Descrever a obra de um arquiteto é, por vezes, um trabalho árduo. Pontuar a produção pelos diferentes quesitos a qual o conjunto está atrelado é sujeito a categorizações no quadro contextual inserido. No caso de Eduardo Longo, parece haver distinção a este aspecto, uma vez que o trabalho do arquiteto apresenta certa negação aos princípios presentes na época na busca por experimentações. Ingressando em 1961 na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo, deparou-se com um momento particular da arquitetura brasileira: a formação da chamada “Escola Paulista” e também junto a instabilidade no quadro político nacional, pelo processo inicial da ditadura militar no Brasil e construção da capital do país.
Enquanto estudante, afastou-se dos cânones da Escola Paulista na busca de experimentação e desenvolvimento de novas discussões. É neste cenário que, no quarto ano da academia, Longo desenha a Casa de praia Mar Casado, projeto destinado a seus tios e altamente criticado pelo corpo docente e estudantes, decorrente da “forma independente de interpretar a arquitetura” [1] e conformação estrutural – que incorporava um desenho não ortogonal, com ângulos agudos e obtusos junto à cobertura multifacetada –, não se adequando ao brutalismo paulista. Mesmo em meio às críticas, o projeto viria a ser construído e receber reconhecimento por sua relevância pelo crítico de arte Pietro Maria Bardi em 1967, na Revista Domus em 1968 e instituído ao livro de Yves Bruand em 1981 [2].
Declarado Bem de Interesse Cultural do âmbito distrital pela Resolução 626 de dezembro de 2017, o Centro Cultural García Márquez, em Bogotá, é o último projeto de Rogelio Salmona, que faleceu em 2007, um ano antes da sua inauguração. A seguir, a Fundação Rogelio Salmona compartilha as palavras que o próprio arquiteto colombiano escreveu sobre seu projeto no coração de Bogotá.
Ser convidado para desenhar o edifício sede do Fundo de Cultura Econômica do México, no coração de Bogotá, foi para mim, além de um privilégio, uma enorme responsabilidade intelectual, profissional e urbana.
O escritório húngaro Paradigma Ariadné levam as ideias de progressão e crescimento a um extremo literal em sua proposta de um novo complexo esportivo para a Academia de Futebol MTK. Inspirando-se no diagrama das tradicionais casas camponesas europeias, o projeto se estende em uma espécie de infinito visual, alinhando todos os cômodos do edifício ao longo de um único eixo horizontal.
Anoma, liderada pela artista indiana Ruchika Grover, é um estúdio de design de produto que explora o potencial da pedra natural. Suas superfícies, esculturas e instalações são criadas através de um processo único, que combina fabricação digital e mão de obra tradicional.
Um novo curso on-line oferecido pela Universidade de Hong Kong (UHK) através da plataforma de compartilhamento de conhecimento edX examinará a relação entre a cultura asiática e a arquitetura vernacular daquele continente. Livre e aberto a qualquer pessoa, o curso introdutório intitulado “Interpretando a arquitetura vernacular na Ásia” tem um objetivo inclusivo: tornar o mundo da arte e da história da arquitetura, muitas vezes alienante, acessível ao público em geral.
Vendido em chapas padronizadas de 4 pés de largura desde 1928, o compensado tem sido um coringa na construção convencional por quase um século. Dimensionalmente forte, fácil de cortar, leve e capaz de criar uma barreira eficaz, painéis de compensado, OSB, agregados e MDF são onipresentes, particularmente para uso como material de revestimento em sistemas de construção de estrutura de madeira. Barcos, aviões e até partes de automóveis já foram construídos, historicamente, a partir de compensados, antecedendo (ou substituindo) aço, alumínio e fibra de vidro. Como um material simples capaz de ser manipulado e moldado em uma ampla variedade de formas, a chapa foi também usada em móveis e projetos arquitetônicos por modernistas, incluindo Charles e Ray Eames, Eero Saarinen, Alvar Aalto e Marcel Breuer.
Habitação é um dos desafios mais persistentes enfrentados pela indústria da construção civil e, ao longo de décadas, certas tendências nascem e morrem, à medida que o mercado imobiliário cria novos nichos para prover a populações crescentes e mudanças demográficas. Originalmente publicado pela BuzzBuzzHome como "The Rise and Fall da Mail-Order House", este artigo explora a mania das chamadas "casas de catálogo" - residências entregues por correspondência - que tornou-se popular na América do Norte nas primeiras décadas do século XX.
Os depoimentos faziam parecer fácil: construir sua própria casa sem suar.
Nas primeiras páginas de um catálogo da Sears Roebuck de 1921 para casas à venda por correspondência, um cidadão de Traverse City, no Michigan, identificado apenas pelo pseudônimo “Eu não contratei qualquer ajuda” escreveu para a empresa: “Estou muito satisfeito com minha casa comprada. Todo o material veio bem. Na verdade, gostaria de adquirir outra casa para ficar neste verão. Eu realmente gostei de trabalhar em uma construção como essa, e também não tenho nenhuma ligação com a carpintaria.” Estima-se que mais de 100 mil casas à venda por correspondência foram construídas nos Estados Unidos entre 1908 e 1940. Era a IKEA da habitação, mas em vez de passar uma tarde montando uma estante, os compradores assumiam a formidável tarefa de construir uma casa. Ou, mais comumente, contratavam um empreiteiro para fazer isso. Compradores de casas escolhiam um projeto de sua escolha em um catálogo por correspondência e os materiais - desde as tábuas de madeira, até a pintura e os pregos e parafusos - que seriam enviados para a estação ferroviária mais próxima para coleta e construção.
Todo o marketing em torno das smart cities, as tais cidades inteligentes (e há muito marketing, porque por trás delas estão grandes corporações vendendo tecnologia para os governos municipais) fala em cidades humanas e democráticas, a partir da possibilidade de interação do cidadão com o governo e de como essa interação pode promover melhoria da qualidade de resposta das políticas públicas às pessoas.
Entretanto, o que estamos vendo é diferente. A chamada mineração de dados garante o marketing segmentado, ou seja, a partir do percurso do usuário da internet pela rede, é possível descobrir suas preferências e assim, se apropriando (sem pagar para nós!) dos dados que produzimos, as empresas nos bombardeiam com propagandas específicas. Todos já devem ter vivido isto ao, depois de procurar alguma coisa na internet, passa depois semanas recebendo propaganda daquela coisa. Se já se trata de uma apropriação de dados privados de muitos para os negócios de poucos, é ainda mais problemático se entram também nestes sistemas a disponibilização e articulação com os sistemas públicos de informação, como os dados policiais, judiciais e outros. E isto já começou a acontecer na China.
A arquitetura mexicana se destaca cada vez mais no cenário global pela gestão de recursos e sensibilidade em relação ao seu contexto. Embora sejam muitos os elementos que caracterizam a arquitetura mexicana, um dos mais representativos é a cor - herdada das culturas indígenas e incorporada por diferentes arquitetos e artistas como Luis Barragán, Ricardo Legorreta, Mathias Goeritz, Juan O'Gorman e Mario Pani.
A cor da arquitetura mexicana se transformou em um gesto projetual tão forte que até contribuiu para reforçar a identidade de diferentes áreas do país, por exemplo, é quase impossível pensar em San Miguel de Allende ou Guanajuato sem as cores que compõem as fachadas na paisagem.
Cemitérios cheios de nomes que há tempos foram esquecidos, placas gravadas com retratos que você ignora em sua corrida matinal, monumentos com frisos que retratam os triunfos da guerra - todos esses são exemplos de arquiteturas memoriais, que já tiveram intenso significado emocional para certos indivíduos ou grupos de pessoas, mas agora gradualmente tornam-se atrações turísticas ou locais anacrônicos dentro de uma paisagem alterada.
Desde os horrores da Segunda Guerra Mundial, a arquitetura dos memoriais tem mudado drasticamente, desde monumentos focados em nomes, heróis e patriotismo até símbolos abstratos de luto e perda. Como essa mudança no projeto dos memoriais mudará a maneira como os experimentamos no presente e, mais importante, no futuro? Quando as gerações morrem e o evento memorizado torna-se quase esquecido, como vamos experienciar e lembrar?
Fazer a ponte entre o antigo e o novo nunca é fácil. Os métodos tradicionais de construção, nos quais você costuma ajustar-se à imprevisibilidade de um material natural, parecem contrastar com a precisão mecânica das construções modernas. Sombra Verde - um gazebo de bambu desenvolvido pela AIRLAB e Singapore University of Technology and Design (SUTD) como parte do Urban Design Festival de 2018 - preenche essa lacuna. O tradicional bambu, usado extensivamente em todo o Sudeste Asiático, combina-se com conectores impressos em 3D, utilizando uma série de novas tecnologias. O resultado é uma estrutura icônica e leve no Parque Duxton Plain, em Singapura, que promove o uso do espaço público, abrigando a população tanto do sol intenso quanto da chuva forte.
Você precisa desenvolver um projeto em colaboração com mais colegas, está recentemente começando um curso, quer se aventurar em uma nova empresa com um amigo ou, simplesmente, entrou no mundo corporativo. Seja qual for o momento profissional ou acadêmico no qual você se encontra, é preciso enfrentar a realidade colaborativa que nossa disciplina implica.
Trabalhar em equipe compreende muitos aspectos positivos e de aprendizagem que o trabalho individual não é capaz de atingir. Além disso, não saber administrar de maneira adequada pode implicar momentos incômodos, acaloradas discussões, términos de amizades, entre outros riscos. Por isso, seja trabalhando com seu melhor amigo, companheiro, algum colega de faculdade ou de escritório, existem certas pautas que nunca devem ser esquecidas.
O que é um edifício não habitado? Ele continua sendo arquitetura? Seria possível dizer que vivemos em uma coreografia constante e cotidiana que estruturamos todos os dias como nosso habitar no mundo? Diversos filósofos e teóricos da arquitetura abordaram durante muito tempo a questão da arquitetura não se tratar simplesmente de um conjunto de concreto, aço e vidro pronto para proteger seus usuários, mas que dela ser, também, todas as ações que abriga, todos os corpos, o conjunto de respirações e movimentos. Isso foi sendo cada vez mais reforçado a partir de diferentes teorias que abordam o corpo como ator e lugar; as teorias do corpo na arquitetura não são tão raras como imaginamos, posto que vários esforços como a consolidação da ergonomia e o modulor de Le Corbusier tentaram entender sua relação com a arquitetura e com os objetos com os quais nos relacionamos todos os dias.
Existem hoje no Brasil diversos grupos com iniciativas que visam melhorar o ambiente em que vivemos. Infelizmente, muitos enfrentam dificuldades para tirar suas ideias do papel, principalmente, por escassez de recursos financeiros, conforme mostram dados levantados pelo Projeto Como Anda.
A Fundação Fenômenos enxerga essa demanda como uma oportunidade: através do Desafio Fenômenos, a organização apoiou a execução de três ideias com grande potencial transformador na cidade de São Paulo. A premissa do Desafio foi selecionar ações que contemplassem atividade física e sustentabilidade em áreas vulneráveis, com soluções para problemas existentes nesses locais. Os grupos selecionados foram: Cidade Ativa, Canto da Arte Jaguaré e o Coletivo Dente de Leão. A escolha pelos contemplados considerou critérios como impacto, viabilidade e como o programa poderia contribuir para potencializar os projetos.
De que forma as pessoas vivem ao redor do mundo? Parece evidente que a maioria das arquiteturas residenciais não é tão focada na estética quanto as casas minimalistas que cobrem as páginas de revistas de projeto (e, reconhecidamente, sites como este). Por mais divertido que seja olhar para esses projetos, elas não são representativas de como as casas se parecem geralmente. A maioria das pessoas vive em estruturas construídas no estilo vernacular de sua região, ou seja, o estilo tradicional que evoluiu de acordo com o clima ou a cultura da região. Embora definições estritas de arquitetura vernacular residencial frequentemente excluam edifícios construídos por arquitetos profissionais, para muitas pessoas o termo chegou a abranger qualquer tipo de casa que seja considerada média, típica ou característica de uma região ou cidade. Confira nossa lista abaixo para ampliar seu léxico de arquiteturas residenciais:
Ao projetar a fachada de nossos projetos, devemos prestar atenção especial a cada um dos elementos que a compõem, uma vez que cada uma dessas camadas possui qualidades específicas que serão decisivas no comportamento térmico do edifício como um todo. Como determinar esse comportamento?
Se dividirmos 1 m² de nossa envoltória pela diferença de temperatura entre suas faces, obteremos um valor que corresponde à transmitância térmica, também chamado de Valor U. Esse valor permite conhecer o nível de isolamento térmico em relação à porcentagem de energia que atravessa a envoltória; se o número resultante for baixo, teremos uma superfície bem isolada. Ao contrário, um número alto nos alertará sobre uma superfície termicamente deficiente.
Chiloé é uma série de cinco vídeos produzida pela Glaciar Films e dirigida por Diego Breit e David Guzmán que explora a identidade arquitetônica da ilha ao sul do Chile. Arquitetos, carpinteiros, artesãos e habitantes apresentam a história construtiva da ilha e exploram como ela se depara com as mudanças iminentes da produção e das práticas modernas.
A Glaciar Films disponibilizou três dos cinco episódios para os leitores do ArchDaily. Nestes vídeos, explore a arquitetura da ilha junto com entrevistas com os principais arquitetos da região: Jonah Retamal, Edward Rojas e Macarena Almonacid.
Em 2015, a comunidade global se comprometeu a reduzir pela metade as mortes e ferimentos gravesdecorrentes de acidentes de trânsito até 2020. Mas as ruas das cidades ainda não são seguras. Mais de 3.200 mortes nas vias ocorrem todos os dias, e este número deverá triplicar até 2030, à medida que aumenta o número de veículos nas ruas. Um adicional de 20 a 50 milhões de pessoas são feridas e deixadas com deficiências permanentes.
https://www.archdaily.com.br/br/899071/da-china-a-colombia-5-cidades-tornam-suas-ruas-mais-seguras-atraves-do-desenho-urbanoNikita Luke e Ben Welle
Nas últimas duas décadas as tecnologias digitais vêm mudando a maneira como utilizamos e nos relacionamos com os espaços, sobretudo os públicos, potencialmente mediados por redes e dispositivos que permitem colocar-nos em novas posições. Em maio deste ano, durante a semana mundial de eventos do Museum Day, promovida pelo Conselho Internacional de Museus (ICOM) foi adotada a temática Hyperconnected museums: New approaches, new publics como mote para o ciclo de debates da edição 2018, que se propôs a discutir o relacionamento dos museus enquanto instituição à sociedade a partir da conectividade digital, tanto no que diz respeito à organização do espaço físico quanto à interação com o público.
No desdobramento do ciclo de debates que ocorreu em museus de todo o mundo, o que se percebeu foi que as instituições estão cada vez mais focadas em criar uma rede junto a seu público, o que é possível através da tecnologia. O fato é que imaginar uma exposição, bem como o museu enquanto objeto no ambiente urbano, é também imaginar as possibilidades de interação do público, tornando-se inevitável efetuar comparações à maneira como os expectadores relacionavam-se com as obras antigamente e como isso tem se modificado na chamada “Era da selfie”.
Você é daqueles que sempre tem dúvidas em como organizar ou nomear suas pastas e documentos no computador? Vai jogando tudo na área de trabalho até que não consegue discernir seu papel de parede? Sempre se perde ou esquece o caminho de suas pastas? Por vezes já nomeou suas pastas com títulos inusitados e movidos pelo momento de desespero antes de uma entrega, como “arquivo_agoravai” ou já finalizou um projeto mantendo um nome como “teste 1”? Sabemos que, alguma vez na vida você já fez isso. E já prometeu que mudaria na próxima vez. Tenha em mente esses conceitos-chave na próxima vez que for nomear arquivos e organizar pastas no seu computador:
O tema da diversidade na arquitetura tem se mantido relevante e aquecido nos últimos anos - no entanto, um artigo recente publicado pela Metropolis Magazine oferece um relato que é, de algum modo, surpreendente: uma celebração das contribuições únicas de mulheres arquitetas no antigo estado socialista da Iugoslávia. De acordo com o artigo, as mulheres destacadas deixaram sua marca na história da Iugoslávia "apesar, não do desmantelamento do estado, mas daquela cultura regional e profissional dominada por homens."
Sérgio Ferro completa hoje, 25 de Julho, seu 80º aniversário. Nascido em Curitiba, formou-se em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo (FAU-USP) em 1962, onde foi convidado por João Batista Vilanova Artigas a compor a equipe docente entre 1962 e 1970, na cadeira de Historia da Arte. Na área acadêmica também ministrou aulas na Universidade de Brasília (UnB) de 1969 a 1970. Multidisciplinar, a arquitetura é apenas uma de suas várias facetas, sendo também artista plástico.
O escritório chileno Jaime Larraín e Osvaldo Larraín se destaca, entre outras coisas, pelo tratamento compositivo de suas fachadas como elemento único. A dupla tem obras construídas nas cidades de Viña del Mar e Santiago que se identificam pela composição plástica particular das fachadas e pelo cuidado com o modo como seus edifícios impactam na imagem urbana.
Seus projetos lidam com temas como a criação de ritmos, o uso da cor e a repetição como princípios compositivas, sobretudo em propostas urbanísticas que, a partir das considerações anteriores, se destacam em seus edifícios de habitação coletiva.
Como parte de nossa cobertura da Bienal de Veneza 2018, apresentamos a seguir a participação do escritório paulistano GrupoSP: uma instalação intitulada "unnamed spaces" que faz parte da exposição FREESPACE. Abaixo, os arquitetos descrevem sua contribuição com suas próprias palavras.
Espaços sem nome [unnamed spaces] era uma forma pela qual o professor e artista Flávio Motta [1] costumava designar os espaços livres, gentis e abertos de arquiteturas radicais que abrigavam a imprevisibilidade da vida. Podem também se referir aos espaços abertos ou as clareiras existentes em nossa urbe.