O primeiro Shikinen Sengu foi realizado no ano de 690, na cidade de Ise, província de Mie, no Japão. Trata-se de um conjunto de cerimônias, que duram até 8 anos, que se inicia com o ritual do corte das árvores para a construção da nova edificação e conclui com a mudança do espelho sagrado (um símbolo de Amaterasu-Omikami) para o novo santuário pelos sacerdotes Jingu. A cada vinte anos, um novo palácio divino com exatamente as mesmas dimensões do atual é construído em um lote vizinho ao santuário principal. O Shikinen Sengu está ligado à crença xinto na morte e renovação periódicas do universo, ao mesmo tempo que é uma forma de passar de geração em geração as antigas técnicas construtivas em madeira.
A ideia de criar um edifício que terá um prazo de validade não é algo tão comum. Inclusive, muito pouco se aborda sobre a questão da vida útil das construções. Quando demolida, para onde irão os materiais que a compõem? Serão descartados em aterros sanitários ou poderão ser reutilizados em novas empreitadas? Há construções, métodos construtivos e materiais que tornam este processo mais fácil. Outros, inviabilizam uma reutilização, por conta de diversos fatores.
Existe, ao estudar arquiteturas indeterminadas, um instinto, quase que natural, de tentar encontrar um rótulo para ela. E, se não um rótulo, uma forma de tentar solucioná-la para que ela possa, mesmo que momentaneamente, ser algo mais concreto. O que acontece se não tentarmos defini-la?
Em 2019, visitei, com alguns colegas, o Edifício Bonpland do escritório argentino Adamo Faiden. Antes de visitarmos, em conversa com amigos, tentei explicar o conceito por trás de muitos edifícios porteños do século XXI. A lógica de ocupação do terreno, que se articula como dois blocos, um frontal e outro traseiro ligados por uma circulação centralizada, os gabaritos e, no caso do edifício Bonpland, uma planta que tinha como elementos estruturais a circulação vertical e os núcleos hidráulicos. Comentei sobre o exercício de indeterminação que existia no prédio e recebi uma resposta muito interessante: fui dito que essa falta de resolução dos layouts dos espaços internos era preguiça dos arquitetos.
https://www.archdaily.com.br/br/966553/achando-potencial-no-nao-fazer-encarando-as-possibilidades-no-edificio-bonpland-de-adamo-faidenLeonardo Dias
O renomado arquiteto mexicano Miguel Ángel Aragonés apresenta dez anos de pesquisa materializada em seu mais recente projeto intitulado "Casa PI", cuja sigla se traduz em um novo método de construção de "pré-fabricados inteligentes". Patenteado na Suíça, este sistema busca quebrar o paradigma habitacional a partir de um projeto integral que combina a estrutura da casa com o mobiliário e as novas tecnologias de automação na arquitetura.
https://www.archdaily.com.br/br/965364/arquiteto-mexicano-cria-sistema-construtivo-com-tecnologia-de-pre-fabricacao-inteligenteArchDaily Team
Embora o bambu tenha um potencial incrível como material de construção, os esforços para construir estruturas duráveis de bambu muitas vezes falham, com erros cometidos tanto no projeto quanto no processo de construção. As estruturas de bambu são frequentemente criticadas por sua falta de durabilidade e, antes que a tecnologia de tratamento fosse descoberta, esta era uma das armadilhas para construir com o material. Hoje em dia, empresas de arquitetura como a IBUKU provaram que, se bem projetadas, tratadas e mantidas corretamente, uma estrutura de bambu pode durar toda a vida.
Além do tratamento inadequado, há outros erros cometidos ao construir com bambu e eles são frequentemente ignorados, mas têm o mesmo peso para garantir a longevidade de uma estrutura de bambu. Existem muitos guias excelentes que explicam como construir com bambu, no entanto, as informações são insuficientes ao abordar o que não fazer. Neste artigo, vamos compartilhar como evitar os erros mais comuns ao construir com bambu.
Apropriar-se da luz natural fornecida pelo sol, usufruindo de todos os benefícios que ele oferece, é uma das principais estratégias que todo arquiteto ou arquiteta deve levar em consideração quando projeta um determinado espaço ou edifício. O trabalho começa antes mesmo de sentar-se à prancheta, analisando o trajeto do sol e as orientações possíveis que cada terreno nos sugere. O tamanho e a quantidade de aberturas é também algo muito importante a se considerar neste primeiro momento. Isso porque ambientes naturalmente iluminados são mais agradáveis de se viver e trabalhar, impactando decisivamente no humor e o no conforto dos moradores e usuários de um determinado edifício. Somado a isso, gerenciar a forma como a luz do sol penetra em um espaço é também uma maneira muito eficaz de controle passivo da temperatura assim como ajuda a reduzir a demanda por sistemas artificiais de iluminação e condicionamento de ar—resultando em uma maior economia global de energia. Por exemplo, através de sistemas de proteção solar os usuários podem melhor controlar as condições de iluminação de um determinado ambiente, minimizando ainda o ganho de calor e maximizando, assim, as condições de conforto no interior do edifício.
https://www.archdaily.com.br/br/965147/como-controlar-a-luz-natural-para-reduzir-despesas-e-aumentar-o-conforto-ambientalLilly Cao
A arquitetura é uma profissão de longa data, que produziu diversos marcos icônicos que admiramos e reverenciamos em todo o mundo, além de desempenhar um papel na organização das cidades em que vivemos hoje. Esta descrição, no entanto, contempla a arquitetura no sentido tradicional — e há inúmeros exemplos de indivíduos e empresas que desviaram da prática arquitetônica tradicional, seja por meio do aprofundamento em campos adjacentes ou pela exploração de novas tecnologias.
Madeira de demolição é aquela que tem origem no desmonte de uma construção, geralmente casas antigas, barracões ou armazéns rurais. Por desinteresse ou inviabilidade econômica de adaptação, resta a opção de demolir estas estruturas, resultando em escombros e, também, elementos que podem ser reciclados e reutilizados na arquitetura. É o caso da madeira de demolição, que vemos empregada, do revestimento à estrutura, em projetos contemporâneos em todo o mundo.
Para inspirar seus projetos, reunimos 12 casas brasileiras fazem uso deste material reciclado em pisos, paredes, decks, banheiros, áreas externas e escadas.
Projetos residenciais de casas podem ser campos de experimentação de formas, materiais, técnicas construtivas ou organizações espaciais. Um desses recursos é o pé-direito duplo, isto é, situações nas quais a distância livre entre o piso e o teto equivale a cerca do dobro de um pé-direito padrão (considerado entre 2,50 e 2,70 m). Os grandes espaços formados nessa condição são um prato cheio para se aproveitar de entradas de luz e ventilação naturais, além de estabelecer relações verticais mais interessantes.
Quando chegamos na etapa de projeto executivo nos deparamos com o momento do detalhamento das áreas molhadas, que inclui a escolha não só dos acabamentos de parede e piso, mas também das bancadas, louças e metais. O diálogo entre esses elementos é fundamental para um espaço bem ambientado, independentemente do estilo escolhido.
Na arquitetura residencial, sempre houve espaços indispensáveis e outros que podemos ignorar. Ao projetar uma residência, nossa tarefa é basicamente configurar, conectar e integrar diferentes funções da forma mais eficaz e eficiente possível, obrigando-nos a priorizar. E embora hoje muitos apostem numa arquitetura cada vez mais fluida e indeterminada, poderíamos dizer que o dormitório, o banheiro e a cozinha são o núcleo fundamental de toda casa, permitindo o descanso, o preparo da comida e a higiene pessoal. Em seguida, surgem alguns espaços de reunião e outras áreas de serviço, e com eles possivelmente existem saguões, corredores e escadas que os conectam. Cada espaço agrega novas funções que seus moradores podem desempenhar com maior facilidade e conforto, e assim a vida começa a se desenvolver de forma mais adequada.
No entanto, menos metros quadrados no banheiro podem nos permitir ampliar a sala de estar. Ou ainda, eliminar alguns espaços aparentemente dispensáveis poderia proporcionar uma agradável espaço aos seus futuros habitantes. Em um mundo superpovoado com cidades cada vez mais densas, quais funções temos descartando para dar mais espaço ao essencial? Analisamos o caso da lavanderia, que foi reduzida e integrada nas outras zonas da casa para dar o seu espaço a outras funções.
Em termos históricos, a industrialização é um processo no qual o setor industrial se torna dominante em uma economia por meio da substituição dos processos e técnicas artesanais, visando principalmente o aumento da produtividade e a consequente geração de riqueza. Essa produção serial, mecânica e padronizada gera transformações profundas não somente nos modos de vida e relações sociais, mas também, e principalmente, implica uma enorme mudança na paisagem urbana.
Em nosso país vizinho, o Paraguai, tijolo pode significar muitas coisas. Desde paredes, divisórias, muros, anteparos, lajes, abóbadas, pisos e pavimentos. Ao longo das últimas duas décadas, a arquitetura contemporânea paraguaia não só evidencia a grande versatilidade deste nobre material, mas sobretudo nos mostra a capacidade de seus arquitetos em reinventar constantemente a sua aplicação, explorando a fundo todo o seu potencial expressivo.
No início deste mês, a cidade de Miami divulgou uma versão preliminar de seu plano abrangente de combate aos efeitos das mudanças climáticas. O chamado Stormwater Master Plan (SWMP) será implementado para diminuir a ameaça de inundações em toda a cidade, melhorar a qualidade da água na Baía de Biscayne e fortalecer seu litoral contra tempestades mais fortes e frequentes nos próximos 40 anos, em uma estimativa de custo geral de US $ 3,8 bilhões.
Há mais de um ano em pandemia, o fluxo de viagens e turismo diminui no mundo todo. Mas nem por isso precisamos deixar de conhecer cidades distantes. Desde o início da quarentena, diversos museus e organizações prepararam tours virtuais que levam os usuários a imersões digitais pelas suas localidades. Pensando nisso, reunimos aqui quatro diferentes formas para você explorar lugares sem sair de casa.
Dizem que os shopping centers e as galerias comerciais, outrora tão frequentadas, estão com os dias contados. Embora em grande parte, a forma como costumávamos consumir tenha mudado consideravelmente ao longo dos últimos anos e sobretudo após o início da crise sanitária de Covid-19, com muitas lojas passando a operar apenas no mundo virtual, parece que muitas das mudanças que a pandemia nos trouxe chegaram para ficar. À medida que as nossas cidades continuam a crescer a um ritmo bastante acelerado, e os grandes centros comerciais e shopping centers—por outro lado—permanecem vazios e ociosos, há uma pergunta a se fazer: existe alguma possibilidade de transformarmos estes ambientes de consumo em moradia para aqueles que mais necessitam?
A migração entre cidades, estados, países e continentes faz parte da vida cotidiana. À medida que buscamos novas oportunidades em nossas vidas pessoais e profissionais, nossas escolhas individuais têm, na verdade, impactos maiores nos grandes sistemas socioeconômicos, altamente interconectados em todo o mundo. Mudar de uma pequena cidade rural para uma grande metrópole, ou de um continente para outro, traz mais implicações do que você possa imaginar — e a arquitetura, combinada com o conceito de "fuga de capital humano", pode estar auxiliando o processo nos bastidores, influenciando você a ir de um lugar para o outro.
Há meio século, uma névoa letal de fumaça e neblina, também conhecida como o Grande Nevoeiro de 1952, cobriu Londres e matou pelo menos 12 mil pessoas. Mais recentemente, em 2013, Ella Adoo-Kissi-Debrah morreu em decorrência da poluição do ar. “[Ella] foi a primeira pessoa no mundo a ter a poluição do ar apontada como a causa de sua morte”, diz Anjali Raman-Middleton, de 17 anos, cofundadora da organização Choked Up e amiga de Ella. Mas o ar tóxico de Londres, um problema de longa data associado a 9 mil mortes prematuras por ano, é mais do que uma questão ambiental e de saúde pública.
https://www.archdaily.com.br/br/966181/como-londres-usa-taxas-pelo-uso-das-vias-para-combater-a-poluicao-do-ar-e-a-desigualdadeMadeleine Galvin e Anne Maassen
Talvez não haja material mais diverso e atemporal do que o tijolo - que pode ser visto como um coringa tanto à arquitetura tradicional como na moderna. Em muitos casos, remover os rebocos de um edifício histórico pode revelar belas paredes de tijolos, que trazem uma grande quantidade de textura, calor e personalidade a um espaço residencial. Deixado aparente ou pintado, o visual se presta a uma variedade de estilos, do rústico ao industrial.
Os 5 projetos a seguir exemplificam como o tijolo exposto pode ser usado para aprimorar a mistura de texturas no projeto de interiores.
Arquiteturas do Sul Global é o título do curso ministrado pelos arquitetos Marco Artigas e Pedro Vada, por meio da Associação Escola da Cidade, que tinha como objetivo ampliar o repertório sobre a produção arquitetônica contemporânea levando em consideração a urgente necessidade de novos olhares, fundamentalmente contra-hegemônicos. Partindo do conceito de Sul Global em consonância com uma visão de união entre os países que passaram por processos de colonização, o curso, ministrado entre setembro e dezembro de 2020, estabeleceu constantes diálogos com arquitetas e arquitetos que mantém sua atuação ou residência nos países deste chamado sul.
A ideia desses encontros foi discutir o que e como estão construindo nesses países, com base em uma conversa mais direta sobre as questões colocadas pelos diversos territórios, sociedades e culturas, explorando com maiores detalhes o processo e as decisões tomadas em cada projeto, com documentação mais rica que as utilizadas em publicações, abordando reflexões estruturais e temas urgentes.
https://www.archdaily.com.br/br/965183/arquiteturas-do-sul-global-conversa-com-adengo-architecture-taller-de-arquitectura-e-dna-design-and-architectureMarco Artigas e Pedro Vada
No artigo desta semana, o autor Jacob DiCrescenzo explora um outro lado da experiência humana da arquitetura e do espaço: aquele relacionado às nossas emoções. Recentemente, em outro artigo publicado pelo Common Edge, ele já havia nos convidado a refletir sobre a “arquitetura do sentimento”, enfocando em questões relacionadas à psicologia do espaço e de que forma o ambiente construído impacta em nossas emoções. Argumentando que “a arquitetura é uma experiência profundamente emocional”, DiCrescenzo comenta ainda sobre todos os benefícios que a neurociência pode trazer para o futuro da arquitetura.
O debate sobre criminalidade e segurança pública no Brasil tem sido pautado pela polarização entre defensores de medidas duras contra o crime, que vão desde o endurecimento das penas e dos trâmites processuais até o salvo conduto da excludente de ilicitude para a violência policial, e críticos do sistema de segurança pública e justiça penal, pelos abusos praticados e a ineficácia do encarceramento para a contenção da criminalidade.
Para além desta dicotomia muitas vezes contraproducente para o enfrentamento de um problema que vitimiza grande parte da população brasileira, que tem sua integridade física e/ou patrimonial ameaçada cotidianamente, a questão da prevenção ao delito tem sido pouco discutida e menos ainda priorizada. Há experiências exitosas neste âmbito, e todas elas passam pelo maior protagonismo do poder local/municipal na implementação de iniciativas e programas e na articulação da ação das polícias com outros atores sociais.
https://www.archdaily.com.br/br/965400/a-cidade-e-a-seguranca-publicaRodrigo Ghiringhelli de Azevedo
Na maioria dos casos, o planejamento urbano é uma prática desenvolvida com base na suposição de que toda cidade cresce, ou que pelo menos, deveria crescer. Entretanto, a realidade nos mostra que nem sempre tudo parece funcionar como o previsto, e que em nossa sociedade hoje, muitas cidades estão passando por um processo inverso, de decrescimento ou despovoamento. E isso não significa dizer que em cidades que decrescem o planejamento urbano seja algo desnecessário, muito pelo contrário, neste caso esta prática talvez seja ainda mais importante—além do fato de que ela deve assumir novos conceitos, critérios e estratégias capazes de fazer frente a este grande desafio. O fenômeno do despovoamento é um processo de declínio urbano generalizado que pode ter as mais diversas e complexas causas que vão desde mudanças significativas nos meios de produção, fenômenos migratórios, conflitos ou esgotamento dos recursos naturais. Buscando somar evidências e colaborar com o desenvolvimento do profuso debate que gira em torno do tema atualmente, a seguir apresentaremos algumas das principais abordagens que algumas cidades em processo de despovoamento tem incorporado em suas estratégias de planejamento urbano.
Um dos elementos construtivos que melhor combina a funcionalidade com a estética, o forro pode ser um importante aliado aos projetos de arquitetura e de interiores, adicionando camadas de textura, cores e materialidade, permitindo assim um maior controle de qualidade dos espaços internos, ao mesmo tempo que serve como armazenamento e proteção de outros sistemas.
Pátios e jardins exteriores desempenham um papel fundamental na configuração e organização do espaço. Em muitos casos, estes elementos fornecem diretrizes para a organização de percursos, articulando espaços interiores e exteriores, proporcionando melhores condições de iluminação e ventilação natural, além de maximizar a conexão com a natureza sem no entanto, abrir mão da privacidade.