Pablo van der Lugt é arquiteto, autor de livros e palestrante. Sua pesquisa enfoca o potencial de materiais como bambu e madeira engenheirada para o setor da construção civil e seus impactos positivos no mundo. “Ao longo de minha carreira profissional na universidade (incluindo minha pesquisa de doutorado sobre a pegada de carbono de bambu e madeira engenheirada) e na indústria, nos últimos 15 anos, descobri que há muitos conceitos errôneos sobre esses materiais que dificultam sua adoção em larga escala. Por esta razão, eu ‘traduzi’ minhas descobertas de pesquisa em dois livros contemporâneos para designers e arquitetos sobre o potencial do bambu: Booming Bamboo e madeira projetada: Tomorrow’s Timber. Eles visam dissipar esses mitos e mostrar o incrível potencial da última geração de materiais de construção de base biológica na necessária transição para um ambiente de construção circular, saudável e neutro em carbono. ” Recentemente, tivemos a oportunidade de conversar com ele sobre esses temas. Leia mais abaixo.
Eduardo Souza
Editor Sênior de Brands & Materials no ArchDaily. Arquiteto e Mestre pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
O potencial do bambu e da madeira engenheirada para a indústria da construção: entrevista com Pablo van der Lugt
Da pedra artesanal à impressão 3D: a evolução tecnológica e material da Sagrada Família de Gaudí
Uma obra-prima equivale ao trabalho mais notável da carreira de um artista, que geralmente evidencia o auge da sua técnica e ideais. A Mona Lisa de Leonardo da Vinci; a Pietá de Michelangelo; Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band dos Beatles. São muitos os exemplos, que nem sempre são unânimes. Mas e como seria se o que muitos consideram como a obra-prima tenha sido iniciada por outra pessoa, o autor não viveu para ver sua finalização e quase toda sua documentação tenha sido destruída? O arquiteto catalão Antoni Gaudí e seu mundialmente famoso Templo Expiatório da Sagrada Família são exemplos disso. De uma construção em pedra altamente artesanal às técnicas mais modernas de impressão 3D e concreto de alta resistência, o projeto incorporou e permanece incorporando inúmeras tecnologias durante sua construção.
Levando conforto a qualquer lugar: uma conversa sobre saunas móveis
As saunas são inseparáveis da cultura dos países nórdicos e estão aumentando em popularidade por conta de seus muitos benefícios para a saúde física e mental. Seus projetos costumam ser bastante arquetípicos, combinando eficiência e sobriedade.
Conversamos com Jakob Gate, cofundador da Native Narrative & Scandinavian Sauna, que tem desenvolvido projetos de sauna que combinam a flexibilidade de ser transportado para qualquer lugar, com a expertise e tradição do design escandinavo. Saiba mais na seguinte entrevista:
Little Island Park e a colaboração entre arquitetos, empreiteiros e fabricantes: entrevista com Arup
O Pier 54 em Nova York tem uma história que remonta aos primeiros habitantes da cidade. Depois de ser severamente danificado em 2012 com a passagem do furacão Sandy, Barry Diller e a instituição Hudson River Park Trust trabalharam para criar soluções para reativá-lo e devolver o espaço ao público.
O projeto resultante, Little Island Park, tornou-se um oásis urbano de quase 10.000 metros quadrados, que se estrutura sobre 132 pilares e abriga anfiteatros, várias espécies de árvores e outras vegetações, além de outros atributos. A arquitetura foi desenvolvida pelo Heatherwick Studio, com paisagismo da MNLA, a obra apresentou inúmeras dificuldades, o que exigiu grande inovação e colaboração de diversos profissionais. A Arup, empresa global que desenvolve projetos de consultoria e engenharia, esteve envolvida no projeto desde o início. Conversamos com David Farnsworth, Diretor do escritório da Arup em Nova York e Diretor de Projetos no Little Island, Park sobre os desafios e a aprendizagem envolvidos neste processo:
Banheiros acessíveis para idosos: quais equipamentos e materiais utilizar?
Ambientes bem projetados são essenciais para reduzir o risco de acidentes e o tempo de resposta em caso de queda. Para arquitetos, o trabalho de criar cidades e casas seguras é essencial, especialmente quando se olha para as tendências demográficas em todo o mundo. Desenvolver um projeto de arquitetura, através de um bom desenho e de uma correta especificação dos produtos, é antes de mais um gesto de carinho e preocupação para com os nossos familiares e concidadãos mais velhos. É essencial fazer as perguntas "Para quem?" e "Que necessidades eles têm?" para que, a partir desse ponto, pensar em como podemos melhorar sua qualidade de vida.
É um convite consciente que leva a arquitetura a ter um papel ativo na sociedade atual, uma mudança positiva que entrega design e qualidade de vida.
"Natureza e estrutura se conectam para transformar nossas paisagens e até o clima": Marc Mimram sobre sua nova ponte na Áustria
Seja figurativamente ou em um contexto urbano, as pontes são um símbolo forte e muitas vezes se tornam projetos icônicos nas cidades. Construir pontes pode significar criar conexões, novas oportunidades. Mas elas também representam infraestruturas fundamentais para resolver problemas específicos em um contexto urbano. Por se tratarem de equipamentos altamente técnicos, com construções complexas e superando exigências estruturais ousadas, exigem projetos que não requeiram uma integração total entre arquitetura e engenharia e, em muitos contextos, trata-se de um programa no qual os arquitetos acabam não se envolvendo tanto. Marc Mimram Architecture & Engineering é um escritório com sede em Paris, composto por uma agência de arquitetura e um escritório de design estrutural. No seu portfólio de projetos, existem várias pontes, bem como várias outras tipologias de projetos. Conversamos com Marc Mimram sobre seu último projeto na Áustria, a ponte de Linz, com ensaio fotográfico de Erieta Attali.
Josep Ferrando: "Um sistema é flexível quando acumula o máximo de algoritmos gerando espaços complexos mas sem complicações"
Josep Ferrando é arquiteto radicado em Barcelona. É reitor da Escola Técnica Superior de Arquitetura La Salle (ETSALS) e diretor do Centro Obert d´Arquitectura de Barcelona e do Departamento de Cultura do Colégio de Arquitetos da Catalunha (COAC). Integrando sua trajetória acadêmica e suas frequentes palestras, seu escritório desenvolve projetos que exploram diferentes escalas e materiais, experimentando sistemas construtivos e soluções inovadoras. Conversamos com ele sobre a importância dos materiais na arquitetura e sobre as sinergias que ele encontra entre a prática e a docência.
A madeira resiste bem a terremotos?
Para alguns, pode ser aterrorizante pensar que habitamos uma esfera orbitando em volta do Sol, cujo núcleo possui temperaturas de até 6.000ºC e todas as atividades humanas localizam-se sobre a crosta terrestre, a menor das camadas em espessura, nas chamadas placas tectônicas. Essas placas flutuam sobre o manto, mais precisamente na astenosfera e às vezes se chocam, causando tremores de terra. Como vemos neste mapa interativo, os terremotos são muito mais frequentes do que imaginamos, ocorrendo dezenas diariamente pelo mundo, muitos imperceptíveis. Mas alguns são extremamente potentes e, quando ocorrem próximo de áreas urbanas, são uma das forças mais destrutivas da Terra, causando mortes e danos no ambiente construído.
Com o avanço de pesquisas, testes e experimentações na engenharia, países e regiões com atividades tectônicas já possuem conhecimentos para reduzir o perigo de morte e os danos causados. Algumas soluções e materiais funcionam melhor no caso de um terremoto. A madeira é um deles.
Pré-fabricação poderia tornar mais acessível a construção de moradias
O conceito de pré-fabricação na construção corresponde a elementos, partes ou edificações inteiras produzidas em fábrica e transportadas ao canteiro de obras para uma instalação expressa. Isso representa inúmeras vantagens aos métodos de construção tradicionais, como rapidez, precisão na execução, eficiência, limpeza de obra e, em muitos casos, economia. Considerando que a moradia é uma necessidade primária dos humanos, utilizar métodos industriais para a construção de habitações acessíveis e de boa qualidade sempre movimentou os arquitetos, seja para abrigar populações urbanas crescentes, para assentamentos temporários ou emergenciais, nas mais diversas escalas. Após muitas tentativas na história, permanece a dúvida se a popularização da pré-fabricação no campo da construção pode ser uma solução para proporcionar uma maior equidade no acesso à habitação.
“Nosso objetivo é recuperar a natureza nos lugares onde ela desapareceu”: Joan Batlle Blay, do Batlleiroig
Batlleiroig é um escritório de arquitetura sediado na cidade de Barcelona, cujo extenso de portfólio abrange projetos urbanos, paisagismo, edificações e design de interiores. Conversamos com Joan Batlle Blay, Arquiteto e paisagista, sócio do escritório, sobre as inovações e desafios em sua obra. Ele aponta que, “Em nosso escritório consideramos que P + D (pesquisa e desenvolvimento) é a principal ferramenta para inovar e transformar nosso método de trabalho em uma crença absoluta para o planeta.” Veja a entrevista na íntegra a seguir:
Reformar deverá ser a especialidade dos arquitetos do futuro?
A escolha de Lacaton & Vassal para receber o Prêmio Pritzker de 2021 foi, acima de tudo, emblemática. Sob o mantra “nunca demolir, nunca remover ou substituir, sempre adicionar, transformar e reutilizar”, a dupla francesa construiu uma carreira focada em reformar edificações, dotando-as de qualidade espacial, eficiência e novos programas. Sua abordagem contrasta com grande parte das arquiteturas que estamos acostumados a prestigiar: obras icônicas, imponentes e grandiosas. Também, com a noção da tabula rasa, de construir e reconstruir do zero, tão bem representada na Ville Radieuse de Le Corbusier, e que tem fascinado arquitetos e urbanistas desde então.
Seja por conta das demandas de sustentabilidade em voga atualmente, ou simplesmente por já existirem construções o suficiente em muitas partes do mundo, o ofício de reabilitar espaços e edificações tem sido visto como importante motor de mudanças. O foco é, geralmente, centrar os esforços nos espaços interiores, dando especial atenção à qualidade ambiental e ao conforto dos habitantes, além de adequar os usos às demandas contemporâneas. A principal questão gira em torno de que forma atualizar (e até automatizar) os edifícios do passado para se adaptarem às novas necessidades de eficiência, sustentabilidade e bem-estar.
O cobre pode ser reciclado infinitamente: 8 projetos com revestimento sustentável
Estima-se que o cobre tenha sido o primeiro metal a ser encontrado pelos homens e utilizado na fabricação de ferramentas e armas. Isso ocorreu no último período da pré-história, há mais de 10.000 anos atrás, na chamada Idade dos Metais, quando os grupos, até então nômades, começaram a se tornar sedentários, dominando a agricultura e iniciando os primeiros aglomerados urbanos. O cobre, desde então, tem sido explorado para usos muito diversificados. De objetos de decoração, joias, peças automotivas, sistemas elétricos e até amálgamas dentárias, entre muitos outros, o material possui uma demanda enorme. Na arquitetura, os revestimentos de cobre são bastante apreciados por conta de sua estética e grande durabilidade. Mas um fator que cabe ser mencionado é que o cobre pode ser reciclado infinitas vezes, praticamente sem perder suas propriedades.