Como disse Mike Tyson: “Todo mundo tem um plano, até levar um soco no queixo.”
A pandemia de COVID-19 vai deixar uma marca indelével no mundo da estética. Desde a fundação da Sociedade das Nações em 1920, finalmente, a estética internacionalizante da arquitetura – como a conhecemos desde então – pode deixar de ser a via de regra ditada pelos cânones da disciplina. Markus Breitschmid, arquiteto e acadêmico suíço professor da Virginia Tech desde 2004, argumenta em seu artigo “In Defense of the Validity of the 'Canon' in Architecture,” que o Cânone na Arquitetura é o principal instrumento responsável por isolar a arquitetura do resto do mundo:
À medida que alguns países estão pouco a pouco retomando as suas atividades, abrandando as medidas de contenção e isolamento que nos foram impostas ao longo dos últimos meses, arquitetos do mundo todo estão procurando entender melhor como será a sua vida na chamada ‘nova normalidade’. Como uma ruptura drástica e repentina em nossos modos de vida, o surto de coronavírus nos apresentou uma nova forma de encarar o mundo, redefinindo o próprio conceito de “normalidade”, provocando uma mudança na maneira como nos relacionamos com o mundo a nossa volta. Impulsionados por uma série de questões latentes, estamos lidando com um fenômeno ainda muito recente, antecipando um futuro relativamente desconhecido.
Durante um bate papo informal, dois dos nossos editores tiveram a ideia de escrever um artigo colaborativo onde procuram investigar as principais tendências do atual momento, debatendo questões relacionas às incertezas do futuro e oferecendo a sua visão sobre como a atual situação poderá afetar a disciplina da arquitetura daqui para frente. Abordando uma possível mudança de paradigma, no cenário profissional e principalmente no ensino da arquitetura, este artigo escrito à quatro mãos por Christele Harrouk e Eric Baldwin visa lançar uma luz sobre este nebuloso momento que estamos atravessando.
No debate promovido pela Escola da Cidade neste semana, Guilherme Wisnik conversa com Nuno Ramos, pintor, desenhista, escultor, escritor, cineasta, cenógrafo e compositor formado em filosofia pela Universidade de São Paulo.
Por causa do coronavírus, as universidades em todo o mundo estão fechadas e as aulas, agora, são oferecidas por videoconferência. Isso não é excessivamente dramático, pois esse arranjo temporário eclipsará após a contenção dos casos e as aulas serão retomadas. No entanto, os impactos no meio universitário e no tecido urbano exigirão reformas imediatas no ensino superior, que moldarão o programa de estudos em arquitetura dos próximos anos.
https://www.archdaily.com.br/br/939579/como-o-coronavirus-transformara-o-modo-como-ensinamos-arquiteturaZaheer Allam, Gaetan Siew and Felix Fokoua
La Biennale di Venezia acaba de anunciar que a 17ª Exposição Internacional de Arquitetura - Como viveremos juntos? – com curadoria de Hashim Sarkis – foi adiada mais uma vez e será realizada entre 22 de maio e 21 de novembro de 2021.
A Itália aprovou um projeto que concede bônus de até 500 euros (cerca de R$ 3,1 mil) para ajudar os moradores de cidades com mais de 50 mil habitantes a comprarem uma bicicleta. A medida está prevista no decreto-lei aprovado em 13 de maio pelo Conselho de Ministros para incentivar a retomada econômica do país, em meio à pandemia do novo coronavírus. Além disso, o projeto também incentiva o uso de veículos não poluentes.
Os números do COVID-19 no Brasil só aumentam, sobrecarregando o sistema de saúde com pacientes diagnosticados com o vírus. Compreensivelmente, também, reduziram-se as idas ao hospital por parte das pessoas que sofrem de outras doenças, que agora têm medo de serem contagiadas com o coronavírus. Para evitar complicações à saúde da população que está com receio de ir ao hospital, os arquitetos do estúdio brasileiro Democratic Architects propuseram o Ônibus de Saúde Imediata (O-SI), um sistema focado em telemedicina.
Em fevereiro deste ano ministrei uma breve palestra aos nossos alunos da Yale sobre a economia e suas perspectivas de emprego sugerindo que, embora todos os indicadores continuassem fortes e os empregos fossem abundantes, já fazia algum tempo desde a nossa última crise. Tendo vivido vários momentos como estes durante minha carreira, sugeri que eles provavelmente veriam uma recessão em algum momento, mas coloquei em dúvida se algum dia veríamos algo tão sério quanto 2008. Porém...
É muito cedo para apresentar argumentos sutis sobre o futuro enquanto enfrentamos o que, sem dúvida, será uma situação muito mais séria na segunda metade de 2020. Desta forma, aqui estão dez primeiras reflexões sobre como nossa profissão pode ser impactada e potencialmente transformada, como resultado. Escolha dois ou três destes pensamentos como instruções para serem considerados no futuro, depois que a crise passar.
Qual é o arco histórico que descreve o percurso da utopia social-democrata (e urbana) de Brasília até o desmonte neo-escravocrata do pacto democrático nos dias de hoje? Que cidade é essa que vemos hoje, afastada de todas as utopias, e com regimes distintos de vulnerabilidade à pandemia do coronavírus?
Guilherme Wisnik conversa com Raquel Rolnik, arquiteta e urbanista, é professora titular da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP. Foi diretora de planejamento da Secretaria Municipal de Planejamento de São Paulo (1989-92), Secretária Nacional de Programas Urbanos do Ministério das Cidades (2003-07) entre outras atividades ligadas ao setor público. O Seminário de Cultura e Realidade Contemporânea é organizado pela Escola da Cidade com o apoio do IABsp.
https://www.archdaily.com.br/br/939571/utopias-e-distopias-urbanas-em-tempo-de-pandemia-guilherme-wisnik-conversa-com-raquel-rolnikEquipe ArchDaily Brasil
Desde o início do surto de coronavírus no Chile, o consumo de pão no país alcançou níveis jamais registrados anteriormente. Isso que o Chile é o segundo maior consumidor de pão per capita do mundo. Como resposta às medidas de distanciamento social, os chilenos correram para os supermercados esgotando os estoques de fermento biológico na capital Santiago em poucos dias, levando-nos a acreditar que ao que parece, a maioria da população decidiu estocar ingredientes para a fabricação caseira de pães como uma medida para lidar com as incertezas trazidas pela pandemia. Todo mundo decidiu botar a mão na massa, e lá em casa não foi diferente.
Está no ar o Mapa Corona nas Periferias, uma iniciativa digital do Instituto Marielle Franco e do canal Favela em Pauta. O mapa digital visibiliza iniciativas solidárias de combate ao COVID-19 em espaços de vulnerabilidade social como favelas, comunidades, quilombos ou territórios sertanejos.
https://www.archdaily.com.br/br/939381/mapa-corona-nas-periferias-cartografia-mapeia-iniciativas-de-combate-ao-covid-19Equipe ArchDaily Brasil
Seguindo a tendência atual e a proposta pioneira apresentada pela prefeitura da cidade de Milão na semana passada, a cidade de Paris também está planejando manter as suas ruas livres de veículos após o encerramento – ou abrandamento – das políticas de distanciamento social tomadas durante a luta contra o surto de coronavírus no país. A prefeita Anne Hidalgo anunciou recentemente que a capital francesa está considerando manter algumas das medidas que restringem o uso de veículos automotores na cidade de Paris, as quais foram introduzidas durante o período de quarentena, transformando-as em novas ferramentas de combate a poluição e os congestionamentos na capital.
Quando se é internado no hospital, entra-se numa experiência de angústia e incertezas. No momento em que sobreviver é o único objetivo, atributos estéticos parecem irrelevantes e a análise da ambiência do espaço hospitalar pode parecer um capricho inoportuno.
Entretanto, estar numa Unidade de Terapia Intensiva pode ser ainda mais aflitivo se o paciente não tem uma janela que indique se é dia ou noite. Ou quando, no momento da triagem do primeiro diagnóstico, a pessoa passa por corredores estreitos e uma sequência de saletas fechadas para os primeiros contatos com plantonistas e enfermeiros: um verdadeiro labirinto.
Em um comunicado em seu website e perfil no Instagram, o Pavilhão da Federação Russa anunciou que sua exposição Open! na Bienal de Arquitetura de Veneza passará a ser inteiramente online. Lidando com o recente surto de COVID-19 que levou ao adiamento da Bienal de Veneza 2020, o pavilhão se transformará em uma plataforma digital para garantir a continuidade dos projetos.
O escritório Foster + Partners criou uma série de jogos e desafios arquitetônicos para crianças aprenderem se divertindo durante a quarentena. Os modelos e atividades disponíveis incluem construir arranha-céus de papel, criar sua própria cidade, desenhar árvores e imaginar o futuro.
A pandemia de coronavírus em 2020 já está criando mudanças em todas as partes da sociedade. Aproveitar essa mudança deve ser o ímpeto para uma revisão há muito esperada do sistema educacional e, em particular, da maneira como ensinamos arquitetura.
Todos os dias, durante a pandemia, descobrimos subitamente o que antes era impossível e que agora é subitamente possível. Como Thomas Friedman disse sobre o aprendizado on-line em 2012, "grandes descobertas acontecem quando o que repentinamente é possível atende ao que é desesperadamente necessário".
Agora nos encontramos em uma posição em que precisamos repensar tudo para combater esse vírus. Essa pandemia nos fará repensar o aprendizado, pois sistemas educacionais inteiros são forçados a se mover on-line. Em geral, a maioria das instituições de ensino formal não está produzindo os pensadores criativos que o mundo precisa com urgência. As soluções para a pandemia de coronavírus exigem pensamento criativo, e como atualmente ensinamos nas instituições produz apenas pensamentos genéricos. Nossa educação não traz à tona o melhor dos indivíduos.