Os espaços internos de museus, por meio de exposições, constroem narrativas que atribuem lógica e sentido (em outros contextos talvez não existentes) aos objetos expostos. Isto é, os recursos utilizados em uma mostra são capazes de conferir significados à medida em que são estabelecidas as conexões não só entre as peças expostas, mas também entre o projeto expográfico e a obra de arte.
O uso da luz e sua manipulação são capazes de alterar a percepção do espaço; os usuários percebem e sentem o espaço de formas diferentes dependendo de fatores como o acionamento e desligamento de fontes luminosas, variação de cores e composições. Como elemento constituinte em instalações temporárias, a luz atravessa os limites não só entre a arte e a arquitetura, mas também entre o tangível e intangível, podendo transformar os componentes do projeto e criar novas formas e padrões.
Diante de dados que apontam uma crise climática que atinge todo o planeta há décadas, as perspectivas de reação podem parecer desanimadoras. Mas, ao mesmo tempo em que as notícias indicam um aumento das médias de temperatura globais, o foco político na crise climática também se intensifica, conforme relatório da ONU Meio Ambiente divulgado em 2019, o que se reflete não apenas na ocorrência de manifestações e protestos ao redor do mundo, mas também na expressão da chamada arte ativista.
As figuras humanas ganham protagonismo frente aos edifícios e ruas nas lentes do fotógrafo Carlos Moreira, 82. O espaço urbano aparece retratado a partir de recortes, não apenas sugeridos pelos monumentos históricos (eles estão lá), mas sobretudo pelo corpo e suas ações. Disso emerge uma visão emocional e viva das cidades; capaz de provocar uma expansão sensorial dos retratos dos espaços.
Santa Maria Annunciata in Chiesa Rossa. Foto de Andrea Pavanello/Creative Commons
Daniel Flavin foi um dos representantes da chamada arte minimalista das décadas de 1960 e 1970 nos Estados Unidos. A classificação foi usada pela primeira vez pelo filósofo Richard Wollheim no ensaio “Minimal Art” em 1965 para agrupar obras que, como os ready-mades de Duchamp, não pretendiam representar uma realidade externa: o objeto exposto deveria ser entendido como obra por si e a experiência do espectador não deveria depender de associações a outros fatores.
Até a atual data, cerca de 65 milhões de sessões no mundo foram forçadas a abandonar seus lares devido às guerras que se vivem em diversos lugares do mundo, deixando para trás seu patrimônio, anos de história, anos de esforço para se lançar à deriva. Muitas dessas famílias são obrigadas a atravessar oceanos e diversos tipos de territórios em busca de um futuro promissor para começar do zero. Estes trajetos levam consigo assentamentos irregulares onde muitas pessoas morrem devido à abundância de doenças e ao desabastecimento de medicamentos, comida e água potável.
A transparência da Casa de Vidro, residência onde Lina Bo Bardi e seu marido, Pietro Maria Bardi, viveram por quarenta anos, é tema da obra Casa de vento, da artista plástica gaúcha Lucia Koch. Koch é conhecida por empregar filtros, telas, fotografias e vídeos em suas investigações sobre luz, espacialidade, movimento e tempo, em estreito diálogo com a arquitetura. Sua intervenção na casa de Lina é mais uma de suas obras que pretende criar um deslocamento na compreensão da realidade construída através da sobreposição de outras camadas de realidade.
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"Opposing Volume". Image Cortesia de Tom Capobianco
O arquiteto e artista Tom Capobianco compartilhou conosco uma série de obras recentes que tensionam a relação entre a bidimensionalidade do quadro e o espaço arquitetônico através ambientações encapsuladas em molduras de madeira.
O casal Elin Petronella e Charles Henry, registram a arquitetura e paisagens urbanas de cidades europeias através de bordados vibrantes e coloridos ou simplesmente com o contorno de fios pretos. Edifícios clássicos dinamarqueses, ruas boêmias de Paris, bondinhos de Lisboa e até a icônica Casa Batlló de Gaudí, em Barcelona, são alguns dos lugares retratados de forma especial pela dupla. É possível acompanhar toda a jornada dos artistas têxteis no Instagram deles, @petronella.art e @_charleshenry_, que juntos somam quase 200 mil seguidores.
A partir de uma intervenção artística de grande escala, o artista visual Elian Chali reinventa a antiga usina na orla da cidade de Córdoba, evidenciando uma ligação entre arte, arquitetura e urbanismo.
Estereo(auto)copio é uma obra de arte pública efêmera co-criada por Esteban Pastorino e Nicolás Sáez, financiado pela bolsa de estudos "Residencias Chile - Argentina do Programa de Intercâmbio de Artes Cênicas e Artes Visuais" do Ministério das Culturas, das Artes e Patrimônio do Governo do Chile. Nesta ocasião, a estadia criativa foi desenvolvida na "Residencia Corazón" da cidade de La Plata, na Argentina.
O projeto foi instalado pela primeira vez no centro da Plaza Moreno, em seguida, transferido ao Centro Cultural Pasaje Dardo Rocha e finalmente exposto na Residencia Corazón em uma conversa com os autores. O projeto, com a colaboração de Diego del Pozo, Nahuel Bralo, Ismael Maldonado, Juan Pablo Ferrer e Rodrigo Mirto, propõe uma experiência imersiva ao visitante através de um artefato que permite ver vistas aéreas da cidade, com fotografias estereoscópicas captadas por um drone, que oferece a possibilidade para o observador olhar para o lugar de onde está e conscientizar-se das características urbanas.
Conheça o projeto em detalhes através de algumas palavras dos autores a seguir.
Hoje, dia 04 de agosto de 2018, Roberto Burle Marx completaria 109 anos. Nascido em 1909, no estado de São Paulo, cresceu no estado do Rio de Janeiro, onde desenvolveu a maior parte de suas obras paisagísticas. Com pai alemão, Willem Marx, foi com sua mãe recifense, Cecília Burle, que despertou seu desejo pela botânica. Aos dezenove anos morou por um ano na Alemanha, onde teve seus primeiros contatos com os artistas de vanguarda que influenciaram seu trabalho.
Tornou-se o mais influente paisagista brasileiro, responsável por um extenso legado de projetos em território nacional e internacional, aventurando-se em variados campos artísticos para além do paisagismo, como a pintura, desenho, escultura, tapeçaria e artesanato, expressando compulsivamente sua visão de mundo e suas ideias.
O artista contemporâneo brasileiro Ernesto Neto concluiu recentemente uma escultura feita de cordas de algodão tecidas à mão que ocupa o átrio da estação central de trens de Zurique - Zürich Hauptbahnhof. Intitulada Gaia Mother Tree, a obra faz lembrar uma grande árvore, estendendo-se do chão à cobertura da estação.
Promovida pela Fondation Beyeler, a escultura é uma obra de arte imersiva, um espaço onde se pode entrar, caminhar e meditar. Enquanto estiver montada, até o dia 29 de julho, uma série de atividades para adultos e crianças, incluindo concertos musicais, workshops e debates, está prevista para acontecer sob a rede de algodão tecida por Neto.
Enquanto contemplávamos o vestíbulo da Biblioteca Laurenziana, recordo-me distintamente de parafrasear Giorgio Vasari: Agradeço a Deus por ter nascido no tempo em que Álvaro Siza está vivo e por ser digno de tê-lo como um mestre em condições tão amistosas. Uma versão muito mais eloquente foi dedicada ao "divino" Miguel Ângelo Buonarroti na original Vida dos mais Excelentes Pintores, Escultores e Arquitectos (1568), no entanto soava igualmente verdadeira na presença do "místico" Siza – epíteto proferido por Eduardo Souto de Moura. Naquele momento, em Florença, o arquitecto da escultura e o escultor da arquitectura encontravam-se metafisicamente face a face sob a forma de uma escada, cuja silhueta viveria para além do tempo, transformada pelo Barroco e reinterpretada por muitos autores – de Charles Garnier até Alvar Aalto – mas talvez por nenhum com mais entusiasmo do que o próprio Álvaro Siza.
Neste vídeo do Louisiana Channel, o arquiteto finlandês Juhani Pallasmaa expõe sua visão da importância da arte e da arquitetura. Para começar a entender essa relação, Pallasmaa enfatiza a importância da literatura e da autoconstrução, além do valor de compreender a história e a cultura de um lugar.
Como parte da Dubai Design Week 2017, os arquitetos de Boano Prišmontas e Ricardas Blazukas construíram "Aidah", uma instalação flutuante que consiste em uma representação esquemática de parte da história do Oriente Médio traduzida em formas arquitetônicas.
Essa intervenção, composta por 50 balões pretos, 500 metros de corda e 50 blocos de espuma, pretende identificar a cidade de Dubai evocada como uma sensação de fragilidade transitória que informa sua audácia e distinto caráter.
Formado por cinco profissionais das áreas de arquitetura e artes visuais, o coletivo Barragem propõe reflexões sobre temas urbanos como território, limites, barreiras, memória, arqueologia, patrimônio, deslocamentos, mudanças climáticas e manejo inconsequente dos recursos naturais.
Para a exposição BARRAGEM///SP, foram produzidas representações ficcionais de uma São Paulo submersa e cercada por um monumental muro de concreto. Combinando dados da grande enchente de 1929, do rompimento da barragem em Mariana (MG) e de análises visuais do modelo 3D de São Paulo no Google Earth, o projeto modifica o território e reorganiza sua geografia e sociedade. A cartografia da urbe se deteriora em ilhas isoladas.