções de criar uma nova capital, ainda a ser nomeada, a leste do Cairo. A promessa da "Nova Cairo", com uma escala absurda de mais de 700 quilômetros quadrados, atraiu manchetes ao redor do mundo; um empreendimento de 45 bilhões de dólares em habitação, comércio, marcos emblemáticos - entre os quais um parque temático maior que a Disneylândia - projetados para atrair turistas de todas as partes do globo. E é claro, os planos incluem a promessa de residências para, pelo menos, 5 milhões de residentes, com um vasto número de escolas, hospitais e edifícios religiosos e comunitários que uma cidade moderna requer, fazendo a nova capital do Egito a maior cidade planejada da história.

A ideia de construir uma nova cidade capital surgiu em diversos governos na história; uma forma de começar do zero, estimular a economia e colocar visões próprias de mundo em pedra e concreto. Até mesmo a antiga Cairo foi fundada com propósito de ser a cidade capital, embora o desenho urbano tenha sido alterado desde então. E continua a mudar hoje; veja a lista completa de diferentes formas de construir uma cidade totalmente nova, a seguir.

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Canberra

A Casa do Parlamento 1988. Imagem © Jason James

Notoriamente uma solução para a rivalidade entre Sydney e Melbourne, a modesta Canberra foi fundada em 1913 como capital da recém federada comunidade da Austrália. Em contraste à frenética construção recente de cidades planejadas, a construção de Canberra desenvolveu-se de forma lenta, condizente com a tranquila e arborizada cidade planejada. Desenhada pela equipe do casal Walter Burley e Marion Mahony Griffin, a capital é composta por formas geométricas implantadas ao longo da topografia da cidade, assim, a cidade é conformada por características naturais da paisagem, com grande extensões de parques e vegetação. Infelizmente, o plano de cobrir cada um dos três principais morros com flores com as cores primárias (adotando o termo "cidade jardim" de forma bastante literal) nunca chegou a ser concretizado.

View of the 'bush capital' on the lake. Image © J.J. Harrison

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Brasília

Catedral Nacional. Imagem © Andrew Prokos

A utopia modernista do Brasil é possivelmente a cidade planejada mais famosa do mundo. Com uma população que chega a quase 2.5 milhões após 55 anos desde sua fundação em 1960, é certamente uma das experiências de maior sucesso nos simples termos de estatística populacional. O plano de mudar a capital do Rio de Janeiro remete aos tempos do Império do Brasil em 1827, e a cidade no centro do país foi uma forma de proclamar a modernidade brasileira incorporando as regiões de uma forma que Rio de Janeiro não podia.

O Eixo Monumental. Imagem © Limongi

A capital literalmente monumental do Brasil é a imagem que define a cidade modernista desenhada por Lucio Costa e em com projetos do titã modernista brasileiro Oscar Niemeyer. Com foco numa disposição eficiente de vias e alto padrão de vida tanto para ricos quanto pobres nas áreas residenciais rigorosamente definidas, a cidade atraiu e segue atraindo elogios e críticas a seus objetivos e sua implementação mas, sem dúvidas a cidade teve um enorme impacto no planejamento urbano nos anos desde sua criação.

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Chandigarh

Vista Aérea de Chandigargh. Imagem Cortesia de Chandigarh Urban Lab, Universidade de Washington no Google Earth original

Se existe alguma cidade que pode competir com as credenciais modernistas de Brasília, é Chandigarh, planejada por Le Corbusier. O Estado de Punjab demandou uma nova capital depois que a antiga capital Lahore tornou-se parte do Paquistão na separação de 1947. Os terríveis eventos da separação tornaram-se parte da raison d’etre da capital do país, tanto que Le Corbusier usou sua escultura da Mão Aberta para posicionar Chandigarh como símbolo da paz e reconciliação que todos esperavam como conseguintes de seu contexto de fundação.

© Flickr user Ben+_+

Chandigarh é uma das cidades mais ricas da Índia, com uma qualidade de vida que é inigualável no país. O enquadramento da cidade contra as montanhas, espaço verde e planejamento hierárquico de vias, fazem a cidade muito diferente dos projetos anteriores de Le Corbusier como a Ville Contemporaine e a Ville Radieuse, mas nesse caso, ele usa claramente a geografia natural do lugar para informar e graduar a escala de sua cidade modernista de fome a humanizá-la.

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Islamabad

A mesquita Faisal Islamabad. Imagem © Flickr user umairadeeb

Também fundada como parte do legado da separação de 1947, a capital paquistanesa Islamabad foi construída a partir do desejo de balancear o desenvolvimento pelo país e afastar o governo da costa, facilmente atacável. A cidade planejada foi feita sob a ideia de que áreas urbanas deveriam ser cientificamente construídas e deveriam ser replicadas como modelos de crescimento conforme a necessidade - uma capital modelo para um país que se considerava um "país modelo de desenvolvimento". Este design para crescimento foi recebido de forma plena, e a capital hoje é lar de 2.2 milhões na área metropolitana.

Vista de Islamabad. Imagem © Wikimedia user Fraz.khalid1

O sistema triangular de redes de Constantino Doxiadis foi organizado em setores, algo que nem sempre resultou em sucesso: a ideia de um design de distritos modelo, flexíveis construídos não se relacionou muito bem com os setores hierárquicos regulados de forma tão rígida, separando diferentes classes - empregados do governo tinham sua acomodação própria distante do resto da cidade aloucada para eles.

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Naypyidaw

O complexo Pyidaungsu Hluttaw (Assembléia da União). Os edifícios não são acessíveis ao público, mas os jornalistas foram autorizados a assistir às sessões. Imagem © Abhisit Vejjajiva

A capital do Myanmar foi movida de Yangon para o centro do país há apenas dez anos atrás, em 2005 - criando, de acordo com a ONU, uma das cidades com crescimento mais rápido do mundo com uma população oficial de quase um milhão. Apesar de ser um dos países mais pobres do sudeste da Ásia, a capital do Myanmar se mantém bem, com uma conturbação paisagística cobrindo um escalonamento de 2.700 milhas quadradas, com estradas de até 20 pistas. Apesar dos rumores de um orçamento de 4 bilhões de dólares empalidece em comparação ao orçamento de 45 bilhões do Cairo, a cidade incluiu um complexo parlamentar monumental de 31 edifícios e o Uppatasanti Pagoda, uma réplica oca do famoso Shwedagon Pagoda de Yangon.

Outra via em Naypyidaw. Imagem © Wikimedia user Hybernator

O governo do Myanmar alegou ter criado a nova capital em resposta à superlotação da antiga capital, que rapidamente vinha crescendo, e sua inabilidade de expandir os escritórios governamentais que seguiam localizados em edifícios decadentes da era colonial. Naypyidaw é também localizada próxima ao exato centro do país, tornando-se uma zona de transporte; no entanto, isto não parou algumas especulações acerca do fato da capital ter mudado por razões de segurança, dada a relutância em abrir partes da cidade para os jornalistas.

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Astana

Fundada como assentamento russo em 1830, a capital do Cazaquistão mudou-se em 1997 e demandou a construção de órgãos governamentais, transformando a face da economia da cidade, adicionando um distrito governamental novo em folha de quase 80 milhas quadradas para uma população de cerca de 340.000 pessoas. A nova capital foi equipada com a intenção de criar uma nova cidade global: um shopping center de Norman Foster forjado como uma enorme tenda de prata, um espelho comercial de outro projeto de Foster, Astana, a Pyramid of Peace and Accord, com 77 metros de vidro, além do teatro feito pelo arquiteto italiano Manfredi Nicoletti e, é claro, o próprio plano urbano, pelo arquiteto japonês Kisho Kurokawa.

O Palace of Peace and Reconciliation, por Norman Foster. Imagem © Flicker user ninara

Kurokawa foi escolhido para criar uma cidade internacional de ponta (a tentativa anterior de encontrar arquitetos nativos soviéticos foi vista como retrógrada), que poderia quebrar com o passado soviético e atrair a atenção mundial de uma forma que a antiga capital, Almaty, nunca pode. Seguindo a filosofia radical pós-moderna de Kurokawa, a capital tornou-se conhecida pelos edifícios futuristas e a tentativa do arquiteto de criar um ambiente que refletisse a vida e independência do Cazaquistão.

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Sobre este autor
Cita: Goodwin, Dario. "6 cidades de importância política construídas do zero" [6 Politically Motivated Cities Built From Scratch] 10 Abr 2015. ArchDaily Brasil. (Trad. Daudén, Julia) Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/764820/6-cidades-politicamente-motivadas-construidas-do-zero> ISSN 0719-8906

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