Jacques Derrida, o filósofo que mais teorizou a desconstrução, repetia que não havia uma definição de tal coisa e que se tratava de um método de dissecar as estruturas mais ou menos escondidas para lhes tomar o pulso e perceber que coisas transportavam com elas. Não se trata portanto de um anti-estruturalismo porque a desconstrução é uma atitude bastante estruturada; trata-se de um exercício de decomposição para perceber se quando nos põe pela frente coisas “estruturais” e sistemas rígidos de compreensão opondo isto àquilo, razão e emoção, realidade e ficção e coisas assim, não nos estarão a doutrinar com uma qualquer visão do mundo a partir da qual as coisas serão tidas como normais ou anormais, bonitas ou feias, muito ou pouco importantes e assuntos do género. Na cultura dita ocidental tendemos a pensar e a argumentar usando oposições binárias. Assim, o preto não seria branco, a causa não seria efeito e o masculino não seria feminino. Sem se dar por isso, muitas dessas oposições contêm hierarquias, distinções entre o positivo e o negativo, veiculando juízos de valor moral ou estético. A desconstrução é a melhor medicina para ruminar tais polaridades encardidas.
Rua da Estrada: O mais recente de arquitetura e notícia
Rua da Estrada da desconstrução / Álvaro Domingues
Rua da Estrada do Paraíso / Álvaro Domingues
PARA os que pensam que a Rua da Estrada é um inferno, lhes diria que é o seu contrário e que não é difícil provar tal facto de tão visível e argumentada que está a existência do paraíso, decorado interior e exteriormente e equipado com mobiliário de jardim como lhe compete. As portas do paraíso teriam que dar para a Rua da Estrada que é coisa que vai a todo o lado e não tem portagens como as vias mais rápidas.
Edifício-montra / Álvaro Domingues
A LUZ e a transparência são extraordinárias artilharias de produção de visibilidade. Por mil e uma noites, a mega-cristaleira é uma aparição, a caverna do Ali-Babá repleta de tesouros. A cena do aquário rutilante oscila entre o pornográfico, o exacerbado mais real que o real a saltar para o asfalto, e a sensualidade do apenas sugerido com a promessa de que tudo o que se desejar está contido na abundância destas caixas mágicas.
Casa de sonho / Álvaro Domingues
DIZIA um velho ditado que “quem fez a casa na praça / a muito se arriscou / para uns, pequena de mais / para outros, de alta passou”. Fazer a casa na praça significa expor ao julgamento público aquilo que podia não passar de um recato privado quase invisível atrás dos muros e portões. Pois…, o problema é que a própria privacidade só existe por contraste com essa sua suposta incompatibilidade pública.
Rota das Pirâmides / Álvaro Domingues
O EXÓTICO é um desejo; uma máquina de sedução; um domínio geo-semântico que designa um território imenso e quente, desconfinado, longínquo e incerto onde existem coisas estereotipadas, espécie de adereços e ambiências como o cheiro das especiarias, as trovoadas tropicais, as araras, as odaliscas, as palmeiras, os batuques, os camelos, e as pirâmides, por exemplo. O exotismo alimenta-se da nostalgia, do espaço e do tempo, como memória de uma idade de ouro em paragens remotas e tempos perdidos.