Na sombra do tsunami: navegando no metaverso

Atualmente, o metaverso é difícil de ser definido. Tente pensar nisso como a união da abundância de comunidades virtuais que criamos ao longo dos anos no Facebook com a enorme variedade de oportunidades de lazer semelhantes às compras na Amazon. No entanto, o metaverso vai muito além disso e torna possível um novo tipo de cenário trabalhando com as próprias qualidades de placemaking que conhecemos das cidades, vilas e aldeias que habitamos em todo o mundo. 

O metaverso é um espaço transacional e, talvez, acima de tudo, um espaço experiencial onde acontecimentos inesperados ocorrem e, principalmente, eventos compartilhados são desfrutados de forma individual e comunitária.

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Cortesia de Form4 Architecture and Downtown

A escala dessa nova paisagem e seu impacto em nossa compreensão do virtual são difíceis de assimilar neste estágio. Ainda estamos em uma fase de desenvolvimento do metaverso. O propósito desta série de artigos sobre o metaverso é transmitir o potencial deste novo mundo, bem como entender suas restrições. Como arquitetos, a maneira a qual o metaverso se relaciona com a fisicalidade do nosso mundo - tanto natural quanto construído - é, obviamente, de profundo interesse e representa um potencial quase infinito para criar mudanças. Culturalmente, tem potencial de nivelar o campo de acesso a grupos de pessoas de uma ampla variedade de contextos socioeconômicos sem as limitações geográficas ou custo... ou até mesmo idioma.

Para definir esse cenário imagine que estamos pegando uma onda - pranchas de surfe novas e brilhantes sob nossos pés - voltando para casa em direção a uma praia idílica. De repente, sentimos um calafrio, e notamos uma sombra cruzando nossas pranchas… Seguimos em frente com vontade renovada de terminar esta empreitada desimpedidos, ansiosos para chegar com segurança. Mas, se pudéssemos nos virar, veríamos não uma nuvem, mas uma onda, não uma onda comum, mas uma onda sem precedentes elevando-se a uma altura aparentemente infinita acima de nós… silenciosa, imutável na força de sua vontade. A enorme massa deste tsunami é assustadora. Mas, por enquanto, tudo o que podemos ver é a água subindo contra a costa. Uma costa que parece quase inalcançável. Estamos agora na sombra do maremoto e inconscientes da magnitude do que está por vir. Qualquer coisa pode acontecer.

Este, claro, é um exemplo altamente dramático do poder do metaverso. Como arquiteto, pode ser mais natural imaginar-se caminhando por uma rua movimentada de alguma cidade distante. Embora os aspectos da rua pareçam familiares, você nunca esteve aqui antes e, no entanto, se sente confortável, seguro e bem-vindo. Há uma vantagem convincente, você pode sentir nos rostos das pessoas ao seu redor - elas parecem vivas e interessantes. As lojas dos dois lados da rua oferecem uma grande variedade de tentações: roupas, livros, entretenimentos e também experiências inusitadas.

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Cortesia de Form4 Architecture and Downtown

Hoje, você se encontra a caminho da inauguração de uma galeria de arte, a 15 minutos de caminhada por esta rua. Um amigo querido está exibindo seu trabalho na galeria - já faz um ano - e você sente orgulho e ansiedade. Para sua surpresa, você vira a esquina e se depara com um grupo de amigos, que você pensava estar em uma viagem a Veneza. Você passa os próximos vinte minutos em um parque cheio de pessoas andando de hoverboard. Elas experimentaram essa onda? Você se atualiza sobre o que suas vidas têm sido desde a última vez que se encontraram. As histórias compartilhadas são ricas e variadas. Um deles até fez uma viagem ao sul da França em busca de castelos. Você vai até a galeria, explorando as obras de arte que seu amigo criou, comemorando seu sucesso. A galeria é um espaço espetacular, um refeitório convertido em um venerável mosteiro. As vigas da abóbada têm quatrocentos anos de idade, com entalhes ornamentados nas bordas de cada uma delas.

Isso aquece seu coração e, no entanto, sua teatralidade serve para lembrá-lo de que nada está fisicamente presente nessa experiência. As últimas três horas foram completamente passadas online em um mundo virtual. Um mundo que, de muitas maneiras, é mais rico e intensamente interessante do que sua existência normal. Embora grande parte dessa experiência seja programada, com base em um algoritmo que você configurou no mês passado, partes dela são totalmente inesperadas. Nesta noite em particular, seu amigo artista estava, na verdade, na galeria física nos arredores de Florença, assim como metade das pessoas que você conheceu e conversou na inauguração.

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Cortesia de Form4 Architecture and Downtown

O poder do metaverso residirá em sua habilidade na interseção dos mundos físico e virtual, por meio de tais ambientes experienciais atraentes e existentes. É importante ressaltar que seu poder gira em torno da criação de um novo senso de lugar e comunidade que, no entanto, é duradouro, significativo e baseado em laços emocionais profundos. Estes são estabelecidos com as estruturas, atividades e pessoas que ali existem. É isso que faz você voltar sempre que pode... a esse lugar de infinitas ilusões.

Snow Crash, de Neal Stevenson, é o romance de ficção científica que cunhou a palavra metaverso. O livro foi publicado em 1992, mas como mencionado anteriormente, ainda estamos na fase de pré-lançamento do metaverso. Existem tentações em participar, rumores de novos softwares e imagens espetaculares de IA que parecem surgir do nada. As grandes empresas estão, de fato, comprometendo quantidades impressionantes de capital e trabalho para serem as primeiras, ou as melhores, a se estabelecerem como "O Portal para o Metaverso". É uma corrida empreendedora épica para se tornar a força dominante que moldará nossas vidas de maneiras desconhecidas.

A interação no espaço virtual tem uma qualidade de entretenimento que conhecemos no mundo dos jogos. Quando se trata de consumo e compras ou assistir a shows, exposições e eventos esportivos, o metaverso não é apenas sobre facilidade, é mais importante se DIVERTIR e se envolver em um nível experimental. É um afastamento deliberado e dinâmico de um espaço amplamente bidimensional e transacional, como a Amazon, onde você procura por coisas da mesma forma que faria ao procurar algo em uma enciclopédia, um menu ou um catálogo. Ele também tem o poder de criar um senso de comunidade, como o Facebook faz, mas em um outro nível de intensidade, seremos mudados para sempre. No metaverso, você pode entrar em um mundo que tem as propriedades de transporte como o Google Street View; abrindo as portas e portões para todas aquelas fachadas e parques. De forma crítica, esse novo mundo atraente do metaverso e o papel da IA nele levantarão questões revolucionárias sobre como experimentamos os espaços e, por sua vez, o que significa profundamente ser humano.

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Cortesia de Form4 Architecture and Downtown

"In the Tidal Wave’s Shadow - Navigating The Metaverse" foi escrito pelo arquiteto John Marx, AIA, fundador e diretor artístico da Form4 Architecture, uma premiada empresa de São Francisco que projeta edifícios, campi e interiores para empresas de tecnologia como Google e Facebook, laboratórios para clientes de ciências naturais e locais de trabalho para várias outras empresas. De 2000 a 2007, Marx ministrou um curso sobre o tema placemaking no ciberespaço da Universidade da Califórnia, em Berkley, e em 2020 desenhou seu primeiro projeto no metaverso para o evento Burning Man, "The Museum of No Spectators". No ano seguinte, John Marx liderou uma equipe de arquitetos encarregada de criar um portal de $ 500 bilhões para o metaverso.

Este artigo é o primeiro de uma série com foco na Arquitetura do Metaverso. O ArchDaily colaborou com John Marx, AIA, arquiteto fundador e diretor artístico e de projetos da Form4 Architecture, para trazer a vocês artigos mensais que buscam definir o metaverso, transmitir o potencial desse novo mundo e entender suas restrições.

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Sobre este autor
Cita: Marx, John. "Na sombra do tsunami: navegando no metaverso" [In the Tidal Wave’s Shadow: Navigating The Metaverse] 26 Fev 2023. ArchDaily Brasil. (Trad. Ghisleni, Camilla) Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/996057/na-sombra-do-tsunami-navegando-no-metaverso> ISSN 0719-8906

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