A descarbonização do setor da construção já não é uma escolha, e sim, uma necessidade. À medida que as nações se esforçam para reduzir suas emissões de gases de efeito estufa até 2050, está cada vez mais claro que os padrões de construção atuais não vão longe o suficiente para promover mudanças tangíveis. Alcançar metas climáticas requer que as economias defendam medidas que impulsionem a neutralidade de carbono, ao mesmo tempo em que gerenciam os custos associados de forma eficaz. Como as estratégias de desempenho neutro em carbono impactariam os custos de construção?
Artigos
Edifícios neutros em carbono são caros?
Como novas tecnologias têm evoluído para abraçar a sustentabilidade na arquitetura
Quando falamos de tecnologia, muitas vezes pensamos em robôs, super computadores, data centers ou smartphones. Mas a tecnologia também se refere à invenção das primeiras ferramentas de pedra lascada, ou ao desenvolvimento da máquina a vapor, responsável pela primeira Revolução Industrial. O termo provém da junção das palavras gregas techne (arte, artesanato) e logos (palavra, discurso) e, nada mais é que a aplicação do conhecimento para atingir objetivos de uma forma específica e reprodutível, para fins práticos. No setor da construção, que movimenta grandes quantidades de recursos e pessoas, mais tecnologia significa incorporar novos métodos, ferramentas, automatização e softwares que possam melhorar a eficiência das construções. Esta, uma indústria historicamente resistente a inovações, representa enorme impacto no meio ambiente, através de emissões de carbono e exploração de matérias-primas. No entanto, à medida que a construção se volta para o mundo digital, os construtores têm encarado a tecnologia como um meio de otimizar práticas e identificar, construir e gerenciar seus projetos.
Carlo Ratti Associati projeta soluções cinéticas para inundações transformando a orla fluvial de Turim, na Itália
Carlo Ratti Associati divulgou o projeto de transformação da histórica orla fluvial de Turim, na Itália. O principal objetivo do projeto é enfrentar a atual crise climática e utilizar soluções arquitetônicas para criar espaços que possam resistir às enchentes recorrentes do rio Po. Ao longo do projeto, muitos elementos arquitetônicos são cinéticos, permitindo que eles se elevem acima da água. "Flutuando Acima das Enchentes" cria novas soluções para adaptações climáticas urbanas e fornece insights sobre estratégias universais para vias navegáveis urbanas.
Oito instalações efêmeras refletem sobre a água em Puebla no México
Como parte de uma iniciativa de um grupo de jovens mexicanos chamada Patio Efímero, no começo de 2023 foi lançada a chamada para o Concurso Pátio 4: encontro de intervenções efêmeras, aberta a artistas plásticos, gráficos, visuais, multidisciplinares, arquitetas e arquitetos, já estabelecidos ou emergentes.
Nigéria: os desafios de governar Lagos, a cidade que não para de crescer
De suas origens históricas como vila de pescadores e sede de uma fazenda de pimenta até a metrópole movimentada de hoje, Lagos, na Nigéria, evoluiu para se tornar uma complexa aglomeração de pessoas, assentamentos e interesses postos.
Como potência econômica da Nigéria e da África Ocidental, está previsto que Lagos se torne a cidade mais populosa da África nos próximos 50 anos, atingindo uma população de 100 milhões a partir dos 15 milhões de hoje. Se as ondas de migração recentes servirem de exemplo — daqueles que procuram oportunidades econômicas ou fogem da crise climática e dos conflitos em outras partes da Nigéria — as projeções podem estar subestimadas.
O que são os Peatlands? Conheça este poderoso sumidouro de carbono
Uma área alagada que oferece uma capacidade incrível de armazenar carbono. Essa poderia ser uma excelente síntese para descrever os peatlands (as turfeiras, em português). Esse ecossistema pode ser encontrado praticamente em todas as zonas climáticas do mundo e é muito mais do que essa breve descrição, desempenhando um papel importante na mitigação da crise climática. Mas o que é e como podemos usá-lo de forma responsável?
A madeira é uma solução sustentável para o Oriente Médio?
O movimento de arquitetura "sustentável", como o entendemos hoje, começou a ganhar forma no final do século XX em resposta às crescentes preocupações com a degradação ambiental, o consumo de energia e a escassez de recursos. Dentro desse diálogo global sobre sustentabilidade, a madeira tem sido exaltada como um símbolo de consciência ambiental e descarbonização. Sendo um dos materiais de construção mais versáteis, se tornou ainda mais procurada com a ascensão desse movimento. As árvores absorvem dióxido de carbono durante seu crescimento, que permanece na madeira quando esta é usada na construção — ou seja, menos CO2 na atmosfera.
Mulheres artistas exploram a interseção entre luz, espaço, tecnologia e comunidade
A luz desempenha um papel essencial no mundo do design de interiores, mas também pode criar espaços públicos imersivos. Enquanto James Turrell, Olafur Eliasson e Dan Flavin são celebrados por sua maestria na transformação de cores, reflexos e contrastes luminosos, é importante notar que o campo da iluminação artística não é exclusivamente dominado por homens. Em resposta à falta de representação de artistas femininas na área da luz, uma perspectiva inovadora e esclarecedora surge dos designers de iluminação britânicos Sharon Stammers e Martin Lupton, do Light Collective.
Após a criação da plataforma "Women in Lighting", o livro delas intitulado Women Light Artists dá um passo audacioso ao nos apresentar 40 mulheres criativas cujo trabalho irradia engenhosidade e brilho. O livro oferece uma variedade de projetos fascinantes, que vão desde piscinas interativas até a dança das sombras coloridas da luz do dia sobre uma ponte em Londres, da projeção tranquila em um marco icônico de Berlim até o arco-íris vibrante que se curva sobre o horizonte de Manhattan. Cada obra incorpora um diálogo único entre luz e espaço. Essa jornada luminosa presta uma valiosa homenagem ao poder das mulheres artistas que, por muito tempo, ficaram nas sombras.
Projetar o cuidado: a importância da humanização nos espaços de saúde
Corredores silenciosos e intermináveis, salas brancas e frias, uma atmosfera impessoal e distante: essa é uma imagem fortemente enraizada na nossa concepção cultural de ambientes hospitalares. A alvura desses espaços, que tenta reforçar uma ideia de esterilidade e limpeza tão necessárias, também pode ser capaz de criar uma sensação de desconforto e ansiedade para os pacientes e suas famílias.
A importância da humanização dos projetos de hospitais, clínicas e consultórios é um tema cada vez mais discutido e relevante na área da saúde, e que vai muito além da estética desses edifícios. Ela considera a necessidade de criar ambientes acolhedores que promovam o bem-estar dos pacientes, familiares e profissionais, reconhecendo que a arquitetura pode desempenhar um papel fundamental na recuperação e no conforto dessas pessoas em momentos de vulnerabilidade.
É possível cultivar cimento? Prometheus Materials e a transformação do concreto
A inovação prospera quando pausamos para observar, questionar e reimaginar o mundo ao nosso redor, transformando desafios em oportunidades de progresso. A natureza, em particular, serve como uma rica fonte de inspiração. Ao observá-la, estudar seus desafios cotidianos e contemplar os processos existentes, podemos descobrir insights valiosos que inspiram soluções inovadoras.
Um destes desafios atuais no mundo é a produção de concreto, um material antigo e extremamente popular. Ele também é responsável por uma parcela significativa das emissões globais de CO2 devido ao processo intensivo em energia da produção de cimento e as reações químicas envolvidas. Estima-se que a produção de concreto seja responsável por aproximadamente 8% das emissões anuais de CO2 do mundo, bombeando 11 milhões de toneladas de CO2 para a atmosfera todos os dias - causando 8% das emissões anuais de CO2 e consumindo 9% da água industrial anual do mundo. Aliado a isso, temos a projeção de que o estoque de construção do mundo deve dobrar até 2060 - o equivalente a construir uma cidade inteira de Nova York todos os meses pelos próximos 36 anos, o que significa uma demanda incrivelmente crescente por cimento e concreto. Com esse cenário desalentador, temos algo a fazer? Neste artigo, conversamos com Loren Burnett, CEO da Prometheus Materials, que tem desenvolvido um material que imita processos da natureza para recriar o concreto como conhecemos.
A arquitetura barroca no Brasil: adaptação e influências
Uma das primeiras impressões em relação à história da arquitetura é a aparente alternância entre estilos e linguagens. Sempre que prevalece uma vertente mais sóbria, a que se segue costuma retomar motivos mais ornamentais, e assim por diante. É preciso atentar-se que esse “fluxo” é uma mera impressão: a história é sempre mais complexa que os registros indicam, e a prevalência deste ou daquele estilo são interpretações dos historiadores, situados no futuro do período sobre o qual se debruçam. O Barroco é um desses estilos.
“Para uma construção sustentável, primeiro é preciso usar o material certo”: entrevista com Seratech
A tecnologia da Seratech, desenvolvida por Sam Draper e Barney Shanks, tem como objetivo reduzir a quantidade de dióxido de carbono liberada na construção civil. Este processo inovador utiliza sílica, um subproduto da queima de combustíveis, como um substituto do cimento convencional no concreto, contribuindo para a redução das emissões de carbono. Ao incorporar sílica, é possível diminuir em 40% a quantidade de cimento Portland necessária, o que resulta na produção de concreto com impacto de carbono negativo. Por esse avanço pioneiro, a tecnologia recebeu o Prêmio Obel 2022, em reconhecimento ao seu foco na redução das emissões associadas à construção civil.
O Prêmio Obel é tem alcance internacional e valoriza a arquitetura que contribui para o bem-estar das pessoas e do meio ambiente. A Seratech conquistou a quarta edição deste novo prêmio internacional de excelência arquitetônica, sendo precedida pelo projeto 'Living Breakwaters' da SCAPE Landscape Architecture no ano anterior. A equipe da ArchDaily teve a oportunidade de entrevistar Sam Draper, CEO da Seratech, para discutir o papel da empresa na promoção de uma indústria de construção sustentável e conhecer seus planos para expandir ainda mais seu processo inovador.
Sistema combina energia solar e hidroponia em tetos verdes
Trazer o verde e, muitas vezes, a produção de hortaliças, para as áreas urbanas gera inúmeros benefícios para quem vive nas cidades. Os tetos verdes são uma solução para transformar áreas pouco aproveitadas em verdadeiros oásis naturais, ajudando a diminuir ilhas de calor, absorver água da chuva, melhorando a qualidade do ar, controlando níveis de ruídos e atraindo biodiversidade.
Tanzânia: o urbanismo agrário da África
No hipertecnológico século XXI, a América do Norte urbana é, em grande parte, uma economia de serviços. A cidade de Nova York, por exemplo, atualmente é dominada por uma combinação de serviços financeiros de alto nível, tecnologia e outras profissões especializadas, enquanto as profissões de baixa escolaridade se concentram no turismo, na entrega de alimentos e em outros empregos no setor de serviços. Empregos de chão de fábrica, onde existem, ocorrem por um legado de zoneamento exclusivamente industrial. Os usos da terra agrária, como a “agricultura urbana”, são quase inexistentes, um hobby esotérico dos gourmets.
(In)Cômodos: reflexões sobre uma casa de favela premiada
Na encruzilhada, três mulheres com suas histórias e ancestralidades buscam vencer a demanda com um padê necessário: a construção de uma narrativa que tenta expurgar dos escombros epistêmicos algumas perguntas que nasceram da observação de como algumas pessoas reagiram ao fato de que um ‘favelado chique’ recebeu um prêmio internacional. O ca(u)so é o prêmio na categoria “Casas” da premiação internacional de arquitetura Building of the Year 2023 do ArchDaily, que fora concedido ao “Barraco do Kdu”, uma casa que expressa planejamento, design, concreto exposto, tijolo à vista, boniteza, poesia, mas… Desde sua concepção, trata-se de uma casa “fora do lugar” – e isso gerou incômodos. Neste texto, abordamos os (in)cômodos e as materialidades; as disputas de narrativas; o que está “fora do lugar” e quem classifica; território; design; estética; gingas; desautorização do discurso sobre si e outros atravessamentos.
Empurrando os limites com bambu: um estudo de caso de engenharia estrutural
Em um mundo lidando com desafios ambientais, arquitetos e engenheiros visionários estão cada vez mais inclinados a soluções mais sustentáveis. Enquanto o aço e o concreto dominaram por muito tempo a indústria da construção, o bambu está agora entrando em destaque como uma alternativa convincente. Graças à sua combinação potente de resistência, flexibilidade e sustentabilidade, tem se tornando rapidamente o material escolhido por aqueles interessados em empurrar os limites da arquitetura sustentável.
Conectado a este momento transformador no design sustentável está a chegada oportuna da série de eBooks 'Estruturas de Bambu', na qual este artigo se baseia. Atuando como um ponto de referência no campo, o primeiro volume se concentra no processo de design estrutural por trás do Templo Luum - uma aula magistral em engenharia de bambu. O guia serve como mais do que apenas um texto teórico; é um manual abrangente repleto de insights do mundo real, pesquisa de ponta e expertise prática."
O que podemos aprender com a evolução urbana de Porto Alegre
Está em andamento a atualização do Plano Diretor de Porto Alegre. Muito tem se falado do futuro da cidade, mas o que podemos aprender com o passado para promover mais dinamicidade, caminhabilidade e gerar maior qualidade de vida para os cidadãos? Afinal, uma cidade mais agradável retem e atrai talentos, gerando inovação e riqueza. Neste artigo, faço uma retrospectiva dos momentos mais marcantes da evolução urbana de Porto Alegre, dividindo-os em quatro grandes períodos.
Conectando limites: uma entrevista com Ahmadreza Schricker da ASA North
Com base em Teerã, e Nova York, a ASA North surge como exemplo de uma prática arquitetônica focada na maleabilidade e adaptabilidade. Selecionada na iniciativa Novas Práticas ArchDaily 2023, a ASA North está na vanguarda da fusão entre arquitetura e arte. O ArchDaily teve a oportunidade de entrevistar Ahmadreza Schricker, seu fundador, e conversar sobre sua carreira e prática.
Ahmadreza Schricker é um arquiteto cuja jornada foi moldada por seu trabalho com Herzog & de Meuron e seu tempo com o renomado OMA. Seu estúdio ASA North, é conhecido pela premiada reutilização adaptativa do Museu de Arte Contemporânea e Centro Cultural Argo, uma antiga destilaria que foi premiada no ciclo Aga Khan 2020-2022. O projeto é um testemunho do trabalho que a ASA North realiza, aproximando lacunas entre passado e futuro, tradição e contemporaneidade. A entrevista também vai além da ASA North, explorando sua empresa irmã, ASA South. Baseada no mundo virtual, a ASA South desafia limites convencionais e reimagina a prática arquitetônica na era digital.