Os designers e arquitetos têm, hoje em dia, uma infinidade de opções de pisos de alto desempenho à sua disposição. Desde escolhas mais comuns, como madeira, carpete, azulejos cerâmicos, porcelanato ou pedra natural, até alguns favoritos, como granilite, concreto ou epóxi. A estas, somam-se opções menos óbvias, como cortiça e couro, e suas variações artificiais em pisos laminados e vinílicos: as opções são inúmeras.
No entanto, apesar da variedade de opções, tendemos a fazer nossas escolhas usando apenas um tipo de piso para cada cômodo. Não é o caso dos quatro projetos a seguir, que selecionam e combinam diferentes tipos de pisos no mesmo ambiente, alterando nossa relação com os espaços.
Ao estudar e viajar por cidades do mundo inteiro, uma das cenas urbanas mais marcantes que vi foi uma praça em Tóquio cheia de crianças uniformizadas, brincando durante seu intervalo escolar. A praça tinha apenas uma cerca baixa, mas pessoas diversas (como eu) podiam se misturar e interagir em meio às crianças. A independência infantil no Japão é mundialmente conhecida e foi recentemente retratada na série “Old Enough” do Netflix, onde crianças com menos de 6 anos fazem tarefas fora de casa, sozinhas, sem os pais. Para um morador de Tóquio talvez sejam cenas corriqueiras, mas para alguém com outro referencial urbano, é imediata a pergunta “como isso é possível?”, tão distante é da realidade da maior parte das nossas grandes cidades.
A modernidade e a globalização diminuíram as distâncias entre lugares, alteraram as formas de se relacionar, aceleraram a troca de informações entre países, e, de certa maneira, fizeram o mundo conhecido para todo mundo. Mas a verdade é que “todo mundo” é muita gente, e a dupla modernidade-globalização trouxe consigo a evidente disparidade social e tecnológica, e países privilegiados acabaram protagonizando certos modos de lazer, cultura e consumo. A hegemonia de determinadas culturas acabou incutindo a ideia de que existe um jeito “certo” de se viver e construir cidades, e o desenvolvimento indômito tem custado aos biomas do planeta Terra.
A Atrium Ljungberg divulgou recentemente o Stockholm Wood City, o maior projeto de construção urbana em madeira do mundo — uma tentativa de demonstrar a preocupação sueca com a sustentabilidade. Do outro lado do mundo, o Projeto Tamango da Tallwood Architects é um exemplo dos desafios e oportunidades da construção em madeira no Chile e poderá ser o primeiro edifício de 12 pavimentos feito com estrutura de madeira pré-fabricada na América Latina.
Em meio à globalização da arquitetura, a arte de criar projetos adequados a contextos específicos está desaparecendo. Essa preocupação é especialmente significativa em países em crise, como a Ucrânia, onde a história do ambiente construído está sendo erodida pela guerra. Nessas condições, a contribuição de arquitetos locais com conhecimento das nuances culturais do país se torna imperativa. Liderando a reconstrução da Ucrânia está a prototype, uma prática que desafia convenções arquitetônicas para impulsionar o país em direção ao futuro.
Reconhecendo sua visão voltada para o futuro, o ArchDaily apresentou a prototype como parte das Novas Práticas 2023, uma pesquisa anual global. A perspectiva do escritório sobre o futuro da arquitetura está alinhada ao design responsável que aborda o impacto ambiental da construção e combina considerações contextuais e específicas para cada projeto. Suas realizações recentes incluem a livraria Readellion e a Casa da Juventude Ucraniana-Dinamarquesa, que exemplificam seus princípios de projeto como mobilidade, adaptabilidade, níveis dinâmicos e mudança de cenários.
No projeto de espaços abertos, considero que um dos conceitos mais importantes — e mais difíceis de serem explicados — é o de conformação de espaços abertos “positivos”. Até onde pude apurar, essa denominação foi dada por Alexander et al (1977) no “Linguagem de Padrões” e continua sendo utilizada por outros autores (ver, por exemplo, CARMONA et al, 2003), apesar de não ser um termo amplamente adotado.
Normalmente, fazemos reformas para mudar completamente um espaço ou de forma mais cirúrgica para trazer melhorias em questões de circulação e privacidade. Não importa a quantidade de paredes derrubadas, revestimentos trocados e marcenaria desenhada, o resultado sempre busca um espaço mais funcional e bonito. No caso de apartamentos que costumam ter as plantas tipo, intervir nelas também é uma forma de trazer um caráter único e mais pessoal para cada lar.
https://www.archdaily.com.br/br/986115/antes-e-depois-10-reformas-em-apartamentos-brasileirosArchDaily Team
Sharjah, o fascinante território nos Emirados Árabes Unidos, é um polo cultural que mescla tradição com modernidade contemporânea. Situada na costa arábica, a cidade é conhecida por seu compromisso em preservar sua rica história, promover as artes e a cultura, e proporcionar uma plataforma para atividades criativas e intelectuais. Entre 11 de novembro deste ano a 10 de março de 2024, a cidade receberá a Trienal de Arquitetura de Sharjah, com o tema A Beleza da Impermanência: Uma Arquitetura de Adaptabilidade. A Trienal tem curadoria de Tosin Oshinowo, explorando soluções de design inovadoras emergindo de condições de escassez no Sul Global.
Com uma conexão profundamente enraizada em sua herança cultural, o emirado abriga uma variedade de museus que apresentam uma jornada por várias épocas, desde a civilização islâmica até estilos de vida tradicionais. Agora um ponto de destaque para designers emergentes, a cidade assumiu um papel de liderança como patrona das belas artes. Na cidade contemporânea, as atrações são projetadas por diversos arquitetos, como Foster + Partners, Zaha Hadid Architects, 51-1 Arquitectos e Hopkins Architects. Além dessa cena cultural emergente, a antiga Sharjah permanece como a memória viva da tradição histórica, com antigas arquiteturas convertiras em programas contemporâneos.
Ao falar sobre práticas de criação de espaços, arquitetos e urbanistas geralmente pensam em planejamento participativo e processos colaborativos, muitas vezes ignorando as maneiras pelas quais as próprias comunidades podem se tornar agentes de mudança. Como as pessoas possuem um conhecimento íntimo não apenas do ambiente, mas também das normas sociais e culturais, das necessidades de suas comunidades e das oportunidades latentes em seu entorno, muitas vezes são elas que iniciam ações, apoiam seus pares e contribuem positivamente. O escritório de pesquisa forty five degrees se propôs a explorar essas iniciativas de base, conhecer os moradores locais e reunir suas histórias em uma ação para obter uma melhor compreensão dos territórios culturais complexos e diversos em toda a Europa. Sua jornada, organizada sob o projeto "Radical Rituals", segue a linha paralela 45°N que atravessa a Europa de leste a oeste. O escritório foi selecionado como parte das Novas Práticas de 2023 do ArchDaily, uma pesquisa anual destinada a mostrar aqueles que enfrentam os desafios cada vez maiores de nosso tempo e levam a arquitetura a novas direções.
No início da década de 1980, enquanto trabalhava com o povo Ka'apor, na região leste da Amazônia, o botânico norte-americano William Balée, naquela época um jovem pesquisador, deparou-se pela primeira vez com o que os Ka'apor chamam de taper, isto é, um tipo específico de formação florestal que reconhecem como sendo “plantada” por seus ancestrais:
É sabido que as cores evocam sentimentos específicos, portanto são utilizadas para transmitir ou causar um ou outro efeito na superfície em que é aplicada, ou no observador que a contempla. Na arquitetura, a cor desempenha um papel fundamental na definição da forma. Materiais em seu estado natural já possuem uma coloração própria, que é percebida de uma certa maneira. No entanto, quando tingidos de alguma forma, a percepção do observador é alterada, levando a associações de sensações diferentes em relação ao mesmo objeto. Essa transformação na sensação devido à cor ocorre em qualquer meio visual, dos tridimensionais (como arquitetura), aos bidimensionais imóveis e móveis: gravuras, fotografias, pinturas e filmes.
A cor desempenha um papel significativo no mundo. Em parte por causa da significação atrelada a cada matiz, o uso das cores na arquitetura – especialmente em interiores – altera a ambiência de cada projeto. Em estabelecimentos comerciais, a cor tem influência considerável no destaque de determinada marca, e em residências, pode tanto refletir a personalidade do morador quanto complementar a linguagem adotada no projeto. Essa exploração pode se dar diretamente no objeto tectônico (arquitetura) – através das superfícies que constituem o edifício –, ou pode se tirar partido de elementos móveis, mais facilmente alteráveis.
Uma técnica que tem sido usada há séculos, principalmente em regiões de clima quente e seco, a parede caiada - também conhecida como parede de cal ou parede branca - pode ser realizada em ambientes internos e externos. Além da economia que ela pode proporcionar, seu aspecto mais rústico carrega em si diversos benefícios que vão além do valor estético que, ao apresentar um tom mais claro e uma textura marcante, concebe um relevante contraste entre o edifício e o entorno. Saiba suas vantagens e como fazer o revestimento, a seguir.
O concreto possui enorme resistência aos esforços de compressão, mas é um material frágil em relação à tração, quando forças são aplicadas em direções opostas em uma estrutura, tentando separar suas partes. É por isso que a incorporação do aço, com sua alta resistência quando esticado, tornou o chamado concreto armado o método construtivo mais utilizado no mundo. Em outras palavras, o concreto armado combina as vantagens intrínsecas de seus dois componentes principais -concreto e armaduras de aço-, para resultar em um material extremamente robusto, versátil e prático. Essas armaduras, além de reforçarem a estrutura, podem ser utilizadas em instalações artísticas, fachadas e mesmo interiores.
Há muitas razões para que algumas áreas da cidade se deteriorem e outras se dinamizem, incluindo questões econômicas, urbanísticas, sociais e culturais, além da aleatoriedade. Entender essas dinâmicas — e, mais do que isso, minimizar as chances de deterioração e favorecer a dinamização de áreas urbanas é um tema recorrente no urbanismo, uma vez que há o desejo, comum e legítimo, de se viver em ambientes belos, agradáveis e prósperos.
Dentre as muitas marcas deixadas pela arquiteta Lina Bo Bardi na arquitetura brasileira está o uso da cor vermelha como elemento de destaque em suas obras. Seja trazendo leveza e vividez à dureza do concreto paulistano do Sesc Pompeia ou aquecendo a alvura do Solar do Unhão da Bahia, o vermelho transcendeu o status meramente visual e estético para tornar-se uma característica distintiva da arquiteta ítalo-brasileira, tecendo conexões entre muitas de suas obras.
As culturas das sociedades africanas estão intrinsecamente ligadas à cor. Em tecidos, roupas, produtos, esculturas e na arquitetura, diversas sociedades exploram cores ricas e vibrantes, expressivas e alegres. Com diferentes tons, matizes, contrastes, motivos e ornamentos, as cores são abraçadas como uma linguagem não falada, uma paleta para contar histórias e um senso de identidade cultural. Embora o uso da cor nas sociedades africanas possa parecer decorativo ao olhar ocidental, ele é extremamente simbólico, e traz profundo sentido de história. Comunidades usam as cores por meio de ornamentos e motivos, expressando-se com padrões religiosos e culturais nas fachadas para contar histórias familiares e coletivas.
Das construções vernaculares às tendências de interiores contemporâneas, os tons terrosos ajudam a criar ambientes acolhedores, orgânicos e harmoniosos, utilizando uma variedade de tons que lembram a terra, o barro, a areia, a pedra e outros elementos naturais. Assim, carregam em si uma sensação de conexão com a natureza. Essas cores podem ser encontradas em diversos materiais de construção, pinturas ou revestimentos, e permitem a criação de um jogo de texturas ímpar. A seguir, veja alguns projetos que podem servir de inspiração para pensar essas composições.
O uso do concreto pigmentado na arquitetura latino-americana está crescendo e influenciando a expressão arquitetônica contemporânea. Isso pode ser visto em construções recentes que vão desde o Centro de Inovação INES, projetado por Pezo von Ellrichshausen no Chile, até o Centro Cultural Comunitário Teotitlán del Valle, da PRODUCTORA, no México.
Por muitos anos, geralmente abordado em tons de antecipação e excitação, ouvimos dizer que a impressão 3D revolucionará a indústria da arquitetura como a conhecemos. Mas se pararmos por um momento, refletir sobre o presente e olhar para o passado, fica evidente que a tecnologia há muito tempo vem remodelando o campo, passando por profundas transformações e introduzindo novas eras de design, construção e criatividade espacial. Operando como um processo de fabricação aditivo de camada por camada, a impressão 3D usa modelos digitais para criar objetos tridimensionais personalizados com um nível notável de precisão e eficiência, economizando tempo, gerando resíduos zero, reduzindo custos de mão-de-obra e criando oportunidades para protótipos rápidos e design iterativo. Ele permite que os arquitetos explorem oportunidades criativas e recuperem a autonomia, projetando elementos complexos e não padronizados dentro de um processo industrial e customizado em massa.
Mitologias de origem, mitos fundadores e lendas de criação nos proporcionam uma maneira de vislumbrar e imaginar o passado distante de maneira metafórica, poética e cativante. Os mitos de origem mais antigos nos ajudam a compreender como acreditava-se terem surgido um povo ou um lugar (como o universo). Os antropólogos descrevem esses mitos como mitos de criação ou mitos "cosmogônicos". Eles podem explicar como o mundo veio a existir. Por exemplo, povos nativos da América do Norte, como os Cherokee, Ojibwe e Astecas, compartilham um mito de origem no qual a terra foi inicialmente criada sobre um grande oceano. Um dos mitos de origem ocidentais mais comuns é a criação de Adão e Eva. No entanto, histórias fundadoras existem para todas as sociedades, costumes históricos e lugares. Lembre do mito dos irmãos Rômulo e Remo, amamentados por uma loba enquanto bebês para mais tarde fundar a cidade de Roma.
Nosso dia a dia envolve comunicação constante com a cidade. À medida que percorremos diferentes espaços, fazemos perguntas como “Onde estou agora?”, “Para onde vou?”, “O que procuro?”, “Para que serve este edifício?”. Embora os encontros nestes espaços possam parecer intuitivos, o design gráfico ambiental (EGD) fornece as respostas para estas perguntas, servindo como uma interface importante entre nós e o ambiente construído. Envolve o design de elementos gráficos que se fundem com projetos arquitetônicos, paisagísticos, urbanos e de interiores para tornar os espaços mais informativos, fáceis de navegar e memoráveis. O EDG consiste em três elementos principais: texto, forma e cor. Texto e formas normalmente transmitem as informações gráficas, mas as cores as projetam, amplificam e ajudam a comunicá-las na cidade. Nas experiências espaciais, percebemos primeiro as cores, uma vez que nossos sentidos registram principalmente sensações visuais. Portanto, o uso estratégico da cor é fundamental para que os gráficos ambientais proporcionem uma experiência completa de imagens de identidade, senso de lugar e conexão emocional.
Arquitetos e designers muitas vezes procuram maneiras de fazer com que as fachadas e superfícies internas dos edifícios se destaquem em meio a outros edifícios. Mas, às vezes, uma singela mudança pode ter um grande impacto quando você dá um passo para trás e compreende o todo. Ao empregar um padrão ilusório, como pixels pontilhados, pontos de meio-tom ou alterações sutis, mas intencionais, na posição ou orientação dos materiais, as superfícies planas podem ser transformadas em formas curvas e mutáveis.
Os padrões de meio-tom, por exemplo, funcionam reduzindo uma superfície sólida colorida em pontos de tamanho decrescente. Esses pontos são diminuídos até desaparecerem e o resultado é uma superfície plana com um gradiente que imita as sombras ou realces de uma curva tridimensional. Enquanto isso, o pontilhado é o processo de suavizar vários tons da mesma cor misturando-os. O efeito permite que os arquitetos, em uma escala grande o suficiente, criem imagens curvas e com profundidade, usando apenas uma única cor ou ainda possibilita a criação de uma cor intermediária ilusória.
Há 10 anos nascia a SPACE10, uma plataforma pioneira em sua abordagem de inovação corporativa, consolidando-se por sua capacidade de ser aberta, democrática, impulsionada por um propósito lúdico e orientada para a comunidade. Composta por uma pequena equipe central de cerca de 23 pessoas com base em Copenhague, seus esforços se concentraram em combinar o poder da criatividade, ciência e tecnologia para encontrar soluções que abordassem a acelerada crise climática e as injustiças sociais.