À medida que percorremos a partitura de pilares de madeira, paredes verdejantes e a cobertura plissada, seguindo os veios do piso e as vigas do teto que convergem numa entrada de luz, parece que o espaço sempre pertenceu a este local. Parte do parque, o pavilhão complementa a natureza ao seu redor, refletindo seus padrões, e propõe um espaço central composto por um conjunto concêntrico de mesas e bancos que inspiram as pessoas a se sentarem, dialogarem e se conectarem umas com as outras. Essa é a narrativa do Pavilhão Serpentine deste ano, projetado pela arquiteta franco-libanesa Lina Ghotmeh.
Intitulado “À table”, ele se inspira na conexão da arquiteta com a natureza e lembra do apelo francês para que todos sentem juntos à mesa, compartilhando uma refeição e conversando. Ele destaca a mesa como um laboratório de ideias, preocupações, alegrias, conexões e, essencialmente, reúne pessoas. Reflete ainda sobre os ideais arquitetônicos que podem provocar e acolher momentos de conversas coletivas.
A firma Steven Holl Architects divulgou um plano diretor para a área de Gran Sasso em Abruzzo na Itália. O projeto visa desenvolver uma área destinada a turistas e montanhistas, oferecendo hospedagem, piscinas, spas, restaurantes e uma praça pública com vista para as montanhas. Os desenhos e modelos do projeto, juntamente com os croquis iniciais em aquarela, são sendo apresentados na mostra Steven Holl: Half Earth, promovida pelo Antonia Jannone Disegni di Architettura, aberta até 14 de julho.
O laboratório de pesquisa e design SPACE10 anunciou os vencedores do seu primeiro concurso mundial de design que convidava os participantes a reimaginar projetos residenciais utilizando inteligência artificial (IA). Um júri internacional composto por dez arquitetos, designers, artistas de IA e jornalistas avaliou mais de 250 propostas de todo o mundo e selecionou as quatro vencedoras.
A mais de dez mil quilômetros de distância da capital Brasília, uma joia da arquitetura moderna brasileira se volta para o mar Mediterrâneo. Localizada em outra Brasília, um distrito de Beirute nomeado em homenagem à capital brasileira, a Residência do Embaixador do Brasil no Líbano, projetada por Olavo Redig de Campos, combina o modernismo dos trópicos com elementos da cultura do Oriente Médio.
Pela primeira vez, a casa será aberta ao público através de visitas guiadas com foco no patrimônio histórico. Voltada a profissionais e estudantes de arquitetura, design e artes, as visitas serão guiadas pelo Dr. George Arbid, diretor do Arab Center for Architecture, uma instituição de referência na arquitetura moderna da região.
A firma de arquitetura URB divulgou o projeto Dubai Reefs, um laboratório flutuante projetado para restaurar ecossistemas marinhos e promover o ecoturismo. O principal objetivo do projeto é gerar mais de 30 mil oportunidades de emprego dentro de uma economia verde na cidade. Dubai Reefs abrange uma comunidade flutuante sustentável dedicada à pesquisa, regeneração e ecoturismo marinho, composta por instalações residenciais, hoteleiras, comerciais, educacionais e de pesquisa.
A quinta edição da Bienal de Arquitetura de Chicago acaba de anunciar sua lista de participantes. Sob a direção artística do Floating Museum, um coletivo de artistas, designers, poetas e educadores que busca estabelecer conexões entre arte, comunidade, arquitetura, infraestrutura e instituições públicas, a CAB 5 será apresentada em vários locais da cidade. O tema This is a Rehearsal (Isto é um ensaio, em tradução livre) abordará os aspectos comunitários e relacionados ao processo da arquitetura, enfatizando como ela contribui para melhorar a vida urbana e promover responsabilidade comunitária. Os participantes analisarão desafios ambientais, políticos e econômicos globais ao mesmo tempo que abordam circunstâncias locais. O objetivo das mais de cem ativações da CAB 5, incluindo instalações e performances, é fazer as pessoas refletirem sobre como a sociedade é impactada pela infraestrutura física, história social, estética e design espacial.
A Bienal de Arquitetura de Chicago é uma organização sem fins lucrativos que tem como objetivo reunir práticas de todo o mundo para explorar ideias inovadoras e imaginar coletivamente o futuro do design. A exposição será inaugurada em 21 de setembro de 2023 e permanecerá aberta até 2 de janeiro de 2024, ocupando diversos locais na área metropolitana de Chicago. Mais de 70 profissionais, incluindo artistas, arquitetos e designers, apresentarão seus trabalhos em toda a cidade.
A mineração urbana busca explorar e recuperar recursos valiosos presentes nos resíduos descartados nas cidades. Enquanto a mineração tradicional extrai matérias-primas diretamente da terra, o conceito em questão concentra-se naquelas ocultas nos produtos descartados pela população, como plástico, vidro e metais ferrosos e não-ferrosos (ferro, ouro, prata, alumínio, cobre etc) reutilizáveis pela indústria.
Para simplificar, enquanto a atividade realizada tradicionalmente foca nos minerais virgens, a mineração urbana reciclae coloca novamente em circulação esses materiais, a partir dos itens que foram entregues pelos consumidores após o uso. Quando eles são destinados inadequadamente (no lixo comum ou no meio ambiente), podem acabar indo para lixões ou descartados a céu aberto e com isso prejudicar a flora, a fauna e a saúde humana.
O Pelourinho, localizado no Centro Histórico de Salvador, Bahia, é uma das imagens e cartões-postais mais conhecidos, divulgados e visitados da capital baiana. Possuindo um acervo colonial urbano e arquitetônico de grande importância cultural, recebeu o título de Patrimônio Mundial da Humanidade pela UNESCO, em 1985. Com mais de quatro séculos de história, a região já abrigou as mais diversas atividades, funções e dinâmicas, e sua trajetória se imbrica à da própria cidade. Atualmente, é um dos principais pontos turísticos soteropolitanos e, além de seu próprio acervo colonial, concentra uma série de equipamentos do setor como hotéis, restaurantes e museus.
Quando perguntado sobre suas memórias em relação à casa onde passou parte da sua infância, o arquiteto finlandês Juhani Pallasmaa diz que, mais do que a visão, suas recordações são baseadas no cheiro da casa. Segundo ele, cada casa tem seu cheiro, o qual nem sempre percebemos quando estamos nela, mas ao voltarmos o reconhecemos de imediato.
Edifícios consomem recursos naturais. Seja em sua construção ou durante sua operação, a arquitetura pode causar um impacto significativo no meio ambiente. Promover práticas sustentáveis a fim de minimizar o consumo de energia, água e materiais é fundamental para reduzir as emissões de carbono e contribuir para a mitigação da crise climática. Com o constante debate ao redor da sustentabilidade, prezar pelo meio ambiente não apenas se tornou imprescindível, como também passou a valorizar os imóveis construídos sob esse viés. Por isso, mais do que apenas um greenwashing, é necessário olhar para soluções que fazem a diferença.
Encontrar soluções eficazes e valiosas para o gerenciamento de resíduos agrícolas tem sido um desafio inspirador para pesquisadores. Subprodutos provenientes de monoculturas, como os resíduos da produção de soja, sabugos de milho, palha, sementes de girassol e celulose, são frequentemente destinados à compostagem de solo, utilizados como ração animal ou mesmo convertidos em energia, com o intuito de reduzir o desperdício e mitigar os impactos ambientais associados às atividades agrícolas. A produção de cana-de-açúcar, por exemplo, gera uma quantidade significativa de resíduos, totalizando cerca de 600 milhões de toneladas de resíduos de fibra de bagaço a partir de uma produção anual de dois bilhões de toneladas de cana-de-açúcar. Esses resíduos apresentam um potencial promissor para substituir sistemas de construção com alto consumo de energia, como o concreto e o tijolo, ao proporcionar materiais de construção que combinam sustentabilidade e eficiência estrutural.
Com essa perspectiva em mente, a Universidade de East London (UEL), em parceria com os arquitetos da Grimshaw e a fabricante de açúcar Tate & Lyle Sugar, desenvolveu um material inovador de construção denominado Sugarcrete™. O objetivo principal desse projeto é explorar soluções sustentáveis de construção por meio da reciclagem de resíduos biológicos provenientes da cana-de-açúcar, com o intuito de reduzir as emissões de carbono na indústria da construção, ao mesmo tempo em que se prioriza a sustentabilidade social e ambiental durante a produção e implementação desses materiais de construção.
Pesquisadores da Escola de Oceanografia da Universidade de Rhode Island divulgaram um estudo no qual afirmam que a cidade de Nova Iorque está afundando por causa do peso das suas inúmeras e enormes construções. Os grandes edifícios da Big Apple, como a cidade é conhecida, estão aumentando os riscos de inundações por lá.
Além das inundações e do aumento do nível do mar provocado pelas mudanças climáticas, o risco para os moradores de Nova Iorque aumenta porque a cidade está afundando entre 1 e 2 milímetros por ano em média, com alguma áreas chegando ao dobro desta medida.
Em abril de 2023, a Índia alcançou uma marca significativa que irá orientar a trajetória de sua urbanização no futuro. De acordo com dados das Nações Unidas, o subcontinente sul-asiático agora abriga mais de 1,4286 bilhões de pessoas, ultrapassando a China, com 1,4257 bilhões. Com uma explosão populacional de crescimento estimado em 0,7% ao ano, a Índia enfrenta vários desafios e oportunidades em seu caminho para se tornar uma potência global. Como a crescente demografia da Índia influenciará seu ambiente construído?
Uma miragem pode referir-se a um fenômeno óptico causado pela refração da luz em determinadas superfícies – em geral, a propagação da luz dá o efeito de liquefazer a superfície –, ou pode ter o sentido de ilusão, algo que aparenta ser algo que não é. Paul Clemence se aproveita dessa dualidade em seu ensaio fotográfico Miragem Moderna, no qual retrata a Casa do Baile (atual Centro de Referência de Arquitetura, Urbanismo e Design), o Museu de Arte e a Igreja da Pampulha através de seus reflexos no espelho d’água do conjunto moderno projetado por Oscar Niemeyer em Belo Horizonte (MG).
Ao longo do tempo, o espaço do banheiro no ambiente doméstico tem ganhado cada vez mais relevância. Hoje em dia, ele é concebido como um espaço de bem-estar e saúde onde se pode viver uma experiência que se ajuste às necessidades e demandas específicas de seus usuários. Além das diferentes tecnologias, dos tipos de desenho, ou dos materiais que são aplicados, arquitetos e designers demonstram as múltiplas configurações e disposições que esses espaços podem adotar por meio de seus projetos, desenvolvendo estratégias tanto a nível estético e projetual, quanto técnico e funcional.
As cores influenciam diretamente o modo como percebemos o espaço. Através delas é possível instigar o humor do usuário - tornando o ambiente mais calmo ou dinâmico - e também alterar as percepções que temos do espaço sem mudar um centímetro de qualquer parede. No entanto, lidar com elas, nem sempre é fácil. Num momento que se buscam por espaços com mais personalidade, para não dizer "instagramáveis", aprender a compor com diferentes tonalidades e texturas é fundamental.
Aproveitando o poder da fabricação sem moldes por meio da impressão 3D robótica em larga escala, a pesquisa na ETH Zürich, em colaboração com a FenX AG, explora o uso de espuma mineral sem cimento feita a partir de resíduos reciclados. O objetivo é construir sistemas de parede monolíticos, leves e imediatamente isolados, minimizando o uso de materiais, mão de obra e custos associados.
A Bienal de Design de Londres foi inaugurada em 1º de junho de 2023, na Somerset House, reunindo participantes de todo o mundo para celebrar novas formas de cooperação internacional por meio da arquitetura. A bienal, agora em sua quarta edição, apresenta mais de 40 instalações focadas no tema O Jogo Global: Remapeando Colaborações, definido pelo Nieuwe Instituut, sob liderança de Aric Chen, responsável pela direção artística desta edição. Além dos participantes nacionais, a exposição Eureka apresentará trabalhos interdisciplinares dos principais centros de pesquisa do Reino Unido.
Doha, a capital do Qatar, é a residência de mais de 90% da população do país, que totaliza cerca de 1,7 milhão de pessoas. No passado, Doha foi essencialmente uma cidade de pesca e coleta de pérolas, caracterizada por numerosas casas individuais tradicionais até meados da década de 1960. A modernização da cidade ocorreu principalmente durante a década de 1970, embora seu ritmo tenha diminuído nos anos 1980 e início dos anos 1990. No entanto, o Qatar emergiu recentemente como uma das economias de crescimento mais rápido do mundo, conferindo uma importância geoestratégica significativa a Doha.
A visão de desenvolvimento do país gira em torno da redução da dependência dos recursos naturais e da adoção de uma economia baseada no conhecimento, englobando universidades internacionais, indústrias de alta tecnologia, serviços de TI e serviços avançados de produção. Grande parte da linha costeira, incluindo a Corniche, foi construída artificialmente. A arquitetura contemporânea da cidade foi registrada pelas lentes do fotógrafo Pygmalion Karatzas.
Os escritórios Effect Arquitetura, do Brasil, e Ben-Avid, da Argentina, projetaram em parceria uma área poliesportiva e de eventos com capacidade para cerca de três mil espectadores. O edifício foi desenvolvido para ser a principal sede dos Jogos Centro-Americanos de 2021 de Santa Tecla, El Salvador.
Localizado em um terreno de aproximadamente 260 metros de comprimento por 60 metros de largura, o edifício é cercado por um riacho, uma avenida principal que o conecta ao resto da cidade e uma pequena rua local. A topografia apresenta três níveis escalonados, descendo em direção à parte de trás do terreno ao longo da avenida.
No último dia 1º de junho, foi realizada a cerimônia de entrega do VI Prêmio Europeu AHI em Barcelona. Este reconhecimento, promovido pela Architectural Heritage Intervention, em colaboração com o Colégio de Arquitetos da Catalunha e apoiado pelo Departamento de Cultura da Generalitat de la Cataluña, pela Prefeitura de Barcelona e pela Região Metropolitana de Barcelona, nasceu da convicção de que, atualmente, o patrimônio arquitetônico não é apenas um elemento essencial de conhecimento, mas também um recurso socioeconômico vital para o desenvolvimento sustentável dos territórios.
Segundo informações divulgadas pelo CAU/DF de 2022, mais de 82% do território urbano brasileiro se reproduz de maneira informal e autoconstruída, um fenômeno pulsante e manifesto em todo o país. Por “autoconstrução” nos referimos a uma arquitetura popular, que se expressa vivamente através de pessoas erguendo, de maneira livre, suas próprias casas.
Se, por um lado, este cenário apresenta ampla cultura construtiva, com soluções e tecnologias criativas e adaptações aos recursos e contextos locais, com valiosos saberes envolvidos, por outro, o que temos é um alto nível de precariedade habitacional, com ambientes insalubres e sem infraestrutura básica, expondo as pessoas que vivem nesses contextos a inúmeras situações de risco.
A Serpentine anunciou a abertura oficial do 22º Serpentine Pavilion, projetado pela arquiteta franco-libanesa Lina Ghotmeh. O evento acontecerá em 9 de junho de 2023. O pavilhão recebe o título de À table e é um convite ao público para se sentar junto à mesa e participar de um diálogo aberto enquanto compartilha uma refeição.
O espaço interno do pavilhão é definido por uma grande mesa que ocupa seu perímetro, oferecendo uma oportunidade para a convivialidade e o compartilhamento de ideias, preocupações, alegrias e tradições. A estrutura de 300 metros quadrados foi projetada para ser leve e totalmente desmontável, buscando uma pegada de carbono mínima. O pavilhão tem entrada gratuita e permanecerá aberto todos os dias de junho a outubro de 2023.
Sempre me considerei sortudo por ter crescido fora da cidade, onde minhas vivências ecolares aconteciam no campo e não na rua. No entanto, para muitas crianças, a vida escolar moderna não é tão próxima da natureza.
As cidades superpopulosas continuam se expandindo, o que significa que mais escolas estão sofrendo com as limitações apresentadas pela arquitetura urbana, incluindo poluição sonora, do ar e da luz, falta de espaço (especialmente espaço verde), orçamentos restritivos e legislação de construção resistentes à mudança.
Com soluções de design inovadoras, essas quatro escolas urbanas mostram para o resto da classe como trabalhar e fornecer espaços verdes de qualidade através de suas respostas arquitetônicas.