A intervenção humana sobre a paisagem natural é em si, algo contraditório. Se por um lado a arquitetura nos permite um acesso imersivo ao ambiente natural, por outro, edificar sobre a paisagens sensíveis significa despojá-la de sua própria essência. Portanto, ao considerarmos a arquitetura como um artifício que normatiza a presença humana na paisagem natural, o ato de construir implica também estarmos conscientes das múltiplas escalas envolvidas e, acima de tudo, de que a arquitetura—especialmente nestes contextos—é a nossa principal ferramenta para estabelecer os limites entre o acesso à paisagem e a preservação do meio ambiente. Explorando uma variedade de diferentes abordagens e estratégias formais de projeto, apresentaremos à seguir uma série de importantes lições apreendidas através de experiências concretas realizadas por distintos arquitetos e escritórios de arquitetura, experimentos que nos ensinam outras formas de abordar as relações entre a arquitetura e a paisagem.
Crianças brincando no alagamento do Rio Pinheiros – próximo a região do Ceagesp – Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo – zona oeste da cidade. Foto: Eduardo Anizelli para a Folhapress. Alterado pelo autor
A cidade de São Paulo como uma das maiores e mais populosas cidades do mundo acumulou ao longo dos anos uma profusão de relações entre o seu território e as pessoas que nele habitam. Ao semear e alimentar interesses, São Paulo tornou-se em pouco tempo um grande centro e ganhou relevância frente ao cenário nacional. Contudo, a metrópole apresenta cada vez mais um distanciamento entre suas camadas sociais, sem contar com o caos frequentemente estabelecido na cidade, seja por meio do trânsito ou dos habituais trasbordamentos, resultado do mau planejamento urbano, que atende aos interesses de poucos em detrimento a saúde da cidade.
A orientação e dimensionamento dos vazios são algumas das principais variáveis a serem levadas em conta na proposição de elementos vazados nas fachadas de edifícios. O estudo das condições locais é fundamental para o bom desempenho deste tipo de solução, particularmente bem-vinda em países que costumam ter temperaturas elevadas, como a Índia. Ainda que sua variedade climática dificulte as generalizações, as temperaturas podem atingir acima 40 graus no verão na maior parte do país, o que exige estratégias arquitetônicas específicas para amenizar a sensação de calor e umidade no interior das edificações.
Programas de culinária nunca foram tão populares no mundo. Sejam eles de receitas, reality shows ou documentários, o escritor Michael Pollan aponta que não é incomum passarmos mais tempo assistindo do que preparando nossa própria comida. Isso é um fenômeno bastante curioso, já que nos resta apenas imaginar os cheiros e gostos do outro lado da tela, como os apresentadores gostam de nos lembrar frequentemente. Ao mesmo tempo, quando assistimos algo sobre a Idade Média, rios poluídos ou desastres nucleares, ficamos aliviados de ainda não existir uma tecnologia para transmitir os cheiros. De fato, ao tratarmos de odores (e mais especificamente os maus), sabemos o quão desagradável é estar em um espaço que não cheira bem. Mais especificamente em edificações, quais são as principais fontes e de que forma isso pode afetar nossa saúde e bem-estar?
São frequentes os relatos de acidentes em banheiros, por geralmente serem locais apertados e, muitas vezes, escorregadios. Ainda que ninguém esteja imune a um escorregão após o banho, são os idosos que sofrem mais com as quedas, ocasionando ferimentos graves, sequelas e limitações funcionais. Com a redução natural dos reflexos e da massa muscular, quanto mais alta a faixa etária mais propensos a quedas nos tornamos.
Para proporcionar condições de vida mais confortáveis com o passar dos anos, o ambiente deve se adaptar às novas capacidades físicas de seus ocupantes. Tornar os banheiros mais seguros é fundamental para diminuir os riscos de acidentes ou reduzir o tempo de resposta no caso de uma queda. Apresentamos abaixo alguns pontos para se levar em conta ao desenhar banheiros para pessoas com idades avançadas:
Habitantes das grandes cidades, tendemos a ser arrastados para um estilo de vida acelerado. Rodeados de edifícios e infraestruturas de grande porte, podemos facilmente perder de vista os espaços fundamentais que nos conectam ao nosso bairro e nos proporcionam raros momentos de tranquilidade e lazer. A apropriação do meio ambiente que habitamos torna-se uma circunstância incomum.
Em cidades onde os espaços públicos são frequentemente esquecidos ou mal utilizados, a necessidade de estruturas adequadas à escala humana é fundamental. Para promover a participação cívica, recreação, socialização e tornar a cidade mais habitável e agradável para seus cidadãos, um recurso barato e rápido tem sido a criação de pavilhões ou instalações – microarquiteturas que oferecem a possibilidade de uma rápida fuga do cotidiano urbano.
Favela da Rocinha, Rio de Janeiro. Foto de: AHLN, via VisualHunt.com / CC BY
No próximo sábado, dia 31 de outubro, comemora-se o Dia Mundial das Cidades, uma data estipulada pela Organização das Nações Unidas desde 2015, e que faz parte da iniciativa anual intitulada “outubro urbano”. Essa comemoração tem como objetivo promover o interesse da comunidade internacional na urbanização global, aumentar a cooperação entre países para debater o enfrentamento dos desafios da urbanização e contribuir para o desenvolvimento urbano sustentável ao redor do mundo.
Porém, quando se fala em cidade, apesar do vocábulo significar uma genérica “aglomeração de pessoas situadas em uma área geográfica delimitada”, na prática sabemos que cada um desses agrupamentos é fruto de fatores muito singulares em termos de desenvolvimento e cultura. Nesse sentido, decidimos aproveitar a comemoração mundial do dia das cidades e fazer um recorte específico na nossa realidade, trazendo à tona os desafios enfrentados pelas cidades latino-americanas nos dias de hoje.
Surface Ex-Tension by Jonathan Craig, Luis Arjona, Marco Nieto & Philip Elmore. Image Courtesy of Arch Out Loud
Desde sua inauguração no final dos anos 1990, o famoso relógio digital instalado na Union Square de Nova Iorque informava ao mundo com precisão a hora exata, sem nunca ter falhado por nem mesmo um único segundo. Entretanto, recentemente o monumental painel digital da maior cidade dos Estados Unidos parou—mas não por acaso. Isso porque o imenso relógio foi transformado em uma espécie de “Relógio Climático” (ou seria “Cronômetro Climático”) exibindo não mais a hora exata do dia mas uma contagem regressiva do tempo que ainda nos resta—segundo alguns especialistas—para tomarmos decisões em larga escala que possam reverter o processo de aquecimento global. Os dados publicados no relatório especial do IPCC sobre o aquecimento global são de fato alarmantes. Segundo o estudo, nos resta pouco mais de sete anos para que as atuais mudanças climáticas alcancem um ponto de irreversibilidade.
As empenas são conhecidas como as paredes laterais de um edifício, normalmente previstas para ladear uma construção vizinha. Mesmo em edifícios com recuos laterais mais generosos, que permitem aberturas para portas e janelas, as empenas podem ser mantidas como grandes superfícies contínuas, criando uma fachada cega na edificação.
Nesse sentido, as empenas em concreto aparente, que se valem da textura do material sem a necessidade de revestimentos, podem ser empregadas como elementos estéticos na composição plástica do edifício. Como parte da série Casas Brasileiras, apresentamos a seguir 10 residências com empenas de concreto:
A busca por segurança na arquitetura está ligada, entre outros aspectos, à criação de interiores resguardados que nos permitam realizar as atividades diárias com conforto e sem imprevistos. No entanto, os desafios envolvidos na proteção de pessoas e propriedades mudaram drasticamente nos últimos anos. Hoje, procuramos sentir-nos seguros onde quer que estejamos e, numa arquitetura cada vez mais aberta e transparente, o material da sua envolvente torna-se cada vez mais relevante, principalmente nas suas zonas envidraçadas.
Que parâmetros devemos considerar ao escolher um vidro de segurança? Conversamos com os técnicos da Cristales Dialum, que desenvolveram soluções com diversos níveis de resistência para vidros simples e duplos.
Os escritórios Rojkind Arquitectos e AmasA Estudio divulgaram um novo projeto em uma área denominada de “Três Cerritos” no Valle de Guadalupe, na famosa rota do vinho na região de Francisco Zarco em Enseada, Baixa Califórnia, norte do México. O projeto surge de uma compreensão do valor histórica da natureza como refúgio e santuário, promovendo a criação de um novo conceito de hospitalidade que promova a reaproximação entre seres humanas e o meio ambiente.
https://www.archdaily.com.br/br/950256/rojkind-arquitectos-e-amasa-estudio-apresentam-projeto-ummara-no-norte-do-mexicoArchDaily Team
Críticas aos modelos mais comuns de Habitação de Interesse Social (HIS) no Brasil são bastante frequentes. E, com efeito, geralmente são fundamentadas, haja vista a precariedade arquitetônica e urbanística da maioria dos conjuntos construídos – sobretudo aqueles erguidos em zonas afastadas das centralidades urbanas que negam aos moradores seu direito à cidade.
Há, entretanto, bons exemplos. Projetos construídos a partir de premissas de acesso à infraestrutura urbana, conectividade com o entorno imediato, eficiência construtiva, conforto ambiental e salubridade nos interiores das unidades habitacionais. A seguir, reunimos seis exemplos de HIS – projetados por Biselli Katchborian Arquitetos, Jirau Arquitetura, MMBB Arquitetos, H+F Arquitetos, Boldarini Arquitetura e Urbanismo e Vigliecca & Associados – que apresentam soluções interessantes para um programa tão complexo e delicado.
Paul Romer, economista americano ganhador de prêmio Nobel, acredita que um fator importante para o sucesso das aglomerações urbanas é a clara definição do que é espaço público e privado antes do início da construção de um bairro ou de uma grande cidade.
O autor exemplifica o sucesso dessa estratégia com um caso clássico, o da grelha viária de Nova York. Muito antes da ocupação construída da ilha de Manhattan, seja de ruas ou de edifícios, em 1807 se definiu o chamado Comissioner’s Plan, que delineava o xadrez de espaços públicos e privados que definiriam o futuro da cidade.
A escolha de materiais de construção e a reflexão contínua inerente sobre o alcance e as capacidades da arquitetura são uma maneira alternativa interessante de abordar essa questão. Os materiais utilizados na habitação social devem abordar as possibilidades locais e econômicas e as reais necessidades de acesso à moradia no contexto contemporâneo.
Na busca por fornecer inspiração e ferramentas aos arquitetos para a construção de melhores moradias sociais, analisamos diferentes projetos publicados em nosso site para identificar quais são os materiais predominantes, tanto para a formação de estruturas ou fechamentos, a fim de proporcionar um panorama global de diferentes estudos de caso, considerando principalmente sua localização geográfica e aspecto construtivo.
Diante da questão de quais são os materiais utilizados na habitação social, apresentamos uma compilação de 15 projetos que convidam à reflexão.
Historicamente, o bambu tem sido utilizado como matéria-prima em construções tradicionais de baixa renda, servindo como substituto de outras madeiras para materializar estruturas, armários e até móveis. Hoje, devido às suas inúmeras vantagens associadas à durabilidade, resistência, versatilidade e baixo impacto ambiental, conseguiu ganhar o nome de “aço vegetal” e obter um lugar privilegiado na indústria da construção. A atual busca por novos materiais para o desenvolvimento sustentável tem gerado novas fusões construtivas que colocam materiais e técnicas contemporâneas em jogo com elementos tradicionais, amalgamando e valorizando as qualidades dos materiais em cada região.
A arquitetura dos edifícios diplomáticos situa-se em um território ambíguo e até certo ponto, contraditório. Procurando equilibrar os imprescindíveis requisitos de segurança e uma máxima abertura e integração com a paisagem, edifícios de embaixadas atuam como símbolos representativos de uma cultura. Em sua essência, edifícios diplomáticos também são concebidos para expressar os principais valores e ideais de uma nação. Atualmente, os projetos de embaixadas necessariamente precisam atender rígidos padrões de segurança, ao mesmo tempo que procuram construir uma conexão física e imaterial com a cultura local específica onde encontram-se inseridos.
A representação das mulheres nos edifícios e calçadas das ruas de São Paulo. Fonte: Jornal Estado de São Paulo, 06 de julho de 1958. Releitura por Beatriz Hubner
O estudo da arquitetura e sua relação com a vida cotidiana e com as questões de gênero têm estimulado pesquisadores a buscarem novas fontes de estudo e a ampliar a análise sobre suas ideias e realizações. Este ensaio busca compreender a presença feminina nos espaços urbanos a partir de extratos de vestígios dos cotidianos levantados em textos e imagens publicados em crônicas, reportagens e anúncios do jornal “Estado de São Paulo”.
À medida que nossas cidades crescem a um ritmo cada dia mais vertiginoso, intensifica-se também a demanda para que arquitetos e construtores realizem seus trabalhos de forma mais eficiente e rápida. A pré-fabricação e modularidade foram introduzidas na arquitetura há séculos, um conceito que transformou e revolucionou a forma como concebemos e construimos nossos edifícios. Ao trabalharmos com padrões e relações de escala entre os vários componentes de um edifício, a arquitetura modular nos permite alcançar uma maior flexibilidade espacial, assim como rapidez, eficiência e economia de recursos durante o processo de construção.
A automação residencial, desde assistentes virtuais controlados por voz a termostatos controlados por aplicativos, introduziu o futuro de maneira rápida e inesperada em nossas próprias casas. À medida que a tecnologia continua a progredir, a maneira como interagimos com o ambiente provavelmente se tornará cada vez mais futurista - até em espaços tão pessoais quanto os banheiros de nossas casas. Embora a perspectiva de uma vida pessoal altamente digitalizada possa ser assustadora para alguns, outros veem o potencial dessa tendência para melhorar não apenas o conforto, mas também a saúde e a segurança. Abaixo, descrevemos algumas das tecnologias que esperamos ver nos banheiros do futuro.
https://www.archdaily.com.br/br/926296/como-serao-os-banheiros-no-futuroLilly Cao
O que é a escala humana senão as relações entre um corpo e o ambiente que o cerca? E o que seria o corpo senão o vínculo inevitável entre a nossa experiência sensorial do mundo material e a consequente sensibilização de cada um de nossos sentidos?
Variando do amarelo ao cinza, passando pelos mais tradicionais vermelhos e alaranjados, tijolos são onipresentes em muitas das nossas cidades, amplamente utilizados na construção civil. Resumidamente, seu processo de fabricação abrange a moldagem de argila e a sua queima em fornos, permitindo a criação de blocos maciços, perfurados, cobogós, telhas e outras formas. Tijolos cerâmicos são baratos, fáceis de encontrar, apresentam uma boa resistência, inércia térmica, acabamento e não requerem uma mão-de-obra tão especializada para a construção. Mas, se a instalação for feita próxima de fontes de calor elevado, o tijolo comum acabará fissurando e quebrando e tijolos refratários serão os mais indicados. Mas o que isso quer dizer?
Há poucos episódios tão importantes para a história da arquitetura e do urbanismo quanto foi a Revolução Industrial. Para acomodar a estrutura produtiva que transformou o capitalismo a partir do século XVIII, foi criado todo um sistema de espaços que compreendia, para além das fábricas, centros de processamento de matérias-primas, núcleos de geração e distribuição de energia, armazéns de estocagem e terminais de transporte. No que diz respeito às cidades, tal processo não apenas resultou na destinação de grandes porções do território para acolher as atividades industriais, mas numa transformação multissistêmica que abrangeria as formas de morar, ocupar e deslocar-se no meio urbano.
https://www.archdaily.com.br/br/926578/arquitetura-des-industrial-8-projetos-que-ressignificam-o-espaco-da-maquinaIsabel Martin
Na segunda parte de sua entrevista com o ArchDaily, Hashim Sarkis reflete sobre o futuro da arquitetura ao abordar a questão atemporal da Bienal de Veneza de 2021. O curador da Bienal, que propõe o tema “Como viveremos juntos?”, discute o papel da profissão em meio a todos esses novos paradigmas, afirmando que “os arquitetos mudam o mundo [...] criando [... ] imagens de desejos do que o mundo poderia ser."
Neste artigo, o curador da esperada bienal e reitor da Escola de Arquitetura e Planejamento do MIT apresenta suas visões sobre a evolução da arquitetura e os novos rumos que o mundo acadêmico deve tomar para refletir "a complexidade dos problemas urbanos de hoje". Sarkis também menciona Beirute, discutindo abordagens de reconstrução, sociedade civil e a noção exasperante de resiliência.
Muitos fatores influenciam no bem-estar das pessoas, mas poucos tem um poder tão grande quanto a qualidade do sono. Adultos passam, em média, um terço de seu dia (e de sua vida) dormindo. No caso das crianças pequenas essa proporção é ainda maior. De acordo com um estudo publicado pela OMS em 2019, bebês (de 4 a 11 meses) devem dormir entre 12 e 16 horas/dia; e crianças até 4 anos devem dormir entre 10 e 13 horas/dia.
Um sono de qualidade atua diretamente no desenvolvimento cerebral da criança, principalmente durante sua primeira e segunda infância (do nascimento até os 12 anos). Durante o período de descanso o corpo libera os hormônios necessários para o crescimento e aprendizado, e isso relaciona-se diretamente ao desenvolvimento físico, motor, emocional e cognitivo. É sabido também que o ambiente onde se dorme interfere na qualidade desse sono, e alguns aspectos importantes devem ser considerados na hora de projetar espaços de dormir para crianças e bebês.