Qual é a parcela de culpa da arquitetura nas mudanças climáticas?
Foi com esta seríssima pergunta que decidimos iniciar o debate com os nossos leitores, e a quantidade de respostas recebidas impressionou a todos. Depois de ler e compilar os comentários enviados tanto por profissionais da industria da construção, estudantes e pessoas interessadas, chegamos à conclusão de que nas escolas de arquitetura, pouco se fala à respeito das características e propriedades físicas dos materiais assim como sobre custo energético agregado a estes.
São 12:11 do dia 7 de novembro (de 2018). Um "S" na porta indica a quem supostamente se destina esse banheiro. Estou em um banheiro localizado em um predinho que o Vilanova Artigas, arquiteto modernista brasileiro, projetou na década de 1950 no bairro de Santa Cecília. É a segunda vez que entro nele e para mim ainda é um espaço que vai se revelando. De primeira, o que chamou muito a atenção foi o azul quase roxo causado pela luz negra que faz com que todos os tons do banheiro tendam para essa cor. Traz um sentimento de muita serenidade durante o dia.
Depois de Milão e Paris, Londres anunciou seus planos de transformar grandes áreas da cidade, convertendo ruas em zonas livres de carros, à medida que a quarentena diminui. Retomando a cidade para as pessoas, Londres pretende evoluir com a pandemia, apoiando uma recuperação sustentável e com baixa emissão de carbono. Os trabalhos já começaram e devem ser concluídos em seis semanas.
Poucas cidades do mundo têm uma cultura de design tão vibrante como Austin, Texas. Considerada por muitos como um dos melhores lugares para se viver nos Estados Unidos, Austin vem passando por um enorme crescimento ao longo dos últimos anos, impulsionado sobretudo pela indústria da construção civil. Como uma continuidade do legado modernista na região, os projetos de arquitetura contemporânea construídos recentemente no Texas abrangem uma grande variedade de estilos arquitetônicos. Enfatizando materiais locais e um cuidado com os detalhes, os projetos que apresentaremos à seguir exploram volumetrias e formas simples ao mesmo tempo que procuram integrar-se à exuberante paisagem natural, suas montanhas, lagos e florestas.
A infraestrutura de drenagem urbana existente em grande parte das cidades, principalmente as brasileiras, já se encontram obsoletas, sendo assim, necessário sua expansão e adequação. Mas para isso, é preciso pensar em um novo modelo de gestão dessas águas, que considere aspectos que há muito tempo foram esquecidos, como aqueles ligados à ecologia. Nos últimos anos, o termo ecologia urbana ganhou espaço como uma forma de produzir cidades regenerativas e mais resilientes. Essas cidades têm sido chamadas de cidades ecológicas ou biocidades. Termos semelhantes, mas que variam de autor para autor, e têm em comum o fato de terem como principal linha de condução o uso de soluções baseadas na natureza e nas relações ecológicas.
Quando se pensa a arquitetura enquanto uma ferramenta de impacto na vida pública, há um enorme precedente de casos a serem levantados, e sem dúvidas ele inclui a história da aproximação dos arquitetos com o Estado em diversos contextos. De exemplos categóricos, como a formulação do projeto urbanístico e arquitetônico para Brasília, até demonstrações mais contemporâneas das virtudes desse tipo de aproximação, a vocação pública do projeto se mostra em sua forma mais explícita nesse tipo de programa. O desenho de projetos com tal conotação também deve confrontar o fato de que seu cliente não reúne as demandas tradicionais de uma encomenda, mas uma representação dos interesses coletivos e das boas formas de gestão da dimensão pública, o que representa uma grande oportunidade para os profissionais do campo pensarem boas formas de alimentar e reforçar os valores democráticos na sociedade.
Quase quatro meses após a declaração de emergência de saúde pública de importância internacional pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 30 de janeiro, o número de casos de coronavírus no mundo continua a aumentar. Ainda que países onde houve declínio na taxa de transmissão do vírus estejam reabrindo negócios e voltando à normalidade, os impactos da pandemia, que vão além da saúde dos habitantes, continuam atingindo seu cotidiano, com mudanças no trabalho, nos hábitos e na economia. Tais mudanças ainda podem perdurar e afetar o futuro do campo da arquitetura e construção, com a perspectiva de uma crise no setor.
Após um desastre natural, a arquitetura desempenha um papel fundamental não apenas na reconstrução dos edifícios vítimas de danos, mas também no conforto e segurança para os afetados. Uma arquitetura pós-desastre bem-sucedida deve atender tanto à necessidade de abrigo imediato a curto prazo quanto às necessidades de reconstrução e estabilidade a longo prazo. Pensnado nisso, a seguir compilamos 4 exemplos de arquiteturas pós-desastre, desde protótipos construídos e pensados para ser montados em curto prazo, até propostas nunca construídas, mas com soluções que destacam-se por sua eficiência.
Se bem que a previsão e prevenção de problemas e danos são fatores cada vez mais relevantes na hora de projetar nossos edifícios, espaços e cidades, determinadas situações extraordinárias ainda escapam ao nosso controle, demandando respostas arquitetônicas imediatas e urgentes, capazes de oferecer abrigo e qualidade de vida às comunidades afetadas por desastres naturais e conflitos das mais variadas ordens, soluções que – nos casos mais extremos – podem ser a única chance de sobrevivência para muitas pessoas.
Desastres naturais como terremotos, tsunamis, furacões, inundações assim como conflitos armados, disputas territoriais ou outras crises humanitarias de escala mundial – como a atual pandemia de COVID-19 –, demandam uma reação imediata para controlar e evitar o agravamento das suas consequências – ajudando a salvar vidas. A arquitetura de emergência pode ser definida como uma resposta construtiva que faça frente às necessidades humanas mais urgentes, as quais emergem em momentos de crise e situações excepcionais, materializadas em forma de infra-estruturas responsíveis que buscam oferecer soluções imediatas abrangendo desde abrigos para acolher pessoas em situação de emergência até instalações de saúde e atenção médica nas zonas afetadas.
Enquanto o MASP está fechado, de acordo com as instruções da Organização Mundial da Saúde, é possível matar a saudade do acervo do museu através do Google Arts & Culture ou através de sua programação #maspemcasa.
Como o voo de um pássaro, uma chuva de verão, marés no oceano, um relâmpago numa tempestade, uma estiagem prolongada, fenômenos naturais ocorrem todos os dias e nem percebemos. Mas há alguns que chamam mais a nossa atenção, como a erupção de um vulcão, um terremoto, o surgimento de um novo vírus ou uma grande inundação. Mesmo assim, caso ocorram numa região desabitada e não causem grandes danos materiais consideráveis, continuam sendo apenas fenômenos naturais. Caso aconteçam em pontos do planeta onde vivem muitas pessoas e que causem mortes, ferimentos, interrupção da produção, grandes prejuízos financeiros e a necessidade de deslocamento da população, aí sim são considerados desastres naturais.
https://www.archdaily.com.br/br/939699/o-impasse-da-arquitetura-para-abrigar-pessoas-atingidas-por-desastresJoão Carlos Souza
Cidades e epidemias têm uma relação intrincada. Ao longo da história, cidades se constituíram como locais propícios à disseminação de doenças. Centros econômicos, sociais e culturais, vocacionadas para conectar ideias e desenvolver soluções, responderam às epidemias com inovação. Mas a melhoria do espaço urbano – com saneamento e fornecimento de água, construção de parques e espaços abertos, melhores condições de transporte – frequentemente veio acompanhada da recriação da cidade precária nas periferias.
https://www.archdaily.com.br/br/939978/planejamento-urbano-e-epidemias-como-doencas-do-passado-transformaram-as-cidadesFernando Corrêa, Luis Antonio Lindau, Henrique Evers e Laura Azeredo
Como resposta aos desastres naturais, crises sanitárias e conflitos armados que tão frequentemente abalam as nossas sociedades, arquitetos precisam agir rapidamente, usando a sua criatividade para apresentar soluções emergenciais aos mais urgentes problemas de nosso tempo. À seguir, compilamos uma lista de projetos inspiradores que exploram uma faceta da arquitetura que nem sempre está destinada às primeiras páginas das revistas, mas que neste momento, parecem ser a única arquitetura possível, estruturas honestas que procuram solucionar problemas, unir pessoas e resgatar comunidades.
A arquitetura de emergência é uma tipologia que se desdobra das mais variadas formas, assim como serve para atender uma enorme diversidade de circunstâncias excepcionais – sendo a última delas uma crise sanitária mundial. Neste contexto, soluções emergenciais passaram da noite para o dia a ser o centro das atenções, algo que nos faz refletir sobre a importância deste tipo de estruturas, que até ontem, permaneciam à sombra de outros discursos e tendências, mas que em outros contextos – menos privilegiados – tem sido da maior importância já a algum tempo. Tudo aquilo que para nós parece tão cotidiano e as vezes até vulgar, em outros contextos pode ser algo inalcançável, que apesar de ser uma necessidade básica, ainda assim, encontra-se tão distante daquela realidade.
Localizado em Shenzhen, China, o Sungang MixC Market Hal, projeto desenvolvido pelo 10 A DESIGN, está atualmente em construção e tem conclusão prevista para 2022. O projeto se localiza em uma antiga zona industrial e receberá funções comerciais, corporativas e gastronômicas.
Os arquitetos da Curl la Tourelle Head Architecture (CLTH) imaginaram uma nova abordagem para as salas de aula britânicas quando as escolas reabrirem ao fim do isolamento social decretado em decorrência da pandemia de COVID-19. O escritório de arquitetura, sediado em Londres, apresentou uma proposta inovadora "para ajudar a mitigar rotas de circulação restritas nas escolas e manter o distanciamento social necessário entre alunos e funcionários".
Prefeitura de São Paulo abriu nesta semana o edital de licitação para as empresas que tenham interesse em construir oito acessos para pedestres ao Elevado João Goulart, popularmente conhecido como Minhocão, no centro da capital paulista.
Como disse Mike Tyson: “Todo mundo tem um plano, até levar um soco no queixo.”
A pandemia de COVID-19 vai deixar uma marca indelével no mundo da estética. Desde a fundação da Sociedade das Nações em 1920, finalmente, a estética internacionalizante da arquitetura – como a conhecemos desde então – pode deixar de ser a via de regra ditada pelos cânones da disciplina. Markus Breitschmid, arquiteto e acadêmico suíço professor da Virginia Tech desde 2004, argumenta em seu artigo “In Defense of the Validity of the 'Canon' in Architecture,” que o Cânone na Arquitetura é o principal instrumento responsável por isolar a arquitetura do resto do mundo:
Os blocos de concreto são peças utilizadas sobretudo na execução de paredes e muros, podendo assumir função estrutural ou de vedação. Por ser um material pré-fabricado de baixo custo, comumente utilizado de forma aparente, é adotado em muitos projetos com o intuito de executar uma obra econômica, rápida e prática, sem necessidade de mão de obra especializada.
O escritório Neri & Hu projetou uma destilaria para a primeira marca de uísque da China, em Emeishan. A Pernod Ricard Malt Whisky Distillery apresenta uma arquitetura atemporal, inspirada no local onde se insere, mesclando a produção de uísque e a paisagem em uma mesma narrativa.
Existem elementos estranhos de conexão que fazem parte desse fenômeno de distanciamento social: não apenas o mundo inteiro o está exoperienciando simultaneamente, mas também parecemos compartilhar um momento global de conscientização de que algo único está ocorrendo – algo que exige ser documentado e entendido.
Movidos por esse impulso e sob a orientação da fotógrafa e professora Erieta Attali, 16 estudantes da Cooper Union exploraram, através da fotografia, sua vida cotidiana agora governada pelo isolamento e pelo distanciamento social. Os registros mostram realidades distintas, específicas de onde os alunos estão passando o período de quarentena.
À medida que alguns países estão pouco a pouco retomando as suas atividades, abrandando as medidas de contenção e isolamento que nos foram impostas ao longo dos últimos meses, arquitetos do mundo todo estão procurando entender melhor como será a sua vida na chamada ‘nova normalidade’. Como uma ruptura drástica e repentina em nossos modos de vida, o surto de coronavírus nos apresentou uma nova forma de encarar o mundo, redefinindo o próprio conceito de “normalidade”, provocando uma mudança na maneira como nos relacionamos com o mundo a nossa volta. Impulsionados por uma série de questões latentes, estamos lidando com um fenômeno ainda muito recente, antecipando um futuro relativamente desconhecido.
Durante um bate papo informal, dois dos nossos editores tiveram a ideia de escrever um artigo colaborativo onde procuram investigar as principais tendências do atual momento, debatendo questões relacionas às incertezas do futuro e oferecendo a sua visão sobre como a atual situação poderá afetar a disciplina da arquitetura daqui para frente. Abordando uma possível mudança de paradigma, no cenário profissional e principalmente no ensino da arquitetura, este artigo escrito à quatro mãos por Christele Harrouk e Eric Baldwin visa lançar uma luz sobre este nebuloso momento que estamos atravessando.
Todos os anos, nessa data, são organizados festivais, eventos educacionais, exposições e excursões para celebrar e, acima de tudo, conscientizar sobre a conservação das aves migratórias. Essas espécies viram seus habitats transformados nas últimas décadas, em parte pela ação humana: projetistas e agentes imobiliários construíram e nutriram um imaginário urbano dominado por estruturas de vidro como símbolo de poder e progresso. Antes de prosseguir com a conquista do céu, vale a pena considerar algumas medidas a serem adotadas ao especificar materiais mais amigáveis às espécies com as quais coabitamos.
Inundações, terremotos, tsunamis, furacões, conflitos armados, econômicos, sociais, pandemias. O número de refugiados no mundo cresce ano após ano. As soluções imediatas e temporárias, cada vez mais numerosas, transitam entre o "fazer o que se pode" e o "fazer o que se deve", sempre sob a égide do "fazer muito com pouco". Mas quão temporária a arquitetura de emergência acaba, efetivamente, sendo? É mais permanente do que pensávamos?
Queremos oferecer aos nossos leitores a possibilidade de expressar abertamente suas opiniões e experiências sobre o assunto. Se tivéssemos consciência da dificuldade de lidar com as perdas totais – que acabam fazendo o temporário se tornar permanente – mudaríamos o modo de projetar a arquitetura emergencial? Exigiríamos uma arquitetura de emergência de maior qualidade? Buscaríamos outros tipos de solução?
Deixe suas opiniões sobre o assunto no formulário a seguir:
No debate promovido pela Escola da Cidade neste semana, Guilherme Wisnik conversa com Nuno Ramos, pintor, desenhista, escultor, escritor, cineasta, cenógrafo e compositor formado em filosofia pela Universidade de São Paulo.