Arquiteto português com origem em família tradicional aristocrata, Fernando Távora teve sua formação marcada por uma grande transformação discursiva ao entrar em contato com a produção moderna. Ele mesmo dizia que “entrou na faculdade apaixonado pela Vênus de Milo e saiu apaixonado por Picasso”, o que reflete a grande genialidade de seu intelecto ao reconhecer nas iniciativas modernas um dado com o qual deveria ser estabelecido diálogo. Em 1945 escreve pela primeira vez sobre a “terceira via” para a arquitetura portuguesa, contribuição que teve seus reflexos tanto no âmbito didático, dentro de sua experiência muito atrelada à Escola do Porto, quanto prática, ao ser desdobrada em alguns de seus projetos de forma direta e marcante.
Um volume puro, alvo, levemente iluminado, em meio a um jardim. Trata-se de uma capela privada na Quinta de Santo Ovídio, em Lousada, construída entre os anos de 1989 e 2001, projetada por Álvaro Siza Vieira. A proposta parte de um percurso, em que se avista o volume branco prismático desde longe, passa-se por baixo do volume em balanço e chega-se, através de alguns degraus, à praça de entrada, em que todos os planos são construídos em pedra. Siza diferencia a fachada principal, em pedra, das outras três, em concreto pintado em branco, conferindo-lhe importância e uma poética construção de planos.
Esta semana, apresentamos uma seleção de imagens de arquiteturas asiáticas em época de floração. São onze projetos no Japão e Coreia do Sul que incorporam a beleza das cerejeiras e amendoeiras na primavera. A seguir, veja nossa seleção de fotografias feitas por nomes como Miho Museum, Shigetomo Mizuno e Kai Nakamura.
Pavilhão de São Cristóvão. Image via Bernardes Arquitetura
Com uma vida profissional marcada pela densa produção e pesquisa, não apenas arquitetônica, mas em uma série de outros campos inter-relacionados, Sérgio Bernardes começou a trabalhar muito jovem e aos treze anos fundou sua primeira oficina de maquetes. Aos quinze anos – antes mesmo de ingressar na faculdade de Arquitetura – concebeu seu primeiro projeto, a residência Eduardo Baouth, em Itaipava, no Rio de Janeiro, para amigos de seus pais. Além da arquitetura, também percorreu por outros campos, como o da marcenaria, por exemplo.
Em 1948 graduou-se na Faculdade de Arquitetura pela Universidade do Rio de Janeiro, período em que a arquitetura moderna encontrava-se em destaque no cenário internacional, pois o país já havia participado da Exposição Mundial de 1939 em Nova Iorque e trabalhos modernos brasileiros já haviam sido expostos no MoMA em 1943. Antes mesmo de completar a graduação, Sérgio obteve sua primeira publicação em arquitetura, com o projeto do Country Club em Petrópolis, pela revista L’Architecture d’Aujourd’hui.
O Prêmio de Arquitetura Instituto Tomie Ohtake AkzoNobel, destinado aos profissionais com até 45 anos, mostra que não atravessamos um bom momento na produção brasileira. A responsabilidade, com certeza, não é dos nossos arquitetos e urbanistas, mas da falta de importância que os gestores públicos, em geral, têm dado a intervenções urbanas e projetos de qualidade.
Poder-se-ia alegar, frente às poucas propostas que se destacam, que isso resulta do atual momento de crise econômica e de paralisação do setor imobiliário e das políticas públicas vinculadas ao ambiente construído, como desenho urbano, habitação, mobilidade, equipamentos sociais e meio ambiente.
Fotografía de Mies van der Rohe por Werner Blaser & fotografía de Rem Koolhaas por Maartje Geels. Image Cortesía de Jorge Cárdenas
Quais relações podemos encontrar quando sobrepomos dois projetos de dois dos mais importantes arquitetos de todos os tempos? Veja a seguir algumas reflexões produzidas pelo Grupo Arkrit através de um ensaio crítico sobre a obra de Mies van der Rohe e Rem Koolhaas.
https://www.archdaily.com.br/br/891927/sobrepondo-mies-van-der-rohe-e-rem-koolhaasJorge Cárdenas del Moral
Há mudanças em uma cidade que vão além da superfície. São projetos transformadores, com o poder de gerar um impacto ainda mais profundo do que as modificações estéticas e/ou de infraestrutura. Iniciativas que influenciam positivamente a economia, o meio ambiente e a comunidade que os recebe – de maneiras inesperadas ou até sem precedentes.
Lorenzo Concas, arquiteto, fotógrafo e designer de iluminação de Florença, cria minúsculos desenhos com uma incrível quantidade de detalhes. A largura desses desenhos não ultrapassa o comprimento de uma caneta, no entanto, Concas consegue encaixar nelas recriações detalhadas de elaborados ornamentos. Seus desenhos acentuam o jogo de luz e sombra na fachada de catedrais góticas e outros monumentos famosos.
Usando nanquim e marcadoras, Concas reproduz essas obras de arquitetura a partir de ângulos singulares, permitindo-nos ver a beleza e o potencial desses edifícios a partir de um novo olhar. De detalhes da Basílica de Santa Maria Novella a perspectivas que acentuam a altura da Torre Eiffel, esses desenhos exprimem o poder do desenho e como a arquitetura pode ganhar vida através da caneta e do papel.
Casas podem ser a projeção mais poderosa do valor da arquitetura. Uma vez que abrigar-se é essencial para todos nós, conceber o lar é a função universal da arquitetura. Somos todos especialistas em como nossa casa deve ser, para nós mesmos.
Mas os arquitetos geralmente têm uma visão diferente do lar. Vinte anos atrás — durante a recessão antes da última recessão —lembro-me de ouvir um arquiteto declarar que poderia se sustentar projetando casas até que “um trabalho de verdade surgisse”. Outro meme arquitetônico é o clássico primeiro emprego: projetar uma casa para seus pais.
A arquiteta espanhola Anna Puigjaner comenta sobre sua tipologia de moradia "sem cozinha" em uma recente entrevista para a Metropolis Magazine como um dos Game Changers de 2018. Depois de receber fundos do Prêmio GSD Wheelwright de Harvard por sua polêmica proposição em 2016 (após a publicação de sua entrevista feita pelo ArchDaily), Puigjaner fala sobre o tempo em que passou viajando pelo mundo e visitando as diferentes culturas que compartilham sua ideia de cozinha comunitária e afirmou que os millennials estão mais inclinados a coabitar e compartilhar recursos.
A cozinha é a parte mais provocativa da casa. Foi utilizada como uma ferramenta política durante muito tempo, até o ponto em que hoje em dia não podemos aceitar viver sem uma cozinha.
A iniciativa de propor um Prêmio de Arquitetura lançou-se, em 2013, repleta de desafios ao Instituto Tomie Ohtake e à sua parceira AkzoNobel. Como primeiro e principal horizonte, o prêmio buscava mapear a arquitetura contemporânea brasileira, focado na produção de seus jovens profissionais. Um propósito ambicioso e inédito, que se diferenciava dos tradicionais concursos de arquitetura não só por assumir um espectro mais amplo de categorias, mas também por incentivar um nicho distinto das produções dos já consagrados e premiados escritórios.
Assim como os elementos arquitetônicos que compõe e conformam o espaço construído – piso, paredes e teto, os elementos vegetais também são capazes de conformar espaços livres em áreas de grande, média e pequena escala, de parques a jardins residenciais, atuando como estruturadores espaciais. Segundo Benedito Abbud, “O paisagismo é a única expressão artística em que participam os cinco sentidos do ser humano. Enquanto a arquitetura, a pintura, a escultura e as demais artes plásticas usam e abusam apenas da visão, o paisagismo envolve também o olfato, a audição, o paladar e o tato, o que proporciona uma rica vivência sensorial, ao somar as mais diversas e completas experiências perceptivas. Quanto mais um jardim consegue aguçar todos os sentidos, melhor cumpre seu papel”.
De maneira prática, trouxemos alguns posts para contribuir para os projetos de paisagismo. No primeiro post abordamos sobre planos, clareiras e disposição de árvores e no segundo sobre árvores, arbustos, grama e forrações nos espaços livres. Neste artigo abordaremos sobre arbustos, gramas, forrações e pisos
Na década de 1920, o artista holandês Piet Mondrian começou a pintar seus icônicos quadros com grids pretos e cores primárias. Extrapolando os limites das referências recorrentes no mundo da arte, propôs uma linguagem simples composta de linhas e retângulos coloridos que tornou-se conhecida como Neo Plasticismo, o qual explorava a dinâmica do movimento através da cor e das formas. Este conjunto de telas pintadas em vermelho, amarelo e azul, configuram um dos principais elementos do movimento De Stijl do início do Século XX. Quase um século depois, as abstrações de Mondrian seguem inspirando arquitetos ao redor do mundo.
O que há por trás desta simplicidade que seque cativando artistas, designers e arquitetos depois de tanto tempo?
Dando sequência ao conjunto de publicações que pretendem ampliar o acesso à produção acadêmica das universidades do país, apresentamos hoje o trabalho de mestrado de Ana Luzia Ribeiro Mello dentro do Instituto de Artes da UNESP - Universidade Paulista Júlio de Mesquita Filho, intitulado “O brinquedo do parque: um conceito lúdico como arte do reaproveitamento” e orientado pela Prof. Dra. Clice de T. Sanjar Mazzilli. O trabalho destaca a figura da arquiteta e designer Elvira de Almeida e sua trajetória com a elaboração e execução de esculturas-brinquedo.
Esta semana, apresentamos uma série de fotografias de algumas das capelas mais impressionantes publicadas recentemente em nossa página. São 13 projetos de diferentes partes do mundo que revelam distintas maneiras de projetar um espaço de culto. A seguir, veja nossa seleção que inclui fotografias de Adolf Bereuter, Yao Li e João Ferrand.
O acesso a espaços livres públicos é importante para aumentar a prática de atividade física durante o lazer em países de alta renda, como mostram estudos, mas ainda há poucas evidências em países de renda média. Mais do que isso, em países como Brasil e Colômbia, por exemplo, a prática de atividade física no tempo de lazer ainda é menor do que em países de alta renda, como Estados Unidos, situação que não mudou nos últimos anos.
Casas Pequenas (as famosas Tiny houses) se popularizaram nos últimos anos, à medida que os preços das moradias continuam subindo. Seja como um retiro ou uma maneira de viver de forma mais simples e econômica, casas minúsculas oferecem uma maneira mais flexível de habitar. Vem até sendo usadas por organizações de caridade, como a Tiny Homes Foundation na Austrália, como uma maneira de lidar com a questão da falta de moradia nas cidades e a necessidade de habitação social. À medida que a popularidade e a necessidade de lares minúsculos se tornam cada vez mais predominantes, conhecer as habilidades necessárias para projetar uma pequena casa para você ou para um cliente é uma habilidade útil a se ter.
Abaixo estão 6 dicas para se ter em mente ao projetar e construir uma pequena casa:
O que o arquiteto suíço e segundo diretor da Bauhaus, Hannes Meyer, poderia ter em comum com o excêntrico e vaidoso presidente dos Estados Unidos, Donald Trump? O artigo à seguir, escrito pelo Colectivo Arkrit, faz uma interessante reflexão a respeito do tema.
Mais de um milhão e meio de pessoas no Chile pertencem a um dos nove povos originários reconhecidos pelo Estado pela Lei 19.253: Aymara, Quechua, Atacameño, Colla, Diaguita, Rapa Nui, Mapuche, Kawéskar e Yagán. Apesar de representarem 9,1% da população nacional, não são reconhecidos a nível constitucional, e sua cultura (inclusive sua existência) é desconhecida pela grande maioria dos chilenos.
Alinhada à Lei 19.253, que exige "respeitar, proteger e promover o desenvolvimento dos indígenas, suas culturas, famílias e comunidades, adotando as medidas adequadas para tais fins", a Direção de Arquitetura do Ministério de Obras Públicas (MOP) do Chile publicou, em 2003, o primeiro guia de desenho arquitetônico para os povos originários Mapuche e Aymara, os mais populosos do país.
Plano trata da questão global da habitação na cidade, não se focando apenas na questão social. Foto: David Holt/Flickr-CC. Image via TheCityFix Brasil
Assim como ocorre no Brasil, as autoridades locais britânicas também são obrigadas a publicar e revisar seus planos diretores com certa frequência. Por isso, Londres, sob o comando do prefeito trabalhista Sadiq Khan, disponibilizou recentemente para consulta pública o esboço da nova versão do London Plan.
A base inicial do plano é o desenvolvimento sustentável (promoção social, ambiental e econômica), seguida de: princípios de equidade de oportunidades aos londrinos; redução da desigualdade de renda; avaliação dos impactos das mudanças climáticas; incentivo ao uso do Rio Tâmisa para transporte de pessoas e cargas; e dos recursos disponíveis para implementação do plano.
https://www.archdaily.com.br/br/891677/como-londres-propoe-uma-cidade-inclusiva-e-oportuna-a-todosLuiz Fernando Hagemann
O que a chegada da família real portuguesa, o maior ponto de compra e venda de escravos do Brasil, o assassinato do estudante Edson Luís durante a ditadura militar e a propina de R$52 milhões recebida por Eduardo Cunha têm em comum? Todos aconteceram na zona portuária do Rio de Janeiro e agora podem ser (re)descobertos com o Museu do Ontem, aplicativo lançado pela Agência Pública que pretende resgatar essas histórias e promover uma outra relação com esse importante território da cidade.
Muitas vezes, como arquitetos, negligenciamos como os prédios que projetamos irão se desenvolver quando os entregamos às intempéries. Passamos tanto tempo tentando entender como as pessoas usarão o edifício que podemos esquecer como ele será danificado pelo tempo. É um processo inevitável e incerto que levanta a questão de quando um edifício está realmente completo; quando a peça final de mobília é movida para dentro, quando a telha final é colocada ou quando ele já passou anos a céu aberto deixando a natureza seguir seu curso?
Ao invés de piorar o edifício, as forças naturais podem contribuir para a integridade do material, suavizando e melhorando sua aparência inicial. É importante considerar os materiais após o processo de construção, para criar uma estrutura que só aumente em beleza ao longo do tempo. Para ajudá-lo a alcançar um edifício em evolução, reunimos seis materiais diferentes que envelhecem com dignidade.
Seja para iniciar a análise de um detalhe ou para impressionar alguém em uma roda de conversa ou em uma viagem, o entendimento de uma edificação clássica inicia-se ao ter consciência das diferentes ordens clássicas arquitetônicas. Dentro do referencial bibliográfico pela história, o primeiro relato acerca das ordens foi escrito por Vitrúvio. “[...] As ordens vieram propiciar uma gama de expressões arquitetônicas, variando da rudeza e da firmeza até a esbelteza e a delicadeza. No verdadeiro projeto clássico, a seleção da ordem é uma questão vital – é a escolha do tom” [1], que para o autor, sintetiza a “gramática da arquitetura” [2].
Segundo John Summerson, autor do livro A Linguagem Clássica da Arquitetura, “[...] um edifício clássico é aquele cujos elementos decorativos derivam direta ou indiretamente do vocabulário arquitetônico do mundo antigo – o mundo ‘clássico’ [...]. Esses elementos são facilmente reconhecíveis, como, por exemplo, os cinco tipos padronizados de colunas que são empregados de modo padronizado, os tratamentos padronizados de aberturas e frontões, ou, ainda, as séries padronizadas de ornamentos que são empregadas nos edifícios clássicos”. [3]
Belo Horizonte. Foto: Mariana Gil/WRI Brasil. Image Cortesia de TheCityFix Brasil
Cidades são peças fundamentais para o funcionamento de muitos países. Com o alto crescimento populacional das últimas décadas, os centros urbanos precisaram enfrentar uma série de desafios, sendo um dos principais deles planejar a mobilidade. No Brasil, com a sanção da Política Nacional de Mobilidade Urbana (PNMU), em 2012, as cidades brasileiras receberam novas diretrizes para planejar e guiar suas ações políticas para estabelecer uma mobilidade mais sustentável. Para isso, a PNMU determina a elaboração de Planos de Mobilidade Urbana para cidades com mais de 20 mil habitantes como requisito para o repasse de recursos orçamentários federais. Essa imposição visa, como consequência final, transformar as cidades e o modo como o brasileiro se desloca diariamente.