Para a Feira Internacional dos Construtores de 1957, que ocorreu em Berlim, Oscar Niemeyer projetou o bloco de apartamentos da Interbau, um edifício modernista apoiado sobre uma série de pilares em forma de V. Apresentando as típicas janelas em fita da arquitetura da época, a fachada é interrompida por duas passarelas que conectam o bloco à torre de circulação vertical.
O fotógrafo de arquitetura libanês Bahaa Ghoussainy explorou o edifício em sua mais recente série de fotografias, destacando a relação entre a uniformidade do bloco e a natureza dinâmica da geometria dos apoios. Veja, a seguir:
Seguindo a missão de oferecer ferramentas e inspiração para melhorar a qualidade de vida em nosso ambiente construído, os curadores do ArchDaily investigam constantemente as melhores obras de todas as partes do mundo, disponibilizando o melhor da arquitetura aos nossos leitores. Para celebrar estes projetos e agradecer os profissionais que contribuem ativamente com nossa comunidade, reunimos a seguir as 50 melhores obras publicadas em 2019.
Durante o último mês de setembro, esgotaram-se todas as entradas para o show do músico Afrobeat nigeriano Wizkid no Royal Albert Hall, em Londres. Wizkid junta-se a uma crescente lista de ilustres músicos africanos que já se apresentaram na prestigiada casa de shows londrina, como Selif Kaita, Youssou Ndour, Miriam Makeba entre outros. Este importante evento serve para reafirmar o renascimento cultural pelo qual todo o continente africano está passando, marcando ainda a crescente influência da música africana no cenário global, assim como do cinema, da moda, da gastronomia e das artes em geral.
Infelizmente, a arquitetura africana vernacular, especialmente na África subsaariana, não tem se beneficiado desse renascimento cultural. Muito pelo contrário, ao longo dos últimos anos ela tem sido amplamente ignorada. Apesar de sua eminente influência durante a era pré-colonial, a arquitetura vernacular africana pouco evoluiu desde então, se limitando às tradicionais choupanas de paredes de barro e cobertura de palha; e por esta razão ela tem sido desdenhada pela população, freqüentemente associada à escassez e a insuficiência. Conseqüentemente, a negligência da arquitetura popular africana resultou na exiguidade de seus artesãos experientes, conhecedores da arte da construção tradicional. Atualmente, restam poucas esperanças de um possível avivamento de um dos mais tradicionais estilos de arquitetura do nosso planeta.
https://www.archdaily.com.br/br/889381/por-que-a-arquitetura-vernacular-africana-continua-sendo-ignoradaMathias Agbo, Jr.
O urbanismo tático, prática que vem ganhando destaque nos últimos anos, tem se mostrado uma estratégia atrativa para coletivos ativistas, arquitetos, urbanistas e designers ao redor do mundo por propor, a baixo custo e numa micro-escala, intervenções urbanas pontuais na intenção de promover o direito à cidade. Essa maneira de se pensar espaços públicos na cidade busca atuar por uma lógica não-hierárquica, na qual a sociedade civil (em colaboração ou não com o Estado e/ou empresas privadas) propõe alternativas ao processo tradicional de projeto na esfera urbana.
Aumento das áreas urbanizadas, produção exagerada de resíduos, consumo de bens materiais e exploração de recursos naturais. São muitos os fatores que influenciam no impacto ambiental dos humanos no Planeta Terra. A escassez de matérias-primas e recursos não renováveis já é a realidade para alguns materiais em determinados locais e a natureza já não consegue recuperar os renováveis no mesmo ritmo que é explorada. O impacto das atividades humanas é tão notável que cientistas apontam que estamos vivendo na era geológica do Antropoceno (palavra de origem grega que designa “a época recente do ser humano”). E a indústria da construção civil é das maiores consumidoras de recursos e geradora de resíduos. Na União Européia, a construção e o uso de edifícios representa cerca de 50% de todo o consumo de recursos e energia extraídos, bem como cerca de um terço de todo o consumo de água. [1] Em 2014, 52% de todos os resíduos foram atribuídos ao setor de construção. [2].
O ano de 2019 foi rico em reconhecer projetos, visões e carreiras que abrangem várias camadas do campo da arquitetura, revelando a importância e profundidade da disciplina em nossa sociedade. Do reconhecimento de Arata Isozaki com o Prêmio Pritzker à divulgação do tema da Bienal de Veneza de 2020, veja, a seguir, alguns dos pontos altos da arquitetura mundial este ano.
Buscando na história da arquitetura, você poderia ser perdoado por pensar que as mulheres eram uma invenção da década de 1950 no ramo, mas isso isso está longe de ser verdade. Grandes nomes como Le Corbusier, Mies, Wright e Kahn, muitas vezes tinha igualmente inspiradores pares femininos, mas a estrutura rígida da sociedade fez com que suas contribuições fossem esquecidas.
Lina Bo Bardi foi, sem dúvidas, uma das arquitetas de maior expressividade que já atuou no Brasil. Nascida na capital italiana, tornou-se uma das figuras mais importantes a sintetizar a cultura brasileira ao mundo, unindo arquitetura e política a partir do rompimento de barreiras entre o erudito e o popular.
Durante os últimos anos, o ArchDaily Brasil publicou uma série de artigos e reflexões acerca de sua produção material e imaterial. A partir disso, compilamos um conjunto desses textos que pode servir de base para uma compreensão mais profunda sobre a arquiteta:
Os projetos de edifícios e infraestruturas públicas sempre devem prever em seu funcionamento a melhor forma de acesso e conexão com as vias do entorno, sobretudo considerando a rua como caminho de chegada do pedestre aos espaços. No entanto, alguns arquitetos conseguiram sublimar o aspecto prático da conexão entre arquitetura e rua, incorporando essa condição de vínculo como cerne das propostas de projetos que carregam, desde seu ponto de partida, a vocação de espaço público em um sentido rigoroso.
Através de seus croquis, Renzo Piano apresenta a verdadeira intenção de seus projetos, evidenciando em muito deles a preocupação com a escala humana, estudos de insolação, conforto, diálogo com o entorno imediato e outros elementos que serão protagonistas de suas obras. Compilamos aqui dez projetos do arquiteto acompanhados de seus croquis, através dos quais é possível traçar um paralelo entre a criação e execução das obras do vencedor do Prêmio Pritzker de 1998.
Toda disciplina tem seus heróis. Na arquitetura, não são poucos os personagens que costumam ser celebrados e exaltados como figuras ilustres. Frank Lloyd Wright e Louis Kahn podem ser considerados uns dos maiores ícones da arquitetura do século XX. Mais recentemente, Zaha Hadid chegou a ser tão exaltada quanto suas próprias criações, ela se tornou uma “stararchitect” (para usar um termo bem específico e tão em voga atualmente) e sua morte prematura apenas colaborou para elevar ainda mais o seu status. Mas os nossos heróis são feitos de carne e osso, isso significa que após à morte, nem todos tem um lugar garantido em nosso panteão. Embora nossos heróis sejam todos mortais, suas contribuições tendem a perdurar ao logo dos séculos.
No livro “Order Without Design”, Alain Bertaud menciona que indicadores são importantes na gestão urbana para que a cidade tenha uma visualização em tempo real do que está acontecendo com a cidade. Um indicador interessante relacionado à acessibilidade da moradia é o chamado “Price/Income Ratio”, ou “Razão Preço/Renda”. É, basicamente, a divisão entre o preço médio de um imóvel na cidade e a renda média de um morador. Ele é um indicador bastante genérico, não levando em consideração as diferenças entre imóveis, como a sua localização, nem aborda imóveis de aluguel (ainda uma minoria no Brasil), mas dá uma noção geral sobre a acessibilidade à moradia em uma cidade.
A abrangência do termo Direito à Cidadepode dificultar seu entendimento, e sua complexidade exige do leitor uma visão ampliada das questões urbanas, indo além do escopo da arquitetura e compreendendo, necessariamente, aspectos sociais, históricos, culturais, econômicos, políticos, de gênero e raça. A sobreposição dessas - e de várias outras - variáveis no território urbano pode ser o ponto de partida para abordar a noção de direito à cidade.
O Museu Casa de la Memoria está localizado no distrito de Boston em Medellín e foi desenvolvido em comemoração aos 200 anos de independência da Colômbia. Liderado por Juan David Botero, como coordenador da equipe de design, o projeto foi concebido desde o início como um edifício reconhecível para a comunidade e visitantes, assumindo sua forma plástica de habitações de duas águas tradicionais. "É um museu para vítimas de violência e, como tal, tivemos que torná-lo um espaço para tudo; uma casa, a casa onde a memória ganha vida", diz Botero.
O equipamento cultural de 3.800 m² inclui salas de exposições, oficinas, arquivos, escritórios e um auditório. Sua envoltória funciona como uma pele dobrada, incorporando uma câmara de ar que absorve o ar frio, o injeta pela fachada e o expele como ar quente na parte superior. Este efeito chaminé permite controlar os 30ºC de temperatura, típica da região no verão, garantindo uma temperatura interna estável e confortável. Vamos revisar em detalhes essa solução térmica e acústica.
Em setembro deste ano as vias no entorno da escola Anne Frank, no bairro do Confisco, em Belo Horizonte, receberam pintura de solo, com faixas para a travessia de pedestres e marcas de delimitação nas faixas de circulação de veículos. Além disso, foram instalados vasos feitos de pneus reciclados, cones de sinalização e mobiliário para descanso. No final de semana seguinte, entre os dias 20 e 22 de setembro, coincidindo com o Dia Mundial Sem Carro, o trânsito de veículos motorizados foi interrompido e o espaço se transformou em uma Rua Aberta, com shows, atividades culturais e espaço de convivência para os moradores da região. No mês seguinte, em outubro, alunos de 8 a 10 anos da escola Anne Frank participaram de uma oficina de montagem de placas de trânsito, escrevendo mensagens que passariam a compor a sinalização viária da região.
https://www.archdaily.com.br/br/929253/urbanismo-tatico-tintas-cones-e-a-transformacao-das-cidadesITDP Brasil
O aguardado projeto Chapel of Sound, do escritório OPEN Architecture, está em obras e sua estrutura já está praticamente concluída.
Com inauguração prevista para meados de 2020, o projeto inclui um anfiteatro semi-externo, um palco externo e plataformas de observação com vistas para a paisagem rural montanhosa da Grande Muralha de Jinshanling.
A União dos Estudante de Pós-Graduação de Arquitetura, Paisagem e Design (GALDSU) da Universidade de Toronto publicou os resultados de uma pesquisa sobre a saúde mental, que pedia aos estudantes que refletissem sobre sua experiência na Faculdade de Arquitetura, Paisagem e Design John H. Daniels. Muitos alunos e ex-alunos opinaram de modo semelhante, indicando descaradamente um quadro sombrio na experiência de um estudante de arquitetura. O relatório traz a questão da falta de saúde física e mental nas escolas de arquitetura para o primeiro plano da nossa consciência; no entanto, a resposta pouco entusiasmada que provocou enfraquece a iniciativa e levanta questões importantes. Se já estávamos cientes do problema, por que uma mudança não havia sido iniciada? Será que essa vai ser sempre a realidade aceita na educação da arquitetura?
Na continuação da série de artigos sobre o estudo da habitação social na América Latina, Nikos A. Salingaros, David Brain, Andrés M. Duany, Michael W. Mehaffy y Ernesto Philibert-Petit apresentam uma reflexão sobre a imagem idealizada da casa desejável e a importância de levar a sério as expectativas das pessoas.
https://www.archdaily.com.br/br/929352/habitacao-social-na-america-latina-urbanismo-como-libertacao-do-ideal-de-casaNikos A. Salingaros, David Brain, Andrés M. Duany, Michael W. Mehaffy & Ernesto Philibert-Petit
Com a virada do ano, a rotina se atenua e podemos ler os livros que deixamos de lado durante o ano. Em tempos de crescimento das áreas urbanas e do aumento da representatividade das cidades para a sustentabilidade do planeta, é fundamental que busquemos entender melhor o lugar que escolhemos para viver a fim de, assim, construir uma melhor convivência para todos. Separamos algumas indicações de leitura para que sigamos alinhados nos debates sobre cidades sustentáveis.
Com programas variados e flexíveis, os centros culturais são edifícios de uso público de relevância na promoção, como o nome sugere, da cultura de um lugar. No intuito de estimular o uso cotidiano e permanente do espaço, voltado aos moradores de uma região específica, seus projetos arquitetônicos podem incluir um programa vasto, com biblioteca, cinema, auditório, espaços para exposições, salas para oficinas, espaços de convivência, entre outros.
O projeto de reurbanização do Parc Jean-Drapeau em Montreal é um sinal de que a capital da província de Quebec está comprometida em resgatar e revalorizar seus mais importantes marcos urbanos. Depois de décadas de omissão por parte da administração local, um dos principais parques urbanos de Montreal - onde encontra-se edificada a icônica cúpula geodésica projetada por Buckminster Fuller em 1967 e uma escultura em escala urbana criada por Alexander Calder - será reurbanizado e devolvido à população como um novo e importante espaço de encontro e socialização para a comunidade local.
O tecido urbano da cidade de Montreal, talvez mais do que qualquer outra cidade canadense, foi profundamente alterado e transformado durante a segunda metade do século XX. A Exposição Internacional de 1967, popularmente conhecida como Expo 67, fez com que a cidade de Montreal ficasse mundialmente famosa, recebendo um número recorde de visitantes. A Expo 67 foi a feira mundial de maior sucesso do século 20 e provocou um boom na construção civil que se estendeu até o final da década de 1970.
Originalmente utilizados para o transporte de grandes cargas em embarcações, os contêiners apresentam como características uma estrutura de aço rígida e bastante resistente, a partir de uma variação em dimensões. No entanto, indo além do tradicional uso apenas como sistema para armazenamento e carregamentos, há alguns anos estas estruturas passaram a ser utilizadas como base para a construção de módulos comerciais e residenciais, uma vez que apresentam grande resistência, baixo custo, rapidez construtiva e sobretudo, sistema coligado a sustentabilidade, uma vez que são reutilizados. Pensando nisso e indo além da produção de casas estandardizadas, alguns arquitetos tem desenvolvido projetos residenciais a partir do reuso de contêiners enquanto módulos, empilhando ou unindo-os lateralmente, a partir do programa de necessidades de cada cliente.
A corrida espacial pode parecer um desafio puramente técnico, relacionado apenas ao universo da tecnologia e da engenharia. Historicamente, a arquitetura do espaço esteve focada principalmente no desenvolvimento de projetos para estações espaciais ou bases não tripuladas para a exploração de outros planetas, quase sempre encomendados e financiados pelas principais agências espaciais como a ESA (Europa) ou a NASA (EUA). Entretanto, ao longo dos últimos anos, esta tendência tem começado a mudar. A corrida espacial tem atraindo um espectro cada vez maior de profissionais (como arquitetos e sociólogos), bem como uma variada gama de diferentes empreendedores e investidores (nem sempre bem-intencionados). Diversas áreas do conhecimento estão juntando forças por um interesse em comum: a nova corrida espacial.
São diversos fatores que têm contribuído para esta mudança: o desenvolvimento de novas tecnologias, o crescente aumento da população mundial e as crises climáticas que a cada ano se tornam mais frequentes. Estas condições desfavoráveis acabaram por criar um cenário perfeito para que os seres humanos voltassem a se interessar pela vida no espaço, não apenas como uma solução, mas como uma urgência. A medida que essa tendência continua a ganhar força, novas possibilidades começam a aparecer (NEOM), bem como novas organizações de apoio à pesquisa espacial (como a SATC e a SICSA). Embora ainda não tenhamos botado o pé em Marte sequer uma única vez, há pelo menos uma dezenas de projetos em andamento que pretendem estabelecer colônias humanas no planeta vermelho (tenhamos como exemplo o projeto MARS-ONE ou o Mars City Science).
Escolher a iluminação certa para qualquer espaço pode ser uma decisão complexa. Considerações precisam ser feitas com relação ao objetivo, forma e função da aplicação da iluminação. Design e estética também têm papel nessa equação. Com tantas opções de iluminação no mercado, são necessários conhecimentos e entendimentos especializados para determinar o melhor ajuste para o seu espaço. Ainda mais desafiador do que encontrar iluminação para um espaço genérico, uma galeria de arte ou um museu pode ser extremamente difícil de iluminar adequadamente. Mas a iluminação LED simplificou uma grande parte da iluminação para exibição de arte.
https://www.archdaily.com.br/br/929230/a-arte-de-iluminar-arteDavid Hakimi