Desde o irrompimento do surto de COVID-19 há alguns meses, eu, como muitos de vocês, passei os últimos meses trancafiado em casa, ansioso e preocupado com as consequências e desdobramentos disso tudo. Entretanto, ao invés de perturbá-los com mais previsões hipotéticas para um futuro ainda incerto, prefiro compartilhar algumas observações sobre a atual condição das cidades africanas nesta calamitosa situação que estamos vivendo. Como africano, procurarei apresentar uma perspectiva única, desprendida de limitações e fronteiras, por que, afinal de contas, esta é uma crise sanitária mundial que como tal, desconhece tais demarcações.
https://www.archdaily.com.br/br/945800/carta-aberta-da-nigeria-para-o-mundo-coronavirus-e-o-futuro-das-cidadesMathias Agbo, Jr.
O desafio de desenvolver projetos de conforto, sobretudo acústico, é um tanto quanto ingrato, uma vez que só prestamos atenção nele quando não funcionam adequadamente nos espaços. São muitas as queixas comuns: ouvir mais a conversa da sala ao lado do que a que ocorre no seu espaço, ter que gritar para ser entendido por alguém ao seu lado ou ouvir ecos excessivos nos ambientes que tornam o convívio exaustivo. Justamente esse último problema é bastante comum em espaços com estruturas aparentes, sem materiais de revestimentos. Por geralmente serem materiais pouco absorventes acusticamente, como concreto, vidros ou metais, é bastante comum que espaços com estéticas mais industriais apresentem tempo de reverberação alto. Isso quer dizer que um som emitido demora a desaparecer, pois continua refletindo nas superfícies do espaço e juntando-se aos outros sons produzidos, criando um ruído incômodo e reduzindo a compreensão das falas.
O escritório britânico Foster + Partners revelou recentemente imagens do seu projeto de uso misto Pitt Street OSD sobre uma estação de metrô na região central de Sydney, Austrália. Estendendo-se no subsolo por um quarteirão inteiro, o empreendimento oferece uma torre de escritórios de 39 pavimentos e "um centro vibrante de uso misto, com restaurantes, comércio e entretenimento" no térreo.
Outros corpos, espaços e linguagens, que são invisibilizados ou simplesmente parecem não caber na atual cidade de São Paulo, estão sendo projetados em sua paisagem. "Vozes Contra o Racismo" é uma mostra e proposição que insere novos imaginários para a cidade que está em constante disputa de narrativas. Através do evento, até o dia 24 de agosto, a rua deixará de ser apenas um espaço de trânsito para abrigar também obras de arte, os edifícios se tornarão telas e monumentos serão apagados para servir de suporte a expressões artísticas que apresentam rumos que normalmente são invisibilizados pela história.
A qualidade das ruas e calçadas é um tópico bastante debatido no Brasil e a pandemia de coronavírus acrescentou mais um fator de complexidade ao tema – a saúde pública —, fazendo-nos questionar se é, efetivamente, possível para o pedestre praticar o distanciamento social. A inquietação levou o estudante de arquitetura Conrado Freire a desenvolver um mapa da largura das calçadas de São Paulo.
Adaptado do projeto Sidewalk Widths NYC de Meli Harvey, sobre as calçadas de Nova Iorque, o Largura do Passeio toma os dados das calçadas disponibilizados pelo portal GeoSampa e sintetiza de forma visual informações sobre os passeios de São Paulo que não são acessíveis ao público em geral. A partir dos códigos abertos disponibilizados por Harvey, que já foram também adaptados para cidades como Toronto, Washington, Berlim e Milão, Freire cria uma cartografia visual que informa aquilo que é apenas sentido pelos pedestres ao se deslocarem no espaço urbano de São Paulo.
Sobre o papel da arquitetura nas relações sociais, Denise Scott Brown disse uma vez: “a arquitetura não deve forçar as pessoas a se conectarem; ela pode apenas definir espaços, eliminar barreiras e fazer dos locais de encontro mais úteis e atraentes.” Embora não possamos controlar o resultado ou a maneira como as pessoas irão se apropriar dos espaços que projetamos, a arquitetura tem o potencial de abrir portas e aproximar pessoas, preparando o terreno para que encontros casuais e interações sociais aconteçam — fortalecendo assim o sentido de pertencimento e identidade que tanto influenciam a estrutura de nossa sociedade. A seguir, procuramos expor — através de exemplos concretos — formas como a arquitetura pode potencializar interações sociais através de estratégias e soluções projetuais inteligentes, proporcionando um terreno comum capaz de aproximar pessoas e construir comunidades.
O concreto é símbolo importante de um período de grande reconhecimento da arquitetura brasileira e até hoje segue como um dos materiais preferidos dos profissionais da área interessados em explorar a flexibilidade e expressividade que seu uso confere aos projetos. Apesar de estar associado sobretudo às estruturas das construções, o concreto pode figurar como protagonista por sua materialidade, temperatura, cores e outros aspectos que vão além de suas qualidades estruturais. Quando mantido aparente, o concreto imprime um caráter marcante nas áreas internas das obras ao dialogar com os demais elementos que compõem a ambiência das propostas.
O tema do mês de março no ArchDaily foi dedicado aos interiores e os artigos relacionados a este tópico acumularam mais de 1 milhão de visualizações, superando em 240% o número de visualizações alcançadas em outros meses do mesmo semestre.
https://www.archdaily.com.br/br/945414/tendencias-em-design-de-interiores-que-influenciarao-a-proxima-decadaPola Mora
Malibu Crest, remodelação de uma casa de 1949 do Estilo Internacional, foi desenvolvida pelo Studio Bracket com o objetivo de ampliar a metragem quadrada da estrutura e as vistas panorâmicas para Malibu, mantendo mais de 50% das paredes originais da casa. O projeto foi bem-sucedido, não apenas na renovação de seus espaços internos e reconfiguração do espaço, mas no alargamento das janelas para captar verdadeiramente as vistas da lagoa e das montanhas circundantes. Essa expansão das vistas foi realizada em parte por meio de janelas de cantos abertos e vidros do chão ao teto, fabricados pela Western Window Systems. Esta tecnologia de vidros ininterruptos é uma das formas mais eficazes de abrir um espaço interior para as vistas deslumbrantes de um ambiente natural. Permitem que o espaço interno seja mais aberto para o exterior sem obstruções. A seguir, revisamos suas vantagens estéticas, suas qualidades estruturais e sua aplicação em projetos reais.
https://www.archdaily.com.br/br/945456/esquadrias-de-canto-ampliando-os-espacos-para-o-exteriorLilly Cao
Em Julho último (2019), na Plataforma habita-cidade [1] foi organizada a Oficina-viagem “Modos de Habitar: Arquiteturas Tradicionais” que levou alunos e professores para a Aldeia Ypawu, em território Kamayurá no Alto Xingu. O objetivo geral das Oficinas-viagem “Modos de Habitar” é a reflexão propositiva sobre as diversas formas do Habitat humano no planeta. Neste ano, a partir de uma demanda dos mestres construtores Kamayurá de produzir um Manual de Arquitetura local, a Oficina-viagem foi preparada para que o grupo para lá deslocado atuasse como apoio para essa importante empreitada. A ideia do Manual de Arquitetura Kamayurá foi inicialmente lançada por Kanawayuri L. Marcello Kamaiurá (liderança local) para a arquiteta Clarissa Morgenroth (arquiteta formada na Escola da Cidade) e para a diretora teatral Cibele Forjaz. A Escola da Cidade foi então convidada a participar do projeto, que foi encampado pela Plataforma habita-cidade, ligada ao curso de Pós-graduação lato sensu ‘Habitação e Cidade’.
https://www.archdaily.com.br/br/923178/manual-de-arquitetura-kamayuraLuis Octavio de Faria e Silva
Na semana passada, a Global Designing Cities Initiative (GDCI) lançou a Designing Streets for Kids, uma plataforma concebida para estabelecer uma nova hierarquia de critérios para o desenvolvimento de projetos urbanos ao redor do mundo. “Projetando Ruas para Crianças” é uma iniciativa que pretende fomentar abordagens de projeto centradas no usuário e respaldada por princípios de desenho universal, focando na ergonometria do espaço e mobiliário urbano para melhor atender as necessidades específicas das crianças e seus familiares, além de promover a acessibilidade para ciclistas e outros meios de transporte individual não motorizado, estimulando o uso de transporte público no centro de nossas cidades.
Ao comemorar 60 anos, Brasília tem a oportunidade de se inspirar nos movimentos antirracistas e anticoloniais que, mundo afora, têm contestado a monumentalidade da história oficial, para se confrontar com a memorialização do colonialismo em sua própria paisagem urbana. Ao invés de eventos comemorativos que reiteram histórias oficiais, celebrando a cidade como marco bandeirante da modernidade nacional, deveríamos fazer uma pausa – ademais imposta pela pandemia – para refletir sobre como certas memórias são eternizadas, enquanto outras são apagadas, e, então, traçar novas cartografias memoriais no tecido urbano da capital.
Trabalhando em parceria com a Ernst&Young em um projeto que vem sendo desenvolvido desde 2018, o escritório Carlo Ratti Associati (CRA) divulgou detalhes de sua mais recente empreitada, um arrojado projeto de expansão urbana para a cidade de Brasília que reinterpreta as superquadras e o plano diretor modernista concebido por Lúcio Costa em um “novo distrito de inovação e tecnologia imerso em natureza”.
O Instituto dos Arquitetos do Brasil – Departamento de São Paulo reativou sua plataforma de ensino. Em consonância com a carta-programa da gestão 2020-2022, especialmente quanto à promoção e consolidação de um espaço para o debate sobre os temas prementes da formação do arquiteto e urbanista, o Instituto passou por uma reestruturação completa que aprofunda e fortalece o espírito democratizante das experiências anteriores.
https://www.archdaily.com.br/br/945639/iabsp-reativa-sua-plataforma-de-ensino-com-cursos-online-sobre-politica-teoria-e-tecnologia-da-arquiteturaEquipe ArchDaily Brasil
Vicente Guallart foi o vencedor na categoria Instalações residenciais e comunitárias em um concurso internacional que buscava propostas uma nova cidade a 100 km de Pequim, na China. O projeto, intitulado A cidade autossuficiente, apresenta um modelo urbano composto por quatro quadras, onde as pessoas podem viver, trabalhar e descansar nos arredores de suas casas – uma possível alternativa em tempos de crise sanitária ou energética.
O escritório 100architects desenvolveu uma proposta para recuperar a ponte peatonal Puji Road em Xangai, China. Intitulado High Loop, o projeto procura transformar a plataforma de 1km de extensão em um equipamento lúdico e colorido, sem alterar profundamente sua estrutura.
A densidade sempre foi uma consideração essencial para arquitetos e planejadores urbanos, mas sua importância só aumentou à medida que a população urbana mundial disparou e as cidades se tornaram cada vez mais densas. Durante grande parte da história do planejamento urbano, este termo foi infestado de conotações negativas: superlotação, pobreza, falta de segurança e as chamadas 'favelas'. O movimento da cidade-jardim, iniciado por Ebenezer Howard em 1898, buscou remediar tais males defendendo cinturões verdes e um planejamento anti-densidade. A Ville Radieuse de Le Corbusier é um dos planos urbanos mais conhecidos a partir desses ideais. Ainda na década de 1960, a socióloga Jane Jacobs notoriamente derrubou esses conceitos de planejamento urbano muito influentes: ela apontou que a densidade dos edifícios não tem que ser igual à superlotação; sugeriu que algumas áreas urbanas altamente densas, como sua vizinhança em Greenwich Village, eram mais seguras e mais atraentes do que os projetos de cidades-jardim nas proximidades; e destacou como a concepção americana dos "bairros marginais" costumava estar enraizada em ideologias anti-imigrantes e anti-negros. A densidade não é inerentemente ruim, ela sugeriu, mas deve ser bem feita. Hoje, continuamos a lutar com a questão sobre como projetar para nossas cidades cada vez mais densas - como mantê-las abertas, mas simultaneamente privadas? Livres, mas controladas quando necessário? Em particular, como nos mantemos protegidos - tanto do crime quanto, em épocas de COVID-19, de doenças?
https://www.archdaily.com.br/br/945652/a-evolucao-do-compartilhamento-dos-espacos-privacidade-e-abertura-em-arquiteturas-cada-vez-mais-densasLilly Cao
As cartografias revelam diferentes faces do Brasil e expõem a natureza das divisões visíveis e invisíveis que definem o país. Os mapas foram produzidos pelos curadores da exposição Gabriel Kozlowski, Sol Camacho, Laura González Fierro e Marcelo Maia Rosa em colaboração com mais de 200 profissionais de 10 disciplinas diferentes.
https://www.archdaily.com.br/br/945720/mapas-do-pavilhao-do-brasil-na-bienal-de-veneza-2018-estao-a-venda-para-ajudar-a-combater-o-coronavirus-na-amazoniaEquipe ArchDaily Brasil
A proposta de “jardim flutuante”, apresentada pelo MVRDV para o concurso internacional de reurbanização da área de Ettlinger Tor na cidade alemã de Karlsruhe, foi escolhida como uma das vencedoras — ao lado daquela lançada pelo escritório de arquitetura liderado pelo suíço Max Dudler. Com abordagens muito similares, as duas equipes compartilharam o primeiro lugar no pódio e a intenção dos organizadores é sobrepor as duas propostas para a criação de um novo plano diretor integrado, inspirado pelo caráter histórico da cidade além de promover novos usos, espaços púbicos e áreas verdes acessíveis aos moradores e visitantes da cidade alemã.
A 13º Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo assume como questão central da edição de 2022 a reconstrução. Como atividade preparatória para o concurso de co-curadoria, o IABsp organizou três debates que promovem a discussão da própria essência de exposições de arte e de arquitetura, como também nos convocam a pensar o papel dos arquitetos, urbanistas e de tantos outros profissionais na construção de cidades mais justas e democráticas.
https://www.archdaily.com.br/br/945563/para-que-serve-uma-bienal-de-arquitetura-debate-com-maria-samaniego-jose-mateus-e-paulo-tavaresEquipe ArchDaily Brasil
O Instituto Tomie Ohtake e a AkzoNobel divulgaram os 13 projetos selecionados nesta sétima edição do Prêmio de Arquitetura Instituto Tomie Ohtake AkzoNobel. Entre os selecionados há obras localizadas no Amazonas, Bahia, Ceará, Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Santa Catarina, São Paulo, Ilha de Rei George na Antártica. A seleção foi feita por júri um formado pelos arquitetos Diego Mauro, Elisabete França, Fernando Túlio, Juliana Braga e Pedro Varella.