A primeira vila olímpica da história foi construída para os Jogos Olímpicos de Verão de 1924 em Paris. Antes disso, os atletas se hospedavam em hotéis, albergues, escolas, quartéis e até mesmo nos barcos em que viajavam para as cidades-sede. Pierre de Coubertin, co-fundador do Comitê Olímpico Internacional (COI), foi o idealizador da vila inaugural ao perceber que seria economicamente mais viável abrigar atletas em estruturas novas e temporárias do que em hotéis, enquanto as vilas poderiam incutir também um senso de comunidade entre os competidores internacionais.
Para as cidades, sediar um evento olímpico é uma honra e uma oportunidade significativa de crescimento, mas também representa um desafio importante. Com mais de 200 nações participando dos Jogos, eles se destacam como a maior competição esportiva do mundo. No entanto, adaptar a infraestrutura pública e esportiva para acomodar o aumento repentino de pessoas e a escala desses eventos pode resultar em problemas após o encerramento, como estruturas subutilizadas conhecidas como "elefantes brancos". Apesar disso, as Olimpíadas incentivam transformações urbanas, levando as cidades a investir em melhorias em transporte, moradia e espaços públicos. Um exemplo marcante é Paris, que inaugurou sua primeira linha de metrô durante a segunda edição dos Jogos Olímpicos, em 1900.
Quando se trata dos locais olímpicos, surge o desafio da reutilização adaptativa: a arquitetura precisa encontrar maneiras de transformar esses espaços, inicialmente projetados para acomodar milhares de pessoas durante os Jogos, de modo a se tornarem parte sustentável da oferta esportiva da cidade após o evento. Em várias partes do mundo, alguns desses locais têm conseguido prolongar sua utilidade além do encerramento dos jogos, integrando-se às comunidades locais e oferecendo uma variedade maior de eventos esportivos e de lazer. Apesar dos altos custos de construção, muitos desses espaços se tornaram ícones da identidade local e atrações turísticas populares, continuando a ser utilizados décadas após receberem as multidões olímpicas.
Guillaume Bontemps/Ville de Paris. Imagem cortesia dos Jogos Olímpicos de Paris 2024
A história recente de Paris está entrelaçada com os Jogos Olímpicos. Em 1900, Paris sediou a segunda edição dos Jogos, marcando o início de uma série de adaptações urbanas e desenvolvimentos arquitetônicos para preparar a cidade. Uma das mudanças mais notáveis foi a introdução da Linha 1 do metrô, inaugurada em 1900, que conectava os locais da Exposição Universal aos Jogos Olímpicos em Vincennes. Apenas 24 anos depois, Paris sediou uma das edições mais influentes dos Jogos Olímpicos, a primeira a ser transmitida por rádio, o que aumentou significativamente a popularidade do evento. Foi nessa edição que nasceu o conceito de Vila Olímpica. Muitas das infraestruturas e locais construídos há mais de um século ainda estão em uso em Paris, e alguns deles serão novamente utilizados como sedes de eventos olímpicos.
Poucos eventos culturais unem o mundo todo como as Olimpíadas. Hoje, atletas de todo o mundo continuam participando de diversas competições após a pandemia de Covid-19. Os Jogos Olímpicos são considerados a principal competição esportiva do mundo, com mais de 200 nações participantes. Devido a isso, coloca-se em pauta o papel da arquitetura e do design no desenvolvimento urbano das cidades-sede após os jogos.
Último Dia sem Carro em Paris proibiu a circulação de veículos em toda a cidade. Foto: Laura Azeredo, via TheCityFix Brasil
O futuro de uma nova Paris já vem sendo noticiado há alguns meses. Desde que a atual prefeita, Anne Hidalgo, assumiu o cargo, seu desejo de uma cidade com cada vez menos carros vem se realizando em pequenas (ou nem tão pequenas) ações. No entanto, parece que esse objetivo ganhou uma data perfeita para ser alcançado: os Jogos Olímpicos de 2024.
A escolha do Rio de Janeiro para sediar as primeiras Olimpíadas na América do Sul levou a um boom de projetos e obras que se seguiu a um longo período de estagnação econômica e cultural nesta cidade de 6,3 milhões de habitantes.
Mesmo que muitas promessas tenham ficado no papel – como a despoluição da Baía de Guanabara e a urbanização de 260 favelas - entre outubro de 2009 e agosto de 2016 surgiram arenas, obras viárias, lançamentos imobiliários, edifícios corporativos, museus, hotéis. Além de obras na área portuária que incluíram a demolição de um elevado de 7 km e a abertura de 4km de túneis, com trechos escavados sob alguns dos sítios de maior valor histórico, paisagístico e simbólico da cidade.
Olimpíadas Rio 2016 prestes a começar e a cidade prepara-se para sentir os impactos de um mês completamente diferente. Espalham-se mensagens de restrição à circulação. Pede-se ao carioca que evite determinadas regiões. A novidade talvez, e que gerou mais revolta, é que até mesmo as bicicletas aparentemente não serão bem vindas durante os jogos. Ao menos foi essa a mensagem divulgada em e-mail direcionado a quem comprou ingressos.
A importância de uma mobilidade focada em incentivos é uma das lições olímpicas que certamente ainda não foi compreendida. É preciso deixar de lado as políticas de punição e cerceamento para pensar nas melhores maneiras de ajudar quem se diverte e trabalha durante os jogos, com direito a um legado positivo para a população quando a festa acabar.
Construção da Vila dos Atletas, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro. Image Cortesia de UOL
A menos de 2 anos dos Jogos Olímpicos de 2016, as obras no Rio de Janeiro estão em marcha e as cifras atribuídas a elas continuam ascendentes. É o que mostra o acórdão do Tribunal de Contas da União publicado no início deste mês, segundo o qual o Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos Rio-2016 destinará R$ 254,9 milhões pelo aluguel do condomínio onde será instalada a Vila dos Atletas, na Barra da Tijuca, valor 456% maior do que a primeira previsão oficial, de R$ 45,8 milhões.
O empreendimento, lançado em conjunto pelas construtoras Carvalho Osklen e Odebrecht, consiste em um projeto residencial para 3.064 apartamentos de 82m² a 320m², com preços que variam de R$ 780 mil a R$ 2 milhões.
Durante o último ano o fotógrafo Pol Masip percorreu Barcelona registrando algumas das instalações mais relevantes dos Jogos Olímpicos de Barcelona de 1992. O evento deixou uma importante herança arquitetônica para a cidade e implantou o início de um novo modelo urbanístico que perdura, em grande medida, até hoje.
Mais imagens e informações sobre a série "Postolímpica" de Masip, a seguir.
Grandes eventos esportivos implicam em grandes investimentos públicos, e foi pensando nisso que Estocolmo, capital sueca, optou por não sediar os Jogos Olímpicos de Inverno de 2022.
A decisão foi tomada através de uma votação entre partidos políticos e teve, inclusive, o apoio do prefeito, que não via necessidade da cidade se candidatar à disputa para receber o evento.
O argumento: a cidade tem prioridades mais importantes e o dinheiro público dos contribuintes deve antes ser usado para fins mais democráticos e urgentes. Não se pode negar que se trata de uma argumento bastante convincente e que deveria ser considerado por outras cidades que visam sediar tais eventos.
Vista de Stratford a partir do Parque Olímpico. Cortesia de Plataforma Urbana.
Desde os diversos âmbitos da vida, quando um ano começa, tentamos olhar para trás e refletir em forma de retrospectiva sobre que experiências e situações ao longo dos 365 dias anteriores resultaram mais ou menos satisfatórias, como tratando de fazer um balanço que nos permita refletir sobre os momentos que o marcaram. Nesta linha, parece-me interessante recuperar em matéria urbanística, o que foi a manifestação territorial do evento e espetáculo esportivo mais importante do mundo: os Jogos Olímpicos.
Os arquitetos do Populous, especialistas em estruturas de entretenimento e desportivas, foram os responsáveis pelo Estádio Olímpico dos jogos de Londres, em 2012. O equipamento mudou a imagem do leste londrino e foi o ponto focal das maiores atividades esportivas do mundo até 13 de agosto. Rod Sheard, o arquiteto por trás do projeto no Studio Populous discutiu como eles aproveitaram o projeto de acordo com o legado e sustentabilidade em mente, e porque o esporte é uma das poucas ferramentas que conseguem unir pessoas.
Há apenas alguns dias apresentamos o Estádio Olímpico de Londres 2012 realizado por Populous, sua construção levou quatro anos, de 2007 a 2011. Com capacidade para 80 mil espectadores, seu projeto e construção se caracterizaram pelo desenvolvimento de formas simples, minimizando o peso físico, tempo de fabricação e energia gasta em cada componente, assim como em sua montagem. O vídeo mostra a sequencia construtiva deste importante estádio, onde esta eficiência e ordem do seu desenvolvimento ressalta à vista. Falta menos de um mês para o início dos jogos olímpicos, evento que tornará Londres a primeira cidade a receber este importante evento pela terceira vez na história.