No mês passado, a capital mexicana aprovou a Lei de Mobilidade (LM) que, além de suplantar responsabilidades entre instituições e promover alterações técnicas, deu um passo em direção a um novo foco da normativa urbana.
Desta forma, passou-se de uma normativa que estava centrada no transporte e estradas para uma lei que se sustenta na mobilidade e que a reconhece como um direito fundamental dos cidadãos.
O aumento recente do número de ciclistas nas cidades brasileiras coloca em pauta a necessidade de uma infraestrutura cicloviária que proporcione mais segurança aos trajetos em duas rodas e que conviva pacificamente com quem se desloca a pé, em transporte público ou de carro.
Para conhecer soluções para esta necessidade, é útil ver o que têm feito outras cidades em relação a esse assunto.
Assim, mostramos a seguir um estudo que revela algumas cifras dos efeitos positivos gerados pela implementação de ciclovias segregadas das pistas dos veículos automotores em cinco cidades estadounidenses, onde não apenas os trajetos se tornaram mais seguros, como também o número de ciclistas aumentou.
"O uso da bicicleta como meio de transporte no âmbito urbano transcende a origem, idade e condição social das pessoas que a utilizam." Assim pensa o fotógrafo e ciclistas espanhol, José Miguel Llano, que há 27 anos se dedica a documentar as diversas formas de ciclismo, seja turístico, nas montanhas ou em centros urbanos.
Seu mais recente trabalho, "Ciclistas Urbanos", é um projeto que nasceu com o objetivo de reivindicar o uso da bicicleta como meio de transporte diário que, em sua opinião, é um estilo de vida. Através de uma coleção de 200 retratos de ciclistas, esse fotógrafo busca documentar uma face da sociedade do início do século XXI.
"A cidade é para as pessoas e devemos mudar o uso das ruas, dos automóveis para as pessoas."
Com isso em mente, as autoridades de Buenos Aires propuseram intervenções em alguns espaços públicos da cidade, particularmente no centro, com o objetivo de promover uma cidade mais amigável, sustentável e saudável.
Através da implementação de corredores de ônibus na Avenida 9 de Julho, a principal da cidade, o tempo de alguns trajetos foi reduzido de 55 para 18 minutos. Além disso, foram criadas diversas zonas peatonais e foi restringido o tráfego de automóveis no centro. Outra inciativa foi a construção de uma rede de ciclovias e a criação de um sistema público de bicicletas, que colocou o veículo de duas rodas entre as opções viáveis de transporte urbano diário.
Saiba mais detalhes sobre essas intervenções a seguir.
Em março deste ano a França anunciou um plano para incentivar o uso de bicicletas que chamou muita atenção: as pessoas que usam a bicicleta para ir ao trabalho receberão um pagamento mensal relativo à distância percorrida.
Este plano de incentivo ao ciclismo urbano mostra como as autoridades francesas estão validando a bicicleta como meio de transporte diário e a promovendo como uma das melhores opções de transporte em horários de pico, à frente dos automóveis que ocupam mais espaço nas ruas, geram poluição e aumentam a dependência dos combustíveis fósseis.
No mês passado essa ideia começou a ser implementada por 20 empresas que aderiram ao plano criado pelo Ministério da Ecologia, Desenvolvimento Sustentável e Energia, e vai beneficiar 10 mil ciclistas e trabalhadores.
Há alguns anos, o prefeito de Londres, Boris Johnson, definiu a cidade como "um centro de revolução do ciclismo", pois entre 2000 e 2011 o número de ciclistas na capital inglesa duplicou. Isso, longe de ser tratado como um problema, foi visto como uma oportunidade que levou à criação de um ambicioso Plano Diretor de Ciclovias.
Embora o Plano de Londres seja recente, outras cidades também tiveram a oportunidade de colocar em prática seus projetos, que não apenas incentivaram o uso da bicicleta, mas transformaram-na no principal meio de transporte urbano.
70 mil quilômetros é a extensão estimada da EuroVelo, uma grande rede formada por 14 ciclovias que, em 2020, conectará diversas cidades de 43 países europeus, incluindo os pertencentes à União Europeia.
A iniciativa foi criada pela Federação Europeia de Ciclistas (ECF) com o objetivo de criar uma rede de ciclovias que possam ser usadas diariamente nos trajetos urbanos e que também sirvam para os turistas que queiram percorrer grandes distâncias.
Desde o dia 29 de junho deste ano os habitantes da cidade holandesa de Eindhoven podem desfrutar de um percurso de bicicleta sem interrupções nem riscos associados aos automóveis graças à construção do “Hovenring”,uma rotatória “flutuante” criada especialmente para ciclistas.
A infraestrutura, de uso gratuito, conecta quatro ciclovias diferentes e permite que os ciclistas realizem o cruzamento longe dos automóveis, que trafegam na rodovia A2 abaixo da rotatória.
Veja a seguir mais detalhes e imagens do “Hovenring”.
Caminhar por um bairro que tenha parques, comércios e serviços próximos uns dos outros é sem dúvida uma atividade mais agradável que andar por regiões onde esses programas e usos se encontram menos adensados.
Dentre os fatores que influenciam nisso, segundo um estudo da Universidade de British Columbia, estão o desenho do espaço urbano, o acesso aos transportes públicos, a densidade populacional e as leis de zoneamento, que mudam de um município para outro.
Na pesquisa foram comparadas duas regiões do estado de Washington com o objetivo de observar onde a experiência urbana se mostrava mais agradável. Foi incluída na pesquisa, também, a medição feita pelo Walk Score, um site que pontua os índices de caminhabilidade das regiões, tomando como base, entre outros fatores, os deslocamentos a pé, de bicicleta e em transporte público.
As bicicletas já fazem parte do cotidiano das comunidades Brasil afora, mas como promover o seu uso e propiciar condições melhores para os usuários? O Manual de Projetos e Programas para Incentivar o Uso de Bicicletas em Comunidades reúne experiências bem sucedidas na área da mobilidade urbana sustentável e da utilização da bicicleta como meio de transporte. A publicação é uma tentativa de trazer respostas práticas como forma de guia técnico para os projetos municipais.
BiciMAD é o nome do sistema público de bicicletas elétricas recentemente inaugurado em Madri. O objetivo desse sistema é proporcionar um meio alternativo de transporte limpo para os cidadãos e fomentar o uso de bicicletas na cidade.
O sistema compreende 1.580 bicicletas distribuídas entre 123 estações localizadas no centro da cidade e nos bairros de Moncloa, Salamanca, Retiro, Pacífico e Arganzuela e funciona de forma ininterrupta (24 horas por dia, todos os dias da semana). As bicicletas têm autonomia de cerca de 70 quilômetros.
https://www.archdaily.com.br/br/624592/madri-inaugura-sistema-publico-de-bicicletas-eletricasEquipo Plataforma Arquitectura
Quando uma política promove o uso da bicicleta como meio de transporte urbano, é comum que esta se justifique pela economia que o ciclismo urbano gera. Este é um tema muito importante quando se considera, por exemplo, que em média 16% dos orçamentos familiares nos Estados Unidos são gastos com o transporte, e ainda mais alarmante é a constatação de que esta cifra sobe para 55% nas famílias mais pobres.
Esse e outros temas são abordados no informativo “Pedaling to Prosperity”, elaborado pela Liga de Ciclistas Americanos em colaboração com outras organizações, que traz diversos dados sobre o aumento do uso da bicicleta como meio de transporte urbano, a porcentagem dos deslocamentos diários de bicicleta em todo o país (EUA) e o custo de manutenção de uma bicicleta em comparação com o de um automóvel.
Os ciclistas e corredores que utilizam o aplicativo Strava podem controlar o tempo, as distâncias e as rotas percorridas, transformando, assim, o app em uma base de dados que indica quais os caminhos favoritos dependendo das condições climáticas e da hora do dia.
Como as pessoas se deslocam de bicicleta pela cidade? Essa foi a pergunta que o arquiteto Jorge Toledo, integrante da Ecosistema Urbano, se fez após percorrer Madri em duas rodas. A experiência de Toledo não foi nem um pouco agradável, tampouco segura, devido à falta de ciclovias conectadas e sinalização.
Numa segunda tentativa escolheu uma rota alternativa e utilizou um aplicativo com GPS que, apesar de tê-lo ajudado, o fez passar longe das atividades comerciais, sociais e culturais da cidade.
Essas experiências desagradáveis levaram a organização Ecosistema Urbano a tentar melhorar a experiência do ciclismo urbano com o BikeLine, um aplicativo que funciona como um guia e ajuda o ciclista a se movimentar pela cidade, combinando rotas físicas – sinalizações no chão – com as digitais e incluindo dicas de atividades nos trajetos e locais de destino.
Há aproximadamente dois anos um pequeno terreno com pouco mais de 100m² no centro da capital paranaense despertou o interesse do cicloativista e coordenador da CicloIguaçu (Associação de Ciclistas do Alto Iguaçu), Goura Nataraj e seus companheiros. Às sombras de um edifício desocupado no centro histórico da cidade, na esquina das ruas São Francisco e Presidente Faria, a área estava numa região curiosamente tão valiosa quanto negligenciada, bem em frente à um dos pontos de encontro de ciclistas mais conhecidos de Curitiba, a Bicicletaria Cultural.
A ideia dos ativistas era transformar o terreno abandonado numa praça do ciclista, mais ou menos como aconteceu na Avenida Paulista, em São Paulo. Informados que o espaço pertencia ao poder público, recorreram à prefeitura. A ideia foi bem recebida pelo executivo municipal, porém não saiu do papel na primeira tentativa.
Esses números sugerem que os espaços públicos construídos na última década nessas cidades - projetados com foco nos pedestres - permitiram consolidar e melhorar a mobilidade nessas áreas metropolitanas, criar lugares mais seguros para o trânsito de pedestres, transformar espaços que antes eram destinados aos automóveis em lugares para a escala humana, construir ciclovias segregadas e diminuir o uso dos automóveis nas regiões centrais.
A seguir os números que mostram o impacto positivo dos espaços de pedestres nessas cidades.
Muitas cidades do mundo estão investindo em infraestrutura para ciclistas com o objetivo de promover esse modo de transporte e suas muitas vantagens para as cidades. Uma das cidades que lideram essa tendência é Copenhague, considerada uma referência mundial no ciclismo urbano.
“The Snake” é a nova ponte para ciclistas da capital dinamarquesa que será inaugurada oficialmente amanhã, 28 de junho.
https://www.archdaily.com.br/br/623156/the-snake-a-nova-ponte-para-ciclistas-de-copenhagueEquipo Plataforma Arquitectura
Aumentar em 25% as áreas de pedestre, construir mais vias para os ônibus de transporte público e dar-lhes preferência nos cruzamentos, limitar o tempo dos estacionamentos para os automóveis e aumentar a quantidade de bicicletas publicas elétricas, são algumas das medidas que propõe o Plano de Mobilidade Urbana Sustentável (PMUS) para Madri, a serem implementadas a partir desse ano até 2020.
Com elas, a prefeitura pretende fazer da capital espanhola uma cidade destinada à cidadania e não aos veículos, convertendo-a num lugar mais amigável para os pedestres, diminuindo os acidentes de transito, a contaminação ambiental e restringindo o uso do automóvel, sobretudo no centro.