Posso conduzi-los à margem de um lago de montanha? O céu é azul, a água verde e tudo descansa em profunda paz. As montanhas e as nuvens se refletem no lago, e assim as casas, casarios e ermidas. Não parecem criadas pela mão humana. Estão como saídas da oficina de Deus, como as montanhas e as árvores, as nuvens e o céu azul. E tudo respira beleza e silêncio...
Igor Fracalossi
Arquiteto, Mestre em Projeto e Crítica da Arquitetura e candidato a Doutor em Projeto Arquitetônico pela PUC-Chile
Arquitetura / Adolf Loos
A Arquitetura depois de Oscar Niemeyer / Igor Fracalossi
Oscar Niemeyer nunca foi um erudito, nunca lhe interessou as teorias, os jargões, os clichês. Seu traço torto sempre foi preciso. Sempre levou consigo o peso de suas ideais. Ou, talvez, era somente uma ideia que tinha, simples e inocente: presentear beleza ao mundo. E assim o fez. Presenteou mais de quinhentas obras aos homens de diversas nações, durante seus cento e quatro anos de vida dedicados à arte da arquitetura.
Os Fatos da Arquitetura / Alejandro Aravena
Por exemplo:
A gravidade é um fato.
Que a água não possa evitar a gravidade é outro fato.
Da mesma maneira que a força da gravidade faz com que a água sempre encontre a maneira de chegar ao solo, acusando no seu percurso as fissuras da construção, o descompasso dos elementos construtivos, assim também a força da realidade sempre termina acusando o descompasso entre o projeto (o que se imaginou que deveria ocorrer) e a vida (o que de fato ocorre).
Podemos ter esperança somente naquilo que não tem remédio.
—Giorgio Agamben.
Arquitetura. Ensaio sobre a arte / Étienne-Louis Boullée
Aos homens que cultivam as artes
Dominado por um enorme amor pela minha arte, a ela me entreguei completamente. Ao me abandonar a essa paixão imperiosa, me impus a obrigação de trabalhar para merecer a estima pública por meio de esforços úteis à sociedade.
Desdenhei, confesso, limitar-me apenas ao estudo de nossos antigos mestres. Procurei aumentar, pelo estudo da natureza, minhas ideias sobre uma arte que, após profundas meditações, parece-me ainda estar em sua aurora.
Quão pouco, convenhamos, consagrou-se até nossos dias à poesia da arquitetura, meio seguro de multiplicar os prazeres dos homens e de dar aos artistas uma justa celebridade!
Acredito sim que nossos edifícios, sobretudo os edifícios públicos, deveriam ser, de algum modo, poemas. As imagens que eles oferecem a nossos sentidos deveriam despertar em nós sentimentos análogos ao uso para o qual esses edifícios são consagrados.
Dez notas sobre como escrever em arquitetura
1. Não escreva sobre o arquiteto, sobre histórias, sobre datas, sobre contextos, sobre ideias, sobre referências, sobre comparações... Se você conseguir fazer isso você já estará muito próximo do que é escrever em arquitetura.
Geometria Habitada / Joaquim Guedes
"A physis é o logos."
Eupalinos ou O Arquiteto, de Paul Valéry, não é um livro de arquitetura. "Escritos de circunstância", de 1921, para um suntuoso volume –Architectures– com tiragem de apenas 500 exemplares, é, hoje, uma das mais importantes reflexões sobre o processo de criação arquitetônica, desde a publicação do monumental De Re Aedificatoria., de Leon Battista Alberti, em 1453, em Bolonha. Poderia ser o Livro de Horas dos arquitetos. Porém, transcende ao seu incidental começo: investiga e revela o ambiente humano e as dramáticas vicissitudes de sua invenção. É amplo, universal e clássico, cultuado pelos estudiosos das artes e da literatura.
AD Brasil Entrevista: Ligia Nobre
ArchDaily Brasil: Qual a importância desta Bienal?
Ligia Nobre: Essa Bienal é uma realização do IAB e vem do desejo de um grupo jovem de arquitetos que percebeu que era importante uma mudança de conceito e formato para a Bienal. Eles começaram a se reunir no ano passado, junto com esta nova gestão, que tem o José Armênio Brito Cruz à frente. E eles escolheram, então, o Guilherme Wisnik para ser o curador, que me chamou em outubro do ano passado para fazer a curadoria junto com ele, assim como com a Ana Luiza Nobre. Nosso percurso é muito diferente. Eu sou formada em Arquitetura, mas trabalhei muito mais com projetos de curadoria de arte e arquitetura, plataformas mais experimentais no Brasil e em outros países, como a Exo Experimental ou a ETH StudioBasel, dentre outros. Somos da mesma geração, e sempre tivemos esse interesse comum entre arte e arquitetura, e já tínhamos colaborado uma vez, em um seminário no Itaú Cultural.
Réquiem pelas escadas / Oscar Tusquets
Surpreendentemente, naquela aula Josep Maria Sostres esteve magistral. Josep Maria Sostres, que a partir de agora chamaremos Sostres (ainda que na universidade o chamássemos El Sostres), era um arquiteto e um homem muito, muito peculiar. Como arquiteto, mereceu o típico reconhecimento post mortem, da mesma maneira que José Antonio Coderch, outro arquiteto que poucos de nós admiraram em vida, embora, hoje, pareça que todos o idolatrassem.
José Armênio de Brito Cruz comenta a atuação do IAB-SP junto à X Bienal de Arquitetura de São Paulo
Durante a inauguração da X Bienal de Arquitetura de São Paulo, tivemos a oportunidade de conversar com o arquiteto José Armênio de Brito Cruz, presidente do Instituto dos Arquitetos do Brasil - Departamento de São Paulo, quem nos contou sobre a relação das entidades.
O Ensino do Desenho / Lucio Costa
Clive Bell define arte como significant form.
O rabisco não é nada, o risco – o traço – é tudo. O risco tem carga, é desenho com determinada intenção – é o “design”. É por isto que os antigos empregavam a palavra risco no sentido de “projeto”: o “risco para a capela de São Francisco”, por exemplo. Trêmulo ou firme, esta carga é o que importa. Portinari costumava dar como exemplo a assinatura, feita com esforço, pelo analfabeto (risco), com o simples fingimento de uma assinatura (rabisco).
O arquiteto (pretendendo ser modesto) não deve jamais empregar a expressão “rabisco” e sim risco.
Risco é desenho não só quando quer compreender ou significar, mas “fazer”, construir.
Manifesto: Acerca da Arquitetura Moderna / Gregori Warchavchik
A nossa compreensão de beleza, as nossas exigências quanto à mesma, fazem parte da ideologia humana e evoluem incessantemente com ela, o que faz com que cada época histórica tenha sua lógica de beleza. Assim, por exemplo, ao homem moderno, não acostumado às formas e linhas dos objetos pertencentes às épocas passadas, eles parecem obsoletos e às vezes ridículos.
Crítica, a arte de apagar os nomes
Crítica não é opinião. Não é sobre o que alguém disse. Não é sobre o que nós pensamos. Não é sobre ninguém. Crítica é somente sobre a obra mesma. Em nosso caso: a obra de arquitetura. A obra em si não tem juízos, parcialidades, pontos de vista. A obra não vê, não fala, não sente. A obra simplesmente é. E ser não é ser alguma coisa. No entanto, também existe uma obra de crítica. Esse é o problema, um problema muito sutil: a tensão entre a obra de arquitetura e a obra de crítica. A obra de crítica não é falar sobre. Em vez disso, permitir que a obra de arquitetura seja em si mesma.
Ensaio sobre a Criação
Pergunta: O que é que faz de alguém capaz da arquitetura?
Quais são os requisitos? O que há que exercitar? O que há que saber? O que há que conhecer? O que há que estudar?
Urbanidade
Pare de falar mal de sua cidade. Coisas ruins sempre vão existir. Excrementos sempre serão tirados em algum lugar. Falar mal dos excrementos faz com que o seu odor alcance distâncias inimagináveis. Pratique a indiferença urbana. Coisas sobre as quais ninguém fala, não serão lembradas, e logo não existirão. Como, por exemplo, o número 168 da Rua dos Ararius, que existe a partir de agora. Pare de falar. Proponha soluções. A crítica é sempre criativa e propositiva. A palavrearia é apenas opinião sentimental. Fizeram algo ruim? Mostre o que seria melhor. Coração quente, mente fria. Não espere por nada. Está querendo que te pague pela ideia? Já sei que não podemos contar com você. Faça o que você acha que é o melhor. A autocrítica é uma crítica universal. O melhor é sempre o melhor primeiro para você. Se é verdadeiramente o melhor pra você será o melhor para os outros. Seja verdadeiro e tenha confiança. Respeite e cultive a cidade. Ela é nossa mãe. Não deixamos que falem coisa alguma, mentiras ou verdades, sobre nossa mãe. Defendam-na. Jamais riam dos seus defeitos. Rir da cidade é rir de nós mesmos.
Pensamento Panorâmico / Buckminster Fuller
Disciplina Pensante
Eu irei revisar dois ou três modos em que me disciplinei em tentar pensar de uma maneira mais adequada sobre o que nós sabemos do nosso Universo e o que pode estar acontecendo, e em tentar ter as coisas um pouco mais proporcionadas. Nessa instância, eu gostaria de mostrar uma imagem da nossa galáxia Via Láctea.
AD Brasil Entrevista: Ruth Verde Zein
Conheci a Ruth um ou dois dias antes dessa entrevista, quando participávamos do IV Seminário Docomomo Chile, na cidade de Concepción, em novembro do ano passado. Lá, nossas ideias, pensamentos, concepções e propostas em relação à Arquitetura chocaram-se. Um choque positivo: Ruth é uma das raras investigadoras do Brasil determinadas a desbravar os caminhos da investigação projetual (ou projeto científico), um âmbito ou viés ainda nebuloso em todo o mundo. Desde Concepción, seguimos em contato, nos encontramos em outros seminários, e continuamos procurando imaginar novos modos de se aproximar à Arquitetura. Porém, ela insiste em se esquivar (como sempre).
Reflexões sobre o Horizonte
I. O Horizonte em quanto tal não existe.
O edifício não importa
«Sou quem não é, quem fez secessão, o separado, ou inclusive, como se diz, aquele em quem o ser é questionado. Os homens afirmam-se pelo poder de não ser: assim atuam, falam, compreendem, sempre distintos de por quê são, escapando do ser por um desafio, um risco, uma luta que chega até a morte e que é a história. É isto o que Hegel mostrou. “Com a morte começa a vida do espírito.” Quando a morte se torna poder, o homem começa, e este começo diz que para que haja mundo, para que haja seres, é necessário que o ser falte.» —M. Blanchot, 1955.