O livro “The high cost of free parking”, do professor aposentado da Universidade da Califórnia Donald Shoup, mostra que estacionamentos podem gerar um custo social relevante. Shoup mostra que o modelo de cidades centradas nos automóveis é irracional, onde se destina cada vez mais recursos e espaço para uma máquina que não é usada em 95% do tempo.
Vista do Elevado do Anel Rodoviário M30. Fonte: Google Earth
Madri demolirá o elevado da autopista M30, localizado entre os bairros de Puente de Vallecas e Retiro. Esta foi a decisão unânime dos conselheiros do Pleno do Ayuntamiento de Madrid, parlamento municipal cujos membros são eleitos, reunidos no dia 30 de Março passado. Segundo o autor da proposta, o conselheiro e membro do partido Más Madrid, Francisco Pérez Ramos, a decisão é importante, pois o viaduto se transformou “em muro”.
https://www.archdaily.com.br/br/959658/madri-demolira-elevado-para-dar-lugar-a-parque-e-o-minhocaoMarcos O. Costa
Arroio Cheonggyecheon, em Seul (Coreia do Sul), onde uma via expressa elevada foi demolida para a construção de um amplo espaço público de lazer. Foto de Ken Eckert, via Wikimedia Commons. Licença CC BY-SA 4.0
A construção de ruas ao longo do século XX foi baseada principalmente na premissa de que mais infraestrutura facilita o trânsito. Evidências mostram, porém, que, em vez de reduzir o congestionamento, construir mais ruas na verdade aumenta o tráfego. Quando se reduz o tempo dos deslocamentos feitos de carro, aumenta a conveniência – com isso, em paralelo ao apelo exercido pelo veículo particular como indicador de riqueza e posição social, as pessoas tendem a fazer mais viagens de carro. Um estudo recente de pesquisadores da Universidade de Barcelona analisou dados de 545 cidades europeias entre 1985 e 2005 e confirmou que os esforços empreendidos ao longo dessas duas décadas para ampliar a capacidade das ruas levaram ao aumento do tráfego de veículos, e não à redução, e os congestionamentos não foram amenizados.
Todos os países do mundo enfrentam problemas de mobilidade. Muitos destes entraves têm a ver com a própria infra-estrutura disponível mas, construir mais estradas nem sempre resultará em melhores índices de mobilidade urbana. Nos Estados Unidos, algumas cidades ficaram famosas por seus congestionamentos quilométricos, como Los Angeles, Minneapolis e Atlanta, cidades onde a relação entre quilômetros de infra-estrutura viária por habitante está na ordem de 8 para 1.000. Isso também tem a ver com a forma que o transporte público opera nestas cidades, onde os sistemas de mobilidade urbana são os menos eficientes. Então, por que continuamos a construir estradas cada vez maiores, mais largas e mais rápidas e como isso afeta os congestionamentos nas cidades?
Manual de Desenho Urbano e Obras Viárias. Imagem: Divulgação
As cidades estão em constante transformação. Se orientadas por premissas parciais ou desatualizadas, as modificações no espaço urbano tendem a imprimir esses equívocos no território. Quando guiadas por uma visão comum que priorize a segurança das pessoas e a mobilidade ativa, essas intervenções têm o potencial de orientar a transformação da cidade em um lugar mais democrático, acolhedor, caminhável e seguro. É para esta cidade que aponta o novo Manual de Desenho Urbano e Obras Viárias de São Paulo.
https://www.archdaily.com.br/br/956907/5-inovacoes-do-novo-manual-de-desenho-urbano-e-obras-viarias-de-sao-pauloDiogo Lemos, Andressa Ribeiro e Fernando Corrêa
Em 15 anos carros à gasolina serão eliminados no Japão. Foto de Jezael Elgoza, via Unsplash
Os carros com motor à gasolina estão com os dias contados no Japão. Na verdade são anos: em 15 anos o país vai eliminar veículos que usam a gasolina como combustível. O anúncio foi feito pelo governo japonês no final de 2020 e a medida é parte da meta de zerar essas emissões de carbono até 2050.
A estratégia de desenvolvimento verde inclui ainda a geração de US$ 2 trilhões por ano com adoção de novas fontes de energia, como o hidrogênio, e crescimento de indústrias mais sustentáveis.
Um estudo desenvolvido pela Fundação Espaço ECO e pelo Instituto Akatu busca entender o impacto da mobilidade urbana a partir das condições brasileiras. A pesquisa usou a metodologia de Análise de Ciclo de Vida (ACV) para analisar os diferentes meios de transporte usados nas cidades em toda a cadeia: produção do equipamento, transporte em toda cadeia, uso, manutenção e descarte.
A cidade de São Paulo foi escolhida como foco, graças à diversidade de alternativas de modais e hábitos de consumo da população, além do acesso a bases de dados existentes e secundários para reunir as informações que permitiram as análises.
Oferecer infraestrutura de qualidade para modos sustentáveis é oportunidade de estimular mudança de comportamento. Foto: Luísa Zottis/WRI Brasil
Muitas coisas têm mudado nas cidades – algumas, felizmente, para melhor. Mais brasileiras e brasileiros passaram a ver a bicicleta como a melhor escolha para a mobilidade urbana, e 67% das pessoas trocariam seus carros ou motos por alternativas de transporte mais limpas. A avaliação da qualidade do ar entre a população é desanimadora, mas a consciência sobre as mudanças climáticas aumentou, e 92% das pessoas desejam ônibus elétricos em suas cidades.
https://www.archdaily.com.br/br/955796/brasileiro-abandonaria-carro-por-transporte-sustentavel-mas-deseja-conforto-e-praticidadeFernando Corrêa, Cristina Albuquerque e Ariadne Samios
Mohammed bin Salman, príncipe herdeiro da Arábia Saudita, divulgou planos de construir uma cidade linear de 160 quilômetros de extensão chamada The Line. Anunciando o projeto em um vídeo, a cidade seria composta por uma série de comunidades caminháveis livres de carros e avenidas, com capacidade para um milhão de pessoas. O projeto seria organizado de modo a disponibilizar todos os comércios e serviços essenciais dentro de um raio de cinco minutos a pé a partir das habitações.
O MAD acaba de revelar seu mais novo projeto, ao qual eles se referiram como “uma estação de trens em meio à floresta”. Já em processo de construção e com conclusão prevista para o próximo dia 1º de julho, o projeto encontra-se localizado em pleno centro da cidade de Jiaxing, nos arredores de Xangai, sudeste da China. Cobrindo uma área total de mais de 35 hectares, o projeto inclui a completa reformulação da antiga estação de trens de Jiaxing e a criação de um novo terminal anexo subterrâneo. Além disso, a proposta desenvolvida pela MAD contempla ainda a criação de duas novas praças, uma ao norte e outra ao sul, além da revitalização do adjacente Parque do Povo.
A pandemia proporcionou uma circunstância única para experimentos em escala urbana com relação à mobilidade, enquanto as respostas imediatas mostraram o poder transformador do urbanismo tático. Em muitas cidades, as medidas destinadas a garantir o distanciamento social devem ser mantidas após a pandemia, abrindo caminho para a recuperação com menos trânsito e mais atividades ao ar livre. Como a pressão de repensar ruas, funções e sistemas de transporte transformou o espaço público em 2020?
O Hyperloop acaba de fazer história. O Pegasus XP-2, projetado em parceira pelo BIG e pela Kilo Design, acaba de passar com sucesso pelos primeiros testes com passageiros humanos, transportando-os com segurança pela linha experimental do Virgin Hyperloop no deserto de Nevada, Estados Unidos. Concebido para transformar o transporte de massa no Planeta Terra, o Hyperloop pode chegar a uma velocidade de aproximadamente 1.000 km por hora.
As autoestradas construídas nas cidades são muitas vezes pensadas como uma solução para congestionamento de veículos. Entretanto, a teoria da demanda induzida tem demonstrado que quando os motoristas contam com mais vias, optam por seguir usando este meio ao invés de utilizar o transporte público ou a bicicleta e, como resultado, o congestionamento não diminui.
Por isso, existem cidades que têm optado por acabar com o espaço dos automóveis e, onde havia autoestradas, hoje há parques urbanos e ruas menos congestionadas.
A seguir mostramos seis casos deste tipo. Alguns já estão concluídos, enquanto que alguns ainda estão em fase de construção. Para a surpresa de alguns, a maioria dos projetos estão nos EUA, o que reflete que os projetistas deste país estão estudando as políticas de transporte européias, tal como lhes contamos sobre as 9 razões do porquê os EUA são mais dependentes do automóvel do que a Europa.
O tema da mobilidade é inescapável quando se discute política urbana — ainda mais em ano eleitoral. Transporte coletivo, pedágio urbano, metrô, faixas exclusivas para ônibus e até o que fazer com os patinetes elétricos tomam conta do debate. Poucos prestam atenção, no entanto, para uma das políticas municipais mais relevantes para mobilidade urbana: o estacionamento público.
Combinando diagnóstico analítico com recomendações propositivas, o estudo “A Cidade Estacionada” direcionou sua lupa sobre a gestão do meio-fio na cidade de São Paulo. Ao analisar as discrepâncias entre os preços de estacionamentos públicos e privados, bem como ao comparar os valores com a evolução das tarifas de transportes coletivos, “A Cidade Estacionada” trouxe à luz as externalidades negativas — sociais e ambientais — de políticas públicas que privilegiam o transporte motorizado individual.
https://www.archdaily.com.br/br/949437/desestacionando-a-cidade-precisamos-rever-os-estacionamentos-publicosJoão Melhado e Paulo Speroni
O {CURA} acredita que ensino, debate e conhecimento da prática profissional precisam caminhar juntos.
Por isso, convidamos a arquiteta urbanista Elisabete França para falar sobre sua experiência profissional à frente de vários projetos dentro do poder públicos.
A aula é gratuita e aberta para todos!
_ Sobre Elisabete França____________________________________________
Atualmente secretária de Mobilidade e Transportes, foi diretora de Planejamento e Projetos da CET.
Coordena vários projetos de mobilidade urbana, com destaque para o Plano Cicloviário da cidade de São Paulo e o Manual de Desenho Urbana e Obras Viárias de São Paulo.
Arquiteta urbanista, doutora em arquitetura, com mais de vinte anos de experiência na administração pública,
O UNStudio revelou imagens das primeiras estações concluídas na nova rede de metrô de Doha, um dos sistemas autônomos mais avançados e rápidos do mundo. A primeira fase do Projeto Ferroviário Integrado do Catar (QIRP) envolveu a construção de três linhas de metrô (Vermelha, Verde e Dourada), com 37 estações concluídas.
Uma cidade é um espaço compartilhado onde cada indivíduo busca a realização de seus desejos e objetivos. As ruas, calçadas e espaços públicos permitem o encontro e o contato entre os diversos, fortalecendo o senso de comunidade. A mobilidade urbana tem papel fundamental no desenvolvimento social e econômico das cidades, especialmente na qualidade de vida dos cidadãos. Não se trata apenas de transporte, mas da forma pela qual as pessoas se deslocam na cidade, interferindo no tempo e energia utilizados pelos cidadãos e, também, na migração, na comunicação, na formação das redes sociais pessoais, nos fluxos de tráfego, na habitação, na saúde e na distribuição espacial dos mais diversos locais de interesse. Segundo Ole B. Jensen, “cidades e lugares contemporâneos são definidos pela mobilidade e por seus fluxos.”
Ciclistas em rua de metrópole. Foto de Adrian Williams, via Unsplash
O urbanismo do século XXI será marcado pelo aumento da quantidade e escala das megacidades globais - aglomerações urbanas com mais de 10 milhões de habitantes, segundo a ONU - além de um deslocamento geográfico. Até 2100, há previsões de metrópoles africanas com mais de 80 milhões de habitantes, como Lagos (Nigéria) e Kinshasa (República Democrática do Congo). O advento dessas novas e maiores metrópoles, sobretudo na África e na Ásia, somado à necessidade de enfrentamento da grave crise climática em curso, demandam mudanças urgentes no debate da mobilidade urbana.