O conceito de "cidade ideal" é algo que se fala muito hoje, quando olhamos para o futuro e pensamos em que aspectos da vida urbana sentimos serem mais importantes para que os habitantes prosperem em uma comunidade saudável. Entretanto, as cidades ideais foram concebidas durante o Renascimento italiano, com arquitetos e urbanistas que priorizaram a lógica em seus projetos focalizando os valores humanos, as capacidades urbanas e as recorrentes ondas de revoluções culturais e artísticas que influenciaram os projetos de planejamento em larga escala.
Teoria e história: O mais recente de arquitetura e notícia
Explorando a história das cidades renascentistas ideais
Além do hegemônico: arquitetura e urbanismo em outros territórios
O ano de 2021 foi turbulento – a pandemia causada pelo novo coronavírus persiste, obrigando as indústrias de design e construção a continuar se adaptando por dois anos seguidos. À medida que os métodos de trabalho remoto e comunicação continuam a ser ajustados e aprimorados, uma infinidade de eventos virtuais fez com que o discurso arquitetônico fora dos paradigmas ocidentais e eurocêntricos pudesse ocupar um espaço central na discussão da arquitetura global.
Ética na arquitetura: repensando a prática em 2021
A ética abrange todas as práticas da arquitetura. Da interseccionalidade e projetos à crise climática, um arquiteto deve trabalhar com uma gama de condições e contextos que informam o ambiente construído e o processo de sua criação. Em todas as culturas, políticas e climas, a arquitetura é tão funcional e estética quanto política, social, econômica e ecológica. Ao abordar a ética da prática, os arquitetos e urbanistas podem reimaginar o impacto da disciplina e a quem ela serve.
Na arquitetura, todos somos críticos
O que é um crítico de arquitetura? E o que faz um crítico no século XXI? Ao longo da história, poucos críticos foram escolhidos para descrever e avaliar a arquitetura, enquanto aguardávamos seus elogios ou decepções, antes de validarmos nossas próprias opiniões. Seus pensamentos e palavras se tornaram referências da arquitetura, e moldaram brutalmente nossa profissão. Essa mentalidade e cultura contribuíram ainda mais para a ideia de que a arquitetura é uma prática “elitista”, em que alguns estabelecem regras e o resto deve aprendê-las. Embora a arquitetura sempre tenha nomeado os críticos, assim como outras formas de arte e cultura têm os seus, recentemente houve um impulso para que a arquitetura se transformasse em uma profissão que projeta para as massas, e é igualmente criticada pelas massas.
A arquitetura vernacular pode se tornar um fetiche?
Quando falamos de arquitetura vernacular, na maioria dos casos, estamos nos referindo a uma forma de se construir específica de uma determinada região—ou uma arquitetura que incorpora sistemas construtivos e materiais locais. As características que definem a arquitetura vernacular, portanto, variam enormemente de lugar para lugar, compreendendo exemplos que vão desde as Casas Colmeias de Harran, na Turquia, às tradicionais casas malaias encontradas em todo o sudeste da Ásia. Dito isso, a arquitetura vernácula continua sendo hoje uma das principais fontes de inspiração para muitos arquitetos e arquitetas ao redor do mundo.
Quartinho dos fundos: a evolução dos espaços dos trabalhadores domésticos
Nos deparamos diariamente com uma abundância de imagens de interiores de apartamentos e casas, frequentemente espaços amplos e bem iluminados, pés-direitos generosos e com grandes aberturas. Espaços integrados e semi-abertos, varandas e sacadas que dissimulam os limites entre espaços interiores e exteriores, cozinhas impecáveis e estantes de livros do piso ao teto. Entretanto, por trás das imaculadas paredes brancas destes elegantes espaços domésticos, escondem-se outros ambientes menos cândidos: espaços sem ventilação ou iluminação natural, os quais ainda hoje, são dedicados às pessoas responsáveis por manter a imagem da casa casta, pura e impoluta.
Neste país de muitas contradições, a organização espacial de nossos ambientes domésticos—estejam eles localizados em uma estrutura do século passado, em uma casa dos anos 50 ou em um apartamento cheirando a novo—reflete um legado “colonialista” enraizado em nossa cultura e que insiste em perseverar até os dias de hoje. Proprietários e patrões, ou pelo menos uma boa parte deles, nunca se deteve a refletir sobre as atuais condições dos espaços habitados por seus subordinados e trabalhadores domésticos, não apenas em relação ao espaço físico em si, mas principalmente em termos de salubridade, conforto e qualidade de vida.
Antes do “colonial” havia a arquitetura do imigrante: a gênese da arquitetura norte-americana
Antes mesmo que o estilo colonial se estabelecesse nos Estados Unidos—como em muitas outras colônias do novo mundo—já haviam edifícios sendo construídos. Digamos que antes do “colonial” havia a arquitetura do imigrante. Como um exercício de sobrevivência, a arquitetura do imigrante é aquela feita com aquilo que se tem à mão, com o que se pode encontrar e com o principal objetivo de ter um teto sobre o qual protege-se dos perigos do desconhecido. Depois de um certo tempo e distanciamento, é comum romantizarmos sobre o estilo de arquitetura colonial do país em que crescemos, afinal, somos todos imigrantes não é mesmo? Edifícios simples e honestos, representativos de quem somos e de onde viemos. Estruturas simétricas e de uma sobriedade avassaladora, de pequenos acréscimos e infinitos desdobramentos. Mas acontece que a arquitetura “colonial” não necessariamente é aquela construída com ânsia pelas mãos do imigrante em busca de um teto para morar.
Já existem modelos viáveis de moradias de qualidade a preços acessíveis
Este artigo foi publicado originalmente no Common Edge.
Na reedição desta semana, o autor Walter Jaegerhaus explora o desafio da habitação nos EUA, traçando uma linha do tempo da evolução de diferentes soluções arquitetônicas de todo o mundo. Buscando "inspirar arquitetos de hoje a criar novas opções de habitação" e esperando "que os EUA possam novamente abraçar suas origens experimentais e testar novas ideias e métodos", o artigo destaca exemplos da Europa e das Américas.
Olhares queer sobre a arquitetura
Um número crescente de teóricos e profissionais está discutindo o impacto de gênero e raça na profissão e na teoria da arquitetura. Questões ligadas à relação entre o ambiente construído, orientação sexual e identidade de gênero, no entanto, permanecem particularmente pouco estudadas, talvez por causa de sua relativa invisibilidade e consequências discriminatórias menos claramente identificáveis; elas também são completamente negligenciadas pela teoria do design no mundo francófono. Este artigo corrige parcialmente a situação.
Arquitetura fora do armário
A arquitetura pode ser muitas coisas, inclusive bicha. Este termo junto de tantos outros que são desviantes e transitam distintas possibilidades e significados, disparam novos olhares sociais e colocam em conflito o modo como surge um projeto arquitetônico ou urbanístico, seu programa e ocupação. Se está dito como a arquitetura deve ser feita, se há uma certeza sobre o que ela representa, aqui se expressa o desejo de não saber o que ela é e o direito de duvidar das suas tradições para assim expandir a possibilidade do seu sentido, profissão e representatividade.
Pavilhão "Restroom" explora o banheiro como um território de disputas políticas e sociais na Bienal de Veneza
“Quando usamos um banheiro, embora fechemos a porta ao entrar, nunca estaremos sozinhos. Muito pelo contrário. Ao adentrar nesse espaço, nos embrenhamos em uma rede de diferentes corpos, infraestruturas, ecossistemas, normas culturais e códigos sociais”. Embora banheiros sejam muitas vezes negligenciados, tratados apenas como uma infra-estrutura banal e necessária, eles são, na verdade, um território onde questões de gênero, religião, etnia, higiene, saúde e também economia são claramente definidas e expressas. Pensando nisso, Matilde Cassani, Ignacio G. Galán, Iván L. Munuera e Joel Sanders desenvolveram o projeto de dois pavilhões para a 7ª Mostra Internacional de Arquitetura da Bienal de Veneza, nos quais eles exploram o banheiros como um território de disputas políticas e sociais.
Iluminação como linguagem: os significados da luz e da sombra na arquitetura
Imagine se a luz, além de nos permitir enxergar o mundo, fosse também capaz de transmitir informações e significados. Padrões mensuráveis de iluminação natural, traduzidos em níveis de ‘lux’ recomendados para determinadas tarefas, levaram a uma compreensão quantitativa da luz. No entanto, a arquitetura se apropria da luz natural não apenas para cumprir requisitos formais e padrões matematicamente calculados. A iluminação natural é utilizada, sobretudo, para transmitir emoções, revelar espaços e construir atmosferas. Dito isso, poderíamos afirmar que a iluminação é uma forma de linguagem utilizada pelos arquitetos para se comunicar com as pessoas? Desde uma perspectiva semiótica, poderemos melhor compreender como a luz e a sombra contribuem para a construção de significado na arquitetura.
Por que é necessário teorizar a arquitetura hoje?
Em geral, as publicações e as discussões de arquitetura radicam em análises da forma, sejam estas janelas, portas, interiores, exteriores ou projetos completos; em suma, a análise dos volumes arquitetônicos que conformam a obra propriamente dita.
O desenvolvimento arquitetônico da obra é uma leitura, uma interpretação da realidade atual. É a "atualidade" versus o talento próprio do arquiteto-artista que, finalmente, se expressa na forma de um projeto arquitetônico por materializar-se, é a obra de arquitetura proposta e, em muitos casos, realizada. No entanto, a teorização ou reflexão abstrata sobre "campos relevantes para a arquitetura" propõe novas oportunidades de abertura no exercício da profissão e do ofício, que permitem novas formas de projetar tanto no imediato quanto no futuro.
Revista Arquitectura: baixe gratuitamente todas as edições da principal publicação de arquitetura da Espanha
O Colégio de Arquitetos de Madri (COAM) acaba de publicar a primeira parte do processo de digitalização da revista Arquitectura, disponibilizando à todos uma das publicações mais importantes e influentes do panorama arquitetônico do século XX na Espanha, a qual se converteu em uma referência para o debate, o pensamento e a atividade profissional de arquitetos, urbanistas e profissionais de outros setores relacionados.
Fundada em 1918 como publicação oficial da Sociedad Central de Arquitectos, a revista ARQUITECTURA, converteu-se na primera publicação livre da imprensa arquitetônica espanhola. Entretanto, durante a guerra civil espanhola a sua publicação foi suspensa e posteriormente adaptada, sendo editada pela Direção Geral da Arquitetura, órgão do Ministério do Governo, como Revista Nacional de Arquitectura, a qual foi publicada periodicamente até 1946.
Diagrama interativo permite visualizar mapa político da arquitetura mundial
Se tivéssemos que identificar, categorizar e mapear os escritórios emergentes de arquitetura do século XXI ao redor do mundo, e apresentá-los em um diagrama único, como ele seria? Considerando que o exercício profissional da arquitetura consiste em múltiplas abordagens, atitudes e posturas políticas distintas, como seria possível abranger todas elas? E como seria possível, de centenas de escritórios e empresas emergentes no todo o mundo, não deixar ninguém fora?
Dê uma olhada no Mapa político da arquitetura V 0.2. para descobrir.
4 Princípios artísticos que podem ajudar a fazer uma arquitetura melhor
Este artigo foi originalmente publicado pela Common Edge como "Enduring Principles of Art That Also Apply to Architecture."
É seguro dizer que arquitetos, acadêmicos, críticos e até mesmo o público têm discutido sobre os méritos dos estilos arquitetônicos há séculos. Mesmo durante o curso da minha própria carreira, o contemporâneo versus o tradicional travaram uma batalha sem cessar. Para melhor ou para pior, o contemporâneo geralmente ganhou como posição padrão para a maioria das escolas e publicações, provavelmente devido ao puro valor de entretenimento visual que oferece e aos seus dois lucrativos desdobramentos: o branding e a publicidade.
Gostaria de propor outra questão: que certos princípios duradouros da arte, diferente de qualquer estilo temporário — e, lembre-se, são todos temporários — devem ser nosso verdadeiro objetivo arquitetônico. Esta presunção significa que você deve ser agnóstico quando se trata de estilo e deixar de lado qualquer noção de uma posição ideológica em relação ao certo ou ao errado de suas preferências arquitetônicas. Há aqueles, é claro, que dizem que determinar que "minha arte" é melhor do que a sua, ou mesmo que é possível definir a arte real em primeiro lugar, é uma tarefa impossível.
Eu penso o contrário.
Como um romance salvou a Notre-Dame e mudou a percepção da arquitetura gótica
Este artigo foi originalmente publicado pela Common Edge como "It’s a Book. It’s a Building. It’s a Behavioral Intervention!"
Alguns anos atrás, ao visitar, ou melhor, explorar a Notre-Dame, o autor deste livro encontrou em um canto escuro de uma das torres, esta palavra esculpida na parede:
'ANÁΓKH
Estes caracteres gregos, escurecidos pelo tempo, e esculpidos profundamente na pedra com as peculiaridades de forma e arranjo comuns à caligrafia gótica realizada manualmente durante a Idade Média, sobretudo, o triste significado desta palavra foi o que mais impressionou o autor.
58 Anos de evolução no Museu Guggenheim de Frank Lloyd Wright
Este artigo foi publicado originalmente em guggenheim.org/blogs, sob o título "Wright’s Living Organism: The Evolution of the Guggenheim Museum," e é utilizado com permissão.
Em 1957, no canteiro de obras do Museu Solomon R. Guggenheim, o arquiteto Frank Lloyd Wright proclamou: "É tudo uma coisa só, integral, e não parte sobre parte. Este é o princípio pelo qual sempre trabalhei." O princípio a que Wright se referiu é a ideologia de projeto que desenvolveu ao longo de sua carreira de setenta anos: a arquitetura orgânica. No seu cerne, esse princípio era uma aspiração à continuidade espacial, em que cada elemento de uma edificação fosse concebido não como um módulo discretamente projetado, mas como um constituinte do todo.
Embora não seja a intenção de Wright por si só, é apropriado que o edifício que ele concebeu como um organismo vivo tenha evoluído ao longo do tempo. A integridade geral e a forma espiral que definem suas características permaneceram inalteradas, mas houve uma série de adições e renovações exigidas pelo crescimento e modernização da instituição.