Com um portfólio de projetos diversificados e altamente característicos, sobretudo no que diz respeito às suas representações, o escritório de arquitetura fala é marcado por um processo criativo ousado, refinado e dinâmico. Fundado em 2013 pelos arquitetos Filipe Magalhães, Ana Luisa Soares e Ahmed Belkhodja, o fala tem sede na cidade de Porto, Portugal, e costuma trabalhar em diferentes escalas: "de territórios a casas de passarinho".
Artigos
Um escritório de arquitetura ingênuo: conhecendo a obra de fala
Tirantes na arquitetura brasileira: do mobiliário à infraestrutura urbana
Utilizados para transmitir especialmente cargas de tração, os tirantes aliviam as forças de compressão que atuam sobre os elementos de uma estrutura. Por se tratar de elementos lineares, como cabos ou barras metálicas, sua forma delgada permite que ele se camufle no espaço ou traga uma composição notável para este através da repetição de seus componentes. Com essas qualidades, seu uso é relativamente comum na arquitetura, sendo possível encontrar exemplos que vão desde o design de mobiliário até projetos de infraestrutura urbana, como em pontes suspensas ou estaiadas.
Perelman Center em Nova York: como funciona a gestão de grandes projetos nos EUA
A recente conclusão do projeto do Perelman Performing Arts Center (PAC), fruto da colaboração entre o escritório REX, Davis Brody Bond e Rockwell Group é um marco da transformação cultural da região de Lower Manhattan. O terreno do PAC faz parte do complexo do World Trade Center, propriedade da Port Authority of NY and NJ, órgão autônomo responsável pela gestão de pontes, portos, túneis e aeroportos. Desde os atentados de 2001, muitas transformações aconteceram no terreno, como a construcao dos quatro prédios do complexo do WTC e do Oculus. Do início do concurso do PAC até a conclusão da obra se passaram mais de nove anos, tendo eu participado dos últimos cinco como um dos arquitetos da equipe da Davis Brody Bond.
Luz baixa: banheiros com iluminação indireta ou reduzida
Sinônimos de "escuro" são associados a uma atmosfera de negatividade. Palavras como tristeza e escuridão estão longe da leveza e do ar dos projetos de interiores apresentados por revistas ou influenciadores. Mas para muitas pessoas que buscam tranquilidade no banheiro, a iluminação de baixa intensidade oferecer conforto.
Muitos de nós tendemos a fechar os olhos enquanto procuramos paz e atenção plena. Ao desligar o sentido da visão, podemos nos refugiar em nós mesmos e focar em nosso próprio autocuidado. Os quatro banheiros pouco iluminados apresentados a seguir fazem uso da ideia de escuridão pacífica para criar espaços tranquilos com iluminação suave e baixa, materiais naturais e superfícies escuras.
Rua das crianças: intervenção urbana cocriada com estudantes de escola pública em São Paulo
Ao longo das últimas décadas, as cidades vêm sofrendo profundas e rápidas transformações, as quais vêm impactando muito também a infância. Enquanto as cidades estão cada vez maiores e mais complexas, vem crescendo uma população infantil cuja qualidade de vida urbana deteriorou-se notavelmente. As crianças perderam seus espaços na cidade e encontram-se, cada vez mais, em espaços fechados e institucionalizados.
O imaginário da cidade enquanto perigosa vem se fortalecendo, estabelecendo uma relação cíclica: com menos crianças nas ruas, estas são dominadas por carros que circulam em alta velocidade, o que dificulta o uso do espaço, o que por sua vez incita o aumento da violência, o que afasta as crianças — e todos — das ruas. A baixa frequência de crianças brincando nas ruas e demais áreas públicas dos centros urbanos também faz com que este segmento seja pouco visível aos olhos dos adultos e das políticas públicas.
Quais estratégias de demolição sustentável podem descarbonizar a arquitetura?
O ambiente construído é responsável por aproximadamente 42% das emissões anuais globais de CO2. Durante a vida útil de um edifício, metade dessas emissões provém de sua construção e demolição. Para tornar a arquitetura mais sustentável e controlar as emissões globais, é essencial repensar e reduzir os impactos de carbono gerados durante as demolições, bem como implementar estratégias sustentáveis na construção de edifícios. As demolições geralmente envolvem a desmontagem, derrubada, destruição ou eliminação de edifícios e estruturas, resultando em níveis insustentáveis de emissões de carbono, esgotamento de recursos, resíduos e poluição. Esses métodos apressados para encerrar o ciclo de vida de um edifício têm impactos negativos no meio ambiente, nos materiais envolvidos e nas possibilidades de reciclagem. Portanto, é evidente a necessidade de repensar como abordamos o fim da vida de um edifício ou projeto de infraestrutura, em vista de um sistema de desconstrução mais sustentável.
OMA, Studio Gang e Zaha Hadid: 5 projetos icônicos concluídos em 2023
Ao refletirmos sobre os acontecimentos de 2023, vemos que este foi um capítulo notável no mundo da arquitetura e do design. Assistimos à concretização de numerosos projetos inovadores que deixaram uma marca no nosso ambiente construído coletivo. Esta narrativa ocorre em torno de um ano significativo, com um compromisso renovado no combate às mudanças climáticas, com o diálogo iniciado em torno de eventos mundiais como o Congresso Mundial de Arquitetura da UIA em Copenhague ou a 18ª Bienal de Arquitetura de Veneza.
Esta lista com curadoria inclui projetos que foram abertos ao público em 2023. Cada um deles foi projetado e muito aguardado para ser concluído. Os arquitetos apresentados incluem MVRDV, Zaha Hadid Architects, Snøhetta, Studio Gang e OMA em colaboração com Shohei Shigematsu. Cada uma dessas empresas é um escritório de arquitetura único com seu estilo arquitetônico específico, enquanto todos esses projetos construídos listados são públicos e comerciais.
Da tradição à inovação: como as tecnologias modernas estão transformando o potencial da madeira
A madeira, um dos materiais de construção mais antigos, foi continuamente reinventada ao longo da história. À medida que a arquitetura contemporânea se preocupa cada vez mais com a sustentabilidade e a responsabilidade ambiental, a popularidade do material também aumentou. Como as árvores absorvem dióxido de carbono durante seu crescimento, a madeira armazena esse carbono, mantendo-o fora da atmosfera. Os materiais derivados da madeira estão, portanto, associados a menores emissões de gases de efeito estufa, desde que as árvores sejam colhidas em florestas manejadas de forma sustentável. Mas, para aproveitar todo o potencial deste material, uma infinidade de técnicas e modificações evoluíram com o objetivo de adaptar e personalizar as características da madeira às demandas do projeto e da construção moderna. Da modificação térmica à madeira engenheirada ou aos versáteis painéis, esses métodos não apenas melhoram a adequação da madeira aos rigores da arquitetura contemporânea, mas também expandem a usabilidade deste material sustentável para uma escala sem precedentes.
Projetando quadras urbanas para crianças
Alguma vez você já parou para refletir em como o espaço é visto, sentido e usufruído a partir da altura de 95 cm? Pensar um desenho urbano que incorpore a escala da criança é fundamental para criar cidades mais inclusivas, saudáveis e seguras, uma vez que componentes desenhados para acolher essas necessidades tendem a atender melhor a todos que os usam, o que inclui desde adultos às pessoas idosas ou com deficiências. Um dos elementos urbanos que são fundamentais para essa discussão, e para a reflexão dos planejadores, são as quadras, espaços que abrigam diversas possibilidades de uso e apropriação nas cidades, e que podem ser modificadas e pensadas de diversas formas, o que inclui estratégias para que possam ser mais adaptadas ao universo infantil.
Remodelando edifícios assombrados pelo passado: 7 lugares para visitar em São Paulo
Hoje, dia 27 de setembro, se celebra o Dia Mundial do Turismo. Os roteiros turísticos surgem dos desejos mais diversos, podem ser baseados em guias arquitetônicos, gastronômicos ou naturais, que normalmente são os mais comuns, mas há aqueles que se interessam por pitadas de mistério e memórias de assombro. Numa cidade cheia de histórias como São Paulo, não é difícil encontrar lugares que possuem o passado marcado por cenas de horror, mas que no presente servem como equipamentos culturais e adicionam novas camadas para a sociedade.
Afinal, para que servem as calçadas?
Passados 21 anos da aprovação da lei federal do Estatuto da Cidade, que regulamentou o capítulo de “Política Urbana” da Constituição Brasileira, e resultou na elaboração de diversos planos diretores para as cidades do século XXI com mais de 20 mil habitantes e na oportunidade de revisão de uma série deles, parece-me oportuno despertar nossos radares sensoriais para um tema de extrema relevância para todas as cidades e que vimos colecionando enorme dificuldade em lidar: nossas calçadas!
Refiro-me a diversos aspectos relativos a seu uso e finalidade, seus mecanismos regulatórios, sua manutenção e seu desenho... Vamos a eles!
Sobre a importância de projetar para o bem-estar do habitante: Alex Depledge sobre Resi
O que é arquitetura? São projetos grandiosos com estruturas complexas, desafiando as leis da física? São edifícios simples e cotidianos que, quando reunidos, criam o tecido urbano? Em meados do século XVIII, Laugier introduziu o conceito de cabana primitiva, uma estrutura, essencialmente uma casa, projetada e construída para atender às necessidades básicas do ser humano primitivo: abrigá-lo das intempéries da natureza. Qualquer estrutura que atenda a esses requisitos seria considerada uma arquitetura autêntica. Porém, desde então, nossas necessidades evoluíram e estão muito mais elaboradas, principalmente quando se trata de nossas casas. Elas precisam oferecer abrigo, segurança, conforto térmico e espaços amplos. As nossas casas devem ser econômicas, sustentáveis e ter acesso à Internet, entre muitos outros pré-requisitos. Então, como seria a casa ideal do ser humano contemporâneo e, portanto, a "verdadeira" arquitetura?
The Science of a Happy Home Report, relatório realizado por Resi primeiro em 2020 e novamente no pós-pandemia de 2023, procurou descobrir exatamente quais elementos as pessoas acreditavam constituir o definitivo lar feliz. Os resultados foram seis qualidades proeminentes: uma casa que é adaptável para atender às nossas necessidades em constante mudança, uma casa que nos permite conectar e construir relacionamentos, uma casa que reflete a nossa personalidade e valores, uma casa nutritiva que fornece as condições que precisamos para prosperar (ou seja, qualidade do ar), uma casa que nos ajuda a relaxar e uma casa que oferece segurança e nos faz sentir seguros. Essas necessidades, no entanto, não estão sendo atendidas na maioria dos lares do Reino Unido, e é aí que entra a Resi.
Qual a diferença entre a taipa de mão e a taipa de pilão?
O percurso histórico da construção conta, também, a história da humanidade. Os exemplares que perduraram no tempo dizem sobre seus contextos particulares, e os resquícios que sobreviveram às intempéries e deterioração narram o desenvolvimento tecnológico humano. Nos primórdios da construção, a operação comum (e a única possível) aos humanos era utilizar matéria-prima disponível do local onde estavam inseridos. Para muitos, isso significava construir com barro.
Sustentabilidade e inovação na arquitetura efêmera: 15 pavilhões de madeira
Desde os primórdios da modernidade, a arquitetura de pavilhão sempre marcou presença ao apresentar vanguardas do campo arquitetônico. A construção destas estruturas temporárias ou semipermanentes, seja em exposições, feiras, eventos culturais ou esportivos, são uma oportunidade de apresentar novas experimentações materiais e formais. Projetados para serem montados e desmontados facilmente, utilizados muitas vezes por um limitado período, é importante pensar como diminuir o impacto ambiental sem perder seu apelo estético e inovador. E, para isso, há um material que desponta como grande aliado: a madeira.
Neuroarquitetura e a jornada final do paciente: o espaço do hospice
O hospice é uma forma especializada de cuidados paliativos que busca proporcionar conforto e qualidade de vida aos pacientes que estão enfrentando doenças graves e terminais. Esses ambientes desempenham um papel crucial na jornada final do paciente, e a interação entre neurociência e arquitetura pode ser uma ferramenta poderosa para torná-los ainda mais acolhedores. Nesse tipo de lugar, a neurociência aplicada à arquitetura pode ser empregada para criar espaços que promovam o bem-estar emocional e físico dos pacientes.
O bom filho à casa torna: projetos que ressignificam o lar da infância
Um lar não pode ser definido como uma simples edificação, catalogado por seus materiais e descrito espacialmente. Um lar é um conjunto de rituais, de rotinas, de memórias que se mesclam entre as paredes, as texturas e os cheiros do lugar. Por isso mesmo, ele não pode ser construído em um instante, requer uma dimensão temporal, uma continuidade que marca a adaptação da família e do indivíduo no espaço.
Nossas cidades estão atendendo às demandas de bebês e crianças?
Mais de um bilhão de bebês e crianças vivem em ambientes urbanos. Mas a forma como as cidades são planejadas não consideram as suas necessidades e nem as das pessoas responsáveis por seus cuidados. Visando apoiar tomadores de decisão e profissionais de planejamento urbano e transportes na missão de melhorar o acesso de milhares de crianças brasileiras às oportunidades urbanas, O ITDP Brasil lançou o material Acesso para bebês, crianças pequenas e pessoas cuidadoras, realizado em parceria com a Fundação Bernard van Leer.
Neuroarquitetura e esportes: uma análise do Estádio de Braga de Eduardo Souto de Moura
Os estádios de futebol são muito mais do que meros locais para a prática esportiva; são verdadeiros ícones culturais que abrigam a paixão de torcedores e a história dos clubes que representam. No entanto, o impacto desses espaços vai além das arquibancadas e do gramado. Envolve também os bastidores, onde uma equipe dedicada de profissionais trabalha incansavelmente para garantir que os jogos aconteçam sem problemas. É fundamental reconhecer que o ambiente construído desses estádios desempenha um papel crítico na qualidade de vida e no bem-estar mental desses trabalhadores.
"Ensamble": arquiteturas chilotes fundacionais de Magalhães
Chiloé como ponto de partida. Desde lá, seus fenômenos translocais, principalmente mobilizados por via marítima, foram o início para que o cone sul patagônico, tanto em área chilena como argentina, fosse um território esculpido em tempos coloniais pela mão chilota. Um povo híbrido, de origem indígena e europeia, que a partir de sua condição de isolamento, tanto geográfico como político-administrativo, teve que se valer da autoconstrução de seus povoados, do plantio e colheita de seus alimentos e da confecção de suas roupas, tudo isso a partir da disponibilidade dos recursos arquipelágicos. Assim foi concebida a inquestionável engenhosidade chilota, um perfil muito desejável para os territórios que, no período colonial, se desenvolviam à mercê do Estado chileno, de modo que não é difícil reconhecer a mão criativa dos chilotes na arquitetura dos assentamentos mais ao sul.
O que é o Balanço Global do Acordo de Paris e como ele pode impulsionar a ação nos países
Este ano será determinante para a ação climática. Os impactos crescentes das mudanças climáticas – de inundações e secas a furacões e ondas de calor – estão causando danos profundas em vidas humanas e economias ao redor do mundo, especialmente nos vulneráveis países em desenvolvimento que contam com poucos recursos para se proteger.
Atualmente, as ações climáticas não estão sequer próximas do necessário para manter o aquecimento global abaixo do limite de 1,5°C e evitar o pior desses impactos – será preciso acelerar muito os esforços dos países para entrar no rumo certo. O último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) alerta que as ações feitas nesta década terão impactos “por milhares de anos”.
Benefícios de ativar o espaço público ao redor do mundo
O espaço público urbano é, e deve continuar sendo, um ambiente para manifestação social, cultural e política. Estudos como o da ONU-Habitat reconhecem que espaços públicos acessíveis, seguros e inclusivos são meios reais para a abreviação da desigualdade urbana.
Além disso, idealizando estes espaços como uma “sala de estar”, é esperado que eles sejam funcionais e adaptados a todos, para que os usuários se sintam “convidados” a permanecer, utilizar e cuidar. Ao longo das últimas duas décadas, espaços públicos abertos (ruas, cruzamentos, largos, praças, parques etc.) têm sido alvo de ativações e experiências estratégicas e táticas.
Interiores inspirados nas fachadas dos edifícios
A prioridade quando se trata do material de superfície externa de um prédio é a durabilidade. Tendo que literalmente resistir aos danos causados pela água da chuva, vento, luz solar, variações de temperatura e muitas outras condições climáticas, exigimos muito deles. Por outro lado, nos interiores protegidos, as superfícies tendem a priorizar o acabamento — com cores, padrões e texturas características de materiais como tintas, azulejos cerâmicos ou painéis de madeira.
Tradicionalmente, esses dois mundos, exterior e interior, nunca precisaram se encontrar. Requisitos opostos, pensava-se, exigem soluções opostas. Mas à medida que nossos ambientes externos e internos continuam a se fundir em uma única tipologia de espaço habitável, cada vez mais projetos, de escalas variadas, comerciais e privados, estão buscando inspiração no design de superfícies do mundo exterior. Trazendo os materiais, temas e a história das fachadas para o interior.
O que a madeira carbonizada tem a dizer? O simbolismo do yakisugi
A madeira na construção contemporânea é comumente associada ao aconchego, simplicidade e, de certa maneira, nobreza. Afinal, é um material que exige manutenção mais frequente que o concreto, por exemplo. Ao mesmo tempo, anuncia-se como uma possível alternativa construtiva dentro do pensamento de design regenerativo, precisamente por fazer parte de um ciclo orgânico natural ao planeta. Representantes arquitetônicos do uso da madeira não faltam, mas a madeira carbonizada (ou yakisugi) tem ganhado atenção e protagonismo dentre as opções de acabamento.
Quais são as responsabilidades do arquiteto após a ocupação do imóvel?
Se muita expectativa é criada durante o desenvolvimento de um projeto de arquitetura, o qual muitas vezes representa a materialização de um sonho profissional ou de um novo lar para uma família, e, se mesmo apesar de todo planejamento, inúmeros imprevistos e dores de cabeça podem ocorrer durante as fases de execução, após muitos orçamentos, cronogramas e atrasos, com a finalização da obra e ocupação do imóvel, costuma parecer que a jornada, finalmente, chegou ao fim.
No entanto, mesmo com os trabalhos aparentemente concluídos e a sensação de dever cumprido, é provável que arquitetos e clientes ainda precisem alinhar alguns pontos ou solucionar algumas questões que surjam pelo caminho. Mas então, diante desse cenário, quais são as responsabilidades do arquiteto após a ocupação do imóvel pelos proprietários?