Nos últimos meses, a comunidade de arquitetura vem tentando trazer sua contribuição para a luta contra a pandemia. A disseminação global dessa crise pode ter desencadeado um esforço coordenado e, mais visível, mas não é a primeira vez que os profissionais se mobilizam em momentos de crise. Ao longo dos anos, desastres naturais e emergências fizeram com que vários arquitetos se envolvessem em iniciativas de auxílio a desastres, bem como em uma ampla gama de ações humanitárias. Neste artigo, analisaremos diferentes ocasiões em que arquitetos e iniciativas contribuíram de forma significativa, ajudando as comunidades afetadas a superar as dificuldades.
Andreea Cutieru
Sou uma arquiteta residente em Bucareste com um grande interesse na complexidade programática da arquitetura contemporânea, e sou apaixonada por arquitetura que aumenta o capital social e a qualidade de vida. Vejo o espaço arquitetônico como um potencial catalisador para a interação social e me inspiro na possibilidade de possibilitar conexões humanas por meio do design.
Quando arquitetos se mobilizam em tempos de crise
Recursos online gratuitos para conhecer e se aprofundar em inteligência artificial
Dado que a Inteligência Artificial, ao longo dos últimos anos, passou a ser uma das principais forças motrizes no âmbito da inovação tecnológica e no desenvolvimento econômico – provocando ainda uma revolução nas relações sociais–, ela tem exigido de todos nós a aquisição de novos conhecimentos e um conjunto adicional de habilidades. Assim como o domínio de pelo menos um software BIM passou a ser um pré-requisito para a maioria dos postos de trabalho no setor da arquitetura e construção, ter uma compreensão mínima ou até mesmo saber como utilizar ferramentas de IA já é algo que se espera de um arquiteto, e provavelmente, muito em breve, passará a ser mais um dos tantos requisitos exigidos de um arquiteto em uma entrevista de emprego. Entretanto, em meio ao oceano de informações disponíveis, como podemos começar a navegar neste universo? A seguir, organizamos uma lista de recursos disponíveis online, com palestras e cursos gratuitos, os quais nos permite melhor compreender de que maneira podemos nos beneficiar das tecnologias de IA e como aplicá-las à nossa prática profissional.
Como o espaço público mudou em 2020?
A pandemia proporcionou uma circunstância única para experimentos em escala urbana com relação à mobilidade, enquanto as respostas imediatas mostraram o poder transformador do urbanismo tático. Em muitas cidades, as medidas destinadas a garantir o distanciamento social devem ser mantidas após a pandemia, abrindo caminho para a recuperação com menos trânsito e mais atividades ao ar livre. Como a pressão de repensar ruas, funções e sistemas de transporte transformou o espaço público em 2020?
As tendências de arquitetura potencializadas ou reconsideradas em 2020
O ano de 2020 provavelmente será difícil de esquecer, um ano onde tudo parece ter virado de cabeça para baixo, transformando nossas rotinas e a maneira como nos relacionamos com as outras pessoas e com os espaços construídos. A atual crise sanitária mundial trouxe à tona uma série de especulações sobre como será a nossa vida no futuro. Neste momento de encerramento e recomeço, percebemos cada vez mais que a pandemia foi responsável por acelerar algumas das tendências que já se desenhavam no campo da arquitetura e mais do que isso, questionando muitas ideias já bem estabelecidas.
Diluindo os limites entre arquitetura e desenho de mobiliário
Uma nova tendência de design, inserida entre os domínios da arquitetura e do design de interiores, está transformando a relação entre estas duas disciplinas ao estabelecer objetos capazes de definir e moldar nossos espaços interiores, criando ambientes dinâmicos e altamente flexíveis. Fugindo à qualquer tipo de categorização, tal prática está aproximando duas disciplinas historicamente não muito distantes: a arquitetura e o design. Com cada vez mais frequência nos deparamos com projetos que transitam entre a arquitetura em pequena escala e o design em grande escala, ou melhor, com objetos que não são nenhuma coisa nem outra, ou talvez, que sejam as duas coisas ao mesmo tempo. Quer seja uma consequência da crescente necessidade por espaços cada vez mais flexíveis e compactos ou de uma resposta arquitetônica aos novos desafios de uma sociedade cada dia mais digitalizada, estes projetos estão abrindo caminho para uma extrema versatilidade do espaço habitado.
O que 2020 significou para a crise climática e ambiental?
Durante o primeiro lockdown, o mundo inteiro parece ter parado ou ao menos, diminuindo de ritmo. Alguns ambientalistas foram rápidos em afirmar o lado positivo daquela situação: nunca antes havíamos presenciado uma queda tão significativa nas emissões de dióxido de carbono na atmosfera do nosso planeta. Entretanto, essa circunstância durou pouco—ou quase nada. Considerando a atual conjuntura no que se refere ao agravamento das consequências do aquecimento global, o que este ano atípico pode ter significado quanto aos esforços para combater a crise climática?
Sete arquitetos renomados compartilham reflexões e opiniões sobre arquitetura, cidades e comunidades
O Louisiana Channel, plataforma digital do Museu de Arte Moderna da Louisiana, tem estimulado, ao longo dos anos, debates sobre arquitetura, arte e o mundo criativo em geral. A série de arquitetura oferece uma visão fascinante do processo de reflexão de arquitetos ilustres e seu trabalho. A seguir, compilamos sete das entrevistas mais inspiradoras publicadas pela plataforma este anos, sobre assuntos tão variados como cidades, filosofia e projeto.
Fotógrafo usa câmeras pinhole para registrar obras do escritório Miró Rivera
Convidado por Miró Rivera Architects para documentar a obra construída do escritório, o fotógrafo belga Sebastian Schutyser decidiu empregar uma técnica bastante incomum mas que vem ganhando mais e mais adeptos ao redor do mundo. As imagens criadas pelo fotógrafo, criadas com o auxílio de uma câmera pinhole, são capazes de revelar à perfeição o diálogo construído entre a arquitetura e a paisagem, característica marcante nas obras do estúdio com sede em Austin, Texas.
Arquitetura especulativa: quais são as versões contemporâneas do pensamento radical dos anos 60?
Na medida em que as forças que moldam nosso ambiente construído mudam, envolvendo, nesta mudança, tecnologia, redes e sistemas complexos, profissionais da arquitetura precisam visualizar mais do que o espaço físico; precisam produzir narrativas sobre como operar melhor dentro dessa nova paisagem social. Nesse contexto, a arquitetura especulativa parece nunca ter sido tão crítica. Este artigo examina os meios que atualmente questionam as condições do ambiente construído e explora novas possibilidades arquitetônicas.
Da faculdade à prática: o caminho percorrido por arquitetos famosos e emergentes
A escola de arquitetura é, acima de tudo, um território de experimentação e descobertas, um lugar onde futuros profissionais começam a desenvolver suas principais ideias e a pavimentar o seu próprio caminho. Ao longo de seus anos de estudo, os futuros arquitetos e arquitetas aprendem a lidar com problemas e assuntos complexos, a confrontar-se com os principais desafios da vida profissional. Isso significa que é neste momento que os alunos começam a construir sua própria identidade como arquitetos, a cristalizar seus próprios valores e a desenhar o rumo que a sua carreira irá tomar. Neste artigo nos perguntamos como o aprendizado e as experiências vividas dentro da universidade se refletem na carreira de um arquiteto? Fazendo uma viagem no tempo, visitamos o passado de alguns importantes nomes da arquitetura contemporânea para melhor entender como se deu a sua transição da escola para a prática, verificando as reverberações de sua formação em seus primeiros projetos profissionais e no futuro desenvolvimento de suas carreiras.
A arquitetura brutalista que moldou as paisagens urbanas da Polônia
Ao longo dos últimos anos assistimos a uma (re)descoberta de um dos principais e mais fascinante capítulos da história da arquitetura moderna. O concretismo puro e explícito de uma arquitetura comumente chamada de brutalista passou a despertar um interesse tão significativo quanto previsível na comunidade internacional de arquitetos e amantes da arquitetura. Acontece que, este fenômeno o qual costumamos chamar de “brutalismo soviético”, encontra-se indissociavelmente conectado ao contexto político totalitário e opressor que o viu nascer. Não é de se espantar que, na maioria dos países que estiveram sob influência e domínio soviético até o final da guerra fria, esta face da arquitetura seja muitas vezes tratada com um certo ceticismo, quando não com repudia e desprezo. Neste contexto, a paisagem urbana e arquitetônica de um país como a Polônia não poderia ser menos complexa e fascinante.
Monumentalidade ressignificada: a transformação da arquitetura e dos espaços públicos do leste europeu
Remanescentes do período de ocupação soviética, espaços urbanos monumentais e representativos de muitas das cidades do chamado Bloco de Leste Europeu ainda constituem um legado desafiador, tanto para seus cidadãos quanto para os arquitetos que nestes contextos projetam seus edifícios e espaços. Em completo desacordo com ambientes urbanos contemporâneos, regidos por valores democráticos e sociais, estes espaços ainda hoje representam um problema a ser resolvido. Edifícios e espaços públicos ideologicamente carregados estão aos poucos sendo recuperados, reconciliando os cidadãos com sua própria história—um passado que muitas vezes tende a ser esquecido e até apagado. Neste contexto, a (re)introdução da escala humana tem auxiliado arquitetos e urbanistas a restaurar a vitalidade dos espaços públicos destas cidades.
Arquitetura e natureza: estratégias de intervenção em paisagens sensíveis
A intervenção humana sobre a paisagem natural é em si, algo contraditório. Se por um lado a arquitetura nos permite um acesso imersivo ao ambiente natural, por outro, edificar sobre a paisagens sensíveis significa despojá-la de sua própria essência. Portanto, ao considerarmos a arquitetura como um artifício que normatiza a presença humana na paisagem natural, o ato de construir implica também estarmos conscientes das múltiplas escalas envolvidas e, acima de tudo, de que a arquitetura—especialmente nestes contextos—é a nossa principal ferramenta para estabelecer os limites entre o acesso à paisagem e a preservação do meio ambiente. Explorando uma variedade de diferentes abordagens e estratégias formais de projeto, apresentaremos à seguir uma série de importantes lições apreendidas através de experiências concretas realizadas por distintos arquitetos e escritórios de arquitetura, experimentos que nos ensinam outras formas de abordar as relações entre a arquitetura e a paisagem.
Paisagens desumanizadas: arquiteturas construídas para as máquinas
Centros de processamento de dados, linhas de produção automatizadas, torres de telefonia e depósitos são algumas das principais tipologias utilitárias que povoam o nosso ambiente construído, infra-estruturas cada vez mais importantes para o desenvolvimento da vida cotidiana. Ainda que estejam longe de tangenciar o interesse da maioria dos arquitetos e arquitetas, estas tipologias estão se fazendo cada dia mais presentes em nossas vidas e, consequentemente, no discurso arquitetônico — levantando questões sobre como podemos dar um novo significado à estas estruturas que sustentam as engrenagens da nossa atual sociedade.
Vídeo de Laurian Ghinitoiu e Arata Mori explora o novo projeto do OMA em Toulouse
Em seu vídeo mais recente, o fotógrafo Laurian Ghinitoiu e o cineasta Arata Mori levam os espectadores em um passeio virtual pelo Centro de Convenções e Exposições MEETT, o novo parque de exposições de grande escala de Toulouse, projetado pelo OMA. O filme constrói uma narrativa sobre este projeto que transita nos limites entre arquitetura, infraestrutura, masterplan e espaço público.
Acupuntura urbana: requalificando espaços públicos por meio de intervenções locais
A acupuntura urbana é uma tática de design que promove a requalificação urbana em nível local, apoiando a ideia de que as intervenções no espaço público não precisam ser amplas e caras para produzirem um impacto transformador. Como alternativa aos processos convencionais de desenvolvimento, a acupuntura urbana representa um modelo adaptável para a renovação da cidade. Iniciativas altamente focadas e direcionadas ajudam a regenerar espaços negligenciados, ao implantar estratégias urbanas de forma incremental ou consolidar a infraestrutura social de uma cidade.
Imagens aéreas mostram as obras de expansão do metrô de Atenas e Tessalônica
Com a recente conclusão de diversas novas estações e túneis, a expansão do metrô de Atenas e o desenvolvimento do sistema de metrô de Tessalônica, segunda maior cidade da Grécia, estão prestes a serem concluídos. A construção de uma conexão direta entre o aeroporto de Atenas e o porto de Pireu, bem como o desenvolvimento da primeira linha de metrô de Tessalônica estão em andamento, e as imagens do fotógrafo Pygmalion Karatzas mostram as obras dessas grandes infraestruturas.
Preenchendo lacunas: a arquitetura dos espaços residuais
Em praticamente todas as cidades do mundo, sempre encontraremos algum tipo de espaço residual: terrenos vazios, áreas abandonadas, lacunas deixadas entre uma obra e outra, espaços em branco, sem uso. Nestas circunstancias, uma série de lotes urbanos acabam se tornando inadequados ou inaptos à construção de tipologias convencionais. Entretanto, estas mesmas limitações podem se tornar um terreno fértil para a nossa imaginação. Ressignificar um espaço esquecido, uma esquina desocupada, becos sem saída ou terrenos de formatos estranhos pode nos abrir uma nova frente de trabalho, criando novas oportunidades para o desenvolvimento urbano como um todo. Seja ampliando os espaços existentes de moradia ou acrescentando novas atividades e programas em áreas densamente povoadas, ocupar terrenos residuais pode ser uma valiosa contribuição para a ativação do espaço urbano.